Brasil: Dilma afirma que no piensa renunciar y que no hay condiciones materiales para un golpe
La presidenta Dilma Rousseff dijo el miércoles en una entrevista con el periodista Kennedy Alencar exhibida en el noticiero «SBT Brasil», del canal SBT, que no pretende dejar el cargo antes de concluir su segundo mandato y llamó a los manifestantes que protestarán contra su gobierno el próximo domingo 16 a «convivir» pese a las diferencias ya que la intolerancia divide al país.
«Jamás pienso en renunciar», afirmó, «porque no es posible que alguien, no estando de acuerdo con un proceso o con alguna política pretenda sacar a un representante, en mi caso la presidenta, legítimamente electa por el voto popular».
Dilma agregó que «la democracia exige respeto a la institución. Ese respeto a la institución es fundamental, no para mí, para mi caso, sino para todos los vengan después de mí».
Respecto a la protesta convocada para el domingo, Dilma dijo que «tenemos que ser capaces de convivir con las diferencias y situaciones difíciles. No somos más una democracia infantilizada. Las manifestaciones son normales, pero tenemos que luchar contra la intolerancia. (La intolerancia) divide al país y transforma manifestaciones en procesos que llevan a la violencia».
La mandataria evaluó además que en el pasado de Brasil hubo una cultura de golpes, que hoy no combina con una democracia moderna.
«Creo que la cultura del golpe aún existe, pero no creo que tenga condiciones materiales de ocurrir», destacó.
Dilma también negó que hubiera defraudado sus promesas de campaña, indicando que debió cambiar porque las circunstancias mundiales cambiaron, con el fin del superciclo de las materias primas.
También habló de su condición humana y reconoció que probablemente cometió errores durante su primer mandato, como no hacer más para fomentar la inversión en infraestructura. «Creo que debí haberme esforzado más para que Brasil no tuviera tantas trabas para invertir», dijo.
Sobre un eventual proceso de destitución, Dilma dijo que «no anticipo situaciones de este tipo».
‘Nós podemos envergar, mas nós não quebramos’, diz Dilma na Marcha das Margaridas
Ao som de gritos de «Não vai ter golpe», a presidente Dilma Rousseff participou, nesta quarta-feira, do encerramento da Marcha das Margaridas e disse que pode envergar, mas não quebra. O evento organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) se transformou em um ato de apoio à presidente, com ataques ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
No encerramento de seu discurso, a presidente citou uma canção do músico Lenine:
— A música diz em noites como esta, mas vou traduzir em tardes como esta, eu cantando numa festa ergo meu copo e celebro os bons momentos da vida. Nos maus tempos da lida, eu envergo, mas não quebro. Margaridas, nós podemos envergar, mas não quebramos, nós seguimos em frente — afirmou a presidente.
Durante o evento de uma hora e meia, a plateia manifestou apoio a presidente, mas gritou contra Cunha. Quando Dilma se levantou para falar, as participantes da Marcha das Margaridas gritaram «Não vai ter golpe».
Dez ministros acompanharam a presidente no evento, aberto com a entrada de trabalhadoras com grandes pétalas brancas de pano, ao som de Aquarela do Brasil. As pétalas formaram quatro margaridas no gramado do estádio. Das instalações saíram fumaça verde, azul, amarela e vermelha. A margarida é o símbolo do movimento em homenagem à paraibana Margarida Alves, assassinada há 15 anos, quando era presidente do Sindicato das Trabalhadoras Rurais de Lagoa Grande.
— Tenho certeza de que todas vocês seguirão em marcha, lutando e construindo o país que queremos. Tenham certeza absoluta que eu, sua presidente, continuarei trabalhando incansavelmente para honrar e realizar os sonhos que vocês depositam em mim e no meu governo. Quero dizer a vocês, e esta é uma garantia que faz parte do centro da razão do meu governo, nós não deixaremos que haja retrocessos. Eu continuarei trabalhando para honrar e realizar os sonhos de vocês. Juntas, nós margaridas que geramos a vida e a defendemos, não permitiremos que ocorra qualquer retrocesso nas conquistas sociais e democráticas do nosso país — afirmou Dilma.
A presidente disse que a marcha mostrou «a garra das mulheres», agradeceu a presença de todas e falou da emoção de estar no evento. Dilma fez questão de reafirmar parceria com a Marcha das Margaridas e defendeu a mobilização «por justiça, autonomia, igualdade, democracia e não ao retrocesso».
— Vocês são acima de tudo mulheres decididas. Decididas a trabalhar por uma vida melhor, decididas a avançar na conquista de leis, decididas a combater a injustiça, decididas a serem mais fortes, mais autônomas e mais felizes, decididas a reafirmar o Brasil, o poder das margaridas e a fazer a nossa história — disse Dilma.
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O presidente da Contag, Alberto Broch, defendeu a democracia e o mandato de Dilma:
— A marcha levanta a bandeira contra o golpe. Somos contra aqueles querem o retrocesso deste país.
A secretária de Mulheres da Contag, Nalu Faria, falou na mesma linha:
— A marcha repele todas as tentativas de golpe e afirma que a democracia que nós conquistamos ninguém nos tirará. E nós queremos, sim, que este processo continue com mais mudanças, porque aprendemos que a crise se enfrenta com mais justiça e mais direito — afirmou Nalu, sob aplausos da plateia e gritos de apoio a presidente.
A ministra da Secretaria das Mulheres, Eleonora Menicucci, convocou as trabalhadoras a resistirem, porque o governo continuará defendendo os mais necessitados. A ministra defendeu o respeito ao Estado democrático de direito e ao voto popular.
— Esta é uma marcha de mulheres resistentes. A mulher que está no palco enfrenta resistências. Soube enfrentar regime de repressão. A resistência de quem não se dobra a vozes autoritárias que visam enfraquecimento da democracia e não respeita a vontade soberana do povo. Esta mulher forte e resistente de coração valente recebe aqui milhares de mulheres igualmente resistentes — disse.
Enquanto esperavam a chegada da presidente, as participantes da Marcha das Margaridas gritaram palavras de ordem e fizeram «hola». Elas cantaram: «No meu país, eu boto fé, porque ele é governado por mulher». Também pediram a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy: «Fora já. Fora daqui, o Eduardo Cunha junto com Levy». Levantaram ainda uma faixa com «Fica, Dilma».
Segundo a presidente, a luta das trabalhadoras rurais inspiram todas as mulheres do país, ela própria e o governo. Dilma afirmou que o governo precisa de diálogo constante para construir a políticas públicas.
A presidente anunciou medidas de enfrentamento à violência contra as mulheres, como a criação da Patrulha Rural Maria da Penha, em parceria com os governos estaduais; de incentivo à produção, incluindo a implantação de 100 mil cisternas; de atenção integral à saúde da mulher, com ações de prevenção do câncer do colo do útero e de mama, e a construção de 1.200 creches na área rural até o fim do governo.
Antes do início da cerimônia, as participantes da Marcha das Margaridas gritaram palavras de ordem e fizeram onda nas arquibancadas. Grupos ensaiaram gritos de guerra como «Não, não, não à redução!». Uma bandeira com os dizeres «Fica Dilma» foi levantada pelos militantes, que também entoaram «Fora, Cunha».
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Elas também cantaram: No meu país, eu boto fé, porque ele é governado por mulher». Também pediram a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy: «Fora já. Fora daqui o Eduardo Cunha junto com Levy».
— Eu prefiro ser pardal – brincou um senhor com a camiseta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que organiza a Marcha das Margaridas, junto com a Contag.