Brasil: teléfonos de 29 autoridades brasileñas fueron intervenidos por Estados Unidos. El Gobierno lo considera «un episodio superado»

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A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou celulares e dispositivos de comunicação da presidente Dilma Rousseff e de 29 ministros e assessores do alto escalão do governo brasileiro. Nem o telefone via satélite Inmarsat do avião presidencial foi poupado. Quatro números do gabinete de Dilma no Planalto também foram grampeados. Os detalhes do escândalo de espionagem, publicados pelo site The Intercept, vêm à tona dois dias depois da viagem de Dilma a Washington, onde se encontrou com o colega Barack Obama.

Glenn Greenwald e David Michael Miranda, jornalistas do Intercept, tiveram acesso aos documentos secretos da NSA em posse do WikiLeaks e confirmaram ao Estado de Minas que os EUA começaram a bisbilhotar a cúpula petista durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “O dossiê deixa claro que algum tipo de espionagem começou em 2010”, afirmou Greenwald, por e-mail. “Tudo teve início em 14 de dezembro de 2010. O estado de vigilância começou durante a era Lula”, ressaltou Miranda, por telefone.Entre as autoridades espionadas, estão Antonio Palocci, ex-chefe da Casa Civil; o ex-chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado; o atual ministro do Planejamento, Nelson Henrique Barbosa Filho; e Luiz Awazu Pereira da Silva, diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central; além de embaixadores. Os nomes aparecem acompanhados dos códigos S2C42 — unidade da NSA que se foca na coleta de inteligência de lideranças políticas brasileiras — e S2C51, em alusão à filial política e financeira internacional da agência.

Em nota, o Palácio do Planalto destacou que a presidente “considera o episódio superado”. “Em várias circunstâncias, a presidente  Dilma Rousseff ouviu do presidente Barack Obama o compromisso de que não haveria mais escutas sobre o governo e empresas brasileiras, uma vez que os EUA respeitam os ‘países amigos’”, atesta. “A presidenta Dilma reitera que confia no presidente Obama. Os EUA e o Brasil tornarão cada vez mais forte a sua parceria estratégica.”

Vantagens Fundador do WikiLeaks, Julian Assange sustentou que Washington tem longo caminho para provar que pôs fim à rede de vigilância sobre aliados. “Os EUA não apenas têm alvejado a presidente Rousseff, mas também figuras-chave com as quais ela conversa todos os dias. É fantasioso imaginar que a presidente possa dirigir o Brasil conversando sozinha. Se ela deseja ver investimentos americanos no Brasil (…), como pode assegurar às companhias brasileiras que as homólogas nos EUA terão vantagem fornecida pela vigilância?”.

Em entrevista ao Estado de Minas , Kristin Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks, considerou surpreendente o fato de a NSA ter se focado em pessoas que manejam as finanças do Estado brasileiro. “A espionagem é econômica, por natureza, em vez de se centrar em questões de segurança ou de defesa”, admitiu. “Não é improvável novas informações sobre a espionagem no Brasil.

Greenwald afirmou à reportagem que a espionagem é “muito mais profunda e invasiva” do que se sabia. “É altamente improvável que isso tenha parado.” Ele lembra que os alvos são esmagadoramente financeiros e econômicos. “Parece tratar-se de espionagem clássica, desenhada a conferir vantagem econômica dos EUA sobre o Brasil.” Miranda classificou as denúncias de “uma afronta à soberania brasileira”. “Eles se voltavam a obter informações privilegiadas sobre a posição do Brasil em inúmeros casos, o que é muito grave. O que a Dilma pode falar quando há um grampo dentro do avião oficial brasileiro?”, disse.

DESCOBERTA
Em setembro de 2013, o jornalista Glenn Greenwald obteve do ex-analista da NSA Edward Snowden documentos comprovando que a agência de inteligência norte-americano espionou a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras. Os alvos do monitoramento seriam ligações telefônicas, mensagens de texto e o correio eletrônico de Dilma e de vários assessores. 

Estado de Minas

Governo considera denúncia sobre escutas clandestinas episódio superado

Em nota divulgada à imprensa neste sábado (4), a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) comentou notícias veiculadas hoje sobre escutas realizadas clandestinamente pelo governos dos Estados Unidos contra o governo brasileiro. Segundo a nota, “a presidenta [Dilma Rousseff] considera o episódio superado”.

A nota diz ainda que “em várias circunstâncias, a presidenta Dilma Rousseff ouviu do presidente Barack Obama o compromisso de que não haveria mais escutas sobre o Governo e empresas brasileiras“.

Leia abaixo a íntegra da nota.

A respeito das notícias veiculadas pela revista Carta Capital e pelo portal G1 sobre escutas realizadas clandestinamente pelo governo dos Estados Unidos contra a presidenta Dilma Rousseff e outras autoridades do governo brasileiro, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República informa que a presidenta considera o episódio superado.

Em várias circunstâncias, a presidenta Dilma Rousseff ouviu do presidente Barack Obama o compromisso de que não haveria mais escutas sobre o Governo e empresas brasileiras, uma vez que os EUA respeitam os “países amigos”.

A presidenta Dilma reitera que confia no presidente Obama e no compromisso por ele assumido. Os EUA e o Brasil tornarão cada vez mais forte a sua parceria estratégica, que está baseada no respeito mútuo e no desenvolvimento de seus povos.

Secretaria de Imprensa-SECOM
Presidência da República

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