Visita de Dilma a Obama: EEUU quiere “dar vuelta la página” y duplicar el comercio
Casa Branca: visita de Dilma aos EUA marca ‘virada de página’ da relação entre os dois países
A visita da presidente Dilma Rousseff a Washington na próxima semana marca a “virada de página” nas relações entre Brasil e EUA após a crise provocada pelo grampo das ligações da brasileira pela Agência de Segurança Nacional (NSA), afirmou Ben Rhodes, um dos braços-direitos do americano no Conselho de Segurança Nacional. Obama já teve a oportunidade de explicar diretamente a Dilma que o programa de espionagem foi alterado e, por isso, não haverá pedido de desculpas formal de Washington a Brasília, alegou. O clima, ainda assim, está “desanuviado”, garantiu Rhodes, o que estimulou uma agenda bilateral “energizada”. Mudanças climáticas, Defesa, comércio — um dos temas historicamente espinhosos entre os países — e investimentos ocuparão lugar central nos anúncios que os dois presidentes farão nos jardins da Casa Branca.
A reunião de trabalho será na terça-feira. A visita de Dilma está cercada de gestos de reaproximação e deferência ao Brasil por parte dos americanos. A presidente ficará na Blair House, casa de hóspedes da Presidência dos EUA, e será recebida para jantar íntimo (cerca de 25 convidados) por Obama na Casa Branca na noite de segunda. O vice-presidente Joe Biden, com o qual Dilma falou ontem ao telefone para acertar detalhes finais da agenda, vai oferecer ainda um almoço após o fim dos trabalhos, no Departamento de Estado, para 200 convidados.
Rhodes disse que os EUA não adotam “a prática de pedir desculpas” por suas atividades de espionagem, mas defendeu que Obama fez melhor: realizou mudanças nos programas que provocaram o furor global. Além disso, o presidente americano optou pelo diálogo franco com a brasileira, “com a qual ele teve, ao longo dos anos, uma boa relação e acredita poder falar diretamente.”
— Isso permitiu sermos francos com o Brasil sobre o que fazemos e não fazemos e nos permitiu desanuviar (a relação) e abrir a porta para avançar, não só com essa visita, mas com uma agenda bilateral muito mais energizada. A visita realmente indica que viramos a página — disse Rhodes, que é diretor de Comunicação Estratégica do Conselho de Segurança Nacional.
Um dos avanços esperados é na parte de trocas de bens e serviços. O diretor de Assuntos das Américas do Conselho de Segurança Nacional, Mark Feierstein, revelou que os dois países esperam passar “tanto tempo neste tema (comércio) quanto em qualquer outro assunto, dado que vemos esta questão como promessa não cumprida” da relação bilateral.
Um acordo de livre comércio está distante, mas, nos bastidores, há um conjunto de ações em preparação na área de facilitação de comércio, convergência regulatória e padronização de normas. Pode haver ainda medidas específicas para têxteis e máquinas e equipamentos e liberação da venda de carne in natura brasileira para os EUA, entre outros pontos que favorecem as trocas.
— Comércio é uma parte muito substancial da agenda — sinalizou Feierstein.
Os dois países atualmente fazem US$ 100 bilhões em comércio por ano, isso dobrou em dez anos. Acreditamos que podemos dobrar esse comércio de novo nos próximos dez anos. O que eu acho que vamos ver nesta visita são passos que nos levarão nesta direção.
A cooperação em assuntos globais e regionais é outro foco prioritário. Obama pretende fazer de sua liderança nas negociações sobre mudanças climáticas, que culminam este ano em conferência em Paris, um legado. Os EUA fecharam acordos e compromissos com China, Índia e G-7 e só falta alinhar o Brasil para que todas as principais economias do mundo tenham posição geral comum. Este é o resultado concreto mais esperado pelos americanos.
— Engajar o Brasil será uma nova pedra fundamental na direção de (um acordo global em) Paris. O Brasil tem papel fundamental — alertou Rhodes.
Este é um exemplo dos interesses estratégicos comuns que Obama e Dilma querem explorar, internacionalmente e nas Américas. Estarão ainda na agenda dos presidentes os desdobramentos da retomada de relações diplomáticas com Cuba, a situação cada vez mais grave na Venezuela e políticas para o Haiti, temas nos quais os dois países já colaboram.
— Acreditamos que fundamental para qualquer abordagem de longo prazo nas Américas é a relação entre EUA e Brasil. Tem que ser o alicerce do engajamento da região. Tanto porque há enorme potencial na relação bilateral quanto porque quando os EUA e o Brasil trabalham bem juntos, as Américas trabalham melhor juntas — afirmou Ben Rhodes, acrescentando que Obama “adorou a visita ao Brasil (em 2011) e teve grande afinidade com o povo brasileiro”.
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A Defesa também tem destaque na agenda. O Brasil finalmente encaminhou ao Congresso acordos assinados em 2010 de cooperação e de troca de informações militares entre os países. Não só estreitam os laços entre as Forças de Brasil e EUA, gesto político importante após quatro décadas sem iniciativas deste tipo, mas abrem uma avenida para transferência tecnológica e a indústria militar. O governo brasileiro está levando uma missão de empresários do setor na visita.
A facilitação de viagens entre os dois países é uma meta declarada, como Joe Biden reafirmou a Dilma por telefone. Porém, é incerto que mecanismos facilitados de entrada nos EUA ou a dispensa de visto sejam alcançados nesta visita. Feierstein limitou-se a dizer que os trabalhos entre os dois países continuarão para que o Brasil atenda todos os pré-requisitos legais americanos.
Educação, ciência e tecnologia deverão ganhar uma série de acordos de cooperação e grupos de trabalho, assim como inovação terá destaque na agenda de Dilma além-Washington. A presidente tratará do tema com investidores e empresários em encontros privados em Nova York, domingo e segunda, e mergulhará na questão em visita ao Vale do Silício na quarta-feira
EUA: COMÉRCIO COM BRASIL DEVE ‘DOBRAR’ EM DEZ ANOS
A visita da presidente Dilma Rousseff a Washington na próxima semana é considerada como uma “virada de página” nas relações entre Brasil e EUA após a crise provocada pelo escândalo da espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA), afirmou Ben Rhodes, um dos braços-direitos do americano no Conselho de Segurança Nacional.
Em conferência telefônica a correspondentes em Washington, o assessor do Conselho de Segurança Nacional do presidente Barack Obama, Ben Rhodes, e o diretor sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental, Mark Feierstein disseram que o comércio bilateral entre Brasil e EUA deve «dobrar nos próximos dez anos» e haverá «anúncios concretos» para o aumento de «comércio, investimentos, viagens e cooperação de Defesa» dos dois países.
«Não posso me adiantar aos anúncios dos presidentes, mas haverá passos concretos e uma agenda substantiva para aumentar o comércio, a eficiência e a participação dos dois países em cadeias produtivas de valor no curto e médio prazos», disse Feierstein.
«Os dois países atualmente fazem US$ 100 bilhões em comércio por ano, isso dobrou em dez anos. Acreditamos que podemos dobrar esse comércio de novo nos próximos dez anos. O que eu acho que vamos ver nesta visita são passos que nos levarão nesta direção”, completou.