Sonia Guajajara y Anielle Franco asumieron como ministras de Pueblos Indígenas e Igualdad Racial
Asumen ministras de Pueblos Indígenas y de Igualdad Racial en Brasil
Las ministras de Pueblos Indígenas, Sonia Guajajara, y de Igualdad Racial, Anielle Franco, asumieron hoy miércoles sus cargos en una ceremonia encabezada por el presidente Luiz Inácio Lula da Silva en el Palacio de Planalto.
La asunción de las ministras estaba prevista para lunes y martes de esta semana, pero los actos fueron postergados debido al ataque a la sede presidencial el domingo pasado por partidarios del ex presidente Jair Bolsonaro, que provocaron serios destrozos.
Guajajara es la primera indígena en ocupar un cargo ministerial en la historia brasileña, y Franco, por su parte, es la hermana de la ex concejal Marielle Franco, asesinada en Río de Janeiro en marzo de 2018.
La ceremonia, que contó también con la presencia de la ex presidenta Dilma Rousseff (2011-2016), empezó con la entonación del Himno Nacional de Brasil en la lengua del pueblo ticuna, el pueblo indígena más numeroso de la Amazonia brasileña.
En su discurso, Guajajara afirmó que es importante que la población brasileña sepa que los indígenas «existen de diferentes maneras» y que «no son lo que muchos libros de historia suelen retratar».
«Estamos en las ciudades, en los pueblos, en los bosques, ejerciendo los oficios más diversos que se puedan imaginar. Vivimos en el mismo tiempo y espacio que cualquiera de ustedes, somos contemporáneos de este presente y construiremos el Brasil del futuro, porque el futuro del planeta es ancestral», subrayó.
La ministra es conocida internacionalmente por haber realizado numerosas denuncias ante las Naciones Unidas, el Parlamento Europeo y las conferencias mundiales del clima (COP) sobre violaciones de los derechos de los indígenas en su país.
Por su parte, Franco inició su discurso agradeciendo y haciendo un homenaje a su hermana Mariella, una activista social reconocida por su lucha por los derechos de la población afrodescendiente.
«El fascismo, como el racismo, es un mal que hay que combatir en nuestra sociedad. Desde el 14 de marzo de 2018, día en que Marielle fue arrebatada de mi familia y de la sociedad brasileña, he dedicado cada minuto de mi vida a luchar por la justicia, defender la memoria, multiplicar el legado y regar las semillas de mi hermana», afirmó.
La ministra se comprometió a seguir con ese legado y resaltó que «mientras haya racismo, no habrá democracia».
Durante la ceremonia, el presidente Lula sancionó una ley, presentada en el Congreso en 2015, que convierte en delito la injuria racial cometida en lugares públicos o privados.
Anielle Franco e Sonia Guajajara tomam posse com Lula: governo responde à violência dando voz a indígenas e negros. Assista
Por Vitor Nuzzi, da RBA
As duas últimas posses do governo Lula, no final da tarde desta quarta-feira (11), misturaram simbolismo e resposta aos ataques contra a democracia ocorridos no último domingo (8). Com samba-enredo, cânticos e rituais – como A Dança da Ema, do povo Terena –, a carioca Anielle Franco, 37 anos, e a maranhense Sonia Guajajara, 48, assumiram formalmente os ministérios da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas, em cerimônia no Palácio do Planalto, um dos alvos do terror.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu à cerimônia, ao lado do vice, Geraldo Alckmin, da primeira-dama, Janja da Silva, e vários ministros. Também esteve presente a ex-presidenta Dilma Rousseff. Ao final da cerimônia, Lula, que não discursou, sancionou o projeto (PL 4.566) que tipifica como crime a injúria racial em locais públicos.
“Não iremos nos render”
Logo no início do pronunciamento, Sonia fez referência aos “ataques covardes e violentos” às sedes do Executivo, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. “Estamos aqui de pé para mostrar que nós não iremos nos render. A nossa posse, minha e de Anielle Franco, é o mais legítimo símbolo dessa resistência secular, preta e indígena, do nosso Brasil”, afirmou. “Estamos aqui nesse ato de coragem para mostrar que destruir essa estrutura (as sedes dos três poderes) não vai destruir a nossa democracia. Nunca mais vamos permitir um outro golpe no nosso país. Sem anistia!”, acrescentou a ministra.
Ela apontou ainda certo desconhecimento histórico, inclusive nos livros, a respeito da população indígena no Brasil. “É importante saberem que nós existimos de muitas e diferentes formas. Estamos nas cidades, nas aldeias nas florestas,, exercendo os mais diferentes ofícios que vocês possam imaginar.” Segundo Sonia, “a invisibilidade secular” teve impacto direto nas políticas públicas do Estado, que ela chamou de inadequadas.
Reflorestar “mentes e corações”
Políticas que resultam do racismo, do atraso e da baixa institucionalidade, prosseguiu a nova ministra. Ela também fez referência à pandemia e seu impacto sobre os povos indígenas: “Milhares de vidas ceifadas pelo negacionismo criminoso do governo anterior”. Dirigindo-se a Lula, afirmou que muitos povos vivem em situação de crise humanitária. Falou sobre o agronegócio, garimpo ilegal e emergência climática. “A proteção dos diferentes biomas é essencial para qualquer produção agrícola.” E ressaltou a necessidade da demarcação das Terras Indígenas, “importantes aliadas na luta contra o aquecimento global”.
No final, propôs “reflorestar mentes e corações, rumo a uma democracia do bem viver”. A ministra também apresentou a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), que passará a comandar a Funai, agora com o nome de Fundação Nacional dos Povos Indígenas.
Do luto à luta
Anielle começou sua fala agradecendo “as mulheres negras que seguraram a minha mão desde o dia 14 de março de 2018 e nunca mais soltaram”. A data é referência ao assassinato de sua irmã, a vereadora Marielle Franco. Desde então, uma “travessia do luto à luta” resultou na criação do instituto que leva o nome de Marielle – cuja filha, Luyara, hoje com 25 anos, estava presente à cerimônia de posse. Anielle lembrou ainda que se beneficiou da política de cotas, “na primeira turma da Uerj”.
“Os dias desde o golpe da minha eterna presidente Dilma tem sido difíceis, principalmente desde 2018. A nossa resposta tem sido a luta pela vida”, afirmou Anielle, para quem o Brasil será de quem, historicamente, resistiu ao “projeto violento” que criou o país. E também falou sobre a “barbárie” do último domingo. “O fascismo, assim como o racismo, é um mal a ser combatido na nossa sociedade. (…) Ela defendeu uma “conversa franca e honesta” sobre a violência contra moradores de comunidades. “Essa guerra nas favelas e nas periferias nunca funcionou. Apenas segue dilacerando famílias e alimentando um ciclo de violência sem fim. Já passou da hora de seguirmos fórmulas fracassadas.”
“Não sairmos daqui”
Anielle falou no fortalecimento das políticas de cotas e em esforços para aumentar a presença de estudantes negros da universidades. E também na administração pública, destacou. Mas lembrou que é preciso participação e apoio de todas as áreas de governo. E dos não negros, contra o mito da democracia racial e contra a violência praticada pelo próprio Estado. “O racismo merece um direito de resposta eficaz. (…) Não sairemos daqui.” Ela terminou recitando o poema Vozes-Mulheres, de Conceição Evaristo.
Sonia Guajajara foi apresentada pela deputada Célia Xacriabá (Psol-MG). “A luta pela terra é a mãe de todas as lutas. Chegamos ocupando um lugar que sempre foi nosso, que é o Brasil. A ancestralidade toma posse. O turbante e o cocar tomam posse”. Já Anielle, “cria do Complexo da Maré”, teve apresentação da ativista Camila Moradia, “cria do complexo da Alemão”. E lembrou que a nova ministra será defensora das políticas de inclusão. O vídeo que apresentou Anielle foi narrado pelo cantor Emicida.
E Marina Irís cantou o samba-enredo Histórias para ninar gente grande, apresentado pela Mangueira em 2019.
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Assista a íntegra da posse de Sonia Guajajara e Anielle Franco: