Brasil tuvo el enero más letal de su historia
Brasil tuvo este año el enero más mortal de su historia, con 144.341 muertes, la mayor parte víctimas de Covid-19 y otras enfermedades respiratorias que pueden estar vinculadas al coronavirus, según la estadística de la central de registros civiles divulgada hoy por el diario Folha de Sao Paulo.
La cantidad de muertes en enero de este año, con la ola de la variante ómicron del coronavirus, fue 4,79% superior al primer mes de 2021 y 21,9% comparado con el mismo período de 2019, cuando no había pandemia en Brasil.
En enero de 2021 el país se encontraba en una curva descendente de contagios.
De acuerdo con los registros, el 10% de los fallecidos (14.538) fueron identificados como víctimas de Covid-19.
Las muertes por neumonía saltaron de 12.745 en enero de 2021 a 21.661 este año.
En tanto, las víctimas de síndrome respiratorio agudo grave crecieron de 1.531 en enero del 21 a 1734 del primer mes del 22, de acuerdo al Portal de la Transparencia de los registros civiles.
Brasil tuvo durante enero un período de escasez de test para coronavirus, en medio de la ola de transmisión de la variante ómicron, razón por la cual no pudieron haberse registrado casos de neumonía causada por la Covid-19.
Durante enero se registraron más de 4 millones de contagios de Covid-19, más que en todo el segundo semestre de 2021, cuando comenzó la curva descendente de la letalidad y transmisión de la variante gamma, disminuida por la vacunación masiva.
Hasta este domingo Brasil tenía 27.479.963 casos confirmados y 638.362 decesos desde el inicio de la pandemias, informó el Ministerio de Salud.
Al menos ocho estados y la capital federal, Brasilia, se encuentran con ocupación hospitalaria de camas de terapia intensiva para coronavirus superior al 80 por ciento, según el laboratorio oficial Fiocruz.
Brasil tiene un promedio móvil de contagios diarios de 135.279, mientras que el de muertes está en 881, el mayor nivel desde agosto de 2021.
En el país fueron inmunizadas con dos dosis de la vacuna un total de 152,4 millones de personas, lo que representa el 70,9 por ciento de la población.
Con la dosis de refuerzo o tercera dosis hay 55,9 millones, el 26 por ciento de la población.
El mes más letal de la pandemia en Brasil fue abril de 2021, con 82.266 muertes, en medio del colapso hospitalario provocado por la variante gamma, surgida en la ciudad de Manaos, estado de Amazonas, en noviembre de 2020.
Com mais de 144 mil óbitos, 2022 tem o janeiro mais mortal em duas décadas
Embora a maioria da população brasileira esteja vacinada e o pior pico de mortes tenha acontecido em 2021, a pandemia ainda está refletindo em um alto número de mortes no Brasil. De acordo com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/BR), 2022 teve o janeiro mais mortal desde 2003, quando os números começaram a ser contabilizados pela entidade.
Em janeiro de 2022 foram registrados 144.341 óbitos no país, um aumento de 5% em relação a 2021, que registrou 137.431 mortes no mês – um número que já era 22% maior do que registrado no mesmo período em 2020.
A Covid em si, como causa da morte, não é a responsável pelo aumento nos óbitos, já que as mortes pelo coronavírus tiveram uma redução de 55% entre janeiro de 2021 e 2022. Mas a circulação de novos patógenos, a retomada de todas atividades econômicas (gerando menor isolamento social) e a falta de controle de doenças crônicas nos últimos dois anos acabaram influenciando nos óbitos por outras doenças.
Além da Covid, outras doenças respiratórias foram decisivas para o grande número de óbitos. As mortes por pneumonia passaram de 12.745 em janeiro de 2021 para 21.718 neste ano, um crescimento de 70%. Em 2020, antes da pandemia, foram 15.484 mortes pela doença.
Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios brasileiros está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração em janeiro deste ano na comparação com o primeiro mês do ano passado: AVC (20%), Infarto (17%) e Causas Cardiovasculares Inespecíficas (19%). Também registraram crescimento as mortes por Septicemia (23%), Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (9%) e Indeterminada (9%).
Segundo o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás, as mortes por outras doenças podem, sim, estar relacionadas à Covid. “Já tem trabalhos que indicam que a melhor forma de medir a letalidade da Covid é o excesso de mortes em um continente, país ou localidade. E o que é isso? Você avalia as mortes que aconteceram em 2017, 2018 e 2019 e foram 100 óbitos, em média, por exemplo, e a partir da pandemia passou para 300, 400. A Covid influenciou nessas 200, 300 mortes a mais”, explica.
O especialista diz ainda que no Brasil existe uma subnotificação de casos e, por isso, óbitos por outras doenças podem estar relacionados à Covid. “Muitas dessas mortes por pneumonia podem estar relacionadas a resultados falsos negativos para a Covid ou não fez um PCR. Afinal, janeiro não é um mês em que muitas pessoas morrem de pneumonia, é mais comum no outono e no inverno”, argumenta.
Até mesmo as mortes por AVC e infarto podem estar relacionadas à pandemia, já que os cuidados com doentes crônicos ficaram em segundo plano durante 2021. “Ano passado tivemos um colapso na saúde. Um colapso não só impactou no atendimento à Covid, como também de outros casos preveníveis, que são sensíveis ao tempo, como infarto”.
Efeito ômicron
Para Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen/BR, os dados podem indicar uma relação entre a intensa transmissão da ômicron e o aumento de mortes por outras doenças, como pneumonia, doenças do coração e septicemia.
«Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram mais uma vez, em tempo quase que real, o retrato fidedigno do que acontece com a população brasileira. Embora haja uma diminuição clara nos óbitos por Covid-19, ainda não se conhecem todos os efeitos das novas variantes, em especial da ômicron, que, diante do aumento de casos no último mês, parece ser a causa do crescimento de óbitos de outras doenças, como a pneumonia, doenças do coração e septicemia», argumenta o presidente da Arpen/BR.
Como o isolamento social em janeiro de 2022 foi bem menor do que em 2021, houve ainda um crescimento significativo de mortes violentas (homicídios, acidentes de veículos, suicídio, entre outras). Essas mortes tiveram um aumento de 81%. Na comparação de janeiro de 2020, antes do isolamento, com janeiro de 2021, houve queda de 73% nas mortes violentas, segundo a Arpen.
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