Repudio de militantes antifascistas contra Bolsonaro en un pueblo italiano
Bolsonaro visitó el pueblo de su bisabuelo y fue repudiado por militantes antifascistas
El presidente brasileño Jair Bolsonaro, recibió este lunes en Anguilla Veneta, en el norte de Italia, la ciudadanía honoraria, en medio de una ola de protestas en contra y a favor desatadas por la decisión de la municipalidad de la pequeña localidad de sus ancestros.
«Estoy emocionado de estar aquí. Creo que se ve. De aquí salieron mis abuelos; me complace estar entre gente buena», aseguró el ultraderechista mandatario al inicio del encuentro, según informó la agencia italiana AGI, uno de los pocos medios presentes en el acto luego de que a la mayoría le rechazaran el ingreso.
«Dios quiso que fuera presidente Brasil y estoy honrando a la familia en ese país. Tenemos mucho apoyo popular. No obstante todo estamos haciendo un gran trabajo, que seguro el pueblo reconoce, al contrario de los medios de comunicación», añadió el mandatario brasilero en el acto, que duró unas cuatro horas.
– Anguillara Vêneta – Itália (01/11/2021) pic.twitter.com/e8aXpD1aIz
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 1, 2021
La presencia de Bolsonaro movilizó a militantes antifascistas en esa ciudad del norte de Italia, cuya sede municipal amaneció con los jardines cubiertos de estiércol en protesta por la decisión de la alcaldesa Alessandra Buoso, vinculada al partido ultraderechista italiano de la Liga, de concederle la ciudadanía de honor, según el portal español El Periódico.
Buoso justificó su decisión al argumentar que el reconocimiento se concede porque el bisabuelo de Bolsonaro emigró de esta comuna a Brasil en 1888. Además, Bolsonaro «ha sido elegido democráticamente y representa a Brasil y a los brasileños en el G20», añadió.
Después del mediodía de este lunes, bajo una llovizna persistente y en medio de la neblina, representantes de varios partidos de izquierda, sindicatos y de la agrupación antifascista ANPI (Associazione Nazionale Partigiani d’Italia), manifestaron en forma pacífica en la plaza central con banderas y carteles.
«Que visite la ciudad de donde proviene su familia es justo, pero no que lo presenten como un modelo a seguir otorgándole la ciudadanía honoraria», lamentó Antonio Spada, concejal de la oposición, en declaraciones citadas por la agencia de noticias AFP.
«Fora Bolsonaro, fora Bolsonaro», rezaba un enorme cartel, mientras otro, escrito a mano, decía «Anguillara ama Brasil, pero no a Bolsonaro».
Entre los manifestantes más indignados se encontraba el misionario italiano Massimo Ramundo, quien vivió 20 años en Brasil, 12 de ellos en Marañón, un estado del noreste que comprende la densa Amazonia.
«Es una vergüenza. Estoy furioso con la alcaldesa de esta ciudad. No sabe lo que ha hecho Bolsonaro, no ha escuchado sus declaraciones de corte racista, contra los indígenas, los vacunados, las mujeres. Además quiere que la Amazonia sea un negocio. No respeta los valores del papa Francisco», lamentó el religioso.
A la manifestación, organizada en la localidad de donde emigró su familia hace más de un siglo, llegaron también grupos de simpatizantes del presidente, la mayoría brasileños que residen en varias regiones de la península.
«Estoy aquí para decir que no está solo», aseguró Silvana Kowalsky, una elegante señora de 50 años, quien viajó desde Vicenza, a unos 85 kilómetros, para dar su apoyo.
Con sombreros y cubiertos por banderas de Brasil, los simpatizantes del presidente entonaban canciones y lo proclamaban «mito, mito», a la vez que lanzaban consignas contra «Lula ladrón», aludiendo al ex presidente Lula da Silva, su posible mayor rival para las elecciones del 2022.
«Es un gran presidente y tiene derecho porque es descendiente de italianos. Todo lo que dice de él la comisión (del Senado brasileño que juzgó por «crímenes contra la humanidad» la gestión frente a la pandemia del gobierno del ultraderechista) son mentiras», aseguró el brasileño Claudio Resende, de 65 años, quien reside en Italia desde hace 17 años.
Bolsonaro recebe homenagem em cidade italiana em meio a atos pró e contra
Anguillara Vêneta acordou blindada nesta segunda (1º), já que a cidade localizada na região do Vêneto, no norte da Itália, que há uma semana vive a polêmica provocada pela concessão do título de cidadão honorário a Jair Bolsonaro, foi palco de atos contra e a favor da homenagem ao presidente brasileiro.
Por isso, o centro do município foi fechado, e a rua do local em que o líder brasileiro recebeu o título das mãos da prefeita Alessandra Buoso, ligada ao partido de ultradireita Liga Norte, bloqueada. Do lado de fora, dezenas de policiais, alguns dos quais enviados de Rovigo, fizeram a segurança nos protestos.
Bolsonaro chegou à cidade por volta das 12h, no horário local, e foi direto à Villa Arco del Santo, um prédio de 1660 onde a prefeita o aguardava. De acordo com a agenda presidencial, a entrega do título deveria ter sido feita na prefeitura, mas, por questões de segurança, os planos foram mudados. Bolsonaro, segundo a programação, também caminharia pelas ruas da cidade e só depois iria à Villa Arco para um almoço.
Durante a cerimônia, o presidente brasileiro disse estar emocionado. «Meus avós começaram daqui. Estou feliz por estar entre as pessoas boas. Estou honrado em representar a nossa família no Brasil», afirmou ele aos convidados. «Estamos fazendo um ótimo trabalho. Deus queria que eu me tornasse presidente do Brasil, e eu estou honrando nossa família no Brasil. Apesar de tudo, estamos fazendo um ótimo trabalho, que é certamente reconhecido pelo povo e não é reconhecido pelos meios de comunicação de massa.»
Embora Bolsonaro tenha dito que tem «muito apoio popular» e que o trabalho realizado à frente do Planalto é «reconhecido pelo povo», a pesquisa Datafolha mais recente mostra que mais da metade (53%) dos brasileiros o reprova, o maior índice desde que tomou posse, em 2019.
Alguns familiares do presidente, como Franco Bolzonaro, também compareceram à cerimônia. À Folha, dias antes do evento, ele disse por telefone que «é justo que Bolsonaro receba o título». «Ele é o presidente do Brasil, não se sabe se ele cometeu todos os crimes pelos quais é acusado e, mesmo que fosse condenado, tem o direito de ser homenageado porque tem raiz vêneta.»
A honraria foi aprovada a toque de caixa pela prefeita Buoso, que a justificou afirmando que «era uma homenagem aos italianos que haviam partido para o Brasil, uma homenagem às origens vênetas», uma vez que foi em Anguillara Vêneta, uma cidade de 4.000 habitantes, que o bisavô de Bolsonaro nasceu.
Antônio Spada, vereador da oposição, um dos primeiros a chegar aos atos contrários a Bolsonaro, opôs-se à homenagem. Afirmou a jornalistas que a prefeita se contradiz, «pois concederia a cidadania porque o presidente promove a história vêneta». «Mas Bolsonaro nunca nem mesmo falou sobre Anguillara».
Os manifestantes contrários ao líder brasileiro começaram a se reunir por volta das 9h, no horário local, na praça Matteotti, espaço autorizado pela polícia para a realização do protesto. Mesmo debaixo de chuva fina, a italiana Gilberta Zanon, 78, fez questão de participar do ato. «O que a prefeita fez é algo obsceno. Como é possível dar um reconhecimento a uma pessoa que destrói os direitos dos outros?», disse ela.
Um outro grupo, de cerca de 20 pessoas pró-Bolsonaro, também chegou cedo e, sem perceber, uniu-se à manifestação contrária. Diene Matias, 58, que veio de Oderzo, a 130 km de Anguillara, estava entre eles.
Enquanto dizia que Bolsonaro é «o único político limpo e não corrupto», um idoso passou ao lado e lhe disse para voltar ao Brasil, «visto que adorava tanto o presidente». Matias chamou a polícia, que lhe avisou que aquela não era a manifestação da qual ela queria participar.
Do outro lado da praça, militantes do partido da Refundação Comunista gritavam frases como «Salvini cretino, Bolsonaro é assassino», em referência a Matteo Salvini, senador símbolo da ultradireita italiana e um apoiador da família do presidente brasileiro no país. Salvini deve se encontrar com Bolsonaro nesta terça (2), durante homenagem em Pistoia aos pracinhas que combateram na Segunda Guerra.
Durante uma hora, os movimentos sociais e as legendas que organizaram o ato —Partido Democrático, Refundação Comunista, CGIL, o maior sindicato dos trabalhadores da Itália, ANPI, que reúne membros da resistência italiana ao fascismo, além de organizações não governamentais— dividiram as indignações.
Simpatizantes do presidente começaram a chegar por volta das 11h. Cantando o hino nacional e vestidos com camisas da seleção brasileira, eles se espalharam pela cidade. Reuniram-se em frente à prefeitura e depois se deslocaram até a Villa Arca del Santo. Após empurra-empurra entre manifestantes e profissionais da imprensa, o presidente saiu rapidamente do local para cumprimentar os simpatizantes, que gritavam «mito». Em meio à confusão, uma voz destoou: uma mulher gritou «genocida».
As manifestações contra a decisão da prefeita começaram já na sexta-feira, (29), quando alguns manifestantes ligados ao grupo ambientalista Rise Up 4 Climate Justice jogaram esterco na entrada da prefeitura e picharam a fachada com «Fora Bolsonaro». Para o grupo, «o presidente representa o modelo capitalista, predatório, destrutivo e colonialista» contra o qual seus membros lutam.
Ao STF, CPI defende poderes para investigar Bolsonaro
Por Caio Junqueira
A CPI da Pandemia encaminhou uma manifestação de 27 páginas ao STF (Supremo Tribunal Federal) na qual defende ter o direito de investigar o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
“Não há nenhuma palavra na Constituição da República que imuniza o Chefe do Poder Executivo face aos poderes de investigação do Poder Legislativo. O que há, por exemplo, no § 2º do art. 50 da Carta Política, no que omite o Presidente da República do rol das altas autoridades do Poder Executivo que devem prestar sob coerção contas de seu ofício pessoal perante o Congresso Nacional, é uma regra que, no máximo, mitiga – e não anula – os poderes de investigação do Parlamento em relação ao Chefe de Estado e sinaliza a necessária observância da regra entre harmonia entre os poderes, mas na medida do possível, porque na República não há prerrogativas e direitos absolutos”, diz o documento, assinado pela Advocacia do Senado.
Trata-se de uma resposta ao pedido de esclarecimentos feito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que determinou sábado (30) que a CPI da Pandemia desse mais informações sobre a ação que pede o banimento do presidente Jair Bolsonaro das redes sociais, em um prazo de até 48 horas.
Poder de investigação
O documento do Senado diz ainda que “conceder que o Poder Legislativo da União não pode em absoluto investigar o Presidente da República, e por consequência, a Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores não podem investigar Governadores e Prefeitos, respectivamente, é transgredir a regra republicana de universalidade de jurisdição e de direitos da minoria”.
A CPI também menciona que não procede a tese defendida pelo governo de que só o procurador-geral da República pode investigar o presidente.
“A tese de que a investigação do Presidente da República precisa ser iniciada e mediada necessariamente pelo Procurador-Geral da República também não se sustenta, já que Jair Messias Bolsonaro já está sob investigação perante este Egrégio Supremo Tribunal Federal no bojo do referido Inquérito nº 478111, sem que se tenha observado essa condicionante.”
A CPI também diz que o presidente comete crime de responsabilidade ao divulgar fake news, como a que relacionava vacinação à Aids.
“As ‘fake news’ proferidas pelo impetrante na live do dia 21 de outubro tinham o claro propósito de sabotar a campanha de vacinação coordenada pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento a Covid-19 do Ministério da Saúde em articulação com Estados, Municípios e organismos internacionais, o que configura em tese crime de responsabilidade”.