Brasil | Jair Bolsonaro justificó su política ante la ONU

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“Avergonzó a Brasil ante toda la ONU”: Jair Bolsonaro recibe oleada de críticas tras su discurso

Diversas organizaciones no gubernamentales que luchan por el medioambiente coincidieron en que el presidente Jair Bolsonaro «avergonzó» a Brasil con el discurso que pronunció este martes ante la Asamblea de la ONU y en el que, una vez más, negó la crisis ambiental que azota al país.

El discurso mandatario fue calificado de «delirante», «irresponsable» e «infundado» por organizaciones como Greenpeace, el Observatorio del Clima y el Fondo Mundial para la Naturaleza (WWF), que no entienden cómo el jefe de Estado puede hacerse «vista gorda» ante la gravedad de los incendios que desde 2019 vienen devastando la Amazonía.

«El discurso negacionista del presidente Jair Bolsonaro en la 75 Asamblea General de la ONU avergüenza al pueblo brasileño y aísla a Brasil del mundo», señaló Greenpeace Brasil en un comunicado.

En el mismo tenor se pronunció el Observatorio del Clima, una red que reúne a más de 50 organizaciones ecologistas nacionales e internacionales en Brasil.

El polémico discurso

«En poco más de 14 minutos de un discurso deliberadamente delirante, el presidente una vez más expuso al país de manera vergonzosa y confirmó las preocupaciones de los inversionistas internacionales que están pensando en salir de Brasil», indicó la ONG en su pronunciamiento.

La Amazonía, mayor selva tropical del mundo, registró un récord de incendios el año pasado y el número se ha mantenido elevado en lo que va de 2020.

El fuego, sin embargo, se ha ensañado este año con el Pantanal, el mayor humedal del mundo, con un incremento del 200% en los focos de calor este año, llamas que han devastado 20% de su superficie (un área equivalente a dos veces la ciudad de Nueva York).

El incremento de las llamas se debe al aumento de la deforestación, una problemática que Jair Bolsonaro niega y que ha crecido desde que asumió el poder por la flexibilidad que permite en las acciones de fiscalización ambientales.

«Al contrario a lo que expresó el mandatario, los incendios en la selva amazónica no son resultado de un fenómeno natural, mas sí fruto de la acción humana, siendo una de las principales herramientas utilizadas para la deforestación, especialmente por los acaparadores de tierras y agricultores, que los usan para limpiar áreas para uso agrícola o especulación», señaló Greenpeace Brasil en un comunicado.

«Un verdadero líder de un país soberano estaría ahora poniendo toda su capacidad de gobernanza para actuar con eficacia y prevenir la tragedia que estamos viviendo en los biomas brasileños. Fingir que no vieron, además de ser una actitud irresponsable de un presidente, significa condenar el futuro de todos los brasileños», comentó Mariana Mota, coordinadora de Políticas Públicas de esa ONG, citada en el comunicado.

El Desconcierto


O que deveria ser o discurso do Brasil na ONU, por Lula

As únicas palavras sensatas do discurso de Jair Bolsonaro hoje na ONU foram as primeiras: o mundo precisa mesmo conhecer a verdade. Mas na boca de uma pessoa que não tem compromisso com a verdade até esta frase soa falsa.

O que se esperava ouvir hoje de um presidente são coisas simples, que estão indicadas no Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, apresentado ontem pelo Partido dos Trabalhadores. Algo assim:

Senhoras e senhores desta Assembleia,O Brasil se envergonha de ter tido, ao longo desta gravíssima pandemia, um governo que ignorou a ciência e desprezou a vida, o que resultou em mais de 136 mil mortes e milhões de contaminados pela Covid.

Queremos anunciar que, a partir deste momento, vamos realizar testes em massa na população para conhecer as verdadeiras dimensões da pandemia e enfrentá-la.

Vamos recompor o Orçamento da Saúde para ter hospitais, médicos, enfermeiros e remédios; investir o que for necessário para salvar vidas.

Vamos manter o auxílio emergencial de R$ 600 e instituir o Mais Bolsa Família, para que este valor seja pago mensalmente a todas as famílias vulneráveis.

Os bancos públicos abrirão imediatamente crédito para as pequenas empresas. Retomaremos já as obras paradas para reativar a economia e gerar empregos.

O governo brasileiro nunca mais fará propaganda enganosa de remédios sem comprovação científica nem voltará a desmoralizar medidas coletivas de prevenção.

A partir de hoje, estamos decretando o Desmatamento Zero da Amazônia. Três anos de proibição total de queimadas e derrubadas, para que a natureza tenha tempo de se recuperar da destruição.

Convocamos as Forças Armadas para combater o incêndio do Pantanal, a começar pelos 4 mil hoje deslocados para fazer provocação militar irresponsável em nossa fronteira com a Venezuela.

Os povos indígenas são irmãos da natureza e guardiões do meio ambiente. Terão prioridade nas ações emergenciais de saúde. Seu território e suas culturas voltarão a ser respeitados, com a retomada das demarcações de reservas e terras indígenas.

Os cientistas e os agricultores brasileiros desenvolveram a mais avançada tecnologia para o cultivo de grãos e produção de proteína animal.

Este conhecimento, a partir de hoje, voltará a ser utilizado em benefício da segurança alimentar do planeta e do povo brasileiro, de maneira social e ambientalmente sustentável.
A partir de hoje está proibido em nosso território o uso indiscriminado de insumos e sementes que representam risco à saúde humana.

Não é preciso destruir para botar comida na mesa. É preciso, sim, entregar terra, tecnologia e financiamento a centenas de milhares de famílias que trabalham no campo para alimentar as cidades.

Estamos criando hoje um banco de terras públicas para retomar a reforma agrária no Brasil. E reativando o financiamento da agricultura familiar.

É desta forma, garantindo segurança alimentar para nossa população e produzindo com abundância, respeito ao meio ambiente e à saúde humana, que o Brasil quer contribuir para saciar a fome no mundo.

Senhoras e senhores,

Esta assembleia foi criada, ao final da mais devastadora guerra de todos os tempos, para construir a paz, promover a educação, a saúde, o trabalho digno, a produção de alimentos e o equilíbrio nas relações econômicas.

Passados 75 anos, não tivemos sequer um dia sem guerras. O colonialismo deu lugar a outro tipo de dominação, ditada pela concentração de capitais e a especulação financeira. O acesso à educação e saúde é uma miragem para a imensa maioria. As relações de trabalho regridem ao que eram no século 19.

E, vergonha das vergonhas: 800 milhões de crianças passam fome todos os dias, no mesmo planeta em que uns poucos privilegiados nem sabem como gastar – ou sequer como contar – suas inacreditáveis fortunas.

Como alertou papa Francisco: “Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade”.

No Brasil, a partir de hoje, tudo que o estado fizer será no sentido de reverter séculos de desigualdade, o racismo estrutural que nos legou a escravidão, o patriarcado que discrimina as mulheres, superar o preconceito, a fome, a pobreza, o desemprego.

A partir de hoje o Brasil exercerá plenamente sua soberania, não para oprimir quem quer que seja, mas para promover a integração da América Latina, a cooperação com a África, relações econômicas equilibradas e democráticas entre os países, defender o meio ambiente e a paz mundial.

O Brasil quer para si o que deseja para todos os povos do planeta: soberania, autodeterminação, acesso compartilhado ao conhecimento, às vacinas e medicamentos imprescindíveis, regras justas de comércio, ação internacional efetiva para o desenvolvimento e o combate à pobreza no mundo.

O Brasil quer para todos democracia, paz e justiça.

Lula


Bolsonaro culpa indígenas, imprensa e ONGs por queimadas e consequências da covid

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpou indígenas, caboclos, imprensa e ONGs pelas queimadas na Amazônia e Pantanal e pelas consequências da pandemia de coronavírus durante seu discurso na Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (22). Leia o discurso na íntegra.

Em vídeo gravado em português, Bolsonaro disse ter sido vítima de uma campanha de «desinformação», capitaneada pela imprensa brasileira, que “politizou o vírus” e «disseminou pânico» entre a população sob o lema “fique em casa”. Não citou que, até esta terça, mais de 137 mil brasileiros tinham morrido em decorrência da covid-19.

Embora tenha minimizado a gravidade da pandemia, o presidente afirmou aos presentes que alertou a população sobre o vírus «desde o começo».

Ele se apropriou do auxílio emergencial, sugestão do Congresso Nacional, e e distorceu o valor pago (cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300). «[Nosso governo] concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente 1000 dólares para 65 milhões de pessoas», exagerou. Somadas, as nove parcelas do benefício totalizam R$ 4.200 ou US$ 771,49 na última cotação da moeda americana.

Ao relatar à ONU que «assistiu a mais de 200 mil famílias indígenas», Bolsonaro omitiu seu veto a auxílio emergencial específico e a água para essa parcela da população.

Bolsonaro disse ainda que o Brasil é «referência em preservação ambiental» e que as florestas brasileiras não pegam fogo porque “são úmidas”. Ele culpou populações tradicionais por incêndios. O fogo no Pantanal, no entanto, teve origem em fazendas de pecuaristas, conforme análise dos focos de calor na região.

“Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”, distorceu.

O chefe de Estado brasileiro também atribuiu à Venezuela a responsabilidade pelo vazamento de óleo no litoral, em 2019. “Em 2019, o Brasil foi vítima de um criminoso derramamento de óleo venezuelano, vendido sem controle, acarretando severos danos ao meio ambiente e sérios prejuízos nas atividades de pesca e turismo”. A investigação sobre as causas e os culpados, porém, segue sem respostas, um ano depois.

A exportação de alimentos foi exaltada com omissões por Bolsonaro. «Estamos abertos para o mundo naquilo que melhor temos para oferecer, nossos produtos do campo. Nunca exportamos tanto. O mundo cada vez mais depende do Brasil para se alimentar».

Nenhuma linha foi citada sobre a alta do arroz no mercado interno, provocada por fatores como a ênfase ao agronegócio e o descaso com a segurança alimentar. O presidente tampouco informou que barrou 17 dos 20 artigos do auxílio emergencial para agricultura familiar.

Bolsonaro enalteceu Donald Trump e o acordo entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, considerado uma traição à causa palestina. No fim do discurso, Bolsonaro fez um apelo contra a «cristofobia», e ignorou a laicidade e a pluralidade do país ao afirmar que a população toda segue as ideologias dele. “O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base”, declarou.

Leia o discurso completo de Bolsonaro:

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Brasil de Fato


Veja o que é #FATO ou #FAKE no discurso de Bolsonaro na ONU

O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso nesta terça-feira (22) na 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). A fala foi apresentada por meio de um vídeo gravado. Por causa da pandemia de Covid-19, a reunião da ONU neste ano, baseada na sede da entidade em Nova York, teve de ser virtual.

Bolsonaro disse que o Brasil é «vítima» de uma campanha «brutal» de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Segundo ele, a floresta amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas e os responsáveis pelas queimadas são “índios” e “caboclos”. Disse também que as orientações para as pessoas ficarem em casa na pandemia “quase” levaram o país ao “caos social”.

A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações de Bolsonaro. Leia:

“Por decisão judicial, todas as medidas de isolamento e restrições de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da federação. Ao presidente, coube o envio de recursos e meios a todo o país”

#NÃOÉBEMASSIM.

Veja o porquê: Em abril, o STF decidiu que os governos estaduais e municipais têm poder para determinar regras de isolamento e quarentena em razão da pandemia. A decisão da Corte reconheceu a autonomia das cidades e dos estados de tomar decisões na pandemia, mas não eximiu o governo federal de responsabilidade sobre a crise de saúde.

“Não eximiu, pelo contrário, reforçou a competência dos Executivos”, afirmou o ministro Luiz Fux em uma live transmitida pelo jornal “O Globo” em junho. “O Supremo não exonerou o Executivo federal das suas incumbências porque a Constituição Federal prevê que, nos casos de calamidade, as normas federais gerais devem existir. Entretanto, como a saúde é direito de todos e dever do estado, num sentido genérico, o estado federativo brasileiro escolheu o estado federado em que os estados têm autonomia política, jurídica e financeira”, disse Fux.

O governo federal, inclusive, tomou medidas sobre a pandemia nos últimos meses. Em julho, por exemplo, Bolsonaro sancionou uma lei que obriga o uso de máscaras em locais públicos de todo o país.

“Concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente US$ 1.000 para 65 milhões de pessoas”

#NÃOÉBEMASSIM

. Veja o porquê: No anúncio do programa, o governo definiu que o auxílio ia ser pago em três parcelas. Depois, estendeu para mais duas parcelas, todas de R$ 600. O último anúncio, em setembro, incluiu mais quatro parcelas, no valor de R$ 300 cada uma. Com isso, cada trabalhador aprovado no programa pode receber, ao final dos pagamentos, R$ 4,2 mil.

Na cotação mais atualizada do dólar, de 22 de setembro, o valor corresponde a aproximadamente US$ 766, e não US$ 1 mil. O auxílio recebido só é maior no caso de mães que são chefes de família, que recebem dobrado.

De acordo com o governo, as primeiras parcelas do auxílio atingiram, de fato, mais de 65 milhões de pessoas. O texto da prorrogação do benefício de setembro, porém, restringe quem pode receber as novas parcelas. Ele proíbe que alguns dependentes recebam o benefício. Detentos em regime fechado e residentes no exterior – que chegaram a receber parcelas de R$ 600 antes de serem excluídos do programa – também não terão direito.

Por isso, para os pagamentos das parcelas de R$ 300, está prevista a reavaliação dos beneficiários aprovados – tanto para o início dos pagamentos quanto no decorrer dos mesmos.

Ou seja, o número de beneficiários que irão receber as parcelas de R$ 300 será menor que o de beneficiários que receberam as parcelas de R$ 600.

“Mesmo sendo uma das 10 maiores economias do mundo, somos responsáveis por apenas 3% da emissão de carbono”

A declaração é #FATO.

Veja o porquê: O país é o sétimo maior emissor do mundo, sexto se desconsiderar a União Europeia. É fato, porém, que é responsável por 3,4% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa (entre eles o carbono). Os dados estão no Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), com base no CAIT, que é um cômputo de emissões do World Resources Institute.

“Mas 3% é muita coisa, ainda mais considerando que 44% das emissões vêm de desmatamento, que não gera riqueza. 3% é mais do que quase todos os países desenvolvidos emitem. É mais do que todos os países europeus emitem individualmente, mais do que o Japão emite individualmente, mais do que a Austrália emite individualmente”, afirma o Observatório do Clima.

“No tocante às mudanças climáticas, o Brasil não é o maior vilão, mas também não é o mocinho. Ao considerar também as emissões de desmatamento (normalmente fora dos rankings globais), o Brasil é o 4º país que mais contribui para o aquecimento global. Só perde para EUA, China e Rússia”, afirma o professor Raoni Rajão, do Departamento de Engenharia de Produção da UFMG e coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais.

«Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas»

A declaração é #FAKE

. Veja o porquê: A floresta permanece úmida em algumas regiões, mas o avanço do desmatamento e a abertura de estradas levaram à perda de parte de suas características originais, e, assim, a Amazônia se tornou mais suscetível a grandes incêndios, explica o ambientalista Antonio Oviedo, assessor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), ONG presente na Amazônia há 25 anos.

“Afirmar que a floresta é úmida como um todo era algo verdadeiro há 60 ou 70 anos; hoje, com 20% desmatado, isso não é mais um fato. Ela é úmida em áreas como no interior do Rio Solimões ou no alto do Rio Negro, onde não tem muitas estradas, mas mesmo lá o fogo já tem entrado, por conta do desmatamento. Quando se fragmenta a floresta em blocos, vem o efeito de borda. Quanto mais bordas tiver, mais seca fica, e facilita a entrada do fogo”, afirma Oviedo.

Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), ONG que desde 1995 trabalha pelo desenvolvimento sustentável na região, reforça que “o desmatamento, a exploração da madeira e outras atividades humanas mudam a condição da floresta úmida como barreira ao fogo”, e que “a floresta não queima sempre no mesmo lugar”, ao contrário do dito pelo presidente Bolsonaro, mas, sim, onde o incêndio é provocado.

Porta-voz do Greenpeace, Rômulo Batista, há 15 anos na Amazônia, lembra que não se pode mais falar da região como uma floresta primária. “A Amazônia sofre com desmatamento, extração de madeira, clareiras, e isso faz com que mais sol entre no interior da floresta e seque a matéria orgânica, o que favorece quando há incêndio. Ela queima mesmo úmida. De 1º de setembro até hoje, 44% dos focos foram em áreas de floresta já degradadas”, esclarece.

Sobre os focos na área do “entorno leste” da floresta, citada por Bolsonaro, esta não é a região onde se concentra o maior número de incêndios florestais, de acordo com dados de 2019 do IPAM. Nenhum dos dez municípios líderes em focos localiza-se no extremo leste amazônico, nos estados do Maranhão e do Tocantins – as cidades ficam no Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e Mato Grosso. As regiões da BR-319 (Porto Velho-Manaus), BR-163 (trecho Cuiabá-Santarém) e BR-364 (trecho Porto Velho-Rio Branco) são especialmente críticas.

“O arco do desmatamento vem de Rondônia, no oeste da Amazônia, na região completamente oposta (à da fala de Bolsonaro), passa pelo sul do Amazonas e o norte do Mato Grosso, e sobe pelo leste do Pará”, afirma o porta-voz do Greenpeace.

A respeito da autoria dos incêndios, dados de satélite monitorados pela Nasa mostram que, neste ano, 54% dos focos na Amazônia tiveram como origem o desmatamento. Um novo sistema da agência espacial dos Estados Unidos capaz de apontar em tempo real a localização de queimadas e as razões pelas quais surgem, revelou, em agosto, que as pequenas queimadas para limpeza de pastagem foram responsáveis por 12,81% das ocorrências; já o desmatamento, por 54,34%.

Ainda sobre a relação entre os indígenas e as queimadas, o Observatório do Clima ressalta que uma nota técnica do IPAM também mostrou que apenas 7% das queimadas no ano passado ocorreram em terras indígenas, que correspondem a 25% da região. “Vamos desmistificar essa ideia que os indígenas queimam a Amazônia; 42% do desmatamento amazônico ocorre em terras públicas não destinadas ou sem informação cadastral. Ou seja, são áreas que estão sendo ocupadas por atividades como grilagem, particulares que querem se apossar de terras públicas”, aponta Ane Alencar, do IPAM.

“Não tem a mínima condição de imaginar que uma comunidade indígena é responsável por um incêndio de 200 km². Indígenas, caboclos e ribeirinhos fazem um roçado numa área de 20 x 20 metros, um fogo que não se alastra”, diz Antonio Oviedo, do ISA. “Sobrevoei áreas desmatadas, e depois queimadas, de 4 mil, 5 mil hectares. É inconcebível um pequeno agricultor, um ribeirinho ou uma família indígena fazer isso”, atesta o porta-voz do Greenpeace.

O Observatório do Clima, citando os dados da Nasa, também classifica as afirmações do presidente acerca da origem das queimadas como “mentira”. “As queimadas ocorrem por desmatamento, práticas agrícolas e incêndios que escapam para florestas.”

O ambientalista Raoni Rajão, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, também afirma ser incorreto atribuir o fogo na Amazônia à agricultura de subsistência de “índios e caboclos”. “Grande parte das queimadas ocorre em áreas de desmatamento recente (e não em áreas agrícolas consolidadas), e é utilizada para acabar de ‘limpar’ as áreas para formação de pastagens principalmente”, diz Rajão.

O professor cita um estudo da UFMG em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostrou que 52% das queimadas de 2019 ocorreram em imóveis médios e grandes. “[Nestes imóveis] também ocorreram 67% do desmatamento de agosto de 2019 até julho de 2020.”

“As grandes queimadas [no Pantanal] são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição”

A declaração é #FAKE

. Veja o porquê: Embora a alta temperatura e a baixa umidade relativa do ar agravem as queimadas e dificultem o combate às chamas no Pantanal, não é verdade que incêndios devastadores como os deste ano sejam inevitáveis ou provocados por fatores naturais. De acordo com Alexandre Martins Pereira, analista ambiental do Prevfogo-Ibama, a única causa natural para os incêndios florestais são as descargas elétricas atmosféricas – ou seja, os raios. Imagens de satélites da Nasa comprovam que o primeiro foco do incêndio que atingiu o Pantanal teve início em uma fazenda no dia 30 de junho, quando não houve ocorrência de raios na região.

Cruzando informações obtidas por essas imagens com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o inquérito da Polícia Federal concluiu que o fogo no Pantanal começou em quatro fazendas vizinhas. Isso reforça a tese de que o incêndio foi criminoso e provocado propositalmente pela ação humana, a partir do uso indevido do fogo para limpar áreas utilizadas para pastagem. As chamas se alastraram, destruindo 3 milhões de hectares do bioma, atingindo áreas de preservação, sua vegetação nativa e matando animais silvestres. Essa é a principal linha de investigação da PF.

Além disso, o monitoramento do Inpe também aponta que o número de focos de incêndios no Pantanal até o dia 21 de setembro deste ano é o maior da série histórica, iniciada em 1998. No período, foram registrados 16.119 focos de queimadas no bioma. O recorde anterior era de 12.536 focos em 2005.

A redução na fiscalização é parte relevante da política ambiental do governo Bolsonaro. Ex-funcionários dos órgãos de preservação relatam forte pressão do presidente e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao cumprirem as atividades de vigilância. Em 2019, o ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi demitido, mesmo com mandato vigente, após o governo questionar os dados do Inpe sobre a alta do desmatamento na Amazônia. O órgão voltou a ser atacado ao divulgar os dados das queimadas do Pantanal – desta vez, pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Na reunião ministerial de 22 de abril, o ministro Ricardo Salles sugeriu que o governo aproveitasse que a cobertura da imprensa estava focada na pandemia para “passar a boiada” e afrouxar regulamentações ambientais.

“O Brasil já participou de mais de 50 operações de paz e missões similares, tendo contribuído com mais de 55 mil militares, policiais e civis, com participação marcante em Suez, Angola, Timor Leste, Haiti, Líbano e Congo”

A declaração é #FATO

. Veja o porquê: Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os dados são verdadeiros e constam da página oficial do Itamaraty. De acordo com informações do primeiro semestre deste ano, atualmente, o Brasil participa com 258 efetivos em nove missões das Nações Unidas nos seguintes locais: Líbano, Sudão do Sul, Saara Ocidental, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Darfur, Chipre, Abyei e Iêmen.

“No primeiro semestre de 2020, apesar da pandemia, verificamos um aumento do ingresso de investimentos, em comparação com o mesmo período do ano passado. Isso comprova a confiança do mundo em nosso governo”

A declaração é #FAKE.

Veja o porquê: Segundo dados do Banco Central, os investimentos diretos no país somam US$ 22,841 bilhões no primeiro semestre deste ano, uma queda de 26,6% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 31,147 bilhões). É o menor valor, para esse período, desde 2009 (US$ 13,895 bilhões), ou seja, em 11 anos. Naquele momento, a economia mundial sentia o impacto da crise do «subprime», uma crise imobiliária que aconteceu nos Estados Unidos em 2008 e gerou impactos na economia mundial.

G1


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