Brasil: Despiden al secretario de cultura por citar a un jerarca nazi en su discurso
Jair Bolsonaro decide exonerar Roberto Alvim, o secretário de Cultura
Após citar um ministro nazista em pronunciamento ao anunciar uma série de prêmios artísticos do Governo Federal, o secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, será exonerado. O homem forte do presidente da República para o setor cultural chegou a dizer que a referência fascista em seu discurso foi uma «coincidência retórica».
A decisão de demiti-lo teria vindo após um posicionamento da cúpula militar do governo, que pediu que Jair Bolsonaro agisse rápido, antes que a crise causada pelo pronunciamento fascista para anunciar planos de governo ficasse fora de controle. Pouco antes de o presidente expurgar Alvin, ele chegou a dizer, em um programa de rádio, que falou com Bolsonaro que teria entendido “que não houve má intencionalidade e que eu não sabia a origem da menção».
Alvin comentou sobre a conversa com o presidente da República ao programa Chamada Geral da rádio GaúchaZH. «Liguei para ele [Bolsonaro] e expliquei a coincidência retórica. Ele entendeu que não houve má intencionalidade e que eu não sabia a origem da menção», comentou.
Ao falar em “coincidência retórica”, defendeu-se falando em cristianismo. «Eu sou cristão, minha vinculação ao povo judeu é absoluta. Então, peço, humildemente, de todo o coração, perdão às pessoas que se sentiram ofendidas por essa infeliz associação retórica», se desculpou. «Não há em nosso horizonte nenhuma conexão com o regime nazista», completou.
Trecho copiado de Goebbels
No vídeo, Alvim diz que «a arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”.
O trecho do discurso do ministro nazista está relatado no livro «Joseph Goebbels: Uma biografia» (Ed. Objetiva), escrito pelo historiador alemão Peter Longerich. Além da citação, a música de fundo do vídeo é um trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.
Joseph Goebbels tornou-se ministro da Propaganda de Adolf Hitler em 1933. Esse era um dos cargos mais importantes do governo alemão, já que era atribuição desse ministério a tarefa de convencer a população sobre os ideais nazistas. Cabia a Goebbels também o controle de toda a produção jornalística da Alemanha, o que acarretou em censura e perseguição a jornalistas judeus e outros grupos de oposição.
O secretário de Cultura, Roberto Alvim, usou trechos de um discurso do ministro de propaganda na Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, para divulgar o novo programa do governo de Jair Bolsonaro para a Cultura, o Prêmio Nacional das Artes. Por isso, tornou-se alvo de uma enxurrada críticas nas redes sociais: os termos Alvim, Goebbels e Nazista estão nos assuntos mais comentados do Twitter na manhã desta sexta-feira (17).
No vídeo de divulgação do Prêmio Nacional das Artes, que foi publicado pela própria Secretaria Especial da Cultura nas redes sociais na noite dessa quinta-feira (16), Alvim diz que a premiação vem para reconhecer que a arte brasileira da próxima década será heróica, nacional e imperativa. O discurso é semelhante às promessas de Goebbels no governo de Adolf Hitler. Compare os dois discursos:
> Segundo o livro Goebbels: a Biography de Peter Longerich, Goebbels anunciou o seguinte para os diretores de teatro da Alemanha Nazista: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
> Já no vídeo da Secretaria de Cultura brasileira, Alvim diz: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”.
Na gravação, Alvim também argumenta que “a cultura não pode ficar alheia às imensas transformações intelectuais e políticas que estamos vivendo”. “Ao país a que servimos só interessa uma arte que cria a sua própria qualidade a partir da nacionalidade plena e que tem significado para o povo. Portanto, almejamos uma nova arte nacional, capaz de encarnar simbolicamente os anseios desta imensa maioria da população brasileira”, diz o secretário de Cultura, afirmando que essas novas formas estéticas podem conferir ao povo “energia e impulso para avançarmos na direção da construção de uma nova e pujante civilização brasileira”.
Logo no início do vídeo, Alvim ainda admite que toda essa mudança na visão da Secretaria de Cultura é fruto da orientação do presidente Jair Bolsonaro. “Quando eu assumi esse cargo em novembro de 2019, o presidente me fez um pedido. Ele pediu que eu faça uma Cultura que não destrua, mas que salve a nossa juventude. A cultura é a base da pátria. Quando a cultura adoece, o povo adoece junto. E é por isso que queremos uma cultura dinâmica, mas ao mesmo tempo enraizada na nobreza dos nossos mitos fundantes, a pátria, a família, a coragem do povo e sua profunda ligação com Deus”, disse.
Alvim também foi criticado pela postura altiva que adotou na gravação de quase seis minutos, em que aparece sentado abaixo de uma foto de Jair Bolsonaro e ao lado de uma bandeira do Brasil e de uma cruz. A postura lembrou a alguns internautas o modo de discursar dos líderes da Alemanha Nazista, assim como a música que surge de fundo ao discurso de Alvim lembrou a trilha sonora do filme O Grande Ditador de Charles Chaplin. Veja o vídeo:
Nomeado por Bolsonaro, Roberto Alvim já causou revolta na sociedade civil ao chamar a atriz Fernanda Montenegro de sórdida, dizer que a arte brasileira se transformou “em um meio para escravizar a mentalidade do povo em nome de um violento projeto de poder esquerdista” e prometer “lutar pela preservação dos princípios, valores e conquistas da civilização judaico-cristã, contra o satânico progressismo cultural”. Ele também foi o responsável pela nomeação do presidente da Funarte, Dante Mantovani, que associou o rock ao satanismo e ao aborto, e do ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que foi afastado do cargo após negar o racismo. Além disso, quando era presidente da Funarte tentou contratar a própria esposa em uma licitação de R$ 3,5 milhões e pregou a valorização da cultura cristã no programa de revitalização dos teatros brasileiros.