Brasil: Bolsonaro apuntó contra la prensa más de 116 veces en el 2019
Presidente de Brasil no deja de atacar a la prensa
Al menos diez ataques por mes hizo el presidente de Brasil Jair Bolsonaro a periodistas profesionales, medios de comunicación y la prensa en general en su primer año de gobierno, según el monitoreo realizado por la Federación Nacional de Periodistas de Brasil (FENAJ, por su sigla en portugués). El estudio apunta que de un total de 116 declaraciones contra la prensa en 2019, hubo 11 ataques contra periodistas y 105 intentos de desacreditar a la prensa.
En diciembre de 2019 se produjeron cinco ataques más, todos clasificados como intentos de desacreditar a la prensa. Cuatro de ellos fueron en twitter. El 13 de diciembre, por ejemplo, en la cuenta oficial del microblog el presidente publicó una portada del periódico del día, acompañada del comentario: “LA RENDICIÓN DE LA PRENSA. Brasil va bien, a pesar de ella. ¡Buenos días a todos!».
Este monitoreo de FENAJ incluye solo los pronunciamientos escritos en los medios oficiales del presidente, que son Twitter y las entrevistas y discursos transcritos en el sitio web de Planalto. Como resultado, el número de ataques al periodismo es aún mayor que lo que se ha informado hasta ahora. El 20 de diciembre, Bolsonaro realizó ataques violentos contra periodistas en una entrevista en el Palacio de la Alborada, de tinte homofóbico y personal para los profesionales que simplemente estaban ejerciendo su deber. El mismo día, en una nota la FENAJ y el Sindicato de Periodistas Profesionales del Distrito Federal destacaron que los ataques intentaban desviar la atención de las denuncias que vinculaban a sus familiares y amigos con actividades delictivas. La Federación y el sindicato también hacen un llamado a las salas de redacción para que reevaluen la decisión de reubicar a los periodistas para cubrir la entrada y la salida del Palacio Alvorada, donde los periodistas comparten espacio con los partidarios del presidente, que constantemente amenazan a los profesionales.
“Nuestra principal preocupación es la democracia y las instituciones democráticas, entre ellas las que convenimos llamar prensa. También nos preocupa la cuestión objetiva de la seguridad de los periodistas. Cuando un jefe de estado ataca sistemáticamente a profesionales y medios de comunicación, incentiva a sus seguidores a hacer lo mismo, inclusive con intimidación, amenazas e hasta agresiones. Bolsonaro potencia la agresión contra los periodistas, y con ello ofende los valores democráticos ”, dice María José Braga, presidenta de la FENAJ.
El estudio realizado por la Federación Nacional de Periodistas (FENAJ) comenzó a divulgarse con datos de enero a octubre de 2019, en vísperas del Día Internacional para poner fin a la impunidad de los crímenes contra periodistas, que se recordó el 2 de noviembre. El mapeo se refiere a los datos recopilados basados en todas las publicaciones de microblog de Bolsonaro en Twitter y Facebook este año (las cuentas están sincronizadas), así como las transcripciones oficiales de los discursos y las entrevistas que se publican en el sitio web de, Palacio de Planalto. Se evaluaron todas las ocasiones en que el presidente se refiere a periodistas, medios de comunicación, prensa y producción de noticias. La FENAJ continuará publicando el balance en el año 2020.
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Violencia contra periodistas
El seguimiento de los ataques de Bolsonaro a la prensa se incluirá en el Informe Anual sobre Violencia contra Periodistas y Libertad de Prensa en Brasil, que se publicará el próximo 16 de enero, en Río de Janeiro.
En 2018, los casos de ataques contra periodistas crecieron un 36,36% respecto al año anterior. Hubo 135 casos de violencia registrados por FENAJ, incluido un asesinato, que mató a 227 profesionales. La polarización del escenario electoral fue uno de los factores relacionados con este aumento. En 30 casos, los votantes / manifestantes fueron los perpetradores, 23 a favor del entonces candidato Jair Bolsonaro y siete partidarios del ex presidente Lula, que no era candidato.
“Las declaraciones del presidente alimentaron la hostilidad hacia los periodistas este año 2019. Algunos ministros también han utilizado esta táctica, y esto ha alentado a los partidarios del gobierno a hostigar a los periodistas en los medios digitales con mensajes amenazantes y la exposición de datos privados. Es un intento desesperado por debilitar el ejercicio del periodismo y desviar el foco de las quejas contra el gobierno que se han ido sumando desde principios de 2019 ”, dice Márcio Garoni, director de FENAJ.
Nota de repudio a los ataques homofóbicos y a periodistas por el presidente Bolsonaro
Fuente: FENAJ
Ao longo de 2019, Bolsonaro atacou a imprensa pelo menos 116 vezes
O ano de 2019 se encerrou com um total de 116 ataques proferidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a imprensa. O número equivale a uma média de uma ocorrência a cada três dias no período, ou 9,6 por mês. Organizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o levantamento foi divulgado nessa quinta-feira (2) e considera tanto ofensas a veículos de comunicação quanto à imprensa em geral, do ponto de vista institucional.
Entre as 116 declarações registradas, houve 105 tentativas de descredibilização da imprensa e 11 ataques a jornalistas.
O monitoramento contabiliza exclusivamente pronunciamentos registrados por escrito em canais oficiais do presidente, que são suas contas no Twitter e no Facebook, além do site do Palácio do Planalto, no qual são transcritos entrevistas e discursos do presidente.
“A gente tem certeza de que o número de ataques é muito maior, mas, pra ter uma metodologia que o próprio Planalto não possa contestar, utilizamos as [vias] oficiais”, explica Márcio Garoni, da direção da Fenaj.
A federação chama a atenção para o caráter violento de determinados ataques e menciona como exemplo o dia 20 de setembro, quando o presidente fez ofensas de caráter “homofóbico e pessoal” a um repórter depois de ter sido questionado sobre denúncias envolvendo sua família.
“Como o governo dele passou a ser observado e criticado por veículos de imprensa, coisa que não se deu durante a campanha, a tática do presidente tem sido atacar os veículos e também os jornalistas, quase sempre de forma aleatória e indiscriminada para desacreditar o trabalho jornalístico”, aponta a presidenta da Fenaj, Maria José Braga, acrescentando que, nesse embalo, Bolsonaro estaria em busca também de potencializar a disseminação dos conteúdos e do discurso produzidos pela sua própria equipe.
Desabafo
Repórteres ouvidos pelo Brasil de Fato que cobrem o cotidiano do presidente disseram à reportagem que as agressões marcaram os bastidores do trabalho ao longo do ano.
“Isso vulnerabilizou nossa situação porque esses ataques são proferidos frente a apoiadores e em ambientes públicos. Já presenciei isso e outros colegas relataram isso também, afirmando que se sentiram bastante intimidados com a postura dele e dos apoiadores, que endossam essas agressões. Isso cria um ambiente de ameaça”, desabafou um repórter que preferiu não se identificar.
Ele acrescenta que o problema tem ressonância em outros aspectos do trabalho, comprometendo valores públicos que norteiam a relação entre o Estado e os veículos de comunicação: “Isso cria um problema para a democracia, porque essas pessoas não sabem lidar da maneira como deveriam com a necessidade de transparência pública e com o entendimento sobre o que é o trabalho da imprensa. É algo muito diferente do que se espera de um ambiente institucional como o da Presidência da República”.
Nova fase
Para especialistas da área da comunicação, o ano de 2019 chegou ao fim demarcando uma nova fase da relação entre o ocupante do cargo de chefe do Executivo federal e a imprensa no Brasil pós-ditadura. Esta seria a primeira vez desde o fim do regime militar em que um presidente da República ataca jornalistas de forma sistemática e ultrajante, contribuindo, inclusive, para a criminalização do trabalho da categoria.
Para Maria José Braga, o contexto atual pede uma postura mais contundente dos veículos de imprensa, que, na avaliação da Fenaj, estariam manifestando uma conduta ainda tímida diante do problema.
“O que se vê é que eles não se opõem e, ao não se oporem de forma contundente a essa tática que o Bolsonaro desenvolveu, contribuem pra que a fórmula dele dê certo. Deveria haver um processo de esclarecimento da população sobre o que significam esses ataques, quais os seus objetivos e o que isso representa para a liberdade de imprensa e a vida democrática no Brasil”, defende.
Segurança
Os ataques registrados pela Fenaj suscitaram, ao longo do ano, uma preocupação ainda maior com a segurança dos jornalistas, tema em que o Brasil está entre os destaques mundiais. O país ocupa o sexto lugar no ranking das nações cujo ambiente é mais perigoso para a atuação da categoria, segundo índice medido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Sob o atual cenário de ataques proferidos pelo presidente da República, a projeção é de que o ano de 2020 pode reservar aos jornalistas brasileiros capítulos mais espinhosos, o que tende a comprometer ainda mais a segurança da categoria.
A coordenadora do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) na América Latina, Natalie Southwick, ressalta que ao trauma de 2019 se somam as tradicionais projeções relacionadas a períodos eleitorais.
“Considerando que as eleições costumam ser um período em que a violência e as ameaças contra a imprensa podem aumentar, nosso trabalho no Brasil em 2020 se concentrará muito nessa questão”, antecipa Southwick, fazendo um apelo para que os meios de comunicação e os jornalistas brasileiros acessem informações sobre a proteção dos profissionais e implementem protocolos de segurança.
A orientação também já foi feita anteriormente pela Fenaj e pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), que soltaram nota a respeito do assunto no mês passado.
As entidades pediram que as empresas reavaliassem a decisão de colocar repórteres para cobrir as atividades do presidente na entrada e na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe do Executivo, onde jornalistas dividem o mesmo espaço com apoiadores de Bolsonaro. Segundo as organizações, esse público ameaça constantemente as equipes.
Para o CPJ, o ano vai exigir uma vigilância permanente sobre o tema.
“Esperamos que as autoridades e a sociedade brasileira reconheçam o papel muito importante da imprensa no momento das eleições democráticas e procurem apoiar os jornalistas em vez de diminuí-los. Já estamos em coordenação com várias organizações no Brasil para desenvolver e compartilhar recursos para jornalistas que cobrem as eleições de 2020 e estar prontos para responder a qualquer necessidade ou emergência que surgir na época”, disse Natalie Southwick ao Brasil de Fato.
A Fenaj levanta a necessidade de uma maior popularização do tema, a partir das denúncias sobre ocorrências de agressão.
“Para este ano, o que a gente propõe é que esses casos sejam denunciados mais fortemente e que a sociedade civil cobre as autoridades publicas pra que essas ameaças cessem. A gente precisa de um ambiente em que o jornalista possa exercer o seu trabalho o mais livremente possível”, argumenta Márcio Garoni, da Fenaj.
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