Ruptura del dique en Brasil: la cifra de muertes asciende a 99 y la ONU pide una investigación «justa e imparcial»
Aumenta a 99 cifra de muertos por ruptura de represa en Brasil
A 99 aumentó la cifra de muertes confirmadas por la ruptura el viernes de una represa de la empresa Vale, en el municipio Brumadinho, estado de Minas Gerais (sureste de Brasil).
Según la Defensa Civil de Minas Gerais, hasta el momento se han identificado 57 cadáveres y otras 259 personas permanecen desaparecidas.
La mayoría de las víctimas y desaparecidos son empleados de Vale, la mayor productora y exportadora mundial de hierro del mundo.
Ningún sobreviviente ha sido encontrado en esta sexta jornada de búsquedas tras el derrame de 12,7 millones de metros cúbicos de residuos.
De acuerdo con la Defesa Civil, seis días después del desastre todavía hay regiones de Brumadinho con falta de energía.
La empresa anunció que a partir de mañana donará de manera voluntaria 100 mil reales (cerca de 26 mil 400 dólares) a cada familia de las víctimas de la tragedia.
Tras la ruptura de la represa, un tsunami de residuos minerales y lodo arrasó con todo lo que encontró a su paso y enterró infraestructuras de Vale y viviendas de los alrededores.
Número de mortos em Brumadinho sobe para 99, e 259 estão desaparecidos
A Defesa Civil de Minas Gerais informou, no fim da tarde desta quarta-feira (30), que há 99 mortos e 259 desaparecidos após a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Neste sexto dia de buscas, a chuva forte fez com que houvesse interrupções pontuais nos trabalhos.
Dos 99 mortos confirmados até agora, 57 já foram identificados. Há ainda 259 desaparecidos. O número de pessoas desalojadas subiu de 135 para 175, segundo o governo de Minas Gerais.
A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão pessoas que moravam no entorno e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos.
Os bombeiros têm de fazer um trabalho milimétrico numa imensa área de lama. Os corpos e destroços estão espalhados por uma extensão de 9 km, entre a barragem rompida e o rio Paraopeba.
Números da tragédia
- 99 mortos confirmados – 57 identificados (veja a lista)
- 259 desaparecidos (veja a lista)
- 192 resgatados (veja a lista)
- 393 localizados
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Os corpos resgatados da lama chegam ao Instituto Médico Legal (IML) em estado avançado de decomposição, disse delegado da Polícia Civil Arlen Bahia. «Então, a partir daí, principalmente em relação aos segmentos corpóreos, nós temos de montar um quebra-cabeça», afirmou. Diante da impossibilidade de reconhecimento facial por por impressões digitais, exames odontológicos e de DNA começam a ser feitos para identificação das vítimas.
De acordo com o delegado, uma força-tarefa foi montada para agilizar a realização e divulgação desses exames. Ele afirmou ainda que, nesta quarta, o IML passou a fazer agendamentos para colher material para exames de arcada dentária e de DNA.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, comentou as dificuldades do trabalho de buscas. «Em primeiro lugar, é bem impactante. Pela força da lama, muitas vezes não é possível encontrar o corpo íntegro. Muitas vezes, são localizados segmentos de corpos», descreveu. Segundo ele, o fato de o ambiente estar «tomado de lama» por vezes impede diferenciar corpos humanos de outras matérias orgânicas ou animais.
«Às vezes, na busca visual no sobrevoo [de helicóptero], como a gente tem aquele tom todo monocromático, isso também prejudica. Por isso que a gente utilizou uma série de equipamentos específicos. Os corpos que estavam no nível superficial – já foi feito o trabalho de recuperação deles. Agora, entra numa característica mais técnica da operação, precisa fazer várias escavações.»
Aihara descreveu a lama como «um dos terrenos mais difíceis de se trabalhar», por se tratar um material «flexível, maleável». Ao contrário do concreto, por exemplo, ela não permite o uso de maquinário pesado nas operações. «E também ela é mais difícil que a água – quando tem situações de enchente, de inundações –, porque água permite que a gente identifique os corpos com muita facilidade.»
Desde sábado (26), não são achados sobreviventes. Para os bombeiros, é muito pequena a possibilidade de achar alguém vivo em meio ao mar de lama. As buscas nesta quarta foram encerradas por volta das 21h. A previsão é que os trabalhos recomecem às 4h desta quinta-feira (31).
O tenente coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil, afirmou ainda que a Vale vai estabelecer sete pontos de acolhimento para as vítimas.
Nesses locais, deve haver psicólogos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros. Será oferecida alimentação à população presente, e também deve haver atendimento em relação a direitos trabalhistas e questões jurídicas. Todos devem receber transporte para esses locais de acolhimento e para o IML.
As buscas
Neste sexto dia, dez corpos foram localizados na área onde ficava o refeitório da Vale, explicou o porta-voz dos bombeiros em na entrevista coletiva no final da tarde, quando falou sobre o balanço dos trabalhos deste sexto dia de buscas.
O tenente Aihara também explicou que os trabalhos foram interrompidos das 14h30 às 15h30, em razão do enterro de uma criança vítima da tragédia. A cerimônia ocorreu ao lado da igreja que fica perto da área de pouso dos helicópteros.
As buscas são feitas em todo o perímetro afetado pela lama – os bombeiros dividiram a área afetada em 18 pontos.
«As equipes da ‘zona quente’ [onde é provável a concentração de corpos] começam o trabalho a partir das 4h da manhã. As interrupções [por conta das chuvas à tarde] foram breves. Como foram apenas pancadas, a atividade aérea não foi afetada», afirmou o Aihara. Ao todo, 15 helicópteros são usados pelas equipes de resgate. Os sobrevoos foram interrompidos por um período de 10 a 15 minutos.
Segundo ele, o temporal da tarde desta quarta, com chuva de granizo em alguns pontos de Brumadinho, «vai alterar a questão da flexibilidade da lama».
Há 320 bombeiros brasileiros trabalhando no operação, incluindo reforços de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Alagoas e Maranhão. Também são esperadas tropas de Santa Catarina e do Espírito Santo.
Além disso, há uma equipe de 136 militares enviada pelo governo de Israel. A previsão inicial era de que eles participariam dos trabalhos até a sexta-feira (1º), mas esse tempo de permanência deve ser reavaliado. A tropa israelense trouxe equipamentos para mapeamento de celulares, sonares, radar que detecta o tipo de material que está no local e drones ligados a satélites para mapear a área atingida. Um dos artefatos é capaz de encontrar pessoas com vida a 30 metros de profundidade.
Em entrevista no início da tarde desta quarta, Aihara havia dito ser falsa a informação de que militares foram intoxicados pela lama. Também disse que a população não precisa se preocupar com risco de intoxicação.
Ainda segundo o tenente Aihara, voluntários tiveram permissão para auxiliar o trabalho em algumas áreas consideradas «mornas» ou «frias» – ao contrário das áreas quentes, esses locais, em princípio, não são considerados como prováveis pontos em que há vítimas. «Eles fazem um trabalho de identificando com binóculos verificando se há algum vestígio de possível identificação de algum corpo.»
Mau cheiro dos corpos
Os bombeiros passaram a usar máscaras no trabalho de resgate em razão do mau cheiro dos corpos em decomposição, que já atraem atraem dezenas de urubus ao local.
Repórter da TV Globo Minas, Danilo Girundi comentou que o odor tem piorado com o passar dos dias. «Parece que o calor e o ressacamento da lama favorecem isso», disse. «Hoje, percebemos todos os bombeiros usando máscaras no rosto.»
De acordo com a assessoria de comunicação da corporação, as máscaras de proteção têm dupla função: evitar a inalação de resíduos tóxicos e dos equipamentos que eles estão utilizando nas buscas e, também, que os soldados sintam tão fortemente o mau cheiro.
Cansaço dos bombeiros
Como nem sempre é possível que os bombeiros fiquem em pé, eles precisam se arrastar em alguns trechos – do contrário, afundariam na lama. Em certos pontos, a lama chega à altura da cintura.
O tenente Pedro Aihara explicou que os militares estão sendo submetidos a um rodízio para que possam descansar: «Os militares não estão há seis dias ininterruptos. Estão numa lógica de rodízio, mas evidente que pelo tipo de operação e pela demanda que a gente tem é um serviço extenuante».
«Têm circulado vídeos que mostram o cansaço físico e a exaustão, mas isso é inerente à nossa própria atividade. Ao final de uma operação como essa, nós saímos desgastados física e psicologicamente, mas, para tudo isso, é feito um acompanhamento», disse o porta-voz dos bombeiros.
«A abnegação desses profissionais demonstra muito o esforço e a preocupação que a gente tem de trazer esses corpos da maneira mais respeitosa e rápida possível.»
Depoimentos de sobreviventes
A Polícia Civil de Minas Gerais informou ouviu nesta quarta cinco sobreviventes da tragédia de Brumadinho na investigação sobre as causas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão. O nome deles e o teor do depoimento não foram divulgados.
O delegado da Polícia Civil Arlen Bahia disse que é «prematuro» chegar a conclusões após os depoimentos. Outras pessoas ainda serão ouvidas.
“A princípio, nós vamos formalizar a prova subjetiva com esses cinco sobreviventes justamente para traçar até a dinâmica delitiva (…) Eles estavam na área crítica, onde efetivamente ocorreram os fatos”, afirmou o delegado em entrevista coletiva.
Doação da Vale
As famílias de vítimas da tragédia vão receber R$ 100 mil da Vale, independentemente de eventuais indenizações.
Em entrevista na manhã desta quarta, o porta-voz do Comitê de Respostas Imediatas da empresa, Sérgio Leite, afirmou que este valor é por vítima. Ou seja, famílias que perderam mais de um parente receberão proporcionalmente.
Segundo ele, o dinheiro deve estar disponível nos próximos três dias. As famílias que têm direito à doação devem ir a um dos postos de atendimento criados pela Vale, a Estação de Conhecimento e o Centro Comunitário de Feijão, a partir das 14h da quinta-feira (31).
Além destes dois pontos, a mineradora diz que criou um canal de atendimento telefônico para tirar dúvidas das famílias de vítimas da tragédia.
Animais resgatados
Pelo menos 45 animais foram resgatados com vida nesta quarta pelo Corpo de Bombeiros em Brumadinho. A informação foi postada pela corporação nas redes sociais, com uma foto de uma galinha retirada da lama.
45 animais foram resgatados hoje (30) até o momento. pic.twitter.com/5iHtmJrfFZ
— Bombeiros_MG (@Bombeiros_MG) 30 de enero de 2019
Além disso, três animais foram sacrificados, informou o porta-voz dos bombeiros. Ainda nesta terça, questionado sobre os casos de eutanásia, o tenente Aihara explicou que «em alguns casos, o resgate não é viável pelo sofrimento do animal».
«No caso de alguns animais, que sofreram fraturas e perfurações, não é ético insistir. Seguimos as determinações e normativas. O abate só é feito após uma análise bastante cuidadosa e quando é devidamente autorizada. Via de regra, é feito com injeção letal, mas outras situações específicas devem ser analisadas. O Corpo de Bombeiros tem essa preocupação também.»
Segundo autoridades, o abate geralmente é feito com injeção letal, mas isso pode mudar de acordo com a logística.
Em nota divulgada nesta terça, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais informou que «em nenhum momento houve autorização por parte do Gabinete Militar do Governador/coordenadoria Estadual de Defesa Civil para o abate de animais aleatoriamente ou por meio de métodos em desacordo com as normas».
Nesta quarta, a Vale divulgou comunicado dizendo ter alugado uma fazendo para receber os animais resgatados. «Chamada de Hospital de Campanha, a fazenda possui baias e coches para bovinos, piquetes para ovinos e suínos, gradil para cães, área para animais silvestres e uma piscina para acomodar peixes», diz a nota.
377 campos de futebol
O Ibama divulgou nesta quarta que pelo menos 270 hectares foram devastados após o rompimento de barragem. A área é equivalente a 377 campos de futebol.
A análise aponta que a destruição de vegetal nativa da Mata Atlântica é equivalente a 133 hectares, ou 186 campos de futebol. Já as Áreas de Proteção Permanente (APP) ao longo dos cursos d’água afetados pelos rejeitos é de 71 hectares, equivalente a 99 campos.
O trecho analisado vai da barragem do Córrego do Feijão até a confluência com o rio Paraopeba. O Ibama vai concluir o laudo técnico com a avaliação dos impactos ambientais nos próximos dias.
Tropas militares
Em nota, o governo de Minas Gerais informou que as tropas militares em Brumadinho receberam o reforço de 400 policiais para proteger o perímetro da chamada «área quente» (onde deve estar concentrado o maior número de vítimas).
O objetivo também é, segundo o comunicado, garantir a segurança da área rural, que tem 400 km quadrados de extensão. Os policiais ficam em 16 pontos de patrulhamento.
O porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, major Flávio Santiago, afirma que tropas só deixarão o local «depois que as condições de segurança voltarem à normalidade». De acordo com ele, um casal foi preso em uma tentativa mal sucedida de saque.
Barragem 6 monitorada
A chuva forte desta quarta não afetou «significativamente» o nível da barragem 6 da Mina Córrego do Feijão, segundo o Corpo de Bombeiros.
Dois dias após o rompimento da barragem 1 (B1), que causou a tragédia, sirenes chegaram a ser acionadas devido ao risco de novo rompimento, desta vez na barragem 6 (B6). Desde então, o nível da água está sendo reduzido e, segundo o porta-voz dos Bombeiros, tenente Pedro Aihara, a chuva desta quarta não teve impacto relevante.
«Essa chuva não afetou significativamente o nível de água da barragem [B6] , que era uma preocupação nossa. Então, a gente continua com uma situação garantida de segurança e estamos atualizando nosso monitoramento”, disse Aihara.
A barragem 6, que transbordou após o rompimento da barragem 1, é monitorada 24 horas por dia. Segundo a Defesa Civil. Mesmo sem risco de novo rompimento, há necessidade de informar a população quanto a um eventual plano de contingência.
A barragem 6 tem cerca de 110 mil litros de água, mas o nível pode aumentar em decorrência de chuvas e aquíferos que desaguam ali. Por isso, a água é bombeada para fora da barragem, principalmente durante a noite, quando não há militares trabalhando em área de lama.
Lama ‘viajou’ 98 km
Novo boletim de monitoramento do Rio Paraopeba divulgado apontou que a lama de rejeitos da Vale avançou 98 km a partir da barragem que se rompeu em Brumadinho. A informação foi divulgada pelo Serviço Geológico Brasileiro no início da noite desta quarta.
A mistura de rejeitos e água (pluma) está a cerca de 4 km da montante da ponte da MG‐060, sobre o rio Paraopeba, no município de São José da Varginha.
Na medição anterior, na terça, a lama estava 13 km atrás.
A Vale começou a instalar uma barreira de contenção para impedir que os rejeitos de minério sigam pelo rio Paraopeba e prejudiquem o abastecimento de água na região de Pará de Minas. A medida também pode impedir que a lama chegue à Bacia do Rio São Francisco.
ONU pede investigação ‘rápida e imparcial’ da tragédia em Brumadinho
Um grupo de especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas pediu nesta quarta-feira, 30, uma investigação “rápida, profunda e imparcial” do acidente ocorrido na semana passada em Brumadinho, Minas Gerais, onde a ruptura de uma barragem de resíduos deixou pelo menos 84 mortos e mais de 200 desaparecidos.
Em comunicado, os especialistas lembram que o acidente é o segundo envolvendo a Vale nos últimos três anos e questionam as medidas preventivas tomadas após o primeiro acidente, ocorrido na cidade de Mariana.
“Pedimos ao governo que atue decididamente no compromisso de fazer tudo o que for possível para evitar a repetição destas tragédias e para levar os responsáveis perante a Justiça”, afirmou o grupo de especialistas, entre eles os relatores de direitos humanos e meio ambiente Baskut Tuncak, Léo Heller e David Boyd.
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