Brasil: el diputado Jean Wyllys abandona el país tras amenazas de bolsonaristas por su militancia LGBT+

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Amenazado de muerte por seguidores de Bolsonaro: diputado gay brasileño abandona su mandato y se va de Brasil

Las informaciones son del diario brasileño Folha de São Paulo, que publicó este jueves una entrevista donde afirma que el diputado federal brasileño Jean Wyllys, como uno de los más conocidos y relevantes activistas políticos de la causa LGBTI en su país, y recientemente elegido para su tercer mandato en el Congreso, decidió abandonar a su cargo en razón de las constantes amenazas de muerte de seguidores del nuevo presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, dirigidas en su contra.

Elegido por tercera vez como diputado por el Estado de Río de Janeiro, Wyllys se encuentra de vacaciones fuera del Brasil (no se ha revelado en qué país está), pero afirmó que no piensa regresar debido a que necesita cuidar de su integridad física, y citó una conversación que tuvo con el ex-presidente uruguayo Pepe Mujica para justificar su decisión: “Me dijo que los mártires no siempre son recordados como héroes, y que yo tengo el derecho de priorizar mi vida ante esas amenazas”, contó el ahora ex-diputado.

Es importante destacar que Wyllys es integrante del Partido Socialismo y Libertad (PSOL), el mismo de Marielle Franco, la concejala de Río de Janeiro que fue asesinada en marzo de 2018, tras dos años de amenazas de muerte en su contra por impulsar una agenda en defensa de los derechos humanos. Además, esta semana, se descubrió un vínculo entre Flávio Bolsonaro, hijo mayor del presidente, y el principal sospechoso de asesinar a Marielle.

Además de las amenazas de muerte, Jean Wyllys ha convivido también con distintos ataques en su contra por parte de las redes de difusión de noticias falsas de los seguidores de Jair Bolsonaro. En una de las tantas falsedades promovidas con su nombre está la de que él “defiende la pedofilia”, afirmada por el actor porno y diputado federal bolsonarista Alexandre Frota.

El caso, muy similar al que involucra la diputada comunista chilena Camila Vallejo y el conductor de Radio Agricultura Gonzalo de la Carrera, también terminó en tribunales y con sentencia favorable a Wyllys: Frota fue condenado por calumnia y difamación, sentenciado a una multa de 295 mil reales (poco más de 52 millones de pesos). “No se si le salió caro, pero el precio que pago yo por los daños a mi persona son mucho mayores, e irreversibles”, comentó el activista.

Lejos de la política, Wyllys afirmó, en la misma entrevista, que pretende dedicarse a su carrera académica, y aseguró que no abandonará su activismo en favor de la causa LGBTI.

El Desconcierto


Deputado crítico de Bolsonaro, Jean Wyllys renuncia ao cargo e deixa o Brasil sob ameaça de morte

O deputado federal Jean Wyllys anunciou, esta quinta-feira, que não cumprirá o terceiro mandato para o qual foi eleito. Para além de abandonar a vida política, o parlamentar deixará também o Brasil. Em causa estão as crescentes ameaças de morte que diz ter recebido ao longo dos últimos meses. Wyllys, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), estava na Câmara dos Deputados desde 2010 e, desde o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, recebia protecção policial constante.

Assumidamente gay, Wyllys é um dos mais vocais críticos da agenda política do Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o que lhe tem valido ser alvo de sucessivas campanhas de difamação e de fake news (notícias falsas). Num dos casos foi acusado pelo também deputado Alexandre Frota, próximo de Bolsonaro, de fazer apologia da pedofilia. Acabou por levar Frota a tribunal e vê-lo ser condenado por difamação.

«Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!», escreveu o deputado federal no Facebook. No Twitter, Wyllys publicou um vídeo, no qual mostra uma compilação de algumas ameaças que recebeu ao longo dos últimos meses, a maioria das quais motivadas pela sua orientação sexual.

O abandono do deputado federal foi celebrado por Carlos Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil que, no Twitter, decidiu provocar os adversários. “Vá com Deus!”, podia ler-se na publicação. O próprio Jair Bolsonaro pareceu mostrar satisfação com a notícia, afirmando que esta quinta-feira é um “grande dia”. Bolsonaro, porém, nega qualquer ligação entre a frase e a demissão do deputado federal.

Wyllys será substituído por David Miranda que, nas redes sociais, alertou o presidente do Brasil afirmando que, tal como Jean, é “um LGBT” que “em dois anos aprovou mais projectos [que Bolsonaro] em 28”. David é marido do jornalista Glenn Greenwald, e fez parte da equipa que investigou as denúncias do antigo espião norte-americano da NSA Edward Snowden, que expôs um programa global de vigilância que o Governo norte-americano mantinha oculto.

Público PT


Bolsonaro comemora, depois recua e nega ter comemorado exílio de Wyllys

“A decisão do deputado Jean Wyllys (Psol) de não assumir seu mandato em 2019, embora seja de caráter pessoal, expressa o contexto de deterioração da democracia”, afirmou o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros. Reeleito para o terceiro mandato na Câmara, Wyllys preferiu o exílio, após ser vítima de ameaças de morte e da máquina de notícias falsas articulada pela base do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O clã de Bolsonaro chegou a comemorar o fato. O presidente do país postou em sua conta no Twitter a expressão «grande dia», fazendo supor que se referia à decisão de seu opositor. E prontamente recebeu respostas de outros políticos, como do deputado eleito Marcelo Freixo (RJ), companheiro de partido e de bancada de Wyllys. “Que tal você começar a se comportar como presidente da República e parar de agir como um moleque? Tenha postura”, reagiu Freixo em resposta ao presidente. Após as repercussões, Bolsonaro chegou a dizer que sua mensagem não tinha relação com o exílio de Wyllys.

As suspeitas do envolvimento do filho mais velho do presidente, senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), com as milícias foi um dos motivos para Jean deixar o país. Sobre o caso, a liderança do PT no Senado divulgou: “Um parlamentar brasileiro deixa o Brasil por conta das ameaças contra sua vida e o presidente comemora com um emoji de arma, em meio a um escândalo que liga o clã Bolsonaro à milícia que matou a vereadora Marielle Franco. Não é possível que isso seja aceito”.

A saúde da democracia brasileira, então, passou a ser questionada. O jornalista Leonardo Sakamoto, do Repórter Brasil, lamentou o momento do país. “Jean Wyllys, por medo de ser executado, desiste do mandato e não volta para o Brasil. Ou seja, um representante eleito deixa o país por ameaças de morte. E há quem diga que as ‘instituições funcionam normalmente’. Funcionam no nível ‘democracia de merda’.”

Sakamoto fez menção às palavras do ministro da Justiça, Sergio Moro, que afirmou que as instituições brasileiras estão funcionando. O jornalista e humorista José Simão também questionou a veracidade da sentença. “Moro: ‘as instituições estão funcionando normalmente’. Jean Wyllys é testemunha”.

Em novembro do ano passado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos exigiu providências do Estado brasileiro para garantir a segurança de Jean Wyllys, que vinha sofrendo ameaças, inclusive de membros do Judiciário. Desde então, ele passou a viver com escolta policial. A CIDH lamentou a decisão do parlamentar.

Jean Wyllys será substituído por David Miranda, um carioca negro, homossexual e de origem periférica, também do Psol. “Respeite o Jean, Jair, e segura sua empolgação. Sai um LGBT mas entra outro, e que vem do Jacarezinho. Outro que em dois anos aprovou mais projetos que você em 28. Nos vemos em Brasília”, escreveu Miranda em seu Twitter.

A notícia dominou os comentários nas redes. «E nós, cidadãos que acreditam na liberdade e na justiça, o que iremos fazer? Não podemos ficar parados! Não aceito que meu país seja levado a esse estado de coisas!», protestou a atriz Patricia Pillar. A cantora Zélia Duncan publicou uma foto do deputado, em que ele aparece sorridente em meio a uma multidão, e escreveu: «É assim que vou lembrar de vc todo dia, até te abraçar de novo, meu amigo mais corajoso».

Candidata a vice nas eleições de 2018, na chapa liderada por Fernando Haddad (PT), a deputada estadual Manuela D´Ávila escreveu um texto emocionado em homenagem ao amigo. «Você, corajoso como sempre, ao decidir abrir mão do mandato e sair do Brasil desnuda por todos nós, meu amigo querido, o terror em que vivemos, o ambiente fascistoide que tomou conta da sociedade brasileira.»

Até o escritor Paulo Coelho entrou na discussão, inclusive pedindo reflexão por parte do deputado. Dirigindo-se a David Miranda, escreveu «é com você agora». Para Wyllys, afirmou que ele deveria reconsiderar sua posição: «É declarar a vitória dos inimigos do LGBT».

Rede Brasil Atual

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