El empresario Flávio Rocha bajó su candidatura para presidente de Brasil y «no ve un nombre de centro para 2018»
Flávio Rocha anuncia retirada da disputa eleitoral e agradece ao MBL
O empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo, anunciou nesta sexta-feira (13) a retirada de sua pré-candidatura à Presidência da República com críticas ao que chamou de «empresário moita» e agradecimentos aos «intrépidos garotos do MBL» (Movimento Brasil Livre), que haviam lhe declarado apoio.
«Venho até você para anunciar a retirada da minha pré-candidatura à Presidência da República. Não com tristeza, mas com a sensação de ter cumprido o meu dever como cidadão e como um apaixonado pelo Brasil», diz o agora ex-presidenciável em vídeo divulgado por sua equipe de pré-campanha.
A pré-candidatura durou exatos três meses e 12 dias. O PRB lançou Rocha como presidenciável no dia 27 de março. O anúncio da desistência foi antecipado pela coluna Painel, do jornal «Folha de S.Paulo».
O empresário obteve 1% das intenções de voto nos quatro cenários em que foi testado na mais recente pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada no último dia 10 de junho. Ele ficou em 10º, 11º e 12º nos levantamentos.
«Eu e o meu partido, o PRB, entendemos que o Brasil passa por um momento turbulento, que não pode flertar com os extremos. Por isso, mais do que nunca, vemos como necessário que todos que sonham com um Brasil livre e democrático se unam num único projeto de convergência», justificou Rocha.
Na mensagem, que dura 3 minutos e 19 segundos, ele afirma que não faria nada de diferente do que fez. «Sou um crítico do empresário-moita, aquele que se acovarda, e não me sentiria em paz se tivesse me omitido nesse momento crucial», declarou.
«Saio do processo eleitoral com a firme convicção de que me lançar nesse projeto, mesmo interrompendo a minha carreira empresarial no seu melhor momento, foi uma decisão acertada», acrescentou.
Depois de agradecer sua família, amigos e apoiadores, ele disse que não poderia deixar de «mencionar o apoio dos intrépidos garotos do MBL, que estiveram comigo nessa jornada».
Rocha afirmou ainda que o PRB é um «grande partido» que o «acolheu com entusiasmo e que tem todas as condições de liderar um diálogo firme em busca de construir a proposta mais equilibrada para o Brasil».
A fala do empresário não cita qualquer presidenciável que poderá receber o apoio do PRB. Segundo o Painel, a sigla faz parte do grupo que discute se sela uma aliança com Ciro Gomes (PDT) ou com Geraldo Alckmin (PSDB), mas pende para o tucano.
Rocha argumentou que o período de pré-campanha não foi em vão. «Estou convicto de que ajudei a inspirar aqueles que produzem ou que desejam produzir, e que nós podemos e devemos ser protagonistas dessa luta política que não se esgota nessa eleição», afirmou, acrescentando que apresentou uma agenda «verdadeiramente liberal na economia».
«A retirada da pré-candidatura não significa que parei de trabalhar pelo meu ideal de nação. Minha iniciativa segue ainda mais firme, e estou certo de que poderei, junto com o PRB, contribuir para a discussão que se seguirá. Vejo no horizonte um Brasil livre», declarou. Ele se despediu da pré-campanha desejando «que Deus nos guie nesse momento decisivo da nossa história».
Na última terça-feira (10), Rocha almoçou com outros dois presidenciáveis com intenções de voto semelhantes às suas, Guilherme Afif Domingos (PSD) e Paulo Rabello de Castro (PSC). O pré-candidato do PSD enfrenta dificuldades dentro de seu partido para viabilizar sua candidatura. Lideranças da sigla tendem a apoiar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).
Nota assinada por Rocha, pelo presidente nacional do partido, Marcos Pereira, e pela bancada da sigla no Congresso, informou que a decisão foi tomada em conjunto entre as três partes.
«Há um entendimento claro de que o país não pode flertar com os extremos e, por isso, mais do que nunca durante todo o processo, é fundamental que as forças de centro se unam num único projeto», diz o comunicado. A nota diz ainda que o espaço para o diálogo está aberto.
Pessoal eu venho até vocês para anunciar a retirada da minha pré-candidatura à Presidência da República. Agradeço à minha família, amigos, aos 40 mil colaboradores de minha empresa, ao PRB e principalmente a todos vocês que me apoiaram. Muito obrigado! https://t.co/2kx5NYkvnA
— Flavio Rocha (@flaviogr) July 13, 2018
Flávio Rocha: ‘Não consigo enxergar um nome do centro para 2018’
Após anunciar nessa sexta-feira, 13, que desistiu de disputar o Palácio do Planalto, o empresário Flávio Rocha (PRB) disse ao Estadão/Broadcast que não consegue enxergar um nome do centro político capaz de unificar esse campo na campanha. Ele também rechaçou a ideia de ser vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB).
Por que desistiu de disputar o Palácio do Planalto?
A decisão (de concorrer) veio da constatação que é necessário encerrar esse divórcio entre o Estado e a nação. Infelizmente a classe política, na sua maioria, não está interpretando corretamente a mudança demográfica que está acontecendo no coração do eleitorado. Imaginei que esse era o momento de diminuir esse fosso, mas percebi que a coisa estava caminhando para uma luta quixotesca, com poucas perspectivas. Então liberei o partido para tomar a decisão que julgar conveniente.
O senhor até anteontem demonstrava muita confiança na candidatura e negava qualquer hipótese de desistir…
Nós imaginávamos que fosse possível fazer a convergência de um amplo leque de coligações. Eu vi ao longo do tempo que essa perspectiva diminuía. Esse foi um fator preponderante.
O PRB tem participado das negociações com o centrão em busca de uma candidatura única. Saíram muitas notas nos jornais sobre a aproximação do seu partido com Geraldo Alckmin. Foi pego de surpresa com as conversas de gabinete enquanto tocava a pré-campanha pelo Brasil?
Não. Pelo contrário. O PRB foi de uma solidariedade comovente, tocante. Se dependesse do partido nós prosseguiríamos apesar de todas as dificuldades. A presença do PRB nesse bloco era imbuída da esperança dos outros partidos se aglutinarem em torno do nosso projeto.
Um movimento batizado ‘Polo Democrático’ tenta aglutinar o centro em torno de uma candidatura única para evitar os extremos. Na sua avaliação, qual hoje é nome que pode representar esse campo?
Não consigo enxergar um nome. O conflito que se coloca nessa eleição é o divórcio entre povo e estado. Eu tinha esperança que a classe política conseguisse ler, interpretar e colocar esse produto na prateleira.
Então o senhor não enxerga um nome com condições de unificar o centro?
Não. Os nomes que estão aí são os mesmos de quando tomei a decisão difícil de abandonar a vida empresarial no melhor momento para me lançar nessa empreitada.
O ex-governador Geraldo Alckmin se fortalece como o nome do centro?
Não sou um político. Sou um novo entrante na política. Não tenho o conhecimento para conduzir daqui para a frente as articulações políticas ou identificar as afinidades. Eu apenas identifiquei lá atrás que era preciso colocar um novo produto na prateleira.
Os nomes do centro vão de Marina Silva a Geraldo Alckmin, passando por Henrique Meirelles e Álvaro Dias. Qual deles tem mais chance?
Minha opinião é irrelevante. Sai do jogo político e agora me volto para o das ideias.
Se o PRB apoiar o Alckmin, o senhor vai seguir o partido?
Pode se construir uma solução em torno dos nomes de centro que estão aí. Mas agora quem está com a bola é o presidente do partido.
Tem simpatia pela candidatura do Bolsonaro?
Não quero fulanizar o debate.
O senhor é citado com um possível vice do Alckmin. Se for convidado, vai aceitar?
Não. Estou saindo do jogo político e voltando para minha vida empresarial.
Quanto gastou na pré-campanha?
Foi um investimento pequeno. Eu falei da possibilidade de bancar a candidatura com recursos próprios. Eu achava que isso teria uma repercussão negativa, que podia ser entendido como um projeto individualista. Mas foi bem recebido. Repercutiu positivamente.
Como avalia a aproximação do DEM e outros partidos do centrão com Ciro Gomes?
É um pragmatismo que mostra as ideias em segundo plano. O Ciro é meu amigo. Conheci ele quando era governador. Era um liberal. Tinha ideias bem distantes das que está externando agora. Foi uma guinada ideológica. Saiu de um modelo de desenvolvimento calcado no livre mercado para o intervencionismo e o retrocesso. Uma das coisas que fizeram recuar foi o incrível pragmatismo que leva a movimentos pendulares.