Operación Lava Jato: la Policía brasileña emite 53 ordenes de captura en varios países
Policía brasileña emite 53 órdenes de detención en caso Lava Jato
La operación “Cambio Desconecto”, que se desarrolló en seis estados brasileños, tiene en su punto de mira a un grupo de cambistas que, según la confesión de dos acusados, habría conseguido mover 1.600 millones de dólares en más de 52 países de forma ilícita.
De acuerdo con la Policía Federal, el grupo delictivo era responsable por una compleja estructura de lavado de dinero trasnacional y ocultación de divisas.
La policía brasileña salió hoy a las calles para cumplir 43 órdenes de prisión preventiva en Brasil, seis de detención preventiva en el extranjero (en países como Uruguay y Paraguay), cuatro de arresto temporal y 51 mandatos de allanamiento, según el comunicado de la policía.
Una de las órdenes de detención, según medios locales, fue expedida contra Dario Messer, considerado como el mayor cambista de Brasil. La operación de este jueves se apoya en la confesión realizada por los cambistas Vinícius Vieira Barreto Claret, conocido como “Juca Bala”, y Cláudio Fernando Barbosa, acusados de trabajar para el grupo delictivo dirigido por el exgobernador de Rio de Janeiro Sergio Cabral, preso por corrupción.
Vinícius Vieira Barreto Claret y Cláudio Fernando Barbosa fueron arrestados en Uruguay en marzo de 2017 y extraditados a Brasil, donde acordaron colaborar con las autoridades para la revisión de su futura pena. Claret y Barbosa, considerados por el Ministerio Público de Brasil como “los cambistas de los cambistas”, revelaron la existencia de un sistema llamado Bank Drop compuesto por 3.000 offshores en 52 país y que realizó transacciones por valor de 1.600 millones de dólares.
Polícia Federal busca prender 53 pessoas após delação de doleiros
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (3) a Operação Câmbio, Desligo para prender 53 pessoas após a delação dos doleiros Vinicius Claret e Cláudio Barbosa, apontados como os maiores doleiros do país.
O principal alvo é Dario Messer, filho do doleiro Mardko Messer, espécie de mentor de Claret e Barbosa na década de 1980. Ele era o responsável por dar lastro financeiro às operações da dupla, recebendo o maior quinhão do lucro do grupo.
Claret e Barbosa detalharam em delação premiada como funcionava um sistema que reunia doleiros de todo o país que movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 5,292 bilhões) envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países.
Conhecido como Juca Bala, Claret já foi citado por executivos da Odebrecht, o corretor Lúcio Funaro e os doleiros Renato e Marcelo Chebar, que atuavam para o ex-governador Sérgio Cabral (MDB).
Claret operava tanto contas no exterior como era capaz de fornecer dinheiro vivo para corruptores interessados em pagar as quantias a agentes públicos. Concentrava, assim, as duas pontas da operação dólar-cabo, usada para despistar as autoridades financeiras do país.
Embora atuassem no Brasil, os dois operavam o complexo sistema de dólar-cabo desde o Uruguai. Grande parte dos recursos em espécie eram movimentados pela transportadora de valores Transexpert, já mencionada na delação do operador Álvaro Novis.
Claret e Barbosa foram presos em março do ano passado no Uruguai em decorrência da Operação Eficiência, feita com base na delação dos irmãos Chebar e que prendeu o empresário Eike Batista. Claret foi citado como tendo auxiliado na evasão de US$ 85,4 milhões de Cabral (equivalente a mais de R$ 282,4 milhões) —o que agora revela-se ser apenas uma fração de toda operação da dupla.
Assim como a Odebrecht, o sistema “bankdrop” dos doleiros identificava os responsáveis pelas transações por apelidos. Os irmãos Chebar, por exemplo, receberam o nome de “Curió”.
Os Chebar procuraram a ajuda de Juca Bala após o volume de propina do ex-governador aumentar consideravelmente após ele assumir o estado. Em razão de sua prisão ter ocorrido numa operação da Lava Jato do Rio, ele acabou identificado como “doleiro do Cabral”, embora os dois tenham se conhecido de fato apenas na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, para onde foi levado em janeiro após ser extraditado do Uruguai.
DOLEIROS DOS DOLEIROS
Claret e Barbosa são descritos como “doleiros dos doleiros” pelo Ministério Público Federal. Os dois operavam o dólar-cabo desde a década de 1980, em agências de turismo da família Messer no Rio de Janeiro.
Em 2003, os dois decidem se mudar para o Uruguai a fim de fugir do monitoramento de autoridades financeiras do Brasil. No ano seguinte, eles “herdam” as operações da família Matalon, doleiros que atuavam em São Paulo.
Ao acumular as duas maiores praças do mercado de câmbio, passam a ser considerados os “doleiros dos doleiros”. Isso porque quase nenhum operador do mercado tem a capacidade de operar as duas pontas do dólar-cabo sem o auxílio de outros doleiros.
Embora fossem os grandes operadores, Claret e Barbosa recebiam uma pequena participação do lucro dos negócios. A maior cota era destinada a Dario Messer, que dava respaldo às operações com seu nome e captava clientes.
Messer foi dono do banco EVG, de Antigua e Barbuda, onde mantinham contas doleiros e empresários. Entre os nomes listados pela Procuradoria estão Alexandre Accioly e Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur”, acusado de pagar propina a Cabral.
Ele deixou a sociedade no banco em 2012, após desentendimento com Enrico Machado, outro dono do banco que também firmou delação premiada.
Desdobramento da Lava Jato no Rio mandou prender 53 pessoas no Brasil e no Uruguai; investigados eram conhecidos de outras operações
Delatados por Vinicius Claret (Juca Bala) e Cláudio Barbosa (Tony)
Os principais alvos | Total movimentado: | |
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DARIO MESSER (Banqueiro dos doleiros) | É apontado como capitalista do “negócio”, aportando recursos e dando lastro às operações de câmbio realizadas por seus sócios minoritários, Claret e Barbosa. Ficava com 60% do lucro do negócio. Já havia sido alvo de investigações no caso Banestado | US$ 29 milhões foi o valor que recebeu entre 2009 e 2017 |
FAMÍLIA MATALON (Patrícia, Marco Ernest, Ernesto Matalon e Bella Skinazi) | Doleiros de São Paulo investigados no caso Banestado, eram parceiros da mesa de câmbio de Dario Messer, baseada no Rio de Janeiro. Patrícia fez delação premiada, mas manteve operações financeiras ilegais, segundo as investigações | US$ 100 milhões foi o total movimentado com o grupo |
IRMÃOS RZEZINSKY (Marcelo e Roberto) | Vendiam dólares no exterior para Claret e Barbosa a fim de receber recursos em reais no Brasil. Os delatores afirmam que ouviram dos irmãos que o cliente era um político do MDB | US$ 12 milhões foi o total repassado entre 2011 e 2017 |
RICHARD VAN OTTERLOO | Sócio de Raul Srour, esteve envolvido no caso Banestado e nas contas secretas da Siemens. Segundo os colaboradores, eles entregavam dinheiro em espécie em troca de crédito em dólares no exterior | US$ 41,3 milhões movimentados entre 2011 e 2017 |
CLAUDINE SPIERO | Condenada na Operação Suíça, se tornou colaboradora, ajudando a desvendar operações irregulares de três bancos suíços no Brasil (Credit Suisse, Clariden e UBS). Continuou a operar mesmo após delatar, segundo as investigações | US$ 48,5 milhões foi o total movimentado |
WU YU SHENG | Já citado por executivos da Odebrecht, o chinês fornecia dinheiro vivo em troca de créditos em dólares em contas no exterior. A fonte das notas era o mercado popular da rua 25 de março | US$ 200 milhões foi o total movimentado |
HENRI JOSEPH TABET | Com origem libanesa, o operador tem clientes no mercado popular do Saara, no centro do Rio de Janeiro. Operação semelhante a de Sheng | US$ 52 milhões movimentados |
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