Protestas en Brasil por el asesinato a la concejala y activista Marielle Franco
Protestas y lamentos en Brasil por el asesinato de Marielle Franco
Centenas de personas homenajeaban el jueves en Río de Janeiro a una concejala de izquierda asesinada la víspera, menos de un mes después de que el presidente Michel Temer decretara la intervención militar de ese estado para frenar una ola de inseguridad.
Las movilizaciones en memoria de Marielle Franco, del Partido Socialismo y Libertad (PSOL), deben intensificarse por la tarde en Río y otras ciudades, convocadas por movimientos sociales conmocionados por la aparente ejecución de una figura comprometida con las luchas de las mujeres negras y las denuncias de atropellos policiales en las favelas.
El caso tuvo un fuerte impacto dentro y fuera del país. En las redes sociales, abundaban los mensajes con los hashtag #MariellePresente y #LutoPorMarielle. El cantautor Caetano Veloso colgó una grabación de su tema «Estoy triste».
Las oficinas de Naciones Unidas en Brasil expresaron el jueves su «consternación» por la muerte de la concejala de 38 años, «una de las principales voces de defensa de los derechos humanos en la ciudad».
El presidente Temer calificó el asesinato de «inadmisible» y denunció «un atentado contra la democracia y el estado de derecho», en un video divulgado en las redes sociales.
Denuncias de atropellos policiales
Marielle Franco fue abatida a bordo de un vehículo en el centro de Rio, junto al conductor, cuando regresaba de un acto de empoderamiento de mujeres negras. Otra pasajera sobrevivió al ataque.
Amnistía Internacional exigió una «investigación inmediata y rigurosa, para que «no queden dudas sobre el contexto, la motivación y la autoría» del asesinato de la dirigente.
Franco denunció en las últimas semanas un incremento de la violencia policial en las favelas y se opuso a la intervención militar del área de la seguridad de Rio, decretada en febrero por el presidente Michel Temer para tratar de contener una escalada de violencia que no para de crecer desde el fin de los Juegos Olímpicos de 2016.
Hace dos semanas, asumió la función de relatora de la Comisión de la Cámara de Concejales de Rio, creada para vigilar la actuación de las tropas a cargo de la intervención, algo sin precedentes desde el retorno de la democracia en 1985.
El 10 de marzo, la concejala denunció en las redes sociales una operación policial en la favela de Acarí. «El 41 Batallón de la Policía Militar está aterrorizando y violentando a los habitantes de Acarí (…) Es algo que ocurre desde siempre y con la intervención es peor», escribió.
Nacida y criada en el complejo de favelas de Maré, una de las zonas más violentas de la ciudad, se había graduado en Sociología y realizó una maestría en Administración Pública.
Trabajó luego como asesora del diputado del Estado de Rio Marcelo Freixo, que en 2008 dirigió una Comisión Parlamentaria de Investigación (CPI) sobre la acción de milicias parapoliciales en las favelas.
Franco había entrado en la Cámara Municipal de Rio en las elecciones de 2016, como quinta concejala más votada, con 46.000 apoyos.
Las elecciones locales de ese año estuvieron marcadas por unos veinte asesinatos de candidatos a alcaldes o concejales en Rio, aparentemente ligados a la presencia de milicias y de bandas de narcotraficantes que se disputan el control de las favelas donde viven cerca de 1,5 millones de personas.
INDIGNAÇÃO E REVOLTA TOMAM CONTA DO PAÍS COM EXECUÇÃO DE MARIELLE
Milhares de pessoas ocupam as ruas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de várias outras cidades, em protesto contra a brutal execução da vereadora Marielle Franco, do PSOL, que vinha denunciando a violência policial no Rio de Janeiro. Sentimentos de indignação e revolta tomam conta do País com o crime. Marielle atuava de forma ativa com uma agenda por direitos humanos e denunciava a violência policial no Rio.
Nas escadarias da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), mais de 50 mil pessoas protestam por justiça a Marielle e Anderson Sousa, o motorista que a acompanhava no carro e também foi morto na noite desta quarta.
O vão do MASP, na capital paulista, tem ato parecido, em defesa da vida e pedindo por justiça, assim como Brasília e diversas outras capitais (confira aqui a agenda dos atos). Os atos aconteceram até em outros países, como a Colômbia e a Argentina, onde as Madres de Plaza de Mayo fizeram sua ronda hoje por justiça aos dois assassinatos.
A Anistia Internacional pediu investigação rápida sobre o caso, enquanto a ONU lembrou que a morte, «chocante», ocorre sob uma intervenção militar no Rio de Janeiro.
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Milhares de pessoas se despedem da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro
“Companheira me ajuda que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”. Foi com esses versos que milhares de pessoas se despediram da vereadora Marielle Franco (Psol) durante seu velório e do motorista Anderson Pedro Gomes na tarde desta quinta-feira (15). A cerimônia, que aconteceu no Salão Nobre da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, foi restrita a amigos e familiares.
Do lado de fora do parlamento municipal, uma multidão de pessoas fez vigília e prestou as últimas homenagens à vereadora, de 38 anos, assassinada na noite de quarta-feira (14), após participar da roda de conversa “Jovens negras movendo as estruturas”, no bairro da Lapa, no centro da cidade.
Marielle era justamente uma mulher negra que movia estruturas. Ela tinha chegado há apenas um ano no parlamento municipal carioca, com mais de 40 mil votos, sendo a quinta mais votada nas últimas eleições e incomodava ao pautar no plenário discussões sobre feminismo, aborto, racismo e fazer denúncias contra o massacre da juventude negra nas favelas cariocas.
Para o deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ), a atuação política de Marielle comprova que seu assassinato é um quebra cabeça fácil de ser montado. “Ela foi morta, destroçada, destruída por facínoras, com indícios fortíssimos de grupos de extermínio e execução. A precisão dos tiros na cabeça é de quem tem experiência de matança. Agora só nos resta ter forças para cobrar com toda a veemência uma apuração séria. Sem essa de que 90% dos crimes de homicídios não são apurados no Brasil. Tem que ser! Nós vamos aclamar, insistir, não deixar cair no esquecimento. É muito grave isso que aconteceu, é um crime contra a democracia no Brasil”, afirmou.
Procurada pelo Brasil de Fato a assessoria de imprensa da Polícia Civil afirmou em nota que o novo chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, se reuniu, na manhã desta quinta (15), com o deputado estadual Marcelo Freixo e os delegados Fábio Cardoso e Giniton Lages, que estão assumindo as titularidades da Divisão de Homicídios e da Delegacia de Homicídios da Capital (DH/Capital), respectivamente. O encontro teve por objetivo reiterar o compromisso da Instituição nas investigações da morte da vereadora.
Durante a vigília em frente a Câmara Municipal, milhares de pessoas se manifestaram contra a atuação violenta da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Entre palavras de ordem, cartazes e cantos, as pessoas pediram, principalmente, o fim da instituição.
Despedidas
Marielle foi enterrada, também em cerimônia reservada a familiares e amigos, no cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, zona norte do Rio, no final da tarde desta quinta-feira (15). O motorista Anderson foi enterrado no mesmo horário no Cemitério de Inhaúma, também na zona norte. A escritora Eliane Alves Cruz, amiga de Marielle esteve na cerimônia e disse estar ainda em estado de choque com a morte da vereadora.
“É uma perda muito grande, mas é uma semente que morre para nascer uma floresta, essa morte na verdade vai fazer brotar o que estava adormecido. Muitas pessoas estão acordando para a violência brutal que a gente sofre. Mesmo ela ocupando o lugar que ela ocupa, olha o que aconteceu. Isso quer dizer que nenhuma de nós está a salvo”, ponderou.
Eliane conhece Marielle há muitos anos. Ela foi uma incentivadora de seu trabalho como escritora. Além disso, era cliente no salão de beleza de sua madrasta, no bairro da Tijuca. O salão era conhecido como “Quilombo da Tijuca”, por ser um dos poucos a trabalhar exclusivamente com estética afro no bairro de classe média carioca.
Para a estudante Nathalia Silva, de 19 anos, Marielle era uma das poucas referências de força e representatividade negra na política nacional. “Quando descobri a Marielle, me senti muito representada, eu percebi que poderia ser possível, através da instituição fazer a mudança. Com a ideia de progresso a gente acha que as coisas melhoraram, mas recebemos a notícia de que uma militante negra morreu. A gente é alvo, nós negros, somos dados como perigo. Acho que esse momento temos que aprender com os que se foram, trabalhar e se fortalecer para continuar lutando. É uma questão de respeito”, pondera.
Na avaliação de Luís Lobianco, ator do Porta dos Fundos, um dos tantos artistas que estavam presentes no velório de Marielle, é necessário fortalecer as mobilizações para que a população esteja vigilante neste momento.
“Quando uma pessoa que representa tanta gente é executada dessa maneira, todas as pessoas que ela representa morrem um pouco também. Morre um pouco a esperança. Acho que é muito importante estar aqui, olhar nos olhos de outras pessoas, compartilhar esse sentimento de perda, a nossa cidade deixando de ser a nossa cidade. E aí eu faço a mesma pergunta que ela fez há alguns dias atrás, quantas pessoas vão precisar morrer para que alguma coisa mude?”, questionou.
O crime teve forte repercussão na mídia nacional e internacional, além de grandes mobilizações durante todo o dia pelas principais cidades do país. Marielle é lembrada pelo sorriso largo e contagiante, mas também por ser fortaleza quando necessário. Marielle não caminhava sozinha e continua não estando só.