El último acto – Diario Zero Hora, Brasil
Los conceptos vertidos en esta sección no reflejan necesariamente la línea editorial de Nodal. Consideramos importante que se conozcan porque contribuyen a tener una visión integral de la región.
O último ato
Nove meses depois da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o Senado começa nesta semana o julgamento final da mandatária afastada, para encerrar um momento delicado da história do país, marcado por uma profunda crise política, social, econômica e moral. Ainda que as acusações oficiais sejam de difícil compreensão, todo o Brasil sabe que o julgamento é prioritariamente político. A presidente está sendo impedida de governar muito mais devido à complacência de seu governo com os desvios da Petrobras e a sua incapacidade de superar a crise econômica, em boa parte devido à falta de um mínimo de diálogo com o Congresso, indispensável para a aprovação de medidas emergenciais, do que pelas irregularidades fiscais apontadas.
É importante reconhecer nesse processo que, por contradições inerentes à política, muitos dos responsáveis pelo julgamento no Congresso estão envolvidos de alguma forma nas acusações da Lava-Jato. A presidente optou por fazer sua própria defesa perante os legisladores insistindo em não ter cometido crime, mas as acusações que pesam contra ela não podem ser desconsideradas. Afinal, envolvem o uso abusivo das finanças públicas com interesses eleitorais, com a edição de três decretos de créditos suplementares sem autorização do Congresso e as chamadas pedaladas fiscais, que consistem em atraso deliberado nos pagamentos da União para bancos públicos.
O importante, nesse doloroso processo de impeachment, é que os trâmites sejam efetivados e concluídos rigorosamente de acordo com a lei e com a Constituição. É o que vem sendo feito até agora, com amplo direito de defesa para a acusada e vigilância atenta das instituições democráticas.