Brasil: paulistas vuelven a las calles contra el aumento del transporte y convocan a las autoridades a un debate público
Sem bomba e sem bala, ato contra alta de tarifas convoca Alckmin e Haddad a debate público
O ato público organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) de ontem (26) – o sexto contra o aumento das tarifas do metrô, trens e ônibus na cidade de São Paulo –, transcorreu sem ter sido atacado pela Polícia Militar, apesar da presença ostensiva e desproporcional de soldados, viaturas e armamentos. Ao fim da manifestação, foi acertado um ato-reunião, na quinta próxima (28), com convocação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o do prefeito Fernando Haddad (PT), para participarem de um debate público sobre a decisão de aumentar a condução.
A quantidade de pessoas presentes foi visivelmente menor que o do ato anterior, dia 21, que terminou em violenta repressão pela PM, quando o ato chegou à Praça da República, no centro da capital. Assim como em relação aos demais atos.
Os manifestantes foram o tempo todo acompanhados por duas linhas de policiais da Tropa de Choque, uma a frente e outra na lateral da marcha, e seguidos por pelo menos uma dezena de viaturas, mais o helicóptero da PM. Nem manifestantes, nem PM fizeram estimativa do número de participantes.
O trajeto da caminhada foi definido em assembleia. Partindo da Estação da Luz, o ato seguiu pela rua Mauá, avenidas Rio Branco, Ipiranga e São Luís, terminando no Viaduto 9 de Julho, onde fica a Câmara dos Vereadores. A proposta vencedora foi diferente da apresentada pelo MPL, que era seguir em direção à zona norte da capital, pelas avenidas Cásper Líbero e Tiradentes, metrô Armênia e Avenida Cruzeiro do Sul, até o terminal Santana. «Propomos seguir na direção oposta à que a PM quer que a gente siga», disse uma ativista do MPL, que defendeu a proposta.
A SSP havia divulgado, no início da tarde, que o trajeto que seria admitido seria em direção ao centro, pelas avenidas Cásper Líbero, Ipiranga e São João, Viaduto Maria Paula e Avenida Brigadeiro Luís Antônio, até a Assembleia Legislativa. O caminho definido pela assembleia acabou sendo similar ao proposto e o comandante da operação policial, tenente-coronel Cangerana, declarou aos jornalistas que «aceitava» a decisão.
A marcha seguiu pacificamente. Em todas as ruas laterais foram vistos policiais da Tropa de Choque, protegidos por escudos e portando elastômeros, que disparam balas de borracha, e bombas de gás lacrimogêneo.
O clima foi tenso, mas os manifestantes puderam chegar ao destino do ato, sem incidentes. Em formato jogral, os organizadores encerraram a manifestação. «Tomamos as ruas mais uma vez, pra dizer que R$ 3,80 não dá, não aceitamos mais um aumento excludente, que só interessa aos empresários. A prefeitura está tentando aprovar uma nova licitação que segue o modelo atual e trata transporte como mercadoria e empresário vai seguir lucrando com nosso suor. Vamos mostrar que é o povo que vai mandar no transporte. A população convoca o prefeito e o governador para explicar o aumento na próxima quinta-feira. Haddad e Alckmin vão ter de explicar o aumento, sem bombas e balas.»
A nova manifestação, um ato-reunião em que se debaterá a tarifa do transporte público, foi marcada para as 17h da quinta-feira (28), com concentração no Largo do Paissandu e caminha até a prefeitura, um trajeto de cerca de 700 metros.
Convocação
Mesmo antes do início do ato, a militante do MPL Andreza Delgado ressaltou que o MPL espera o prefeito Fernando Haddad e o governado Geraldo Alckmin na próxima quinta-feira, para debater o aumento das tarifas, em frente à sede da prefeitura paulistana. «A burocracia nós já cumprimos. Agora vamos ver se eles estão dispostos a dialogar com a população.» Segundo a militante, o próximo ato será pequeno, apenas para mobilizar a população até a prefeitura.
Andreza disse ainda que, com o custo do aparato militar utilizado para reprimir manifestantes seria possível financiar parte da tarifa zero. «São R$ 70 milhões para impedir o direito a manifestação. Aplicasse isso no transporte e teríamos algum avanço», criticou
A crítica foi feita enquanto o contingente policial se posicionava de forma ameaçadora em torno da concentração, na Luz. «Somos um movimento que discute transporte público, não violência policial. Mas todo ato tem sido a mesma coisa repressão e feridos. Já são mais de cem feridos nos cinco atos», lamentou.
Sem transporte
Mais uma vez, um ato contra o aumento das tarifas em São Paulo terminou com toda a população penalizada indiscriminadamente. Todas as estações do metrô do
Centro foram fechadas, assim como o terminal de ônibus da Praça da Bandeira, deixando a todos sem transporte. O terminal atende linhas das regiões sul, sudoeste e oeste da capital.
No ato anterior, MPL já havia alertado que a aglomeração de pessoas nas estações fechadas, frustradas por não poder retornar para casa, cria um ambiente propício para depredações e violência. No entanto, ao invés de organizar o fluxo para manter o serviço, uma das justificativas da SSP para exigir a divulgação do trajeto, a prefeitura da capital e o governo de São Paulo optaram por fechar mais locais esta noite.