Movimientos y sindicatos suman rechazo a reforma ministerial y realizan marcha
Atos da Frente Brasil Popular vão cobrar de Dilma recomposição de sua base social
Protestos contra a reforma ministerial, em andamento em Brasília, devem se agregar à pauta de mobilizações do próximo sábado (3), convocadas pela Frente Brasil Popular, que reúne movimentos sociais, centrais sindicais, sindicatos e trabalhadores em todo o país.
“Tivemos a primeira reunião da frente sobre a reforma ministerial e avaliamos que o governo comete um erro ao remontar sua base apenas olhando para o Congresso Nacional. O governo Dilma precisa recompor a sua base social, precisa sinalizar em outra direção, porque o PMDB está sangrando o governo”, afirmou hoje (1º) o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, referindo-se à entrega de cargos para o partido.
Na capital paulista, o ato será realizado a partir das 14h, com concentração na Avenida Paulista, em frente à sede da Petrobras (número 901). A pauta é a defesa da democracia, contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e também contra a agenda do ajuste fiscal na economia, que vem aumentando o desemprego e o arrocho salarial, e em defesa da Petrobras.
“O ato foi deliberado na criação da Frente Brasil Popular, em 5 de setembro em Belo Horizonte, com 2.600 militantes de diferentes movimentos progressistas. A data também marca os 62 anos de fundação da Petrobras, cuja defesa está no manifesto da frente”, afirma Bonfim.
Além do ato na Avenida Paulista, serão realizados outros no interior do estado de São Paulo e também em 18 estados, cumprindo uma agenda que começa nesta amanhã (2), com mobilizações no Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Goiás e Sergipe. No sábado, além de São Paulo, estarão mobilizados Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rondônia, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraíba, Pará, Piauí, Distrito Federal, Mato Grosso e Santa Catarina, entre outros.
Indagado quanto à expectativa de público, Bonfim afirma que os atos de maior alcance devem ser o da Paulista e o de Ribeirão Preto, no interior do estado. Mas ele não se arrisca a prever público, porque houve uma mudança na estratégia de mobilização em função do dia. Tradicionalmente, os movimentos progressistas convocam atos para os dias da semana, e este será o primeiro realizado em um sábado.
O ato na Paulista vai começar com atividades culturais com foco na Petrobras, cuja Lei de Partilha do pré-sal, de 2010, que garante recursos para a saúde e educação no país, tem sido alvo de ataques de parlamentares comprometidos em entregar a empresa para o capital internacional, como o senador José Serra (PSDB-SP), que quer alterar a participação da Petrobras como principal operadora do pré-sal.
Será apresentada uma peça teatral chamada “Somos Todos Petroleiros”. A peça remonta à greve de 1995, a mais longa da história da categoria, com 32 dias, que se transformou em um verdadeiro movimento de resistência à política entreguista do governo de Fernando Henrique Cardoso, que na época queria privatizar a empresa.
Segundo a secretária de Juventude da CUT-SP, Cibele Vieira, a peça traz o sentimento da época, que tem a ver com o contexto atual. “Hoje existe interesse internacional no pré-sal, cujas reservas são estimadas entre 170 bilhões e 300 bilhões de barris de petróleo, o que deve colocar o Brasil entre os cinco países maiores produtores de petróleo do mundo”, afirma, referindo-se a uma riqueza fundamental para a soberania do país e também que poderá levar a sociedade brasileira a um novo patamar civilizatório se se cumprirem os investimentos previstos em saúde e educação.
Para o membro da direção nacional do MST João Paulo Rodrigues, o ato tem uma simbologia grande porque foi convocado por mais de 60 organizações. “A mobilização tem foco específico, a favor da democracia e contra o golpe e defendendo as conquistas dos trabalhadores. O que está havendo é uma retomada da política neoliberal que foi derrotada em 2002. Por isso não aceitamos, mas não se trata de fulanizar”, afirmou, descartando críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “O que não permitimos é que sejam cortados os direitos dos trabalhadores.” Rodrigues também considera que a mobilização é realizada em um momento difícil; «Temos de trocar o pneu com o carro andando. Mas o mês de outubro será bastante vermelho pelas ruas do país, será um outubro vermelho”, afirma, destacando outros atos que serão realizados no mês.
Um deles, no dia 29, também na Avenida Paulista, protestará contra a reforma no ensino público do estado de São Paulo, promovida pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), fechando salas de aula. «Com a reorganização, o aluno que mora em um determinado bairro está sendo deslocado muitas vezes para outro. Já soubemos que houve manifestações nas unidades escolares contra essa medida que não tem sustentação pedagógica. O que o governo está implementando aqui visa a fechar 30% das unidades», afirma o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.
Impasse com PMDB adia anúncio da reforma ministerial
O anúncio da reforma ministerial, previsto para esta quinta-feira, foi adiado para sexta-feira (2), devido ao impasse com o PMDB quanto aos ministérios a serem preenchidos pelo partido. Nesta quinta, a presidente Dilma Rousseff esteve reunida com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e assessores especiais para discutir o assunto.
Segundo fontes do Planalto, o principal impasse dizia respeito ao Ministério de Ciência e Tecnologia.Dilma chamou o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, para que ele aceitasse ser transferido para a Ciência e Tecnologia, liberando sua atual pasta para a bancada do PMDB na Câmara. Padilha não aceitou a oferta, e Dilma decidiu mantê-lo no mesmo cargo.
Kátia Abreu, também continuará na Agricultura; Henrique Alves, no Turismo; e Eduardo Braga, no Ministério de Minas e Energia. Já Hélder Barbalho, atual ministro da Pesca, vai para Portos. Os dois ministérios que caberão à bancada do PMDB na Câmara serão Saúde, que deverá ser ocupado por Marcelo Castro, e Ciência e Tecnologia, que deverá ficar com o deputado Celso Pansera, do PMDB-RJ.
O anúncio da reforma ministerial está marcado para as 10h30, no Palácio do Planalto. A própria presidente fará o anúncio com todos os ministros envolvidos presentes.
Na semana que vem, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, detalharia como as alterações impactariam na redução de gastos.
Uma coisa é certa: a saída de Aloizio Mercadante (Casa Civil) do núcleo duro do governo vem sendo vista como uma vitória do ex-presidente Lula. Ao líder petista se credita o ganho de fôlego do Planalto para manter o PMDB na base aliada, sem grandes prejuízos.
Mas o desfecho da reforma ministerial e administrativa pode apresentar uma surpresa. Lula vem insistindo na nomeação de Henrique Meirelles para ocupar o lugar de Alexandre Tombini na presidência do Banco Central.
Dilma já cedeu aos pedidos de Lula em relação a Jaques Wagner, que será o novo titular da Casa Civil; Ricardo Berzoini, na coordenação política; e Edinho Silva, na Comunicação. Se concordar com a mudança no BC, o ex-presidente passará a influenciar também a área econômica do governo, da qual ele é crítico severo.
Líderes do PMDB no Congresso Nacional avaliaram, em reunião nesta quarta-feira (30), que a saída de Aloizio Mercadante da Casa Civil pode melhorar a relação do Planalto com a base aliada.
Ontem, ao comentarem a nomeação de Jaques Wagner para o lugar de Mercadante, peemedebistas ainda demonstravam ressentimento com o petista por conta da sucessão de problemas causados no passado e que deterioram o diálogo da presidente Dilma Rousseff com o Parlamento.
Lembraram, por exemplo, que foi de Mercadante a ideia de apresentar, no início do ano, um candidato alternativo – o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) – para concorrer com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à Presidência da Câmara. O que, na interpretação dos peemedebistas, provocou ainda mais o atual presidente da Casa.
Já na eleição para a Presidência do Senado, o ministro levou parte do PT a apoiar o adversário de Renan Calheiros, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC, falecido em maio deste ano), que também perdeu o embate.
Ainda segundo parlamentares do maior partido da base aliada, Mercadante também foi um dos maiores estimuladores da recriação do Partido Liberal pelo ministro Gilberto Kassab (PSD) para esvaziar o PMDB. Para a felicidade dos peemedebistas, o TSE negou o registro ao PL. E o governo ganhou um problema a menos com sua base aliada.