Lula dice que la detención de Assange es «una vergüenza» y pide un «movimiento mundial de la prensa» para liberarlo
Lula da Silva califica de vergonzosa la detención de Assange y pide un «movimiento mundial de la prensa» para liberarlo
En el marco de su visita a Londres, el presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, condenó la detención del fundador de WikiLeaks, Julian Assange, en la capital británica y abogó por un «movimiento mundial de la prensa» en defensa de su libertad.
Respondiendo a una pregunta de una periodista durante una conferencia este sábado, Lula afirmó que es una «vergüenza» la situación de Assange y rechazó que un periodista como él, «que denunció los fraudes de un Estado contra los demás, sea detenido, condenado a morir en la cárcel y no hagamos nada por liberarlo».
El presidente brasileño considera «una locura» que la gente que habla de libertad de expresión y del «derecho a gritar», no actúe ni proceda para «defender a este periodista», que sacó a la luz una trama de «fechorías». «Sinceramente no puedo entender esto», aseveró.
Lula confesó que en su reciente encuentro bilateral con el primer ministro británico, Rishi Sunak, olvidó tocar este asunto y prometió hacerlo por teléfono a su llegada a Brasil. «Creo que se necesita un movimiento mundial de la prensa en su defensa; no en su defensa como persona, en la defensa de la libertad de denunciar», dijo.
«Él [Assange] no denunció nada vulgar. Denunció que un Estado vigilaba a los demás y eso se convirtió en un crimen contra el periodista. Y la prensa que defiende la libertad de prensa no hace el movimiento para liberar a este ciudadano. Es triste, pero es verdad», concluyó.
Julian Assange se encuentra preso desde abril de 2019 en la cárcel británica de máxima seguridad de Belmarsh. El periodista es acusado en Estados Unidos por supuesta conspiración y piden para él 178 años de prisión por un total de 18 cargos.
En junio del 2022, la Justicia británica aprobó su extradición al país norteamericano que, de momento, no ha sido concretada debido a una apelación presentada por Assange, en medio de reclamos de justicia de la comunidad internacional a favor de su liberación.
Lula diz que prisão de Julian Assange é uma “vergonha”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar neste sábado (6.mai.2023) sobre o caso do jornalista australiano Julian Assange, preso em Londres desde 2019. “Eu acho uma vergonha”, disse o chefe do Executivo a jornalistas, depois da cerimônia de coroação do rei Charles 3º, no Reino Unido.
“Eu vou falar, inclusive, na frente dos jornalistas, porque isso vale para vocês e vale para mim. É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra o outro esteja preso, condenado a morrer na cadeia e a gente não fazer nada para libertar”, declarou Lula.
O presidente disse ter esquecido de mencionar o tema em seu encontro com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, mas afirmou que, assim que retornar ao Brasil, ligará para Sunak para tratar da prisão de Assange.
Segundo o chefe do Executivo, o jornalista não denunciou nada “vulgar”. O petista fez críticas à imprensa por não ter feito um movimento para libertar Assange.
Esta não é a 1ª vez que Lula menciona o caso. Em 17 de junho de 2022, o então candidato à Presidência defendeu o fundador do Wikileaks, cuja extradição do Reino Unido para os Estados Unidos ficou mais próxima depois de o governo britânico aprovar o processo.
“Nós que estamos aqui falando de democracia precisamos perguntar que crime o Assange cometeu”, declarou Lula à época. De acordo com o petista, o crime foi “falar a verdade”.
QUEM É JULIAN ASSANGE
Julian Assange, 51 anos, fundou o site WikiLeaks em 2006. A partir de 2010, o australiano começou a publicar informações confidenciais sobre os Estados Unidos. O governo norte-americano estima que foram 700 mil documentos.
O material, publicado no WikiLeaks e em outros veículos, como Guardian e New York Times, continha dados sobre guerras do Afeganistão e do Iraque e outras informações diplomáticas e de operações militares. Também relatava informações sobre o ataque aéreo a Bagdá, de julho de 2007. Parte dos documentos eram sobre supostos abusos cometidos pelas Forças Armadas norte-americana.
Julian Assange foi preso em Londres em 2019 depois de passar 7 anos abrigado na embaixada do Equador. Ele tentava evitar ser preso e extraditado para a Suécia, país onde era acusado por 2 casos de estupro. O inquérito foi posteriormente arquivado.
Os vazamentos expuseram abusos de direitos humanos e espionagem de líderes de outros países. Se julgado no país, poderá ser condenado a até 175 anos de prisão. Assange permanece na prisão de Belmarsh, em Londres, até hoje.
O Poder360 separou os principais acontecimentos sobre o caso do fundador do WikiLeaks. Eis a cronologia:
2006: Assange funda o WikiLeaks e começa a publicar informações classificadas e vazamentos de notícias de fontes anônimas;
Agosto de 2010: um promotor sueco emite um mandado de prisão depois de duas mulheres suecas acusarem Assange de estupro e abuso sexual em alegações separadas;
Novembro de 2010: WikiLeaks começa a divulgar telegramas diplomáticosadquiridos de uma fonte anônima, levando o Departamento de Justiça dos EUA a abrir uma investigação. A fonte mais tarde é descoberta como sendo Chelsea Manning. A Suécia também emite um mandado de prisão internacional para Assange;
Dezembro de 2010: Assange se rende à polícia britânica. Os tribunais consideram que ele deve pagar fiança;
Maio de 2012: a Suprema Corte britânica decide a favor do retorno de Assange à Suécia, mas seus advogados pedem um adiamento;
Agosto de 2012: Assange recebe asilo na Embaixada do Equador em Londres, que cita preocupação com abusos de direitos humanos se ele for extraditado para a Suécia. Ele entrou pela 1ª vez na embaixada em junho de 2012;
Agosto de 2015: os promotores suecos retiram as acusações de abuso sexual contra Assange depois que ficaram sem tempo para interrogá-lo, mas ele ainda enfrenta uma acusação de estupro;
Fevereiro de 2016: o Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária conclui que Assange foi “detido arbitrariamente“ pela Suécia e pelo Reino Unido desde dezembro de 2010 e pede que ambos os governos acabem com sua “privação de liberdade”;
Outubro de 2016: o governo do Equador diz que cortou a internet de Assange devido à divulgação de e-mails hackeados pelo WikiLeaks durante a eleição de 2016 –mais tarde revelado como parte da interferência do governo russo em nome do então candidato Donald Trump. Assange anuncia em dezembro que sua conexão com a internet foi restabelecida;
Abril de 2017: o ex-diretor da CIA Mike Pompeo descreve o WikiLeakscomo um “serviço de inteligência hostil não estatal” que constitui uma ameaça à segurança nacional dos EUA;
Maio de 2017: promotores suecos encerram sua investigação de 7 anos sobre a alegação de estupro contra Assange;
Dezembro de 2017: Equador concede cidadania a Assange em uma tentativa fracassada de lhe dar imunidade diplomática;
Fevereiro de 2018: a juíza britânica Emma Arbuthnot diz que o país não vai retirar as acusações contra Assange depois que ele burlou a sentença de pagamento de fiança em 2012 ao buscar asilo na Embaixada do Equador;
Abril de 2019: uma semana antes de Assange ser preso, o presidente equatoriano diz que Assange “violou o acordo que fizemos com ele e seu advogado muitas vezes”. As informações são do Washington Post;
11 de abril de 2019: Assange é preso sob um mandado de extradição dos EUA depois que o Equador retira sua oferta de asilo. Ele é considerado culpado de não pagar fiança determinada pela Justiça britânica;
1º de maio de 2019: Assange foi condenado a quase 1 ano de prisão no Reino Unido;
23 de maio de 2019: EUA acusam Assange sob a Lei de Espionagem. Ele foi indiciado por 18 acusações. O caso levanta questões sobre a Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão nos EUA;
11 de junho de 2019: EUA entram com um pedido de extradição contra Assange. Pedido foi rejeitado em janeiro de 2021 por risco de Assange cometer suicídio;
28 de outubro de 2021: EUA tentam de novo obter extradição de Julian Assange. O governo norte-americano negou que a saúde mental de Assange seja frágil a ponto de ele não resistir ao sistema judiciário dos EUA;
20 de abril de 2022: Justiça britânica emite ordem de extradição de Assange para os EUA. A medida ainda precisa do aval da ministra do Interior, Priti Patell;
17 de junho de 2022: Reino Unido aprova extradição do jornalista para os Estados Unidos. Cabe recurso, mas se a determinação for mantida, Assange deve ser enviado dentro de 28 dias.