Brasil | El gobierno impulsa la “Semana Nunca más” a 59 años del golpe de estado de 1964
Brasil busca amparar memoria de víctimas en semana de actos contra dictadura
El primero de ellos, con el que se dio apertura oficial a la semana, fue un acto simbólico realizado por Nilmário Miranda, asesor especial del ministerio y quien fue un preso político durante el régimen militar.
El acto tuvo lugar en un histórico puente de Brasilia que llevaba el nombre de uno de los dictadores del régimen (Arthur da Costa e Silva) y ahora se llamará Honestino Guimarães en homenaje a un líder estudiantil desaparecido durante la dictadura.
Para este martes está programado un encuentro con más de 150 familiares de personas muertas o desaparecidas en el régimen, que será presidido por el ministro Silvio Almeida.
El restablecimiento de la comisión de búsqueda de desaparecidos, clausurada en la recta final del Gobierno del ultraderechista Jair Bolsonaro (2019-2022), y una marcha en Sao Paulo, en honor de las víctimas de la violencia estatal, también forman parte de las iniciativas que se llevarán a cabo esta semana.
DESARROLLO DEL GOLPE
En marzo de 1964, Brasil era gobernado por João Goulart quien era resistido por la derecha, que lo tachaba de comunista.
Después de movimientos en los cuarteles, que se intensificaron a finales de marzo de 1964, Goulart abandonó Brasilia y se refugió en su estado natal de Río de Grande do Sul.
Pese a estar en el país, la oposición de derechas en el Congreso declaró «vacante» la Presidencia y nombró como sustituto «provisional» al presidente de la Cámara Baja, Ranieri Mazzilli. Luego el Parlamento, en unas elecciones indirectas, le entregó el poder al general Humberto de Alencar Castelo Branco.
Esa elección inició un período de gobiernos militares en los que la represión fue la norma, según un informe de una Comisión de la Verdad publicado en 2014, que registró 434 muertos y desaparecidos por razones políticas y miles de casos de tortura.
Como responsables de las torturas, el informe identificó a 377 agentes de la dictadura que no pudieron ser juzgados por una amplia amnistía dictada en 1979 por el propio régimen, que benefició tanto a militares como a miembros de grupos armados de izquierdas.
Governo realiza a ‘Semana Nunca Mais’, para lembrar e repudiar golpe de 1964 e ditadura militar
Até o próximo domingo (2), uma série de atividades vai lembrar os 59 anos do golpe que instaurou uma ditadura no Brasil, de 1964 a 1985. Ao contrário do governo anterior, que não reconhecia a ocorrência de um golpe no país, o atual quer promover atos de memória e repúdio àquele período. Por isso, está promovendo a chamada «Semana Nunca Mais».
Esses atos concentram-se no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), que na próxima quinta-feira (30), a partir das 9h, por exemplo, vai promover a primeira sessão do ano da Comissão de Anistia. O colegiado foi recomposto recentemente e irá revisar vários casos desconsiderados pela gestão anterior.
Homenagem a estudante
A abertura das atividades da «Semana Nunca Mais» foi realizada na terça-feira (28), com manifestação na ponte Honestino Guimarães, em Brasília. Líder estudantil, Honestino foi preso e assassinado em outubro de 1973, perto daquele local. A ponte tinha antes o nome de Arthur da Costa e Silva, um dos generais-presidentes. Ex-secretário de Direitos Humanos e ex-deputado, Nilmário Miranda comandou o evento, como assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do MDHC.
Na quarta-feira (29), das 10h às 12h, o ministro Silvio Almeida recebe cerca de 150 familiares de mortos e desparecidos políticos. No dia seguinte (30), no mesmo horário, a audiência será com um grupo de anistiados. Uma prévia da esperada sessão da Comissão de Anistia, que durante o governo Bolsonaro chegou ter presença do general Rocha Paiva, que considerava Carlos Alberto Brilhante Ustra «um herói». Ustra, que comandava o DOI-Codi, foi reconhecido como torturador.
Repúdio à ditadura e à violência
Levantamento do MHDC mostra que de 4.285 processos julgados de 2019 a 2022 – ou seja, no mandato do governo anterior –, 4.081 foram indeferidos. Incluindo o da ex-presidenta Dilma Rousseff, que, como militante política, foi presa e torturada.
A programação da ‘Semana Nunca Mais’ termina com a 3ª Caminhada do Silêncio, em São Paulo. A manifestação será realizada no domingo (2), a partir das 16h, no Parque do Ibirapuera. A primeira edição do movimento, em 2019, foi justamente uma demonstração de repúdio ao governo Bolsonaro, que assumiu naquele ano e queria celebrar o golpe, além de protesto contra a ainda presente violência do Estado.
Documentário e debate na USP
Outras atividades estão previstas para marcar a semana dos 59 anos do golpe civil-militar no Brasil. Também na quinta (30), será lançado o documentário Memória Sufocada, dirigido por Gabriel Di Giacomo. Com filmagens do interior do DOI-Codi de São Paulo, o longa, segundo seus autores, procura olhar a história da ditadura e da tortura no país “a partir da perspectiva do presente”. Um “exercício de reflexão sobre a memória coletiva”, afirma o autor. Assista ao trailer aqui.
Na sexta (31), das 9h às 19h30, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) promove cinco painéis que tratam de democracia e plataformas digitais. A primeira mesa («Liberdade de expressão, limites e alternativas em tempos de pós-verdade») terá a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele é também professor de Direito Constitucional na instituição.
Assim, a abertura terá ainda os diretores da faculdade Celso Fernandes Campilongo e Ana Elisa Liberatore Bechara. Além deles, o professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O evento, no Auditório Rubino de Oliveira, também terá transmissão pelo YouTube.