Fallece el último sobreviviente de una etnia no contactada en Brasil
Fallece el último sobreviviente de una etnia no contactada en Brasil
Murió el último superviviente de una etnia desconocida y no contactada de Rondonia, al norte de Brasil, quién vivía solo desde hacía casi 30 años, después de que los miembros de su comunidad fueran asesinados por ganaderos y madereros.
Era conocido como el «indio del hoyo» por su costumbre de dejar hoyos de tres metros de profundidad, a modo de trampa, que le servían para atrapar animales y alimentarse de estos.
Era monitoreado por la Fundación Nacional del Indio (Funai), que ha documentado el hallazgo del cadáver, aparentemente sin signos de violencia.
El “indio del hoyo” habitaba en viviendas conocidas como tapiris, generalmente construidas con cortezas de madera, palmeras y troncos, cubiertas de paja desde el suelo hasta el techo.
Con su muerte se da por desaparecida por completo su etnia y su lengua, probablemente de la tribu Tanaru, según indica una crónica publicada en agosto de 2018 por El Mundo.es
Ha muerto el conocido como "indio del hoyo", último superviviente de una etnia desconocida y no contactada de Rondonia (norte de Brasil). Vivía solo desde hacía casi 30 años, después de que los miembros de su comunidad fueran asesinados por ganaderos y madereros. pic.twitter.com/ZOhJo6IFu2
— Helios E.M. (@Helios_EM) August 28, 2022
Saiba como a Funai encontrou, há 26 anos, o recém-falecido «índio do buraco»
A Fundação Nacional do Índio (Funai) lamentou a morte do indígena conhecido como “Índio do buraco” ou “Índio Tanaru”, encontrado sem vida no último dia 23 de agosto. O homem vivia isolado em um trecho da Amazônia, em Rondônia, sendo monitorado e protegido pela entidade há cerca de 26 anos.
O corpo do morador da Terra Indígena Tanaru, que era o último sobrevivente de sua comunidade, de etnia desconhecida, foi encontrado dentro de uma rede de dormir em sua palhoça. A descoberta ocorreu durante uma ronda realizada pela equipe da FPE (Frente de Proteção Etnoambiental) Guaporé/Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC).
Não havia vestígios de pessoas no local, nem de marcações na mata, sinais de violência ou luta, de acordo com nota da Funai. Os utensílios utilizados costumeiramente pelo “Índio do buraco” estavam ainda em seus devidos lugares.
No interior da casa do indígena havia dois locais de fogo próximos de sua rede. Registros da fundação indicaram que a palhoça é a de número 53, “seguindo o mesmo padrão arquitetônico das demais, com uma única porta de entrada/saída e sempre com um buraco no interior da casa”, de acordo com a nota.
A Funai disse ainda que, “ao que tudo indica, a morte se deu por causas naturais, o que ainda será confirmado por laudo de médico legista da Polícia Federal”.
Servidores da fundação acompanharam o exame do local de morte, realizado pelos policiais federais, junto do Instituto Nacional de Criminalística (INC) de Brasília e de peritos de Vilhena (RO). Foram usados na investigação equipamentos como drone e escâner 3D.
Primeiro contato
Registros da Funai sobre o indígena isolado datam de 1996, mas apenas no ano seguinte é que agentes da fundação conseguiram travar contato visual com ele. A busca foi comandada por Altair Algayer, chefe da Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Guaporé.
Segundo a agência Amazônia, o «Índio do buraco» foi localizado em uma área de mata sob interdição judicial com aproximadamente 5 mil hectares (50 km²), entre diversas grandes fazendas. Por causa da distância entre sua moradia e roça, e da força empregada nos cortes de árvores do indígena, tudo indicava que ele estava bem de saúde e trabalhando para sua sobrevivência.
Algayer contou que, em um encontro do «ÍndioTanaru» com uma expedição da Funai, em novembro de 2005, um dos integrantes foi flechado no peito pelo homem isolado, o que seria uma reação aos massacres provocados pelo «branco» contra seu povo.
De acordo com o El Mundo, o indigenista Marcelo dos Santos, que trabalhou na proteção do indígena, escreveu em seu relatório de expedição que, na primeira viagem, os pesquisadores seguiram o rastro do indivíduo por dias, até encontrarem uma cabana com um buraco e uma pequena clareira onde ele cultivava mandioca.
“Pouco depois, o encontramos sentado em frente à porta. Tentamos conversar com ele, oferecemos milho, machado, nossos guias índios dançavam e faziam rituais de cura para atrair sua atenção e confiança… Mas ele só respondeu com flechas», escreveu Santos.
Vítima de massacre
Apesar de nunca ter se concretizado uma comunicação direta com o “Índio do buraco”, acredita-se que seu grupo tenha sido assassinado. Uma hipótese diz que ele teria sobrevivido a dois massacres sucessivos — o primeiro, um envenenamento por volta de 1985; o segundo, em 1996, quando foram achados cartuchos de bala e restos de uma aldeia sob marcas das rodas de tratores.
Segundo o Google Arts & Culture, ninguém nunca soube a língua do indígena. O pouco de informação que se tinha era que ele fazia buracos dentro das casas onde vivia, por isso o nome “Índio do Buraco”.
Apenas alguns meses antes da primeira visão do indígena, conforme o The Washington Post, Santos e Algayer haviam contatado uma tribo isolada de índios Kanoê reduzida a cinco sobreviventes. O povo estava próximo do rio Omerê, afluente do Corumbiara.
Os kanoê também haviam sido massacrados, contudo, não só aceitaram a presença do “homem branco” como também ajudaram a procurar vestígios do “Índio do Buraco”. Em meio as buscas, encontrou-se também outra etnia, os Akun’su (ou Akuntsu), que estavam na mesma região.