Bolsonaro aumentó un 75% el gasto en publicidad en la cadena televisiva Globo, la más grande del país
Bolsonaro aumentó el 75% la pauta publicitaria en la poderosa TV Globo
El Gobierno brasileño, en el año en que el presidente Jair Bolsonaro se juega la reelección, aumentó en el primer semestre de 2022 un 75% el gasto en publicidad en la cadena televisiva Globo, la más grande del país y que había sido convertida en enemiga por parte de la ultraderecha oficialista, según datos oficiales divulgados este lunes por la prensa local.
En el año en el cual se debe renegociar la continuidad de la concesión pública del espectro de la TV Globo, el presidente Bolsonaro decidió aumentar el presupuesto para la emisora de la familia Marinho, cuando había prometido dejar de invertir debido a la posición crítica de la emisora en algunos de los temas de la agenda del gobierno, sobre todo en el manejo la pandemia de coronavirus.
Según datos de la Secretaría de Comunicación de la Presidencia de la República publicados por el portal de noticias UOL, en 2021 el Palacio del Planalto había comprado espacio en Globo para 46 inserciones publicitarias de ‘utilidad pública’ y apenas diez para mensajes institucionales.
En cambio, en el primer semestre de 2022 se contrataron en Globo 72 campañas institucionales y apenas dos de «utilidad pública».
El aumento de la pauta publicitaria en Globo, el canal abiertamente defensor del modelo económico neoliberal de privatizaciones y ajuste del ministro de Economía, Paulo Guedes, es contrario al ala ideológica del bolsonarismo, que ha convertido a este canal en un enemigo del bolsonarismo, sobre todo en la pandemia.
Desde que asumió, Bolsonaro apostó a los medios alternativos de ultraderecha para enviar sus mensajes y logró el apoyo explícito y oficial de dos cadenas de televisión abierta competidoras de Globo: el canal Record, propiedad de la evangélica Iglesia Universal, y SBT, cuyo titular es el magnate Silvio Santos, suegro del ministro de Comunicaciones, Fabio Faria.
El valor invertido en Globo en 2022 es de 11,4 millones de reales (unos 2 millones de dólares), un 41% de todo lo aplicado desde 2019.
Según UOL, las planillas informadas oficialmente por el gobierno indican que los canales bolsonaristas han recibido en 2022 menos dinero que Globo, emisora famosa por haber apoyado a la dictadura militar (1964-1985) y que reconoció en 2014 que aquel posicionamiento había sido un error.
Globo históricamente combatió en sus editoriales a Luiz Inácio Lula da Silva, y manipuló un debate de candidatos en 1989 que definió aquella campaña en favor de Fernando Collor de Mello, que ganó los comicios aquel año.
El expresidente Lula también habitualmente se queja del tratamiento que Globo hizo de su figura mientras fue víctima de lawfare por la Operación Lava Jato, sin derecho a réplica.
Su Partido de los Trabajadores (PT) fustigó las convocatorias realizadas por el canal con sede en Río de Janeiro, famoso por ser líder mundial en telenovelas, para que la población saliera a las calles para pedir la destitución de la expresidenta Dilma Rousseff.
Bolsonaro amplia publicidade para Globo e deixa apoiador fiel em parafuso
Por Matheus Pichonelli
O apoiador de toda e qualquer ação e omissão do presidente Jair Bolsonaro está à espera de novas orientações para saber como e o que dizer do aumento de verba em publicidade do governo destinada à TV Globo.
Em 2022, ano de reeleição, segundo um levantamento do portal UOL, o repasse aumentou 75% entre janeiro e julho e chegou a R$ 11,4 milhões.
A verba é dinheiro de pinga para quem acaba de enterrar as regras do controle fiscal, com a bênção da oposição, para ampliar o Auxílio Brasil e distribuir subsídio para caminhoneiros e taxistas enfrentarem a alta da gasolina.
Além disso, a Globo possui a maior audiência do país e faz sentido que um governante queira divulgar ali, e não em uma emissora menor, mesmo que alinhada, os feitos de sua gestão.
O problema é que o próprio Bolsonaro passou os últimos três anos e meio pintando a emissora como o diabo e sugerindo o seu estrangulamento financeiro para livrar o país de um grande mal.
Em fevereiro de 2021, por exemplo, em um evento em Cascavel (PR), o presidente ergueu uma placa gigante com o símbolo da emissora riscado em X e os dizeres “Globo Lixo”, neologismo apropriado ao discurso bolsonarista a cada reportagem desconfortável ao ninho do capitão.
Bolsonaro já declarou que gostaria que a “Globo fosse realmente uma imprensa que cada vez mais tivesse gente assistindo por acreditar nela, por ver que ela fala a verdade, mas infelizmente não é assim”.
Ele também já disse ser perseguido pelo “sistema Globo” há pelo menos uma década e acusou a família Marinho, proprietária da empresa, de receber repasses suspeitos de um doleiro. E, mais de uma vez, ameaçou não renovar a concessão da emissora.
A lista de ataques a profissionais da TV Globo também é imensa.
A estratégia é clara: fugir do escrutínio jornalístico e atribuir qualquer crítica por atos e omissões a uma suposta conspiração.
As razões para essa “conspiração” é uma suposta vingança por um suposto corte da “mamata” –como se, até sua chegada à Presidência, a Globo e outros veículos jornalísticos trocassem uma cobertura simpática a outros governos por uma fonte infindável de recursos em publicidade.
Durante três anos e meio essa fantasia alimentou a justificativa do bolsonarista fiel que sustentava o boicote à emissora como um ato cívico. Ele se negava a dar audiência a uma emissora declarada inimiga de modo unilateral. A Globo mesmo nunca declarou o governante como inimigo.
Nos primeiros anos de governo, Record e SBT, emissoras de menor audiência, mas simpáticas ao governo, superavam a Globo em volume de publicidade oficial.
Nos últimos seis meses a maior emissora se tornou o principal destino dos recursos.
O que mudou?
Provavelmente Bolsonaro percebeu que, para mudar o jogo eleitoral, não basta pregar para convertidos nem assustá-los com os velhos fantasmas e inimigos de sempre. É preciso ganhar os eleitores, digamos, menos apaixonados. Mesmo que para isso precise divulgar os feitos de sua gestão na mesma emissora que outro dia mesmo chamou de “lixo”.
Em algum momento da caminhada Bolsonaro se deu conta de que só o eleitor já convertido não será suficiente para dar a ele o direito de passar mais quatro anos viajando e passeando de moto por aí. Não tem convicção que fique de pé diante do risco de uma derrota eleitoral.
O eleitor fiel, além do mais, já engoliu sapos maiores, como a aliança com o centrão, o fim da Lava Jato, a escolha de um PGR fora da lista tríplice, o número elevado, e além do prometido, de ministérios, a ampliação do antes criticado toma-lá-dá-cá, os rasgos da cartilha liberal e a presença de neoaliados no mesmo palanque como Valdemar Costa Neto, Fernando Collor, Arthur Lira e grande elenco.
Agora já pode chamar a vitrine na emissora rival de esforço patriótico de propaganda. O nome disso é outro. É medo da derrota.