Máxima tensión en Brasil por una marcha pro Bolsonaro contra la Corte y el fantasma de un autogolpe
Alerta en Brasil por una marcha «de la independencia» contra la Corte Suprema
Brasil vive horas de vigilia ante la tensión que supone para la institucionalidad y la división de poderes en una república. Este martes 7 de septiembre se conmemora el 199° aniversario de su independencia. Pero el presidente Jair Bolsonaro apoya una marcha masiva que se realizará en San Pablo. Las señales de alerta están encendidas porque el objetivo real es presionar al máximo tribunal del Poder Judicial. La independencia – de los poderes republicanos – es lo que está en juego.
Bolsonaro contra la Corte Suprema
El presidente brasileño mantiene un largo enfrentamiento con el Supremo Tribunal Federal (STF, el equivalente a nuestra Corte Suprema). Durante su mandato tuvo numerosos encontronazos que fueron agravando la crisis institucional. Mencionemos solo tres como ejemplo categóricos.
Jair Bolsonaro fue sumamente crítico con todo el proceso de revisión de la sentencia que condenó al expresidente Lula. Tardó demasiado tiempo y, para peor, -según la interpretación del mandatario- fallaron políticamente cuando revocaron la prisión para Luiz Ignacio «Lula» da Silva, que se prolongó por 500 días. Y aún hoy, el máximo tribunal no se pronunció sobre la cuestión de fondo que puede enviar de regreso a Lula a prisión. Con lo cual, Lula es el principal candidato a enfrentar a Bolsonaro en las elecciones presidenciales de 2022 y marcha muy adelante en las encuestas.
El otro factor de conflicto fue la propia pandemia. Bolsonaro fue contrario desde el principio a las cuarentenas y fustigó por ello a gobernadores e intendentes. Ante los reclamos del momento, el STF defendió la autonomía de municipios y estados. De acuerdo a un estado federal.
La última pelea es la que marca la cancha para la próxima elección presidencial. Jair Bolsonaro desconfía del voto electrónico. Quiere volver al sistema tradicional de votación. Pero no pudo imponer los dos tercios necesarios en el Congreso y perdió su iniciativa.
El hecho que colmó la paciencia del mandatario fue la ratificación de ese sistema de votación por parte de la justicia: 18 magistrados reafirmaron por unanimidad que el «voto electrónico es seguro y libre de fraude».
Así opinaron los integrantes del Supremo Tribunal Federal y el Tribunal electoral.
Una marcha, presión contra dos jueces
Este martes 7, la concentración en San Pablo será una demostración de fuerzas. Bolsonaro apela a la «paz y la armonía».
Así lo hizo en un hilo de mensaje por twitter, en uno de ellos escribió: «La independencia está asociada con la LIBERTAD. Por lo tanto, también en el ámbito de los puntos XV y XVI, del art. 5º de nuestro CF, la población brasileña tiene derecho, si quiere, a salir a la calle y participar de nuestra gran cita».
«PAZ Y ARMONÍA», destacado en mayúscula por Bolsonaro. Pero sus dardos apuntan a dos jueces en concreto.
Dijo que la marcha de este martes será «un ultimátum» para la Corte Suprema y agregó: “No criticamos a las instituciones ni a los (poderes del Estado), pero no podemos admitir que una o dos personas usen su poder para darle un nuevo rumbo a nuestro país”. Se refiere específicamente a los jueces Alexandre de Moraes y Roberto Barroso.
Con De Moraes hay una cuestión personal que puede afectar el futuro inmediato y su chance electoral. Es el juez que investiga si el presidente es la cabeza de una organización para producir noticias falsas desde la propia casa de gobierno (el Palacio de Planalto).
Bolsonaro promueve un juicio político contra De Moraes, pero también incluyó en ese pedido al juez Barroso.
«¿Otro grito de Ipiranga?»
El 7 de septiembre de 1822 se produjo el famoso «Grito de Ipiranga». El príncipe Pedro se negó a volver a Portugal para gobernar a la colonia desde la metrópoli. Cuando el príncipe Pedro fue convocado a volver a Portugal, rechazó esa medida y afirmó: «Eu fico» («Yo me quedo»), dijo y empuñando su espada exclamó: «Libertad o muerte». Así nació el imperio brasileño y la independencia de ese país.
Casi 200 años más tarde, Jair Bolsonaro también repite, «Eu fico». Aunque ponga en riesgo la estabilidad institucional de Brasil.
Atos em todo o país em defesa da democracia, emprego e renda marcarão o Dia da Independência
Nesta terça-feira, 7 de setembro, estão programados mais de 190 atos no Brasil e exterior em protesto ao governo Bolsonaro e pelo Grito dos Excluídos. As atividades serão realizadas pelas centrais sindicais, juntamente com a organização do Grito dos Excluídos e movimentos sociais que integram Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Em Brasília (DF), capital do país, a manifestação acontece a partir das 9h, no estacionamento da Torre de TV, próximo às fontes da Torre. Já em São Paulo, na capital paulista, uma das atividades acontece no Vale do Anhangabaú a partir das 14h.
“Para fazer frente ao autoritarismo de Bolsonaro e lutar por mais empregos, direitos, renda e contra a carestia que está corroendo o poder de compra da classe trabalhadora”, destaca o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.
Nos atos, as representações dos trabalhadores e dos movimentos sociais vão defender a democracia, os direitos da classe trabalhadora, geração de emprego e renda. O presidente da CUT lembra que a política econômica do governo tem como saldo os altos preços dos alimentos, dos combustíveis e a inflação que têm penalizado cada vez mais os brasileiros.
O país hoje tem milhões de pessoas passando fome, 14,4 milhões de desempregados e 43,5 milhões sem direitos.
Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, o momento é de resistir e lutar pelo direito à vida e por condições de vida digna para todos os brasileiros.
“Estamos vivendo um momento de ataque a democracia e aos direitos da classe trabalhadora, por parte de um governo que é responsável pelo desastre da gestão contra a Covid-19; pela instabilidade econômica; pela perseguição de trabalhadores e trabalhadoras e colocando novamente o Brasil no mapa da fome”, reforçou o presidente da Fenae.
Partidos e organizações divulgam carta contra ameaças à democracia
Lideranças de 16 partidos políticos e de organizações sociais criticaram ontem (6) o que chamaram de supostas “ameaças do Poder Executivo à democracia e à Constituição Brasileira”. Denominado Direitos Já! Fórum pela Democracia, o grupo é uma iniciativa da sociedade civil que reúne, desde 2019, lideranças de partidos políticos, organizações da sociedade civil e cidadãos mobilizados. Os partidos que integram o grupo são: PDT, MDB, PSB, PCdoB, PSOL, PSL, PT, PSDB, PV, Rede, Podemos, Solidariedade, Cidadania, PL, DEM e PSD.
A organização divulgou carta contra o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro e a possibilidade de questionamento de decisões do Poder Judiciário, o que poderia acirrar apoiadores contra os ministros da Corte. Nesta segunda-feira, Bolsonaro fez uma publicação nas redes sociais, convidando a população a ir às ruas amanhã (7), “em paz e harmonia”, em comemoração ao 199° aniversário da independência do Brasil.
O grupo pede uma manifestação ordeira àqueles que queiram protestar em favor do presidente no 7 de Setembro. “No entanto, que qualquer atitude atentatória à independência dos poderes, ao primado da lei e à liberdade dos cidadãos seja duramente reprimida e debelada pela autoridade da Constituição, na defesa da ordem democrática”, completaram as organizações.
Carta de ex-presidentes
Também nesta segunda-feira, mais de 150 parlamentares, ministros e ex-presidentes de 26 países divulgaram carta em que alertam para os riscos de atos em apoio ao presidente se configurarem “intimidação das instituições democráticas do país”. A carta foi coordenada pela rede global Progressive International.
O documento cita ações anteriores, como a apresentação de carros blindados da Marinha na Esplanada dos Ministérios, no mês passado, e declarações sobre a não realização das eleições no ano que vem, caso o voto impresso não fosse aprovado.
Entre os signatários da carta estão os ex-presidentes Fernando Lugo (Paraguai), Ernesto Samper (Colômbia) e Rafael Correa (Equador), além do ex-primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero e o presidente do Parlamento do Mercosul, Oscar Laborde. Os professores Noam Chomsky e Cornel West, o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim também assinam o documento.