Brasil: tras superar las 100 mil muertes y los 3 millones de contagios, Bolsonaro culpa al confinamiento y critica a la prensa
Bolsonaro culpa a cuarentena del aumento de muertos en Brasil
El presidente brasileño, Jair Bolsonaro, dice que el confinamiento podría estar detrás de la muerte de miles de personas durante la crisis de COVID-19 en Brasil.
Bolsonaro arremetió el domingo contra medidas de confinamiento que están experimentando debido al brote del nuevo coronavirus, causante de la enfermedad COVID-19, citando un artículo del tabloide sensacionalista británico The Daily Mail.
El aludido artículo hace referencia a los datos del Ministerio de Salud británico, que estima que unas 16 000 personas murieron entre mediados de marzo y principios de mayo en el país europeo durante la crisis sanitaria por diversas enfermedades al no tener acceso al sistema de salud, por las 25 000 que murieron debido al nuevo coronavirus.
“Se extrae que el confinamiento causó la muerte a dos de cada tres personas en el Reino Unido. En Brasil, sin tener todavía cifras oficiales, las cifras no serían muy distintas”, indicó Bolsonaro en su cuenta de Facebook, al añadir que sea lo que sea la causa de la muerte, no es diferente para él.
Estas declaraciones del mandatario de Brasil llegan solo un día después de que el país suramericano, que es el segundo país más golpeado por la pandemia (detrás de EE.UU.), alcanzara la cifra de 100 000 muertos por el nuevo coronavirus.
De hecho, Bolsonaro siempre se ha mostrado en contra del confinamiento como estrategia para hacer frente a la pandemia, al reclamar que era contraproducente pues podría ser incluso peor que la propia enfermedad.
Por ello, el líder ultraderechista ha presionado a los gobernadores y alcaldes para que relajen las medidas de confinamiento en todo el país, con el supuesto fin de evitar un colapso económico.
Com 100 mil mortos pela Covid, Bolsonaro critica isolamento e acusa Globo de espalhar ‘pânico’
Um dia depois de o Brasil ter superado 100 mil mortos pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender ações do governo federal tomadas durante a pandemia, criticou o isolamento social radical (‘lockdown’) e acusou falsamente a rede Globo de ter «festejado» no sábado (8) a marca simbólica de vítimas da Covid-19.
O Brasil se consolidou como um dos epicentros da transmissão do vírus no mundo. O país superou os 3 milhões de casos registrados, segundo dados coletados com as secretarias estaduais da saúde pelo consórcio formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, o Globo e G1.
Em uma mensagem no Facebook, Bolsonaro republicou uma reportagem do jornal britânico Daily Mail que cita números oficiais para argumentar que o ‘lockdown’ —confinamento radical aplicado naquele país— matou duas pessoas para cada três que morreram de Covid, entre 23 de março e 1º de maio.
Segundo a publicação, 16 mil britânicos morreram no período por não terem tido acesso a serviços de saúde, enquanto a Covid-19 matou 25 mil pessoas no mesmo intervalo.
«Conclui-se que o ‘lockdown’ matou duas pessoas para cada três de Covid no Reino Unido. No Brasil, mesmo ainda sem dados oficiais, os números não seriam muito diferentes», escreveu Bolsonaro, que desde o início da crise se colocou como um crítico de medidas restritivas adotadas por governadores para tentar conter a curva de contaminação.
O presidente também se destacou de outros líderes internacionais por ter minimizado os impactos da pandemia e provocado aglomerações —muitas vezes sem máscara de proteção facial— mesmo quando alertado por especialistas que o isolamento era fundamental para reduzir o número de novos casos.
Criticado por não ter manifestado pesar pelos 100 mil mortos no sábado, como fizeram os presidentes da Câmara, do Senado e do STF (Supremo Tribunal Federal), Bolsonaro disse neste domingo que lamenta «cada morte, seja qual for a sua causa, como a dos três bravos policiais militares executados em São Paulo». Os policiais citados foram mortos após abordagem por um homem que se apresentou falsamente como policial civil.
«Quanto à pandemia, não faltaram recursos, equipamentos e medicamentos para estados e municípios. Não se tem notícias, ou seriam raras, de filas em hospitais por falta de leitos UTIs [Unidades de Terapia Intensiva] ou respiradores», continuou Bolsonaro, na mesma mensagem no Facebook.
Bolsonaro concluiu sua publicação investindo contra a TV Globo. Ele não citou a maior emissora do país nominalmente, mas referiu-se a ela como «aquela grande rede de TV que só espalhou o pânico na população e a discórdia entre os Poderes». Bolsonaro trata a Globo como adversária do governo e já ameaçou não renovar a concessão da emissora.
«No mais, essa mesma rede de TV desdenhou, debochou e desestimulou o uso da hidroxicloroquina que, mesmo não tendo ainda comprovação científica, salvou a minha vida e, como relatos, a de milhares de brasileiros», escreveu Bolsonaro, que anunciou no dia 7 de julho ter sido contaminado pelo coronavírus.
O presidente se recuperou sem sentir maiores sintomas e diz ter sido medicado com a hidroxicloroquina, remédio cuja eficácia para combater o coronavírus não tem comprovação científica. Estudos apontaram ainda para o risco de efeitos colaterais relacionados ao uso da droga.
Bolsonaro escreveu ainda que a «desinformação mata mais até que o próprio vírus» e acusou a Globo de fazer uso político da pandemia, sugerindo que a TV seria responsável por mortes que poderiam ter sido evitadas.
A Globo tem dado grande destaque para a crise da Covid-19 em sua cobertura jornalística, ressaltando as recomendações de distanciamento social emitidas por diversos especialistas e pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e dando espaçoem seu noticiário para contar as histórias de vítimas da pandemia.
Por último, também sem citá-la nominalmente, Bolsonaro afirmou que a rede de televisão festejou o marco dos 100 mil mortos na sua edição do Jornal Nacional, o que é falso.
«De forma covarde e desrespeitosa aos 100 mil brasileiros mortos, essa TV festejou essa data no dia de ontem, como uma verdadeira final da Copa do Mundo, culpando o presidente da República por todos os óbitos», afirmou.
Na edição de sábado do Jornal Nacional, um editorial lido pelos apresentadores destacou que o direito à saúde é previsto na Constituição, mas que mesmo em meio à pandemia o país permanece sem um ministro da Saúde titular.
O telejornal também lembrou diversas declarações minimizando a doença feitas por Bolsonaro —como quando ele reagiu com um ‘E daí?’ ao ser questionado sobre a avanço de mortes no país— e concluiu o editorial questionando os telespectadores se o presidente e outras autoridades cumpriram com o dever de garantir acesso à saúde para a população.
Brasil passa dos 3 milhões de casos de Covid-19 e registra 101 mil mortes
Por André Richter
O Ministério da Saúde divulgou neste domingo (9) novos números sobre a pandemia do novo coronavírus (covid-19) no país. De acordo com levantamento diário feito pela pasta, o Brasil tem 3.035.422 casos confirmados da doença e 101.049 mortes registradas. Os casos recuperados somam 2.118.460.
Nas últimas 24 horas, o ministério registrou 23.010 novos casos e 572 mortes.
O estado de São Paulo tem o maior número de casos acumulados desde o início da pandemia, com 627.126 casos e 25.114 mortes. Em seguida estão os estados da Bahia (193.029 casos e 3.953 óbitos), Ceará (188.542 casos e 7.954 óbitos) e o Rio de Janeiro (178.850 casos e 14.080 óbitos)
De acordo com o Ministério da Saúde, 3.566 casos estão em investigação.
Líderes religiosos e políticos fazem ato ecumênico em apoio à “Carta ao Povo de Deus”
Por Vitória Rocha
Líderes de religiões cristãs, evangélicas, muçulmanas, de matrizes africanas, entre outras, além de artistas, músicos e representantes de movimentos sociais e indígenas reuniram-se neste domingo (9) em ato ecumênico em apoio à “Carta ao Povo de Deus”, divulgada por bispos da Igreja Católica em memória as vítimas da covid-19 e pela vida. A manifestação online, organizada pelo Projeto Brasil Nação, foi transmitida pela TVT (TV dos Trabalhadores) e reproduzida pelo Facebook do Brasil de Fato e outros parceiros.
Apresentações musicais, como dos grupos MPB4 e Pau Brasil e da cantora Fabiana Cozza, foram intercaladas com as falas dos convidados, que manifestaram solidariedade aos familiares dos mais de 100 mil mortos pela covid-19, registrados até ontem (8), segundo dados publicados pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
Diversos líderes também posicionaram-se a favor da liberdade, contra opressões, e criticaram a falta de políticas públicas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para o combate à pandemia e o apoio aos mais vulneráveis.
Depoimentos
Em apoio à carta e solidariedade aos mortos pelo coronavírus, o babalawo Ivanir dos Santos relembrou a necessidade da luta contra opressões e a intolerância religiosa. “É necessário que todos nós demos as mãos para fazer uma sociedade melhor. A democracia e as liberdades estão ameaçadas. Nossas casas de candomblé são perseguidas e destruídas pela intolerância. Todos nós temos que estar unidos, sejam cristãos, católicos, candomblecistas, kardecistas, temos que caminhar juntos para construir uma sociedade em que nossas diferenças não nos impeçam de mantermos o diálogo”, pontuou.
Monja Coen também deixou seu depoimento em apoio à carta e manifestou-se pela liberdade e contra opressões. “Temos que tomar atitudes: muitas pessoas estão morrendo, estão sendo abusadas, nossas terras estão sendo devastadas. É tempo de estarmos unidos pelo bem comum, queremos o nosso planeta saudável, queremos o nosso povo respeitado”.
Um dos fundadores do Projeto Brasil Nação, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira explicou como funciona o projeto, iniciado em 2017, e a importância do apoio à carta. Economista e membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile relembrou a atuação do Bispo Dom Pedro Casaldáliga, que faleceu ontem (8), na luta contra a ditadura militar, as desigualdades e pela democracia.
Carta ao povo de Deus
O documento, divulgado em 27 de julho, inicialmente reuniu assinaturas de 152 bispos que criticam «a incapacidade e inabilidade do governo federal» em enfrentar as crises econômica e sanitária que atingem o país. De acordo com os religiosos, essa movimentação não está restrita à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), mas tem encontrado eco em paróquias e igrejas pelo país afora, onde padres reclamam de perseguição política, por conta das críticas feitas ao governo de Bolsonaro nas missas ou em conversas com fiéis. A carta tem recebido apoio de sacerdotes e também de diversos representantes políticos, culturais e de outras religiões.
Prefeitos combatem discurso de Bolsonaro para chegar a bons resultados contra a covid
Por Erick Gimenes
Prefeitos e prefeitas com trabalhos eficazes no combate à covid-19 relatam que tiveram de remar contra a maré agitada pelos discursos de Jair Bolsonaro (sem partido) para conter o contágio nos municípios.
A retenção do vírus, afirmam, passou fundamentalmente por medidas locais autônomas, já que, após mais de cinco meses de pandemia, o Ministério da Saúde ainda não publicou um protocolo com orientações claras aos municípios.
O documento com diretrizes aos poderes municipais foi prometido ainda na gestão de Luiz Henrique Mandetta, o primeiro dos três ministros incumbidos de conter a epidemia no país; sob o segundo, Nelson Teich, as diretrizes ganharam até data para publicação, mas não saíram da promessa; por fim, figuraram como carro-chefe no discurso de posse do atual chefe da Saúde, o interino Eduardo Pazuello, de novo restando só como bravata.
O secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Gilberto Perre, ressalta que os mandatários municipais fizeram dezenas de reuniões com os ministros da Saúde, em especial com Pazuello, para cobrar o protocolo. De resposta, até agora, só o silêncio da ausência, diz ele.
“Logo quando o ministro Pazuello assumiu, os prefeitos tiveram uma reunião, em que ele sinalizou que esse protocolo seria publicado em poucos dias. Esse protocolo não existe, até o momento. Parece-me que cada vez mais ele perde a relevância, dada à dinâmica como a pandemia já se encontra no país. Daqui a pouco, vai ser extemporâneo”, afirma.
O resultado da omissão do ministério, segundo Perre, é um “abre e fecha” interminável das atividades nas cidades, em virtude de disputas de entendimento sobre o vírus entre administração municipal e Justiça.
“Em muitos municípios, os prefeitos tomam decisão em uma direção, o Judiciário contesta, depois a prefeitura derruba. O comerciante, o empresário, fica nessa gangorra interminável de abre e fecha, o que, obviamente, é pior para a atividade econômica”, constata o secretário.
Em São Bento do Una, município de aproximadamente 60 mil habitantes, no semiárido pernambucano, a prefeitura Débora Almeida (PSB) viu-se obrigada a fazer pronunciamentos ao povo todas as segundas-feiras, para combater o negacionismo que ecoa do Palácio do Alvorada.
Ela diz ter “sofrido muito” para convencer os munícipes de que a doença era séria. A desinformação foi tanta que acabou por vitimar uma pessoa próxima.
“Nós perdemos até uma pessoa da família, esta semana. Era uma pessoa que não acreditava na gravidade da doença, achava que era besteira. A gente sentiu muito isso na compreensão da população, porque a gente falava uma coisa, orientava de uma forma e o presidente ia para rede nacional e falava outra coisa. Chocava muito a informação na cabeça das pessoas”, lamenta.
Sob a gestão de Débora, o município pernambucano apostou em transparência de informações, na criação de barreiras sanitárias rígidas e em ações que incentivassem o isolamento em casa, como a criação de grupos no WhatsApp para conectar comerciantes a clientes.
“A gente não teve um custo, porque a gente já tinha WhatsApp. A gente fez a organização, a divulgação entre as pessoas e as pessoas foram utilizando. Foi muito importante, principalmente porque, logo quando fechou, as pessoas não estavam preparadas para apresentar o serviço delas”, comenta a prefeita.
Edinho Silva (PT), prefeito de Araraquara (236 mil habitantes), no interior paulista, foi mais um que, ao tentar combater a disseminação do vírus, precisou avançar também sobre as falas proferidas por Bolsonaro na tevê aberta.
Paralelamente a decretos de restrições sociais, ele precisou se proteger da ira de parte dos moradores que reproduziam o discurso presidencial. “O presidente tem base social em todos os municípios. Eu tive, aqui, passeata contra mim, carreata contra mim, ato público contra mim, pelas medidas de isolamento. Tivemos pessoas afrontando as medidas de isolamento, enfrentando guarda municipal”.
Araraquara tem, até esta quinta-feira (6), 2.173 casos confirmados e 20 mortes registradas. Os bons números, garante o prefeito, se devem a iniciativas como o isolamento de casos suspeitos, a centralização de atendimento em uma única unidade de saúde e parceria com universidades da região para testagem em massa – o que gerou, inclusive, a inauguração de uma máquina que reduz o tempo de espera dos resultados da covid para 2 horas.
Para Edinho, um protocolo nacional para os municípios fortaleceria o que o Brasil tem de melhor para evitar mais vítimas pelo coronavírus: o Sistema Único de Saúde.
“Não tem um vilarejo no Brasil que não tem algum braço do SUS. Se nós tivéssemos o Ministério da Saúde unificando as ações, unificando o Brasil no combate ao coronavírus, nós estaríamos em uma situação bem melhor”, sugere.