La OMS advierte posible subnotificación en las cifras de Brasil y un juez obliga a Bolsonaro a usar barbijo
Advierten que Brasil podría tener hasta 10 veces más casos de coronavirus que los reconocidos
La Organización Mundial de la Salud (OMS) advirtió este martes sobre una posible subnotificación de los casos de coronavirus en Brasil, donde diversas fuentes locales estimaron que podría haber hasta 10 veces más contagios que los reportados oficialmente tanto en todo el país como en la ciudad de San Pablo.
El director ejecutivo de la OMS, Michael Ryan, afirmó que “probablemente” las estadísticas oficiales “subestiman” el panorama real de la pandemia en Brasil, que reportó más de 1,14 millones de casos confirmados y de 52.000 muertes por la enfermedad, según la agencia de noticias ANSA.
“Hoy tenemos más de un millón de casos y puedo afirmar que es muy probable que los casos reales estén en cerca de 10 millones; estamos tan sólo viendo la punta de un gran iceberg que está sumergido y no estamos evaluando”, sostuvo el médico Roberto Medronho, a cargo de la cátedra de Epidemiología en la Universidad Federal de Río de Janeiro (UFRJ).
En tanto, la ciudad de San Pablo podría tener hasta 1,16 millones de casos, casi 10 veces más que los cerca de 119.000 computados oficialmente hasta ayer, e incluso poco más que los admitidos en todo el país, según un estudio realizado por su alcaldía y divulgado por su secretario de Salud, Edson Aparecido.
Diversos especialistas atribuyeron la probable subnotificación de casos a la baja cantidad de pruebas de coronavirus realizadas y, al mismo tiempo, la cantidad creciente de contagios y muertes, a la prematura flexibilización de las restricciones impuestas al comienzo de la pandemia.
Ryan afirmó que en Brasil, 31% de las personas testeadas dio positivo, mientras en varios países de Europa sólo 5% de la población examinada está o estuvo infectada, lo que, a su juicio, da la pauta de que la circulación del virus es mucho mayor en el país sudamericano.
Brasil realiza 63 exámenes cada 100.000 habitantes contra 2.500 en Alemania y cerca de 1.200 en Estados Unidos, según un cuadro comparativo publicado por la BBC.
El ministro de Salud, general Eduardo Pazuello, prometió ante legisladores “solucionar” el déficit mediante la realización de “millones” de test en todo el país y el suministro de fondos a los 27 estados federados para que puedan financiar la mayor cantidad de pruebas, en un programa que será anunciado esta semana.
Pazuello dijo que de ese modo se podrá tener un panorama más “realista” de la situación y sostuvo que las supuestas cifras reales mencionadas por especialistas y otros funcionarios pueden ser exageradas.
En cambio, el alcalde de San Pablo, Bruno Covas -que tiene cáncer, dio positivo de coronavirus y está trabajando aislado-, reconoció la subnotificación de casos y resolvió efectuar 45.000 test en toda la ciudad.
Sobre la base de los primeros 5.416 resultados se realizó el informe presentado este martes, según el cual 9,5% de los 12 millones de habitantes y “el estudio concluyó que hay 1,16 millones de personas con el anticuerpo del virus que causa la Covid-19”, según Aparecido, lo que significa que esa cantidad de personas está o estuvo infectada.
En tanto, también es puesta en entredicho la salida gradual de la cuarentena, dispuesta por autoridades regionales y locales ante el desmoronamiento de la economía y la presión del presidente Jair Bolsonaro, quien se opuso a las restricciones desde el comienzo de la pandemia y, de hecho, jamás las decretó.
La reanudación de actividades causó alarma entre especialistas que temen que en las próximas semanas pueda haber rebrotes en algunas zonas donde se había logrado contener la propagación del virus, especialmente en el norte y el sudeste del país, e incluso en San Pablo, epicentro de la pandemia en Brasil.
“Las medidas de flexibilización se tomaron de forma inoportuna porque la epidemia todavía está muy presente y esa flexibilización está haciendo que los casos vuelvan a aumentar en algunos puntos donde ya estaban bajando”, sostuvo Medronho, según la agencia EFE.
El médico resaltó que la mayoría de los países de Europa resolvió reabrir sus economía cuando la tasa de contagios era inferior a uno por infectado, mientras muchos estados y municipios brasileños están reanudando actividades con una tasa de 1,8.
“Infelizmente, en nuestro país el problema no es sólo el virus: también padecemos otra infección que es la baja política en función de las elecciones (municipales) de fin de año; los gestores están más interesados en ganar votos que en salvar vidas”, dijo Medronho.
Brasil contabilizaba 1.145.906 casos confirmados de coronavirus (39.436 en las últimas 24 horas) y 52.645 muertes por la enfermedad (1.374 más que ayer), de los cuales casi 230.000 contagios y más de 13.000 decesos estaban concentrados en el estado San Pablo, informó el Ministerio de Salud.
Juiz federal determina uso de máscara ao presidente em locais públicos
O juiz Renato Coelho Borelli, da 9ª Vara Federal Cível de Brasília, impôs ao presidente Jair Bolsonaro o uso obrigatório de máscara em espaços públicos e estabelecimentos comerciais, como medida de proteção contra o novo coronavírus. A decisão foi assinada na noite desta segunda feira (22).
Em caso de descumprimento, o magistrado definiu multa diária de R$ 2 mil. Borelli afirmou que a obrigatoriedade já foi imposta pelo governo do Distrito Federal (GDF) desde abril, mas que constatou em imagens disponíveis na internet que o presidente não estaria cumprindo a determinação, “expondo outras pessoas à propagação de enfermidade que tem causado comoção nacional”.
Na mesma decisão, Borelli ordenou que a União obrigue todos os seus servidores e colaboradores a usar máscara para proteção individual enquanto estiverem prestando serviços, sob pena de multa de diária de R$ 20 mil ao governo em caso de descumprimento. Ele atendeu a um pedido feito por um advogado em ação popular.
Fiscalização
O juiz decidiu ainda obrigar o GDF a fiscalizar o uso efetivo das máscaras por toda a população, conforme previsto em decreto distrital sobre o assunto, que já sujeita os infratores a multa de R$ 2 mil. Ele disse que também pretende estipular multa “caso não seja provado nos autos quais medidas já foram adotadas para tanto”.
Borelli citou entrevista em que o governador Ibaneis Rocha diz que apenas três multas foram aplicadas até o momento, dentre 33 mil advertências feitas por fiscais.
Procurada, a Advocacia-Geral da União (AGU), que atua na defesa do presidente, disse que «já estuda todas as medidas cabíveis para reverter a liminar e preservar a independência e a harmonia entre os Poderes».
Brasil com 1374 mortos e quase 40 mil infetados nas últimas 24 horas
O Brasil voltou a registar mais de mil mortes diárias devido à Covid-19, com 1374 óbitos e 39 436 novos casos nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde do país esta terça-feira.
De acordo com o executivo, 556 das 1374 mortes ocorreram nos últimos três dias, mas foram incluídas nos dados desta terça-feira.
O Brasil, segundo país do mundo com mais mortos e infetados, totaliza agora 52 645 vítimas mortais e 1 145 906 pessoas diagnosticadas desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro.
O Brasil é também a segunda nação com mais doentes recuperados do novo coronavírus (613 345), apenas atrás dos Estados Unidos da América, sendo que 479 916 doentes continuam sob acompanhamento.
Segundo a tutela da Saúde, a letalidade da doença no país sul-americano mantém-se nos 4,6%, registando uma incidência de 25,1 mortes e 545,3 casos de Covid-19 por cada 100 mil habitantes (a população do Brasil é de cerca de 210 milhões de pessoas).
O foco da pandemia no país é o estado de São Paulo, que concentra 229 475 casos de infeção e 13 068 vítimas mortais, tendo registado nas últimas 24 horas um recorde de mortes.
Aquele que é o estado mais rico e populoso do país contabilizou esta terça-feira 434 óbitos, o maior número diário desde o começo da pandemia. Já o número de casos confirmados subiu de 221 973 para 229 475, um aumento de 7502 infetados pela Covid-19.
De acordo com o coordenador-executivo do Centro de Contingência de São Paulo, João Gabbardo, o número está dentro da projeção feita pelo organismo, de que o estado deve atingir 15 mil a 18 mil mortes até ao final do mês.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 473 mil mortos e infetou mais de 9,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Testes com vacina de Oxford contra covid-19 começam em São Paulo
Os testes em voluntários brasileiros da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, contra a covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus, tiveram início no último fim de semana na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), informou em nota, na noite de ontem (22), a Fundação Lemann, que financia o projeto.
Os testes da vacina ChAdOx1 nCoV-19 no Brasil foram anunciados no início do mês e deverão contar, de acordo com a Unifesp, com dois mil voluntários em São Paulo e com mil no Rio de Janeiro, onde serão realizados pela Rede D’Or.
«No último final de semana (20 e 21 de junho), a Fundação Lemann teve a oportunidade de celebrar com os parceiros envolvidos e especialistas responsáveis, o início dos testes em São Paulo para a vacina ChAdOx1 nCoV-19, liderada globalmente pela Universidade de Oxford», informou a Fundação Lemann, do bilionário empresário Jorge Paulo Lemann.
Segundo a Unifesp, os voluntários em São Paulo serão profissionais de saúde entre 18 e 55 anos e outros funcionários que atuam no Hospital São Paulo, ligado à Escola Paulista Medicina, da Unifesp.
Registro da vacina deve sair este ano
No início do mês, a Unifesp informou que os testes com voluntários brasileiros contribuirão para o registro da vacina no Reino Unido, previsto para o fim deste ano. O registro formal, entretanto, só ocorrerá após o fim dos estudos em todos os países participantes, disse a universidade.
A vacina, cujo pedido de testes no Brasil foi feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela farmacêutica AstraZeneca, está atualmente na fase 3 de testes, «o que significa que a vacina encontra-se entre os estágios mais avançados de desenvolvimento», disse a Unifesp.
O Brasil é o primeiro país fora do Reino Unido a iniciar testes com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e um dos motivos que levaram à escolha foi o fato de a pandemia estar em ascensão no país.
Outra vacina contra a covid-19, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, deverá começar a ser testada no Brasil no mês que vem, em parceria com o Instituto Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo.
Este teste, segundo o instituto, será financiado pelo governo paulista e deverá contar com nove mil voluntários. Caso a vacina seja bem-sucedida, o acordo prevê a possibilidade ser produzida Instituto Butantan.
MP do Rio quer denunciar Flávio Bolsonaro, Queiroz e outros assessores
O Ministério Público do Rio de Janeiro deverá apresentar até o início da próxima semana denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Outros suspeitos de envolvimento em esquema de «rachadinhas» no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa Rio também serão denunciados.
A denúncia seria pelos crimes de peculato (apropriação ou desvio de dinheiro público) e por formação de organização criminosa. Na avaliação do MP, não há elementos suficientes para caracterizar lavagem de dinheiro.
O MP também prevê apresentar denúncia – peça que dá início ao processo criminal – contra um outro deputado estadual e seus assessores, também alvos das investigações iniciadas a partir do relatório do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O documento detectou movimentações financeiras suspeitas em contas de 75 funcionários e ex-funcionários da Assemblei Legislativa.
A apresentação da denúncia contra Flávio vai depender do resultado do julgamento, na próxima quinta-feira, na 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, de habeas corpus impetrado por sua defesa. Os advogados do senador alegam que, na época dos fatos, ele era deputado estadual e, portanto, só poderia ser investigado ou processado na segunda instância. A CNN apurou que o MP prevê a derrota de Flávio por 2 votos a 1.
Das 22 investigações, duas — referentes aos gabinetes de deputados Luiz Paulo (PSDB) e Tio Carlos (Solidariedade) — já foram arquivadas. As outras 20 estão sendo apuradas de maneira separada por diferentes níveis do MP. Os casos de ex-deputados ficaram com o Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção); os dos atuais parlamentares estaduais, com o Gaocrim (Grupo de Atribuição Originária Criminal, ligado ao gabinete do procurador-geral).
Nem todos os casos apuram casos de «rachadinha», como é conhecida a prática de o parlamentar ficar com parte ou a totalidade do salário de um funcionário de seu gabinete. O próprio relatório do Coaf aponta que movimentações financeiras de assessores e de ex-assessores indicam doações irregulares de dinheiro público para campanhas eleitorais e transações entre funcionários e entre eles e parentes.
Com exceção do caso de Flávio Bolsonaro, a investigação em torno dos outros ex-deputados foi prejudicada por conta de uma decisão do então promotor do caso, Cláudio Calo. Em fevereiro do ano passado, ele se declarou suspeito para conduzir a apuração contra o atual senador, com quem já havia se encontrado. A investigação contra o filho do presidente da República acabou indo parar no Gaecc.
Calo, em seguida, enviou os demais casos para a Polícia Civil, que instaurou inquéritos que não avançaram. Só no início deste ano é que essas investigações voltaram para o MP estadual.
Deputados ouvidos pela CNN confirmaram que tiveram sigilos telefônico e fiscal quebrados e que foram chamados para depor no Ministério Público estadual. Alguns alegam que as movimentações suspeitas nada têm a ver com verbas de seus gabinetes, mas com dinheiro referente a outras atividades de assessores. Segundo eles, até contas conjuntas de assessores com seus cônjuges entraram no relatório do Coaf, o que gerou distorções detectadas pelo Coaf.
A advogada Luciana Pires, que defende Flávio Bolsonaro, disse «que o Ministro Público tem extrapolado os limites do seu mister, como se fosse algo pessoal contra o Senador e que gostaria que agissem com essa mesma pro-atividade e empenho nos demais casos».