Epidemia expone semejanzas entre Bolsonaro y Trump, además del estilo – O Globo, Brasil
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Epidemia expõe semelhanças entre Bolsonaro e Trump, além do estilo
Seguidores do nacional-populismo, Donald Trump e Jair Bolsonaro têm reações semelhantes em situações críticas. O próprio estilo de um lembra o do outro, ressalvadas as diferentes formações. São autoritários, não se notabilizam pela sinceridade — a imprensa americana costuma contabilizar as comprovadas inverdades proferidas pelo presidente — e usam bastante as redes sociais para atingir seus objetivos políticos. Nas respectivas eleições, em 2016 e 2018, houve acusações de que a internet serviu de instrumento desleal de captura de votos. Por isso, Trump teve o processo de impeachment aberto na Câmara dos Representantes e rejeitado pelos senadores.
O comportamento dos presidentes na epidemia da Covid-19 também é um ponto de contato muito estreito entre eles. Trump foi convencido de que a cloroquina seria a solução contra a epidemia, e o mesmo aconteceu com Bolsonaro. Essa história passa por grupos radicais de direita do Partido Republicano, segundo o “Washington Post”, e envolve o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, que se tornou advogado pessoal do presidente. O medicamento passou a ser visto por Trump como a bala de prata que resolveria a sua reeleição em novembro. Seguir esta pista deve levar ao entorno de Bolsonaro, que é conectado com radicais do Partido Republicano.
Os dois também são contra o isolamento social, e tentam suspendê-lo, até agora sem êxito. Está evidente que se preocupam com os reflexos político-eleitorais da crise em seus projetos de poder, sem dar atenção ao aspecto humanitário da pandemia. No momento, enquanto Bolsonaro aumenta a pressão para apressar o fim o distanciamento social, Trump faz o mesmo.
A diferença é que Brasil e Estados Unidos encontram-se em estágios diferentes da epidemia: o primeiro, nas fases iniciais de aceleração do contágio; o segundo, com alguns estados demonstrando terem chegado ao ápice, acumula números antes inimagináveis de contaminados (640.014) e mortos (31.002). Os EUA viraram o epicentro da tragédia. E nenhum dos dois países pode relaxar suas políticas. No caso americano, adotada tardiamente.
Bolsonaro já ameaçou suspender o isolamento por decreto presidencial, mas a medida seria derrubada pelo Congresso ou Supremo. Já Trump, em entrevista coletiva na segunda-feira, esboçou o mesmo, no país conhecido pelo federalismo: “Quando alguém é presidente dos Estados Unidos, sua autoridade é total”. Governadores discordam, e já criaram fóruns para se coordenarem no relaxamento paulatino das medidas. Andrew Cuomo, do estado de Nova York, o mais atingido pela Covid-19, foi seco: “O presidente não tem autoridade total. Temos uma Constituição e não um rei”.