Mulheres e meninas mortas refletem impunidade e ódio a indígenas no Paraguai
Prensa Latina, Diálogos do Sul
O desprezo e o ódio à população indígena paraguaia se expressa com a morte de mulheres e meninas graças ao abuso impune e ao desinteresse em protegê-las, afirmou hoje a antropóloga Tina Alvarenga.
Segundo a especialista em Direitos Humanos dos Povos Indígenas, essas duas condições, a impunidade e o desinteresse, estimulam a violência que enfrenta dia a dia a população indígena.
Nesse sentido afirmou, em entrevista publicada nesta sexta no portal digital do jornal Hoy, que a intenção de fazer desaparecer os povos indígenas é real e se insere em todo um contexto histórico com vivências de expulsão, abusos, intimidação e morte sofridas dentro e fora das comunidades.
Afirmou que os últimos casos de terrorismo sofridos por meninas, adolescentes e mulheres indígenas são apenas a ponta do iceberg de uma situação que se arrasta historicamente contra os povos indígenas.
«A brutalidade sistemática é também institucional, traduzida na omissão por parte de organismos do Estado de cumprir o dever de proteger sua população», afirmou aquela que é também membro da articulação de mulheres indígenas do Paraguai.
Disse que essa proteção deve manifestar-se por meio do oferecimento real de serviços e políticas públicas para que os povos indígenas tenham acesso em igualdade de oportunidades a emprego, saúde e educação.
«A violência se evidencia hoje nas mortes de mulheres e meninas, e são situações que sofre em sua grande maioria o povo Mbya que, segundo alguns estudos, foram expulsos de 75% de seus territórios durante longos anos», disse a pesquisadora.
Insistiu em que esse deslocamento forçado, as inadaptações e a pobreza determinaram um contexto no qual se inserem mais recentemente outros elementos como o alcoolismo e o consumo de outras substâncias vinculadas ao consumismo, explicou Alvarenga.
Questionou a atitude do Estado quanto ao cumprimento do que estabelece a Constituição Nacional sobre a proteção aos povos indígenas.
«Até agora o que ocorre é uma intervenção classista, assistencialista e imediatista; há muito descaso do Estado», enfatizou.
Segundo a antropóloga, só haverá mudanças quando se efetivarem respostas integrais, imediatas e urgentes e quando as autoridades competentes façam seu trabalho, em vez de deixar impunes a morte e a violência contra os indígenas.
«Devem ser dadas respostas imediatas e mantidas no tempo e não apenas discursos sobre o tema. Não pode haver impunidade, porque isso faz crescer a onda de violência e permite que se diga que a vida de um indígena não vale nada para as instituições», disse ela ao jornal Hoy.
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Tradução: Ana Corbisier