Ativistas negros denunciam violência policial do Brasil na OEA

Rio de Janeiro - Em ato Contra o Genocídio da Juventude Negra, manifestantes protestam contra a morte de cinco jovens negros por PMs no último sábado (28), em Costa Barros, na zona norte (Tomaz Silva/Agência Brasil)
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A Coalizão Negra por Direitos, grupo formado por mais de 150 organizações antirracistas do Brasil, denunciou na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), instituição vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), a violência policial empregada pelos governos de São Paulo e do Rio de Janeiro.

A denúncia foi feitas durante audiência realizada na última sexta-feira (06/03) em Porto Príncipe, no Haiti, e abordaram especialmente os homicídios pela polícia de seis crianças no Rio em 2019 e no caso do baile do Paraisópolis que resultou na morte de nove jovens.

Além dos ativistas, o grupo que foi à CIDH também é formado por familiares de vítimas da ação policial que matou nove jovens durante um baile funk em Paraisópolis, na zona Sul de São Paulo, em dezembro de 2019.

De acordo com a própria organização, «a denúncia da Coalizão se baseia no aumento da violência policial que sustenta um processo de genocídio negro no país».

«Está nítido a criminalização do funk, da nossa música e da nossa cultura que é preta e periférica. Tudo o que é de preto é criminalizado», disse Gloria Maria, produtora cultural na Batalha do Paraisópolis e moradora do bairro.

Segundo a jovem, os assassinatos cometidos pela política em Paraisópolis «é reflexo de uma sociedade racista com o próprio povo».

«Isso é responsabilidade do [João] Dória, governador Dória, isso é responsabilidade do presidente [Jair] Bolsonaro e de todos que estão no poder que estão compactuando com esse discurso que mata preto e pobre todos os dias», disse durante a audiência.

À agência Alma Preta, o articulador da Coalizão e coordenador da Uneafro-Brasil Douglas Belchior disse que «os representantes do governo que aqui estiveram foram constrangidos pelos comissariados da OEA-CIDH uma vez que ficou explícito a tentativa de defender o indefensável».

Para o ativista, a denúncia feita pelos brasileiros representou uma oportunidade de mostrar à comunidade internacional o objetivos do governo Bolsonaro «de destruir o Estado do ponto de vista dos direitos sociais”.

O comissário da CIDH, Joel Hernández, pediu ao Estado brasileiro um pedido de perdão aos familiares das vítimas de Paraisópolis e elogiou a «coragem» dos ativistas.

«Se requer muito valor e muita coragem para vir do Brasil para expressar seu testemunho, o mero fato que estão aqui é sinal dessa preocupação que carrega pela situação de insegurança que vive a população afrodescendente em suas comunidades, em suas favelas», disse.

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