Brasil: personas afectadas por la tragedia minera de Brumadinho marchan en Belo Horizonte

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Afectados por tragedia minera comienzan marcha en Brasil

Centenares de personas inician este lunes una marcha que partirá de la ciudad brasileña de Belo Horizonte para llegar al municipio de Brumadinho, en recuerdo a los 272 muertos que dejó el rompimiento de la presa en Córrego do Feijao, el 25 de enero de 2019.

La caminata en honor a las víctimas de esa tragedia tendrá una duración de seis días, pues los participantes pretenden llegar el sábado 25.

Más de 350 residentes afectados por el lodo recorrerán un estimado de 300 kilómetros desde Belo Horizonte, capital del estado de Minas Gerais, en el sureste de Brasil.

La actividad pasará por las localidades de Pompéu, Sao Joaquim de Bicas, Juatuba y Betim (Citrolândia). En estos sitios habrá debates, seminarios, eventos públicos y actividades culturales.

El viernes 24, en Citrolândia, los manifestantes, agrupados en el Movimiento de Afectados por Represas (MAB), tendrán una actividad en la que participará el expresidente brasileño Luiz Inacio Lula da Silva.

El 25 de enero de 2019, un dique minero con aguas residuales de la mina Córrego de Feijao, propiedad de la minera Vale S.A., se derrumbó, provocando el mayor desastre ambiental en Brasil.

Tras el quiebre del dique de la presa, toneladas de lodo y residuos mineros arrasaron con todo a su paso, dejando un saldo de 272 muertos y daños materiales incuantificables.

Telesur


Marcha de seis dias denuncia um ano do crime da Vale, em Brumadinho

por Walber Pinto

11 pessoas continuam desaparecidas e 270 corpos já foram retirados da lama da barragem da Vale, que rompeu no dia 25 de janeiro de 2019

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) iniciou, nesta segunda feira (20), uma marcha de seis dias para denunciar o crime da Vale em Brumadinho (MG), que completa um ano no próximo sábado, dia 25 de janeiro.

A tragédia provocou a morte de 270 pessoas – 11 delas ainda estão desaparecidas – e mudou toda a vida da população atingida pela lama e rejeitos de mais de 10 milhões de metros cúbicos (m3).

O crime da Vale também afetou a vida dos produtores rurais. Mais de 70 agricultores pediram indenização à mineradora, por meio da Defensoria Pública. Apenas 30 fecharam acordo com a mineradora.

A largada da marcha ocorreu em Belo Horizonte, com uma caminhada dos atingidos e atingidas, saindo da Praça do Papa até a Praça Milton Campos, com paradas em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e em frente a Agência Nacional de Mineração, no cruzamento da Afonso Pena com avenida do Contorno, onde protocolaram documentos para marcar posição em relação a postura do Estado.

A marcha segue para a cidade de Pompeu, onde tem atividades nessa terça feira (21). Na quarta os atingidos estarão em Juatuba, quinta-feira em Citrolândia e São Joaquim de Bocas, na sexta em Betim, onde será realizado seminário internacional que contará com a presença do ex-presidente Lula. A marcha termina no sábado (25), com atividades em Brumadinho e no Córrego do Feijão.

Entenda o caso

O crime em Brumadinho, que ocorreu dia 25 de janeiro de 2019, foi o segundo rompimento de barragem da mineradora Vale. O acidente provocou a maior tragédia ambiental, trabalhista e humana do país, com centenas de mortos e desaparecidos.

O primeiro rompimento criminoso foi o da barragem da Samarco, em 2015, mineradora brasileira de propriedade da Vale e da anglo-australiana BHP Billiton, e ocorreu em Mariana.

O rastro de lama tóxica saiu de Mariana e percorreu 663 km até encontrar o mar, no Espírito Santo. O número de vítimas fatais foi de 19 pessoas do que o desastre ambiental.

Marcha

O deputado federal PT-MG, Rogério Correia, que foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apontou os responsáveis pelo crime, participou da marcha inicial nesta segunda-feira (20).

“Já entramos um relatório ao Ministério Público que deve fazer essa semana o indiciamento e a criminalização dessas pesssoas”.

Jornal GGN


Brumadinho convive com adoecimento mental um ano após tragédia da Vale

Crescimento do número de suicídios e de tentativas de autoextermínio, aumento do consumo de antidepressivos e ansiolíticos, elevação de afastamento entre profissionais de saúde: o diagnóstico é da Secretaria Municipal de Saúde de Brumadinho. Um ano após a tragédia da Vale, a cidade convive com o adoecimento mental de parte da população.

“Essa tragédia, esse crime, isso fez com que despertasse um movimento mental que tem adoecido as pessoas. Sensivelmente, é perceptível o adoecimento mental de grande parte da população”, diz o secretário Municipal de Saúde, Júnio Araújo.

Segundo o secretário, em 2019, o uso de antidepressivos cresceu 56% e o de ansiolíticos aumentou 79% em comparação com 2018. Os casos de suicídio passaram de 1 para 5, sendo 3 no município e dois na região, conforme a assessoria da prefeitura. Já as tentativas saltaram de 29 para 47. Araújo, entretanto, acredita que esse último número possa ser ainda maior.

“Quando a tentativa do autoextermínio não chega a êxito, a família, a própria pessoa tem vergonha de procurar o serviço [de saúde]. Dentro da família, eles tentam esconder e só vão à unidade de saúde quando a situação é mais gravosa”, explica.

A doméstica Vicentina Moreira do Prado, de 42 anos, traz nas mãos as marcas de sentimentos que surgiram após a tragédia em que perdeu uma prima, além de amigos. São feridas provocadas por mordidas.

“O psicólogo falou que, como eu não tenho ninguém para desabafar, eu estou mordendo a mão», conta.

Segundo Vicentina, como grande parte da cidade está em luto, ela não se sente à vontade para falar dos sentimentos.

«Eu chego em Brumadinho, eu vou conversar com meus amigos — todo mundo perdeu alguém. O meu marido trabalha na Vale. Eu não posso conversar com ele porque ele perdeu muito amigo também. As minhas crianças são pequenas. Então, todo mundo que eu vou conversar sempre perdeu alguém lá na Vale”, conta a doméstica.

Vicentina vive na comunidade de Ponte das Almorreimas, lugarejo onde está sendo instalado um ponto de captação do Rio Paraopeba. Atingido pela lama, o rio teve seu uso proibido e agora é construído um novo local para a retirada de água, antes do trecho do rompimento da barragem.

Da janela de casa, Vicentina pode ver as obras que, segundo a doméstica, tiraram a paz e a tranquilidade da comunidade. Para ela, nestes últimos de 12 meses, o consumo de medicamentos e o tratamento com psicólogo e psiquiatra se tornaram usuais.

Essa rotina é compartilhada com a irmã Sônia Alves Moreira, de 45 anos. Com tantas máquinas e funcionários trabalhando ao lado de casa, ela reclama da perda da liberdade e da segurança, além do barulho.

Vivenciando dia a dia os transtornos da obra, Sônia ainda se sente muito abalada com toda a tragédia.

“Não tem como te explicar o que que vem na minha cabeça. Do jeito que tanta gente morreu, eu vou pôr fogo nessa casa aqui e sair. Morrer também. Sabe por quê? De agonia, tristeza”, desabafa.

No centro de Brumadinho, casos assim se repetem. Para suportar os dias, o empresário Antônio Queiroz Ribeiro, de 48 anos, tem recorrido a altas doses de medicamentos. “Acaba sendo prejudicado todo mundo. Porque o sofrimento de você ver os outros sofrendo, você sofre em pânico”, desabafa.

Na drogaria em que é cliente, foi preciso até aumentar o espaço para estocar antidepressivos e ansiolíticos.

“Tinha produto que você comprava 6, hoje você compra 40, 50. Antidepressivo é uma coisa de doido, está vendendo, mas está vendendo demais. Agora, as pessoas têm tido dificuldade em conseguir receituário. Então, o que a gente faz? A gente passa um calmante natural até ela conseguir o receituário porque está faltando médico especialista”, afirma o dono da farmácia, Carlos Roberto de Lima, de 67.

O secretário de Saúde diz que a prefeitura precisou aumentar o quadro de pessoal na área da saúde e avalia que a quantidade de profissionais é suficiente.

“No geral, nós tínhamos 790 trabalhadores no SUS antes do rompimento da barragem. Hoje nós estamos com 1.190 trabalhadores”, afirma.

A agente de saúde comunitário Adriana Mendes de Jesus, de 41 anos, vive na mesma comunidade onde moram as irmãs Vicentina e Sônia. Adriana viu de perto a busca pelo Sistema Único de Saúde crescer após a tragédia.

“Aumentaram bastante os atendimentos porque tem muita gente que procura mais o SUS, principalmente na psicologia porque está muito abalado com tudo isso que está acontecendo. Aqui a gente tem bastante idoso. Então, dificilmente, eles conseguem entender o que está acontecendo. Para eles é bem difícil, bem complicado”, afirma.

Diariamente, Adirana precisa lidar com a dor, o luto e os traumas de pacientes. Mas, para ela, a tragédia também trouxe a perda de primos, de um concunhado e de amigos.

“Eu posso falar que hoje eu sou uma pessoa doente. Estou cuidando e preciso de cuidado”, diz.

O secretário de Saúde confirma aumento do adoecimento dos profissionais da área, principalmente no campo da enfermagem. De acordo com Araújo, em 2019, foram cerca de 100 afastamentos contra aproximadamente 15 em 2018.

“É uma cidade marcada. É uma marca tão forte que eu comparo ela ao holocausto. A vida toda essa cidade vai estar marcada. (…) É uma cidade toda doente recebendo essa ressonância do fato ocorrido há muito pouco tempo. Então é uma coisa que vai demorar a passar”, diz.

De acordo com a Vale, cerca de 600 famílias estão sendo acompanhadas por profissionais do Programa Referência da Família, como forma de garantir assistência às pessoas diretamente atingidas pelo rompimento.

“Como se trata de um luto coletivo, os esforços voltados à saúde emocional devem envolver não só um trabalho direcionado aos familiares, mas à população como um todo”, afirma mineradora por meio de nota.

Ainda segundo a Vale, a empresa assinou acordo de cooperação com a prefeitura para repasses que já totalizam R$ 32 milhões destinados, exclusivamente, à ampliação da assistência de saúde e psicossocial no município. Em 2019, foram realizados mais de 18 mil atendimentos médicos e acolhimentos psicossociais à população.

O Globo


Lula participa de ato em Betim nesta sexta-feira

O ex-presidente Lula estará em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta sexta-feira (24), de acordo com sua assessoria de imprensa. Ele vai participar de um ato realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

O evento integra uma série de ações referentes ao aniversário de um ano da tragédia em Brumadinho. Um deles é uma marcha iniciada pelo MAB nesta segunda-feira (20) em Belo Horizonte. A intenção dos participantes é seguir até Pompéu, na região Centro-Oeste de Minas, para depois ir ao epicentro da tragédia, percorrendo cerca de 300 quilômetros.

A chegada a Brumadinho acontece no sábado (25), quando completa-se um ano do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, que contabiliza 259 mortos e 11 desaparecidos.

Hoje Emdia


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