Brasil: la Fiscalía denunció al periodista Glenn Greenwald por filtrar los mensajes de Moro

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La fiscalía de Brasil denunció al periodista Glenn Greenwald

El periodista Glenn Greenwald, que había revelado los mensajes entre el ex juez Moro y los fiscales de la causa Lava Jato , fue denunciado por el fiscal brasileño Wellington Divino De Oliveira. Según el fiscal el periodista estadounidense ayudó, incentivó y orientó al grupo de hackers que filtraron los mensajes. Para Greenwald se trata de un ataque a la libertad de prensa y a la democracia. “No seremos intimidados por el gobierno de Bolsonaro”, dijo el periodista.

Greenwald, cofundador del portal The Intercept Brasil, fue denunciado junto a otras seis personas por crímenes vinculados a la «invasión de celulares de autoridades brasileñas», indicó el Ministerio Público Federal (MPF) en un comunicado. Para el MPF, las pruebas recogidas en la investigación demuestran que el periodista ayudó, incentivó y orientó al grupo durante el período en que se hackearon los celulares. Según la fiscalía, Greenwald no sólo recibió información de los hackers, sino que posteriormente realizó acciones para dificultar la investigación y reducir la posibilidad de ser responsabilizado penalmente. La justicia debe determinar ahora si da cauce a las imputaciones para abrir un proceso formal.

El hacker Walter Delgatti Neto había confesado que entregó a Greenwald miles de mensajes entre el exjuez y actual ministro de Justicia, Sergio Moro, y los fiscales de Lava Jato. En ellos se ve la connivencia entre Moro y los fiscales para dirigir la investigación, algo que podría invalidarla por completo. Por esta causa terminaron en la cárcel decenas de empresarios y políticos, entre ellos el expresidente Luiz Inácio Lula da Silva.

El portal The Intercept Brasil, dirigido por Greenwald, publicó una extensa investigación basada en el contenido de las filtraciones. Ante el escándalo, el magistrado de la Suprema Corte, Gilmar Mendes, determinó que el periodista no fuera investigado. Sin embargo, la Fiscalía alegó que fue encontrado un audio con el diálogo entre Greenwald y uno de los hackers, en el que el periodista habría «orientado» al grupo delictivo.

Para Greenwald la denuncia es en castigo por su investigación sobre la causa Lava Jato. “Es un intento obvio de atacar la prensa libre en represalia por las revelaciones que relatamos sobre el ministro Moro y el Gobierno de Bolsonaro», dijo el periodista. También aseguró que es un ataque a la Corte Suprema que ya había determinado el derecho a la libertad de prensa. «No seremos intimidados por esos intentos tiránicos de silenciar a los periodistas. Estoy trabajando ahora con nuevos informes y continuaré haciendo mi trabajo periodístico”, aseguró el director de The Intercept.

El fiscal De Oliveira ya había emitido una denuncia contra el Presidente de la Orden de Abogados del Brasil, Felipe Santa Cruz , por criticar al ex Juez Moro. Santa Cruz, hijo de un detenido desaparecido durante la dictadura militar en Brasil, tuvo varios cruces con el actual ministro de justicia y el presidente Bolsonaro. Uno de ellos fue aprovechado por De Oliveira para iniciarle una causa que luego la justicia brasileña desestimó. Greenwald se encargó de recordar esa intervención del fiscal. “Obviamente está aprovechándose de su cargo para atacar enemigos políticos”, manifestó el periodista.

Página 12


MPF denuncia jornalista Glenn Greenwald por invasão de celulares

O Ministério Público Federal em Brasília denunciou nesta terça-feira (21) o jornalista Glenn Greenwald e mais seis pessoas por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras.

De acordo com o MPF, os acusados vão responder por prática de organização criminosa, lavagem de dinheiro e interceptações telefônicas.

Para os procuradores, provas coletadas na investigação demonstram que Glenn auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões.

A denúncia, feita no âmbito da Operação Spoofing, é assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, que relata que a organização criminosa executava crimes cibernéticos por meio de três frentes: fraudes bancárias, invasão de dispositivos informáticos (como, por exemplo, celulares) e lavagem de dinheiro.

Além de Glenn, outras seis pessoas também foram denunciadas. Segundo o MPF, Walter Delgatti Netto e Thiago Eliezer Martins Santos atuavam como mentores e líderes do grupo. Danilo Cristiano Marques era “testa-de-ferro” de Walter, proporcionando meios materiais para que o líder executasse os crimes.

O MPF também aponta Gustavo Henrique Elias Santos como programador, que teria desenvolvido técnicas para permitir a invasão do Telegram e as fraudes bancárias. Suelen Oliveira, esposa de Gustavo, agia como laranja e “recrutava” nomes para participarem das falcatruas. E, por fim, Luiz Molição seria responsável por invadir terminais informáticos, ela também aconselhava Walter sobre condutas que deveriam ser adotadas e foi porta-voz do grupo nas conversas com Greenwald.

Envolvimento de Glenn

O MPF afirma que durante a análise de um MacBook apreendido, com autorização da Justiça, na casa de Walter Delgatti, foi encontrado um áudio de um diálogo entre Luiz Molição e Glenn. A conversa teria ocorrido logo após a divulgação, pela imprensa, da invasão sofrida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Segundo os procuradores, nesse momento, Molição deixa claro que as invasões e o monitoramento das comunicações telefônicas ainda eram realizadas. Ele teria ainda pedido orientações ao jornalista sobre a possibilidade de “baixar” o conteúdo de contas do Telegram de outras pessoas antes da publicação das matérias pelo site The Intercept.

O MPF narra que Greenwald teria orientado o grupo a apagar as mensagens que já foram repassadas para o jornalista de forma a não ligá-los ao material ilícito, “caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”.

Para os procuradores, Greenwald, diferentemente da tese por ele apresentada, recebeu o material de origem ilícita, enquanto a organização criminosa ainda praticava os crimes.

No documento enviado à 10ª Vara de Justiça Federal, Wellington Oliveira destaca que a “liberdade de imprensa é pilar base de um Estado Democrático de Direito e faz parte do papel da mídia desnudar as entranhas dos esquemas de poder e corrupção que assolam o país”.

Oliveira esclarece ainda que, “quando um jornalista recebe informações que são produtos de uma atividade ilícita e age para torná-las públicas, sem que tenha participado na obtenção do conteúdo ilegal, cumpre seu dever jornalístico. No entanto, os diálogos demonstraram que Glenn Greenwald foi além ao indicar ações para dificultar as investigações e reduzir a possibilidade de responsabilização penal”.

Com exceção de Glenn, todos os outros denunciados responderão pelo crime de lavagem de dinheiro.

Istoé


Intercept afirma que MP se presta a papel político ao tentar criminalizar o jornalismo

O Intercept declarou que a Polícia Federal analisou os mesmos diálogos, não imputou qualquer conduta criminosa a Glenn Greenwald e disse não ser possível identificar a participação moral e material dele nos crimes investigados.

O Intercept afirmou que o Ministério Público “se presta a um papel político ao tentar criminalizar o jornalismo”.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) considerou a denúncia contra Glenn Greenwald um atentado à Constituição federal e pediu que a Justiça a rejeite.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) declarou que o Ministério Público Federal abusou de suas funções para perseguir um jornalista.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) disse que a denúncia é mais um ataque à liberdade de imprensa e que Glenn Greenwald cumpriu apenas seu dever profissional.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declarou que a denúncia criminaliza a mera divulgação de informações, num claro risco para a liberdade de imprensa.

Numa rede social, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do Democratas, também falou em ameaça à liberdade de imprensa. Disse que jornalismo não é crime e que sem jornalismo livre não há democracia.

Outros denunciados

A defesa de Walter Delgatti Neto, Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira disse que a denúncia tem irregularidades processuais, cunho político e é desprovida de embasamento técnico.

A defesa de Luiz Henrique Molição não quis se manifestar.

O JN não teve resposta dos advogados de Thiago Eliezer e Danilo Cristiano Marques.

G1


ONU pedirá explicações do Brasil sobre denúncia do MPF contra Glenn Greenwald

Na ONU, a denúncia do MPF contra o jornalista do site The Intercept Brasil Glenn Greenwald já é assunto. O relator da entidade sobre liberdade de expressão, David Kaye, irá cobrar explicações do governo de Jair Bolsonaro sobre o tema.

Kaye disse à coluna de Jamil Chade, do UOL, que teme que a ação do MP intimide o jornalista. «Dado o papel de Greenwald como um jornalista cobrindo o governo brasileiro e questões políticas, eu acho extremamente preocupante que isso possa fazer parte de um esforço para intimidá-lo para que pare de fazer jornalismo».

Em 2019, o relator David Kaye falou, por meio de carta, que o governo de Jair Bolsonaro tinha a obrigação de proteger Glenn. «É obrigação dos Estados instituir medidas eficazes de proteção contra ataques destinados a silenciar aqueles que exercem o seu direito à liberdade de expressão».

«Isto implica uma obrigação de se abster de tais ataques», completou.

Brasil 247

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