Lula saludó a Alberto Fernández y Bolsonaro afirmó: «no pensamos romper nada con Argentina»
Lula da Silva le escribió una carta a Alberto Fernández desde la cárcel
El ex presidente de Brasil Luiz Inácio Lula da Silva envió una carta desde la cárcel al electo mandatario de Argentina, Alberto Fernández, para felicitarlo por su triunfo electoral y agradecerle «la solidaridad» con la campaña que reclama su libertad. Lula, también, pidió a Alberto F. que le envíe un abrazo a «la compañera Cristina», le deseó un buen gobierno y que «el papa Francisco siga ayudando al querido pueblo argentino».
Lula hizo pública la carta a través de su Twitter en momentos que el actual presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, salió a decir que su gobierno se prepara «para lo peor» frente a la gestión de Alberto Fernández.
Lula consideró que «América Latina, poco a poco, va reencontrando sus lazos de fraternidad y respeto» y les deseó «buena suerte» a Alberto F. y Cristina: «Que Dios Mantenga su amor y ayuda al pueblo de Argentina».
Alberto Fernández, por su parte, le agradeció el saludo en las redes a Dilma Rousseff: «Gracias, querida Dilma. Vamos a recorrer juntos ese camino de desarrollo, justicia social y lucha contra la desigualdad, porque los destinos de Argentina y Brasil están atados por un lazo histórico de hermandad».
Bolsonaro, desde Arabia Saudita, dijo este martes: “Brasil estará mejor si nuestros vecinos también están bien. En el caso de Argentina, quien está volviendo es la señora Cristina Kirchner, muy ligada con Dilma, con Lula, con (Evo) Morales, con (Fernando) Lugo, el fallecido Fidel Castro y Maduro. Esa es nuestra preocupación. Sabemos que su receta económica no tuvo éxito en ningún lugar del mundo”.
Jair Bolsonaro, sobre Alberto Fernández: «Estamos preparados para lo peor»
Lejos de mostrar signos de conciliación, el presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, volvió a criticar a Alberto Fernández y a las políticas económicas que promueve el kirchnerismo. En una entrevista que brindó al diario brasileño Estadão, el mandatario dijo que «está preparado para lo peor» en referencia al futuro gobierno de Fernández y aseguró que lo que se conoce como el plan económico del Frente de Todos «no va a funcionar».
Al mismo tiempo, luego de haber amenazado con evaluar sanciones contra la Argentina en el Mercosur si el país se niega a avanzar en la reducción de aranceles y en la flexibilización del bloque, el mandatario aseguró que no piensa «romper» con nuestro país, pero también espera que la futura administración continúe con las políticas de Mauricio Macri.
» Nos estamos preparando para lo peor porque lo que se ha anunciado hasta ahora en el paquete económico del presidente electo es una receta que ya conocemos, ya que fue adoptada en parte en Brasil en el pasado, y no puede funcionar», dijo Bolsonaro.
El funcionario, que no felicitó a Fernández por su triunfo, señaló que Cristina Kircher está «estrechamente vinculada» a Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva, Fidel Castro y Nicolás Maduro. «Esa es nuestra preocupación. Sabemos que el plan económico no funcionó en ninuna parte del mundo. «Algunos han sido probados aquí en el pasado y han fallado. Supimos que el plan de Fernández podría ser congelar los precios y aumentar los salarios. No va a funcionar. Sería muy fácil la economía de esa manera, pero no existe tal milagro», lanzó.
Bolsonaro enfatizó en que no pretende romper las relaciones con la Argentina pese a el cambio de signo político, pero advirtió que su gobierno espera que continúen las mismas políticas de Macri. «Apertura, libertad económica, respeto por las cláusulas democráticas del Mercosur», enumeró.
En la entrevista, Bolsonaro también se refirió a las crisis que se vive en Chile y al proceso electoral en Uruguay, donde habrá ballottage entre el izquierdista Frente Amplio y el líder del Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, quien estaría en más sincronía con los ideales económicos de Brasilia.
«Brasil será mejor si a nuestros vecinos también les va bien. En mi último viaje a Chile todo estaba en paz. Ahora se encuentra en un momento de incertidumbre. Esperamos que vuelva a la normalidad», dijo el presidente, que vinculó lo que está ocurriendo en ese país con la derrota de Macri en las elecciones. Según él, ambos países quedaron a medio camino de las reformas necesarias.
«[Macri] No hizo las reformas que tuvo que hacer en el pasado. Hizo reformas a medias y estuvo muy cerca de las banderas izquierdistas (…). Y Chile es un poco similar, incluso en la misma línea», dijo.
Sobre Uruguay, en tanto, Bolsonaro dijo que la oposición está «más en línea» con su «pensamiento liberal» y que espera que en la segunda vuelta se imponga «alguien más conectado con nuestro equipo», aunque destacó no haber tenido problemas vinculados a la economía con el actual presidente, Tabaré Vázquez.
Lula a Alberto Fernández: cuidem com carinho dos meus irmãos argentinos
O ex-presidente Lula publicou uma carta desejando boa sorte ao presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, e a vice Cristina Kirchner, e agradeceu à solidariedade prestada a ele e ao Brasil.
«Desejo que vocês façam uma boa governança e cuidem com carinho dos nossos irmãos e irmãs argentinos», diz Lula no texto, escrito a mão. «A América Latina pouco a pouco vai reencontrando seus laços de fraternidade e respeito», completa.
No domingo de eleição, dia do aniversário de Lula, Fernandez fez uma postagem nas redes sociais desejando a liberdade do ex-presidente. Uma mensagem similar foi dita em seu discurso de vitória, na noite do mesmo dia.
Leia abaixo a íntegra:
Carta do ex-presidente Lula ao presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández (@alferdez). pic.twitter.com/JwJrKuDBQV
— Lula (@LulaOficial) October 29, 2019
‘Nos preparamos para o pior’, diz Bolsonaro sobre vitória da esquerda na Argentina
O presidente Jair Bolsonaro disse não pretender romper relações com a Argentina após a vitória de Alberto Fernandez, representante da esquerda, nas eleições no último domingo, mas espera que o lado de lá continue com as mesmas práticas de Mauricio Macri – abertura, liberdade econômica e respeito às cláusulas democráticas do Mercosul. «Nos preparamos para o pior. O que foi anunciado até o momento no pacote econômico do presidente eleito, essa receita já sabemos. Como em parte já foi adotada no Brasil no passado, não tem como dar certo», afirmou em entrevista ao Estadão/Broadcast em Riad, onde cumpre a última etapa da viagem a países asiáticos.
Um dos planos de Fernández para estancar a crise no país prevê o congelamento de preços por 180 dias e garantia de aumento salarial de emergência – a inflação acumulada no último ano está perto de 60%.
Ao se referir à derrota do aliado na América do Sul, Bolsonaro identificou como «erro» o distanciamento de Macri do movimento conservador, além da dificuldade para aprovar reformas. O mesmo vale para o Chile. «Costumo dizer que quem fica no meio do caminho, mais cedo ou mais tarde, não tem como ir para frente nem vir para trás e aí vem a derrota», disse o presidente.
Questionado se há algum incômodo em buscar negócios com a Arábia Saudita ou com a China, que possuem regimes autoritários, Bolsonaro negou. Mas defendeu o «direito» de criticar países como Cuba e Venezuela pela falta de liberdade. «Lá, na América do Sul, são nossos vizinhos e me dou a esse direito.»
A seguir, os principais trechos da entrevista:
O sr. pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para não haver mal entendido com a reforma administrativista. O sr. tem preocupação que a falta de discussão provoque protestos como os do Chile?
Nós não queremos causar nenhum abalo junto aos trabalhadores do Brasil, com propostas que na prática não queremos implementar. Quando se fala em quebra de estabilidade (do servidor público), isso está sendo discutido para os futuros servidores. Para os atuais, todos os direitos estão sendo preservados. Mesmo assim, tenho dito que essa reforma administrativa tem de ser discutida comigo e também com o Parlamento antes de ser enviada para lá, porque não queremos ter reação por parte dos parlamentares. Ele (Guedes) tem um bom trânsito com o Davi Alcolumbre (presidente do Senado), com o Rodrigo Maia (presidente da Câmara). O empresário tem uma visão muito econômica dos seus negócios. No governo, a economia tem que ter essa visão, mas não pode esquecer da política.
A ideia com o Guedes é afinar esse discurso?
Sim. É igual à questão da CPMF. Foi discutido no passado que a CPMF era um nome que estava contaminado no Brasil. De modo que devemos abandonar a CPMF, apesar de suas vantagens. Alguns ainda acham que tem espaço para retornar. E eu falei: «Olha, você pode até pensar em retornar, mas tem de dizer quais outros impostos você vai abolir». Porque não queremos aumentar, não aumentaremos a carga tributária no Brasil. Queremos simplificar os impostos, porque o número de dias que os empresários têm para acertar essa burocracia é muito grande, levando-se em conta outros países. Queremos, com as reformas, criar no Brasil um ambiente mais fácil para os negócios.
O senador Fernando Bezerra falou de a reforma tributária ficar para 2020 e Rodrigo Maia falou que ela tem de ser priorizada, junto com a administrativa… Há alguma previsão?
O ideal é aprovar isso tudo o mais rápido possível sem cometer injustiça, sem atropelar, facilitando a vida dos Estados, municípios, da União e dos empresários. Você pode ver, eu cheguei na Câmara em 1991 e nenhuma reforma desse tipo foi aprovada. Já foi feita a previdenciária, falta apenas marcar a data da promulgação. Há propostas lá na Câmara, administrativa e tributária, que estão em andamento. Quem entende de economia e quem dá o ritmo é o Guedes, continuo confiando 100% nele. Esse foi meu compromisso desde o começo. Quando há opiniões divergentes, tenho transmitido ao Paulo Guedes e à equipe para priorizarmos a menos difícil. Se aprovarmos nos próximos seis meses a tributária ou a administrativa, é bem-vinda. E, depois, se em seis meses aprovar outra, acho que nosso governo realmente vai ser consagrado, aprovando essas três reformas num espaço de tempo curto, dois anos.
Sobre o programa da empregabilidade, o senhor chegou a anunciar que atingiria quem tem até 29 anos e quem tem mais de 55. Tem algum detalhe a mais que possa destacar?
Não. Prefiro ver primeiro a proposta para lá na frente não dizerem que estamos recuando de uma coisa ou outra. O Rogério Marinho (secretário especial de Trabalho e Previdência) é uma pessoa excepcional. Já falei que, se eu conhecesse esse potencial dele lá atrás, ele estaria no primeiro escalão do meu governo. Aqui tivemos uma reclamação no Catar de um empresário falando da nossa CLT. E ele está receoso em voltar a investir no Brasil se não tiver uma reforma na CLT, porque praticamente 90% dos empregados que ele já teve, quando são exonerados, entram na Justiça e complicam a situação deles, algo que não está acostumado aqui fora. Ninguém está defendendo que o trabalhador não tenha direitos, mas no Brasil parece que há exagero.
Isso poderia ser contemplado na proposta de empregabilidade?
Ele (Paulo Guedes) pensa em desonerar a folha de pagamento. Esse é o pensamento dele e é o que o Marinho está botando no papel.
O senhor está de acordo?
É melhor você ter um emprego com menos direitos do que sonhar com um emprego com uma infinidade de direitos. Não quero aqui a informalidade, mas como a CLT é tida hoje em dia, até pela sua idade, ela tem de ser reformada. Mas, infelizmente, boa parte dela está no artigo sétimo da Constituição.
O senhor acha que a economia brasileira vai reagir para evitar convulsões sociais como a que ocorre agora no Chile? Tem essa preocupação em vista?
O Brasil estará melhor se os nossos vizinhos também estiverem bem. Na minha última viagem ao Chile estava tudo em paz. No encontro com empresários (chilenos), eles falaram que o Brasil é muito importante, porque eles têm investido em torno de US$ 35 bilhões no País. O Brasil está firme. Agora, o Chile está em um momento de incerteza. Esperamos que volte à normalidade, não é apenas pelo investimento que eles têm aqui, até porque, com estabilidade, eles não mexeriam no que têm aplicado no Brasil, muito pelo contrário. No caso da Argentina, quem está voltando é a senhora Cristina Kirchner, muito ligada com Dilma, com Lula, com Morales, com o Lugo, o falecido Fidel Castro e Maduro. Essa é a nossa preocupação. Sabemos que a sua receita econômica não deu certo em lugar nenhum do mundo. Algumas foram tentadas aqui no passado e não deram certo, como a Argentina, que ouvimos que poderia ser um plano de Fernández o congelamento dos preços e aumento de salário na base do canetaço. Isso não vai dar certo. Seria muito fácil fazer economia dessa maneira, mas não existe esse milagre.
Dificulta a agenda liberal no Brasil?
Não pensamos em romper nada com a Argentina, mas esperamos que o lado de lá continue com as mesmas práticas do Macri, abertura, liberdade econômica, respeito às cláusulas democráticas do Mercosul. Mas nos preparamos para o pior, porque o que foi anunciado até o momento no pacote econômico do presidente eleito, essa receita já sabemos, como em parte foi adotada no Brasil no passado, não tem como dar certo.
E o Brasil pode ficar isolado, dependendo do resultado de outras eleições, como Uruguai?
Isso é estudado. O Paulo Guedes despacha todo dia comigo, é um ministro que faço questão de despachar quatro vezes por semana no mínimo. É exatamente a gente casar a economia com a política. O Uruguai foi para o segundo turno, tem a situação, que vem da política do Pepe Mujica, e uma oposição que é mais alinhada com nossos pensamentos liberais e econômicos. Esperamos, torcemos que aconteça a eleição de alguém mais ligado ao nosso time, aí teríamos o Uruguai afinado conosco. Não tivemos nenhum problema com o Uruguai no tocante à economia com o atual presidente, mas temos de nos preparar sempre para o pior, porque você não pode dizer que foi surpreendido com os fatos. A política não acontece de uma hora para outra. Na Argentina não foi de uma hora para outra. Sabemos aqui onde achamos que o Macri errou.
E o que seria?
Ele não fez as reformas de tinha que fazer no passado, ele fez uma meia reformas que tinham de ser feitas e se aproximou muito das bandeiras da esquerda contra o conservadorismo. E o Chile meio parecido, até na mesma linha. Costumo dizer que quem fica no meio do caminho, mais cedo ou mais tarde, não tem como ir para frente nem vir para trás, e vem a derrota.
Essa poderia ser a diferença do sr.?
A grande diferença minha é confiar. É igual a um casamento. Você não pode casar e pensar que o outro lado vai fazer algo errado. É o que fiz com todos os ministros, confiando 100% na linha deles. Agora, tenho poder de veto em algumas ações de ministros e sempre exigi que, no caso de qualquer nova medida, entrar em contato comigo. O fato de eu poder confiar nos ministros é que tem feito a diferença do meu governo para governos anteriores e alguns governos de outros países.
O fato de Guedes não ter vindo foi uma questão de agenda?
São basicamente 12 dias que íamos ficar fora, e 12 dias é algo muito forte para ele. Logicamente que me dá um conforto muito grande viajar com Guedes, assim como com o general Heleno, pela sua experiência. É o tipo de pessoa que, quando dá um problema, vai para um canto e tem um linguajar comum entre nós, nada rebuscado, de objetivamente passar uma orientação. Quando tem uma pergunta complicada para mim, eu jogo para cima deles. O Paulo Guedes na economia se supera. Então ele faz falta, mas está tratando da questão das reformas administrativa e tributária.
Além dos acordos bilaterais, qual é o saldo da viagem à Ásia?
No Japão, foi mais um evento de cortesia, mas tratamos de assuntos importantes. Na China, tivemos encontro reservado com o primeiro-ministro, foi excepcional estarmos ao lado do nosso maior parceiro comercial. Lá vamos ampliar e diversificar nosso comércio. Depois fomos para os Emirados Árabes, Catar e Arábia Saudita. No jantar de ontem (com o príncipe Saudita) tratamos de negócios. Hoje começamos uma maratona na Arábia Saudita. Esses países, em especial os três últimos, têm um capital enorme e querem investir no Brasil. Eles querem investir em infraestrutura, inteligência artificial, energia em todas as suas fases, portos, aeroportos, querem comprar os produtos da Embraer e a questão mineral interessa também. Tenho conversado, na China em especial, para agregarmos valor no que produzimos, para não ficarmos apenas como fornecedor de commodity.
Algo ficou sinalizado para fechar quando o presidente chinês for ao Brasil, em novembro?
A ministra Tereza Cristina esteve conversando com eles. Temos, cada vez mais, habilitado frigoríficos para fornecer mais carne para a China. Basicamente, é a ampliação dos negócios. Essa ida ao Brasil é o encontro dos Brics, e vamos nos preparar para tirar proveito dele, que está meio esquecido. Mas a presença de chefes de Estado tão importantes como a China, a Rússia, a Índia…
Poderia anunciar a ampliação de plantas de frigoríficos quando o Xi Jinping for ao Brasil, então?
Sim. Não precisa anunciar quando for lá, já anuncia antes e começa a abrir o negócio. Você pode formalizar apenas, fazer evento formalizando isso daí. O Brasil está realmente muito bem no mundo todo, não é apenas nesses cinco países que visitamos. Vários outros países querem contato conosco, em especial da Europa, que já está inserida no grande acordo do Mercosul que vai levar uns dois anos ainda (para ser ratificado).
Em relação à carne, o senhor também falou no Japão. Tem sinalização para abrir o mercado?
Eu convidei o primeiro-ministro do Japão para ir ao Brasil no final de novembro e ele aceitou. Isso deve ser confirmado brevemente. E queremos ofertar a ele um churrasco com a carne brasileira. Eu tenho falado que quando fui ao Japão, a penúltima vez, fui a uma churrascaria e confesso que não me adaptei, não gostei muito da carne de origem australiana. E ali fiz uma propaganda, quando provarem a nossa carne com certeza vão dar um espaço para nós.
O sr. está agora na Arábia Saudita, chegou a mencionar o encontro com o príncipe herdeiro. Aqui é um país que possui um regime opressivo. Causa algum incômodo buscar negócios junto a um país que tem esse perfil?
Nenhum. Estou em viagem, representando o meu país, buscando ampliar os nossos horizontes comerciais. Todo país que quiser conversar conosco estamos dispostos a isso. Respeitamos as políticas dos países e não pretendemos entrar em uma linha de discutir ou opinar o que acontece lá dentro, até porque acabamos de ter uma experiência bastante preocupante no Brasil, quando de forma não republicana ou não objetiva o presidente da França atacou o Brasil e colocou em xeque a nossa soberania. Tivemos apoio de vários países, mas o mais importante foram dois, Estados Unidos, que o Trump operou diretamente em impedir sanções econômicas, e também o embaixador da China, que foi bastante claro na questão da soberania.
O sr. vê diferenças em regimes como China e Arábia Saudita em relação a governos que o sr. crítica com frequência, como Cuba e Venezuela, que possuem a liberdade democrática cerceada?
Esses países (como China e Arábia Saudita) têm o capital como fator muito importante, diferente da Venezuela e de Cuba, onde, além de não existir mais capital, existe um socialismo da sua forma mais pura. Até tenho dito, acompanhando o Trump, que o socialismo deu muito certo na Venezuela, todos são pobres e sem liberdade. Assim como o comunismo deu muito certo em Cuba. Não vou entrar nessas questões de política desses países aqui. Lá, na América do Sul, são nossos vizinhos e me dou a esse direito. Afinal, a Venezuela mudou e para pior com a chegada do Chávez e depois do Maduro ao poder. E Cuba… desde 1959 isso vem acontecendo e não podemos concordar com países onde a liberdade não tem valor para eles.
Dá para dizer que essa viagem foi uma vitória de Tereza Cristina e do agronegócio? Porque, quando deputado, o sr. foi até a China com outra postura e em relação ao Oriente Médio havia a questão da embaixada. Ela teve esse papel junto com o setor para o sr. decidir vir?
A Tereza Cristina foi uma ministra que nos surpreendeu positivamente. Ela não para. Ela tem precedido as minhas viagens, indo aos países e acertando acordos. Quando eu chego, está praticamente tudo resolvido.
Tem alguma resistência da área internacional do governo ou da ala ideológica do governo a essas visitas?
Está superado. Da minha parte, sempre reconheci o potencial econômico que a China tem a nos oferecer. A gente cuida da nossa política lá e a China cuida da política dela aqui. Mas, no tocante ao capital, ao comércio, estamos perfeitamente afinados.
Há outros países que o sr. vai visitar e tentar aproximação?
Este ano ainda vamos para os EUA, na Flórida, onde um senador norte-americano quer reunir empresários americanos e eu levaria empresários também visando a trocas comerciais.
Bolsonaro planeja viagem aos EUA para se contrapor a Argentina
O presidente Jair Bolsonaro pretende encerrar seu primeiro ano de governo com uma viagem aos Estados Unidos —a quarta desde que foi eleito ao cargo— e reforçar a imagem de parceria com Donald Trump no momento em que se intensifica o isolamento do Brasil na condução de sua política externa.
Diante da recente reação da esquerda na América do Sul, com protestos populares em países com presidentes de centro-direta, como o Chile, e a volta de líderes de esquerda na Argentina, Bolsonaro recorrerá em novembro aos laços com o aliado americano, em uma agenda que pode incluir um encontro com o republicano.
O roteiro da viagem está sendo esboçado pelo governo brasileiro e deve contar com passagens pela Flórida e por Washington, com o intuito de tentar melhorar a imagem do Brasil no exterior e atrair investidores estrangeiros para projetos de infraestrutura concedidos à iniciativa privada.
Na nova visita, a ideia é também, de acordo com auxiliares presidenciais, reforçar a relação de proximidade entre Bolsonaro e Trump, em um contraponto ao novo governo da Argentina, e renovar o apoio da base eleitoral do brasileiro, que é entusiasta do alinhamento com os americanos.
Bolsonaro se recusou a cumprimentar Alberto Fernández, presidente eleito no domingo e de centro-esquerda, enquanto o Departamento de Estado dos EUA divulgou nota parabenizando o argentino e se dizendo “pronto para trabalhar juntos” pelos interesses dos dois países.
A ideia de encerrar o ano com mais um deslocamento aos Estados Unidos surgiu após um convite do senador republicano Rick Scott, que se reuniu com Bolsonaro no início de outubro, no Palácio do Planalto.
Na audiência, Scott sugeriu a Bolsonaro que visitasse neste ano a Flórida para ministrar uma palestra a investidores americanos sobre os potenciais de investimento no Brasil. O estado americano, pelo qual o senador foi eleito, é considerado o reduto do eleitor latino conservador nos Estados Unidos.
Em viagem ao Japão, na semana passada, Bolsonaro relatou à Folha o convite do senador e disse que a viagem deve ocorrer em novembro, mas que falta definir a data exata.
«Ele [Scott] quer reunir empresários deles e nós levarmos alguns dos nossos para investimento, fazer negócio no Brasil. Só está faltando a data. O Brasil tem pressa e devemos aproveitar essa oportunidade, porque temos de decolar na economia», disse.
Na Florida, Bolsonaro também deve se reunir com a comunidade brasileira do estado americano. Ele já havia tentado promover esse encontro nas viagens que fez neste ano aos Estados Unidos, mas nunca conseguiu viabilizá-lo.
A Flórida é um dos principais focos da campanha à reeleição de Trump e tem sido palco do presidente americano na tentativa de fortalecer os laços com sua base, ancorado no discurso anti-imigração ilegal.
Assim como o senador republicano Marco Rubio, que também deve se reunir na Flórida com o presidente brasileiro, Scott é frequentemente elogiado pela família Bolsonaro, alinhada às críticas aos regimes de Cuba e da Venezuela.
O Palácio do Planalto quer aproveitar a viagem à Flórida para que Bolsonaro faça uma parada em Washington e participe do CEO Fórum, encontro de diretores de multinacionais americanas e brasileiras promovido pela Amcham, a Câmara Americana de Comércio.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário de comércio exterior, Marcos Troyjo, devem comparecer. O esforço da diplomacia brasileira tem sido o de que, na capital americana, Bolsonaro seja recebido por Trump.
Até o momento, no entanto, o encontro não foi marcado. A expectativa de assessores presidenciais ouvidos pela Folha é de que, em uma eventual audiência entre os dois, Bolsonaro tente arrancar novo compromisso de Trump de ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
No início do mês, o governo dos Estados Unidos deu respaldo às candidaturas da Argentina e da Romênia, em uma carta enviada ao órgão comercial. O documento, no entanto, não citou o Brasil, mesmo após Trump ter se comprometido a apoiar a candidatura brasileira.
Nesta quinta-feira (31), Bolsonaro encerra uma viagem de mais de dez dias pelo continente asiático. Apesar da grande expectativa da equipe brasileira, até agora nenhum grande acordo comercial foi fechado na passagem dele por Japão, China, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita.
Em novembro, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, deve vir ao Brasil para formalizar o início das negociações para um acordo entre Mercosul e Japão. Na passagem por Washington, Bolsonaro também pretende abordar com Trump a possibilidade de um acerto do bloco comercial com os Estados Unidos.
Apesar do esforço, tanto o Ministério da Economia como o de Relações Exteriores, a pedido do Palácio do Planalto, têm feito estudos para avaliar os impactos de uma eventual saída do Brasil do Mercosul. No centro do debate, está a resistência da Argentina a uma política de redução da TEC (tarifa externa comum).