Carta de Lula a los congresos estatales: «Brasil necesita mucho del PT»
Carta de Lula aos Congressos Estaduais: “Brasil precisa muito do PT”
Companheiras e companheiros,
Passei mais da metade da vida no PT e a cada dia aumenta o meu orgulho deste partido que criamos de baixo para cima, há quase 40 anos, e que nunca traiu o povo brasileiro. Parabéns pelo PED com a participação de mais de 350 mil filiados em todo o país! Foi uma aula de democracia numa hora em que é tão importante defender a liberdade e os direitos. Quantas vezes decretarem o fim do PT, tantas vezes vamos erguer bem alto nossa bandeira.
O Brasil nunca precisou tanto do PT forte e unido para resistir e avançar junto com o povo. Não podem apagar nossa história nem o legado de nossos governos que mudaram o país. Por isso atacam os direitos dos trabalhadores, o valor real do salário, o emprego, a previdência, as universidades públicas, o Bolsa Família, a transposição, os programas que ajudam o povo e que fizeram o país crescer.
Foi para destruir o Brasil e a nossa soberania que me proibiram de ser candidato, fizeram uma campanha de fraude e mentira contra o Fernando Haddad e botaram lá esse governo de destruição do país. É muito grande a nossa responsabilidade, como partido de oposição com propostas de mudança, e devemos refletir sobre isso nos Congressos Estaduais deste fim de semana, rumo ao 7o. Congresso Nacional.
Nossa conversa é com o povo e com os partidos, movimentos e lideranças que propõem retomar o crescimento com inclusão social, na democracia plena. A Globo e outros responsáveis pelo resultado da eleição podem até se envergonhar de Bolsonaro agora, mas não dão uma palavra contra a política econômica que rouba dos trabalhadores e dos mais pobres para enriquecer ainda mais os ricos. Nem contra a entrega do patrimônio nacional aos estrangeiros. Porque é isso que eles querem, seja quem for o presidente.
O que o Brasil espera do PT é que estejamos na linha de frente contra o desmonte da educação, o fim da previdência pública, os novos ataques aos direitos trabalhistas. Nosso papel é resistir aos leilões criminosos do petróleo e ao projeto que tira da Petrobras as áreas do pré-sal. É defender nossa Amazônia, os indígenas, a reforma agrária, os sem teto; contra a censura e a favor da democracia. É na luta pelas causas mais justas que vamos construir a unidade da oposição com o povo.
O país espera propostas para sair dessa crise, e nós temos. Cada petista tem de carregar debaixo do braço nosso Plano Emergencial de Emprego e Renda, pra mostrar que é possível em curto prazo criar 7 milhões de empregos. Tem de andar com a proposta de reforma tributária que apresentamos com os partidos de oposição, pra mostrar que é possível cobrar mais dos que têm muito e ser mais justo com quem precisa. Mostrar o que os governadores do PT estão fazendo de novo e de bom, junto com nossos aliados no Nordeste.
Temos de nos preparar para levar esta mensagem de resistência, esperança e verdade na campanha eleitoral do próximo ano. Será um momento de denunciar o que estão fazendo contra o povo e o Brasil, e o que armaram para nos tomar a eleição em 2018. Cobrar a investigação cabal das redes de mentiras e do laranjal do PSL. Mostrar que Bolsonaro, Moro e Dallagnol são os verdadeiros corruptos, pois corromperam a justiça e o processo democrático.
Nenhum partido sobreviveria à campanha de ódio e descrédito que fazem há anos contra o PT. Eles sabem que somos a esperança e o futuro, porque nunca traímos o povo e fizemos o melhor governo que este país já teve. Somos a maior ameaça ao projeto político e econômico da destruição, e por isso tentam nos dividir e dividir a oposição. Nessa hora cada dirigente tem de ter consciência de nossa responsabilidade para não fazer o jogo dos adversários. O PT forte, unido e junto com o povo é o que eles mais temem.
Quero por fim agradecer a solidariedade e a luta de cada militante para que eu tenha um julgamento justo. Peço que expliquem às pessoas por que não troco minha dignidade por minha liberdade. É porque a liberdade que a Lava Jato quer para mim é falsa, pela metade, com humilhação e sem direitos políticos. Sabem que não dá mais para esconder as mentiras e os crimes que cometeram para me tirar das eleições, e isso ainda há de ser reconhecido na Suprema Corte. São eles que têm de se preocupar com o dia de amanhã, não eu. Porque a verdade vencerá.
Desejo a todas e a todos que façam bons debates e fortaleçam a nossa unidade a partir dos Congressos Estaduais, porque o Brasil precisa muito do PT.
Até o dia do nosso reencontro com a liberdade e a democracia, rumo a um Brasil melhor e mais justo.
Um forte abraço do companheiro
Luiz Inácio Lula da Silva
Curitiba, 18 de outubro de 2019
Lula aguarda STF e já faz plano de caravanas pelo país caso deixe a prisão neste ano
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dito a aliados que, na hipótese de deixar a prisão em breve, pretende rodar o Brasil e assumir o papel do que tem chamado de “fio condutor da pacificação nacional”.
A expectativa pela liberdade ocorre no momento em que o STF (Supremo Tribunal Federal) inicia o julgamento sobre a constitucionalidade da prisão de condenados em segunda instância, e a Segunda Turma da corte se prepara para retomar a discussão sobre a alegada suspeição do ex-juiz Sergio Moro, que pode levar à anulação da condenação do petista no caso do tríplex de Guarujá.
Em conversas recentes na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Lula tem adotado o discurso de que é preciso trabalhar pela unidade nacional e dar um basta ao clima de beligerância que se acentuou no país desde a eleição de 2018.
“Lula em liberdade é um agente político importante e vai ter, obviamente, um papel relevante não só para o PT mas também para o Brasil”, disse a presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
“O povo brasileiro tem confiança no Lula -principalmente o povo pobre- e isso dá a ele condições de ter uma atuação política de enfrentamento mais sistemático a tudo que está acontecendo e à destruição a que o país está sendo submetido”, afirmou.
Embora Lula possa ser beneficiado ao final do julgamento no STF das ações que discutem se é constitucional prender condenados antes de esgotados todos os recursos, o ex-presidente aposta que o Supremo vai referendar a tese de falta de imparcialidade de Moro, hoje ministro da Justiça, na condução do processo do tríplex. Nesse caso, a sentença pode ser anulada e o caso voltaria aos estágios iniciais.
Com isso, Lula sairia da cadeia e também teria de volta os seus direitos políticos, cassados após a condenação em segunda instância, enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Nesse cenário, dizem aliados do petista, está a eleição presidencial de 2022. A avaliação é a de que, hoje, só Lula tem força para derrotar Bolsonaro e a direita na disputa ao Planalto.
Mas uma eventual candidatura de Lula em 2022 só ocorreria se até lá o petista não tiver nenhuma condenação em segunda instância -barreira criada pela Lei de Ficha Limpa. O caso do sítio de Atibaia, por exemplo, no qual o petista já foi condenado em primeira instância, deve ser julgado nos próximos meses pelo TRF (Tribunal Regional Federal).
Segundo pessoas próximas a Lula, a expectativa eleitoral também pesa no discurso de que não troca sua dignidade por sua liberdade, além do argumento de que se trata, na visão do petista, de um processo ilegítimo conduzido por um juiz supostamente parcial.
Na sexta (18), a defesa do petista disse à Justiça que Lula não aceita o pedido de progressão para o regime semiaberto, feito pela Procuradoria.
O caso está nas mãos da juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução penal do ex-presidente. Lula abre mão do semiaberto porque não quer ficar imobilizado em uma cidade, como Curitiba, ter de voltar à PF todas as noites para dormir e ainda usar tornozeleira eletrônica, por exemplo.
Os petistas mais pragmáticos afirmam que, caso Lula deixe a prisão mas não consiga aval para andar pelo Brasil, o novo abrigo -possivelmente seu apartamento em São Bernardo do Campo- será transformado em uma espécie de “centro de peregrinação”.
A ideia, porém, é rejeitada por Lula, que tem dito que não planeja transformar sua casa em uma nova prisão.
Segundo aliados, o petista almeja percorrer o país em condição de liberdade plena para poder ter legitimidade de questionar as ações do governo Bolsonaro e se apresentar como líder de um movimento capaz de fazer frente “à destruição que está aí”.
“O povo está num sofrimento imenso. E quem andava o Brasil? Quem pisava no chão que o povo pisa? Hoje não temos uma liderança que faça isso. Quem sempre fez isso foi Lula -antes de ser presidente, durante o mandato e depois”, disse Gleisi.
Em caravana, Lula pretende disseminar a ideia de que ele e o PT têm um projeto capaz, nas palavras dos petistas, de “salvar” o Brasil.
O discurso será amparado em um plano elaborado pelo PT. Chamada de “Plano Emergencial de Emprego e Renda”, a proposta apresenta nove diretrizes que prometem gerar 7 milhões de empregos a curto e médio prazo.
“O brasileiro sente a crise econômica na pele e no bolso. A pobreza voltou a assombrar, e o Brasil está voltando ao mapa da fome. Gás, gasolina e álcool cada vez mais caros e o desemprego batendo recorde.
Enquanto o povo paga a conta da crise, o governo corta investimento em educação, em saúde e acaba com a sua aposentadoria. Tira dos mais pobres para entregar aos mais ricos”, diz o plano.
A fala direcionada aos mais pobres, avaliam petistas, está atrelada à trajetória de Lula e tem potencial de reposicioná-lo no cenário político, após uma eventual saída da prisão.
O aumento da desigualdade no Brasil em 2018, apontado pelo IBGE, corrobora o discurso que Lula pretende levar em uma eventual andança pelo país, avaliam petistas.
A pesquisa divulgada na quarta-feira (16) mostrou que, de toda a renda do país, 40% estão concentrados nas mãos de 10% da população, e que a renda dos mais pobres caiu mais de 3% e a dos mais ricos aumentou mais de 8%.
Na avaliação interna do PT, os dados atuais dão mais respaldo ao discurso de que na época do petista era diferente.
As caravanas de Lula pelo país ainda não são discutidas de forma oficial pelo PT, mas os dirigentes admitem que há a expectativa de que ele possa começar a percorrer o Brasil o quanto antes e seja peça fundamental para as eleições municipais de 2020.
Por enquanto, Lula já fez alguns pedidos aos correligionários. Assim que sair da prisão, ele quer um ato no acampamento montado pela militância na frente da PF e depois vai visitar os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Delúbio Soares, que dão expediente na sede da CUT do Paraná. Só depois ele iria para São Paulo, ser recebido com festa. As informações são da FolhaPress.