Brasil: familiares de los cuatro jóvenes asesinados por policías en Curitiba reclaman justicia 

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“Eram só crianças”, gritam moradores do Parolin em protesto contra morte de 4 jovens

“Justiça por Felipe e Gustavo menores assassinados injustamente”. Essas eram as palavras que estampavam um dos cartazes empunhados no Parolin, em Curitiba, nesta segunda (30). Ali, moradores protestavam contra o assassinato de quatro jovens da comunidade, ocorrido na sexta (27).

Do fim da tarde até o anoitecer, dezenas de pessoas caminharam pelas ruas do Parolin gritando palavras de ordem que pediam por justiça, pela desmilitarização da polícia e lembravam, em gritos ecoantes, que os jovens mortos “eram só crianças”.

Dos quatro, apenas um era maior de idade. Eduardo Augusto Damas tinha 21 anos, Elias Leandro Pires Pinto tinha 17 anos, Felipe Bueno de Almeida tinha 16 anos e Gustavo Bueno de Almeida tinha 14 anos. Na sexta (27), os jovens estavam no mesmo carro, no bairro Hauer, quando foram mortos a tiros durante uma perseguição policial.

Na versão da polícia, houve perseguição e troca de tiros, pois o carro era roubado. Já os moradores alegam que os jovens não andavam armados, não reagiram e não houve confronto, somente a perseguição policial e o assassinato dos jovens.

“Sempre eles tentam ‘tirar o deles’, colocando as pessoas que eles [polícia] matam como marginal. Primeiro matam e depois veem se é bandido ou se tem família”, disse Solange Bueno, mãe de Felipe e Gustavo. Solange contou que, no dia do assassinato, os filhos tinham marcado um jogo de futebol para o fim da tarde. Antes disso, um grupo de amigos convidou-os para “dar um rolê”. “Eles foram e não voltaram mais”, contou.

Felipe e Gustavo trabalhavam com a mãe, catando material para reciclagem. No dia 16 de outubro, Gustavo faria 15 anos. Ao lembrar dos filhos, Solange conta que eles eram brincalhões e queridos pela comunidade do Parolin.

Nenhuma vida a menos

Também presente no protesto desta segunda, o pai de Elias Leandro mostrou indignação ao afirmar que não existe nenhum tipo de justificativa para o assassinato de uma pessoa.

“Nesse momento, ele tendo passagem ou não, não dá direito da polícia vir e executar. Se ele estava fazendo coisa errada, eles [polícia] deveriam parar de alguma maneira, e não matar…prendendo, batendo que fosse, mas não matando”, afirmou.

O pai contou ainda que Elias Leandro tinha acabado de tirar sua carteira de trabalho, estava prestes a começar em um emprego novo e havia sido encaminhado pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) para começar a estudar no Instituto Salesiano de Assistência Social.

Membro da rede Nenhuma Vida a Menos, Gabriela Luiza explicou que os quatro jovens do Parolin estão dentro um “perfil comum” para jovens assassinados no Brasil.  “A letalidade policial sempre encontra o alvo na periferia. A gente pode verificar não só pelas estatísticas mas pela própria vivência aqui. Pra além das estatísticas, tem gente chorando com esses números, sentindo na pele esses números, carregando esses números no dia-a-dia”, afirmou.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Brasil é um dos países mais violentos do mundo, tendo registrado, em 2018, 57.341 mortes violentas. O perfil das vítimas é de homens (99,3%), em maioria negra (75,4%), com estudo até o ensino fundamental (81,5%). Ainda de acordo com dados do FBSP, a violência policial aumentou em 19,6% de 2017 para 2018. No último ano, foram 6.220 vítimas fatais da violência policial.

Este foi o segundo protesto de moradores do Parolin contra o assassinato dos jovens. O primeiro ato, realizado no sábado (28), foi violentamente reprimido pela polícia. Nesta segunda, os moradores fecharam, com pneus em que atearam fogo, duas das principais vias do bairro. Houve um início de repressão policial com tiros de balas de borracha, mas o protesto acabou de forma pacífica e sem feridos. Os moradores pretendem realizar atos diariamente, ao longo desta semana.

Brasil de Fato


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