En busca del equilibro en la Amazonía – O Globo, Brasil
Los conceptos vertidos en esta sección no reflejan necesariamente la línea editorial de Nodal. Consideramos importante que se conozcan porque contribuyen a tener una visión integral de la región.
A busca pelo equilíbrio na Amazônia
Transformada em assunto mundial, merecidamente, e colocada no centro de uma crise diplomática em que só o Brasil perdeu, a Amazônia precisa ser tratada por todos com serenidade. O presidente francês, Emmanuel Macron, errou ao levar a questão do desmatamento e das queimadas na região ao encontro do G-7, sem a presença do Brasil, e de uma forma que só fez inflar o velho sentimento nacional de “defesa da Amazônia” historicamente cultivado pelos militares.
De forma acertada, no encontro, a chanceler alemã, Angela Merkel, descartou a ideia de Macron de impedir a assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, em retaliação. Na verdade, Macron se aproveitou da crise para se livrar das pressões que sofre dos agricultores franceses contra o tratado. Mas a melhor forma de induzir o governo brasileiro a proteger a Amazônia é firmar o acordo, em que existe uma cláusula ambiental.
O lado brasileiro também precisa rever a atuação. Não bastasse Bolsonaro haver prometido que o Brasil sairia do Acordo de Paris sobre o Clima — erro de que recuou —, seu governo, por meio do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, passou a desmantelar os sistemas de vigilância e de controle da região.
Mesmo que as queimadas da temporada não tenham sido tão grandes como no passado, o desmatamento na Amazônia, entre janeiro e agosto, quase dobrou (aumento de 91,9%), em relação ao ano passado, de acordo com os dados do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cujo diretor, o cientista Ricardo Galvão, foi exonerado.
O flagrante descaso com os sistemas de vigilância da região, exposto pelo corte de verbas, por exemplo, para a prevenção de incêndios no ano que vem, pode ter a justificativa da crise fiscal. Ou isso servir de álibi conveniente.
Passados os momentos mais tensos da crise, o aconselhável é se buscar um terreno comum em que se possa dialogar em busca de apoio a ações razoáveis de proteção da floresta, mas sem impedir sua exploração econômica, para dar subsistência aos 20 milhões de habitantes daquela região.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem demonstrado a serenidade que falta a outras autoridades. Faz parte do governo Bolsonaro, o qual defende de acusações que considera infundadas, mas não descarta a ajuda externa e apoia a integração de pequenos agricultores e suas comunidades a sistemas de produção que usem métodos autossustentáveis. Quem será contra?
Os governadores dos estados locais contribuem para a moderação, ao fazerem contatos com diplomatas da Noruega e Alemanha, a fim de restabelecer o funcionamento do Fundo Amazônia, onde há US$ 1,3 bilhão em doações para projetos como os citados por Tereza Cristina. É preciso equilíbrio e sensatez nesta hora.