Brasil: multitudinaria marcha estudiantil culmina con llamado a paro nacional el 14 de junio
Los estudiantes salen a defender la universidad
Por segunda vez en quince días los estudiantes se movilizaron en una centena de ciudades para defender la educación pública y contra el recorte presupuestario ordenado por Jair Bolsonaro y su ministro de Educación, el circense Abraham Weintraub. La primer concentración comenzó a las 10 de la mañana en Brasilia donde miles de jóvenes marcharon hacia el Congreso. Fueron movilizadas tropas federales, como si el acto amenazara la seguridad nacional, y hubo represión.
La marcha más esperada ocurrió a la tarde en San Pablo, coincidiendo con la visita del ex presidente Barack Obama, al convite de un grupo de empresas multinacionales. Obama hizo un discurso que tal vez haya sido bien recibido por la Unión Nacional de Estudiantes (UNE) brasileña y seguro resultó indigesto para Bolsonaro. Recomendó que los profesores sean “debidamente valorados” con salarios a la altura de su papel en la sociedad porque “dar una buena educación no es caridad, es algo necesario para el desarrollo económico de un país”.
El panorama observado al cierre de esta crónica, cuando aún no habían concluido las marchas en San Pablo y Río de Janeiro, mostraba que la capacidad de convocatoria de la UNE, la UBES (Unión Brasileña de Estudiantes Secundarios), y de los profesores mantiene la vitalidad mostrada el 15 de mayo o el “15M”, una fecha bisagra en el enfrentamiento al gobierno que mañana cumplirá cinco meses de gestión, en los que perdió alrededor de veinte puntos de aprobación. Es casi seguro que ayer no se movilizaron 1,5 o 2 millones de personas como ocurrió el 15M, pero sí cientos de miles, y esto es un aliciente de cara a la huelga general convocada para el próximo 14 de junio por todas las organizaciones sindicales.
Las protestas de este jueves y la huelga del mes que viene, que tendrá como principal bandera el rechazo a la reforma previsional, están “totalmente ligadas”, aseguró Mayara Souza, presidenta de la Unión Estadual de los Estudiantes de San Pablo. “Este gobierno chantajista y autoritario” quiere condicionar la revisión del recorte del 30 por ciento de gastos de la educación a la aprobación de la reforma jubilatoria, sostuvo. “Los banqueros no pagan impuestos y quieren que la educación y los más pobres paguen el pato de la crisis económica”, arengó la joven a las cuatro y media de la tarde en el Largo da Batata, oeste de la ciudad, cuando las batucadas marcaban el ritmo. De allí iban a partir las columnas hacia la Avenida Paulista. Los organizadores dijeron que a esa hora ya había 50 mil personas. Las imágenes en las redes sociales indicaban que había un considerable número de personas que iba al acto principal previsto para las 20 horas en el Museo de Arte de San Pablo. A las 18 horas la cadena Globo, a la que no se le puede reprochar favoritismo por los estudiantes, informó que había actos en 92 ciudades de 23 de los 27 estados de la Unión. En ese momento miles de personas se encontraban frente a la iglesia de la Candelaria en el centro de Río de Janeiro, aguardando para comenzar la movilización.
En Salvador de Bahía, nordeste del país, la capital con más proporción de habitantes afrodescendientes, la movida arrancó poco antes del mediodía en el Largo de Campo Grande, zona céntrica, donde fue desplegado un pasa calles blanco con letras rojas: “Bolsonaro sacá las manos de la educación pública, porque ella es nuestra”.
Los estudiantes de San Pablo, Río, Brasilia y Salvador de Bahía, en general recibieron el saludo y hasta el aplauso del público. La pelea por la educación ganó contornos de demanda compartida por amplios sectores populares y de las clases medias, incluso con la simpatía de estudiantes de escuelas privadas. De ese sector proviene el público que ayer fue a escuchar a Obama, y lo aplaudió cuando aconsejó más fondos para escuelas y universidades.
El capitán retirado del Ejército Bolsonaro concibió el enfrentamiento como una forma de guerra propia contra los estudiantes, y está descubriendo que su táctica puede haber sido ser un boomerang. El domingo pasado decenas de miles de bolsonaristas salieron en su defensa con consignas apologéticas de la dictadura y en favor del autogolpe a través del cierre del Congreso. Globo y la mayoría de los medios poderosos intentaron disimular a los extremistas. Una faena difícil, dado que las tesis radicales son expresadas por el mandatario y su ministro de Educación Abraham Weintraub, que esta semana volvió a defender el ingreso de la policía en los campus, lo que está prohibido por la Autonomía universitaria. Ayer pidió a los padres de estudiantes secundarios que delaten a los profesores sospechados de izquierdistas.
Weintraub sorprende por vía doble: presenta argumentos del gurú de la extrema derecha Olavo de Carvalho en perfomances que lindan con lo ridículo. Así sucedió ayer cuando grabó un video para denostar lo que él llamó “lluvia de fake news” contra el gobierno, munido de un paraguas y meneándose al ritmo de la canción Danzando bajo la Lluvia.
30M: Atos em defesa da educação terminam com chamado à Greve Geral de 14 de junho
“Ô Bolsonaro, cadê você. Quero ver você passar na UNB”. Este foi um dos vários bordões ouvidos em Brasília (DF), durante o protesto de estudantes e professores contra os cortes na educação pública e a reforma da Previdência. Atos como esse aconteceram em quase 200 cidades de norte a sul do Brasil ao longo desta quinta-feira (30), reunindo mais de um milhão de pessoas, segundo os organizadores.
Os protestos também serviram de convocatória para a Greve Geral contra as medidas de redução de direitos do governo de Jair Bolsonaro (PSL), no dia 14 de junho.
“Seja no campo, seja nas cidades, todas as categorias estão sendo atingidas por um governo imoral. Um governo que não tem o mínimo respeito pelo cidadão brasileiro”, disse Frei Anastácio, de 75 anos, fundador da Pastoral da Terra na Paraíba e deputado federal pelo PT-PB. Ele participou do ato em João Pessoa (PB), que se concentrou na Praça da Paz, no bairro dos Bancários.
No Rio de Janeiro (RJ), o protesto dos estudantes, professores e trabalhadores reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo a organização. O ato seguiu na região central da cidade, pela avenida Rio Branco em direção à Cinelândia.
Já em Belém (PA), cerca de 60 mil manifestantes caminharam da Praça da República para o Mercado de São Brás. Os protestos ecoavam gritos em defesa da educação e da previdência pública, e contra os desmontes do Estado brasileiro.
O ato em São Paulo (SP) reuniu cerca de 300 mil pessoas, segundo os organizadores. A manifestação começou no largo da Batata, região de Pinheiros, na zona Oeste da capital, e seguiu em marcha até o Museu de Arte de São Paulo (MASP), no Centro.
A estudante Giovana Salinas, do curso de arquitetura e urbanismo do Instituto Federal de São Paulo, participou da manifestação e falou sobre a importância de se mobilizar. “Os cortes de verba vão fazer que um monte de estudante não tenha escola ou futuro. Então, a gente precisa ir contra isso”, disse.
O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Estadual Paulista (Adunesp), João Chaves, também esteve presente e lembrou que a luta pela Educação pública está alinhada à defesa do atual modelo de aposentadorias e contra a reforma da Previdência (PEC 06/19).
«Nós estamos aqui em luta pela educação e em luta também contra a reforma da Previdência. E aproveito para conclamar a todos para que no dia 14 de junho, façam adesão à greve nacional contra a reforma da previdência. É necessário que o povo brasileiro vá às ruas para barrar esse ataque que tá sendo feito contra a educação e contra a possibilidade de se ter uma aposentadoria digna», disse.
Já para Jessy Dayane, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), que também esteve no ato na capital paulista, uma educação pública de qualidade e gratuita é fundamental para o combate de outros problemas estruturais do Brasil.
“A gente vai mandar o recado para o ministro [da Educação] e para o Bolsonaro, nós não vamos tirar os pés das ruas enquanto os cortes não forem revertidos. Nós vamos defender a Educação como sempre defendemos ao longo da história, porque a educação é muito importante para desenvolver o nosso país e combater a desigualdade social”, declarou.
Os protestos contra os ataques do governo ao ensino público gratuito também serviram de resposta às manifestações pró-Bolsonaro que aconteceram no último domingo (26).
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba (PR), a faixa “Em defesa da Educação” arrancada por apoiadores de Bolsonaro no protesto de domingo, foi substituída por outra, ainda maior e com os mesmos dizeres.
Outras universidades, em solidariedade a UFPR, colocaram faixas semelhantes, entre elas a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), também na capital paranaense. O ato na cidade reuniu mais de 20 mil pessoas, segundo os organizadores.
Em Porto Alegre (RS), mesmo debaixo de chuva, milhares de manifestantes se concentraram em frente ao prédio da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Eles caminharam em direção à chamada Esquina Democrática, no centro da capital gaúcha.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) esteve no ato e ressaltou que o ataque do governo à educação pública gerou uma forte reação popular, porque representa também um ataque à liberdade de pensamento e à formação de opinião crítica.
«[São] milhares de pessoas na rua, mostrando a importância do movimento estudantil, e mostrando que os estudantes não vão sossegar enquanto não derrotarem essa política neoliberal de cortes da educação e também autoritária. O governo Bolsonaro mira na educação, porque sabe que para um projeto autoritário tem que tentar eliminar o pensamento crítico. Mas não sabe a força do movimento estudantil», disse.
Em Florianópolis (SC), a chuva também caiu forte durante todo o dia, mas não desmobilizou o ato. Mais de 20 mil pessoas marcharam contra os cortes na educação e a reforma da previdência.
A manifestação em Belo Horizonte (MG) reuniu cerca de 250 mil pessoas, de acordo com os organizadores. O ato se concentrou na Praça Afonso Arinos, no centro, e seguiu em direção à Praça da Estação. A estudante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Vasconcelos, participou do protesto e comentou a motivação dos alunos.
“O povo brasileiro defende um projeto de educação de qualidade que sustente o nosso desenvolvimento nacional, que pense a nossa soberania nacional. É esse o projeto que colocamos nas ruas de Belo Horizonte”, disse Ana, que também é militante do Levante Nacional da Juventude.
Pela manhã
Vários manifestantes começaram a mobilização logo pela manhã.
Na capital federal, algumas pessoas já se concentravam desde às 10h ao lado da Biblioteca Nacional, localizada na Esplanada dos Ministérios. O ato também teve apoio de diversos parlamentares. Por volta de 12h30, os participante seguiram em direção ao Congresso Nacional, entoando palavras de ordem.
Em Ipojuca (PE), petroleiros da Refinaria Abreu e Lima paralisaram suas atividades para sair em defesa da Educação. Estudantes também tomaram as ruas desde cedo nas cidades de Quixadá e Limoeiro do Norte, no Ceará.
As cidades de Salvador, Ilhéus e Amargosa, na Bahia, também amanheceram cheias de estudantes nas vias públicas.
Em Goiás, manifestantes de várias cidades foram às ruas, logo pela manhã, protestar contra os cortes na Educação. Em Catalão, Rio Verde, Posse, Ceres, Cavalcante e Cidade de Goiás dezenas de estudantes fizeram passeatas e discursos, entoando palavras de ordem como “Bolsonaro, respeite a educação”.
Na capital paulista, alunos da Escola de Direito da Universidade de São Paulo (USP) começaram logo cedo a preparar o levante contra os cortes na Educação.
Em Florianópolis (SC), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) amanheceu paralisada, com oficinas de cartazes e debates público. Nas cidades de Porto Alegre e Alegrete, no Rio Grande do Sul, a preparação para os atos começaram por volta das 9h.
Ministério da Educação incentiva denúncias contra quem divulgou protestos
O ministério da Educação (MEC) lançou uma nota, na tarde desta quinta-feira (30), incentivando que a população denuncie «professores, servidores, funcionários, alunos, pais e responsáveis» que divulgarem «movimentos político-partidários» durante o horário escolar.
A ameaça foi feita em meio a atos que ocorreram ao longo de todo o dia em cerca de 200 cidades do país. As manifestações, que reuniram quase um milhão de pessoas, protestaram contra o corte de verbas na educação e contra a reforma da Previdência.
Esta é a segunda manifestação contra cortes na área da Educação neste mês. No dia 15 de maio, protestos também ocorreram em diversas cidades do país.
A nota divulgada pelo MEC diz ainda que «os servidores não podem deixar de desempenhar suas atividades nas instituições de ensino para participarem desses movimentos».
Em outro informe enviado diretamente para jornalistas, o ministério disse que já recebeu 41 reclamações no órgão, mas não divulgou quais seriam essas supostas irregularidades:
«Nos últimos dias, o MEC tem recebido denúncias via redes sociais e pelo sistema e-Ouv que confirmam essas denúncias. Até o momento, a Ouvidoria do Ministério já contabiliza 41 reclamações no órgão, além de diversas interações realizadas via Facebook do MEC e pelo Twitter do ministro Abraham Weintraub».
Leia a íntegra da nota do MEC:
«O Ministério da Educação (MEC) esclarece que nenhuma instituição de ensino pública tem prerrogativa legal para incentivar movimentos político-partidários e promover a participação de alunos em manifestações.
Com isso, professores, servidores, funcionários, alunos, pais e responsáveis não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar. Caso a população identifique a promoção de eventos desse cunho, basta fazer a denúncia pela ouvidoria do MEC por meio do sistema e-Ouv.
Vale ressaltar que os servidores públicos têm a obrigatoriedade de cumprir a carga horária de trabalho, conforme os regimes jurídicos federais e estaduais e podem ter o ponto cortado em caso de falta injustificada. Ou seja, os servidores não podem deixar de desempenhar suas atividades nas instituições de ensino para participarem desses movimentos.
Cabe destacar também que a saída de estudantes, menores de idade, no período letivo precisa de permissão prévia de pais e/ou responsáveis e que estes devem estar de acordo com a atividade a ser realizada fora do ambiente escolar.»
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