Crisis en el gobierno por acusaciones de corrupción contra el secretario de la Presidencia
Un día después de dejar el hospital, Bolsonaro ya enfrenta una crisis interna
Pocas horas después de haber salido del hospital, donde estuvo internado 17 días para que le restablezcan el flujo intestinal por las heridas que sufrió en el atentado durante la campaña electoral, el presidente Jair Bolsonaro se enfrentó de lleno a un escándalo de presunta corrupción dentro de su partido que generó divisiones en el gobierno y podría terminar con la salida de uno de sus ministros más poderosos.
Todo comenzó el domingo último, cuando el diario Folha de S. Paulo reveló que, durante la contienda del año pasado, el Partido Social Liberal (PSL) habría desviado fondos públicos electorales mediante candidatos que sirvieron de pantalla para obtener más recursos. Bajo presión, el entonces presidente del PSL, Gustavo Bebianno, hoy jefe de la Secretaría General de la Presidencia, negó las irregularidades y rechazó que el caso hubiera generado una crisis en el gobierno. Es más, cuestionado por la prensa, ayer, con Bolsonaro aún convaleciente en un hospital de San Pablo, Bebianno desestimó cualquier distanciamiento con el mandatario por el tema y afirmó que había hablado con él tres veces ese día.
El escándalo parecía enfriarse cuando al día siguiente uno de los hijos del presidente, Carlos Bolsonaro -concejal en Río de Janeiro- acusó a Bebianno de «mentiroso» en las redes sociales y aseguró que su padre no había hablado con el ministro. La actitud del segundo hijo mayor del mandatario -apodado «02» y «Pitbull» por su padre- fue muy mal recibida en el gobierno, especialmente entre los sectores militares que desaprueban de la injerencia de los miembros menores del clan Bolsonaro -que no tienen cargos en el gabinete- en los asuntos de Estado.
Sin embargo, el presidente no solo respaldó a su hijo en su cuenta de Twitter por la tarde, sino que a la noche, en una entrevista con la cadena televisiva Record, señaló que podría despedir a Bebianno.
«Si estuviera envuelto (en el escándalo) y lógicamente responsabilizado, lamentablemente su destino no puede ser otro que volver a sus orígenes», dijo Bolsonaro, que agregó que pidió a la Policía Federal y al ministro de Justicia y Seguridad Pública, Sergio Moro, que investigaran el asunto.
Mucho más blanda fue la reacción del mandatario cuando el mes pasado surgieron sospechas de corrupción contra su hijo mayor, el senador Flavio Bolsonaro («01»). Si bien en un principio dijo que Flavio tendría que pagar si había errado, luego lo defendió a rajatabla e intentó aplacar el caso.
Por ahora, Bebianno se mantiene firme en su postura y ha negado que vaya a renunciar, pero manifestó a sus allegados que se siente muy decepcionado con la reacción del presidente, con cuyo proyecto político colabora desde hace más de dos años. Pese a haber sido denostado por el mandatario, el funcionario -una de las figuras clave del núcleo de poder en el Palacio del Planalto- recibió el apoyo de algunos colegas, como el jefe de Gabinete, Onyx Lorenzoni, del partido Demócratas (DEM), y de la diputada Joice Hasselmann, del PSL.
Las divisiones en el seno del Planalto preocupan a los aliados del gobierno. Temen que la ventilación pública de las diferencias desgaste rápido la imagen del presidente, sobre todo en un momento delicado, cuando se espera que en los próximos días se presente al Congreso un proyecto de reforma previsional que es considerado fundamental para impulsar la economía. Además, advierten que si Bebianno termina por alejarse o ser alejado del gobierno, ofendido con Bolsonaro puede convertirse en un antagonista peligroso por toda la información que maneja.
Oposição no Congresso pressiona por depoimento de Bebianno
Os partidos de oposição na Câmara pressionam o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a colocar em pauta no plenário um pedido de convocação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL). Como justificativa para a convocação do ministro, citam o suposto desvio de recursos do Fundo Partidário do PSL nas eleições de outubro.
Dois pedidos já foram protocolados: um pelo líder da bancada do PSOL, Ivan Valente (RJ), e outro pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS). O objetivo dos deputados é se reunir na próxima terça-feira com Maia para tratar do assunto.
Na semana que vem, a oposição vai definir outras linhas de atuação para manter acesa a crise no governo. «O episódio é gravíssimo e a crise muito mais profunda do que a denúncia de crime eleitoral. Esse governo está em uma crise permanente», disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da minoria.
No Senado, o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que os partidos também vão tentar convocar Bebianno, para dar explicações.
A crise envolvendo o ministro movimentou ainda as redes sociais. Pelo Twitter, parlamentares cobraram resposta rápida do governo. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse ver três desfechos para a crise. «Se Bebianno ficar no governo, Bolsonaro terá um ministro que mente, segundo admitiu. Se sair, o ministro aceita que mentiu. Se for ‘saído’, quem preside é o filho caçula», escreveu, em referência a Carlos Bolsonaro – que, na verdade, é o filho «número dois» do presidente.
Bebianno diz em nota que não escolheu candidatas que receberam dinheiro do PSL
O ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, divulgou uma nota na noite desta quinta-feira (14) para afirmar que não é o responsável pela escolha das candidatas que receberam dinheiro do PSL.
No último fim de semana, o jornal «Folha de S. Paulo» informou que o PSL repassou R$ 400 mil a uma candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu 274 votos, quatro dias antes da eleição. Ainda segundo o jornal, o repasse foi feito no período em que o ministro era presidente do partido.
«Reafirmo que não fui responsável pela definição das candidatas de Pernambuco que foram beneficiadas por recursos oriundos do PSL Nacional», afirmou Bebianno na nota.
De acordo com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Federal investigará as suspeitas de irregularidade nos repasses.
Em uma entrevista à TV Record, nesta quarta (13), Bolsonaro afirmou que, se Bebianno estiver envolvido em irregularidades, não terá outro «destino» a não ser «voltar às ruas origens».
«Se estiver envolvido, logicamente, e responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens. Em nenhum momento conversei com ele», afirmou o presidente.
Versão sobre o repasse
Na nota, Gustavo Bebianno diz que assumiu interinamente a presidência da Executiva Nacional do PSL pelo período de 5 de fevereiro a 29 de outubro de 2018. O ministro afirma que executou um trabalho «com total transparência e lisura».
Afirma, ainda, que os repasses de recursos para os candidatos a deputado estadual e federal e a governos dos estados são realizados pela Executiva Nacional do partido «por conta e ordem» dos diretórios estaduais.
Ele afirma também que compete a cada candidato a prestação das contas, «cabendo-lhes também a responsabilidade pelos atos praticados».
De acordo com o ministro, Maria de Lourdes Paixão e Érika Siqueira Campos, citadas pela reportagem da «Folha», receberam recursos para as campanhas «por conta e ordem» do diretório estadual do PSL em Pernambuco.
Bebianno também diz, na nota, que os recursos transferidos à candidatura de Maria de Lourdes não têm origem no fundo público de financiamento de campanhas. Segundo o ministro, o dinheiro veio de recursos acumulados pelo PSL Mulher, abastecido com verba do fundo partidário – que também é irrigado com dinheiro público.
Diante disso, ele argumenta que os recursos do PSL Mulher não poderiam ser utilizados para fins eleitorais e, por isso, não tinham sido distribuídos inicialmente. O ministro afirma que uma decisão do STF, do dia 3 de outubro de 2018, autorizou os partidos a utilizar o dinheiro nas campanhas de candidatas.
«Por esse motivo, os recursos do PSL Mulher foram transferidos para as suas candidatas apenas no final da campanha, no mesmo dia em que o STF assim autorizou», disse Bebianno.
Crise com filho de Bolsonaro
Gustavo Bebianno enfrenta uma crise envolvendo Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente. Nesta quarta (13), o vereador do Rio divulgou um áudio do pai para dizer que Bebianno mentiu ao afirmar ao jornal «O Globo» que conversou com Bolsonaro na terça (12).
A publicação de Carlos foi compartilhada pelo presidente, horas depois. Em uma entrevista, Bolsonaro disse ser «mentira» que tivesse falado sobre o assunto com Bebianno.
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Valdo Cruz, há pressões no Palácio do Planalto pela demissão de Bebianno, em razão da crise entre o ministro e o filho do presidente.
À colunista do G1 Andréia Sadi, Bebianno afirmou que não pretende pedir demissão e que aguarda uma decisão de Bolsonaro.
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