Indefinición deja a Brasil en riesgo en la guerra comercial – Jornal O Globo

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Indefinição deixa Brasil em risco na guerra comercial

Em três décadas de experiência parlamentar, Jair Bolsonaro testemunhou várias batalhas políticas cujo êxito dependeu da prudência no planejamento, com previsão de uma linha de retirada.

O presidente eleito assume dentro de três semanas e vai precisar ter à mão um plano com linha de retirada para conduzir o país na travessia em meio ao conflito entre os Estados Unidos e a China. Por enquanto, está circunscrito a ameaças de retaliações de até US$ 250 bilhões.

São visíveis os sinais de uma disputa real de poder entre os EUA e a China. É tranquilizadora a trégua acertada há dez dias num jantar em Buenos Aires, durante a reunião do G-20, entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. Embora indefinições sobre o entendimento preocupem os mercados, tensão agravada pela prisão no Canadá, a pedido dos americanos, de Meng Wanzhou, diretora e herdeira da gigante tecnológica chinesa Huawei.

Os dois governos indicaram a negociação de um acordo, que começaria pela agricultura e as indústrias de energia e de automóveis. A ver. No melhor dos cenários, o entendimento avançaria até março. Em seguida, Washington e Pequim estabeleceriam um cronograma e um caminho para resolver temas de propriedade intelectual, tecnologia e equilíbrio comercial. A hipótese oposta, a de uma guerra comercial, sugere anarquia nos mercados globais.

É o panorama que o governo Bolsonaro vai encontrar. Nele, o Brasil pode ter muito a ganhar —ou a perder. Depende da definição do interesse nacional e, infelizmente, até aqui os planos do futuro governo para o comércio são uma incógnita.

O que se sabe é o desejo do futuro presidente de reforçar os laços históricos com os EUA, no limite do alinhamento. Pode ser positivo em alguns aspectos, mas é claramente insuficiente para o país, que concentrou nos mercados da China, dos EUA e da Argentina nada menos que 45% das suas exportações.

Entre janeiro e novembro, vendeu-se à China US$ 58,7 bilhões, com aumento de 32% em relação ao ano passado. Os chineses compraram 26,7% de tudo que foi vendido pelo Brasil neste ano. Os EUA foram o segundo destino, com US$ 26,5 bilhões —um aumento de 7,1%. Em terceiro lugar está a Argentina, que adquiriu US$ 14,2 bilhões (queda de 11,2% no ano), e representou 6,5% das vendas.

Metade dos estados brasileiros — incluídos Rio e Minas —tem na China o principal destino das suas exportações. É o segundo comprador nos demais. Os EUA prevalecem em São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará e Amapá. E a Argentina é o maior cliente de produtos industriais. Seria pouco inteligente escolher lado numa guerra comercial entre EUA e China. Menos sábio seria iniciar um governo sem um projeto definido para aproveitar oportunidades que surgiriam num acordo entre China e EUA. Em qualquer cenário, a indefinição governamental é danosa.

O Globo

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