Brasil conmemora el Día de la Conciencia Negra

Foto: Marcelo D. Sants
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Celebra Brasil el Día Nacional de la Conciencia Negra

Con ritos religiosos, charlas y debates, presentaciones de libros, exhibiciones de películas, cursos y otras actividades culturales, Brasil celebra hoy el Día Nacional de la Conciencia Negra.

Organizadores de los eventos comunicaron que esta jornada agita el universo cultural de raíces africanas y la fecha fue elegida por haber sido el día de la muerte en 1695 de Zumbi dos Palmares, símbolo de la lucha contra la esclavitud.

Según las fuentes, es un momento de reflexión sobre la realidad del pueblo negro en la historia nacional y buena oportunidad para conocer lo que ocurre en esa apreciada cultura.

Destaca entre las actividades, la exposición Conociendo la Amazonia Negra, con 55 fotografías bajo la autoría de Marcela Bonfim, en la Caja Cultural Fortaleza, estado de Ceará.

En la muestra, la artista ilustra las más diversas identidades y culturas presentes entre los pueblos negros de la Amazonia y la importancia social de las religiones de matriz africana en la construcción de Brasil.

También se anunció para mañana, en esa misma región, la mesa redonda titulada Carybé: del imaginario a la realidad brasileña, la cual pretende discutir la producción del artista plástico argentino, naturalizado brasileño, Héctor
Carybé.

Asimismo aparece en programa un seminario que pretende fomentar el debate sobre las relaciones étnico-raciales en el contexto de Ceará, teniendo en cuenta la negación histórica de la existencia de la población negra en ese estado.

Por su parte en Copacabana, Río de Janeiro, se presentará Clara Anastácia, una cantora carioca con letras que entrelazan pasado, presente y futuro, y da voz a lo ancestral de las herederas de la diáspora africana, mezclando el llamado afrofuturismo.

De acuerdo con estudios, Brasil fue el último país del mundo occidental que abolió la esclavitud en 1888, pero fue uno de los primeros en declarar la denominada democracia racial.

A lo largo de la historia, los movimientos negros de este gigante país sudamericano han luchado por sus derechos en una sociedad desigual. Las comunidades negra y mulata representan más del 50 por ciento de la población total.

Prensa Latina


Consciência Negra: sobre malês, quilombos e terreiros

Por Juca Guimarães e Jéssica Moreira

A população brasileira de negros e pardos, segundo os dados mais recentes do IBGE, soma 114,8 milhões de pessoas. Ou seja, mais da metade dos 207,1 milhões de habitantes do país.

Em 1533, de acordo com o registro mais antigo sobre a escravidão no Brasil, o sangue negro corria nas veias de apenas 17 indivíduos. Não se sabe quantos eram homens ou mulheres, pois todos vieram na condição de escravizados, para trabalhar nas terras da capitania hereditária de São Tomé — território que hoje se localiza entre o sul do Espírito Santo e o norte do Rio de Janeiro. O trabalho não tinha remuneração. A vida era sem liberdade e sem dignidade.

No porão do navio, junto aos os primeiros 17 homens e mulheres negras escravizadas, veio também a semente de um sonho de liberdade, de uma pátria humanitária, democrática e sem desigualdade. Uma nova concepção de mundo, que se forjou nos corações e mentes de um povo guerreiro.

A resistência vem desde os malês, africanos muçulmanos que organizaram um grande levante em Salvador, até as mulheres e homens que construíram os quilombos e seus espaços de liberdade e de religiosidade, onde são preservadas a cultura e a ancestralidade do povo negro. Nos 485 anos seguintes, os descendentes daqueles 17 africanos e dos que vieram depois deles, lutaram pela liberdade, pelo fim da escravidão e, muito além disso, combateram em todas as frentes de batalhas por direitos democráticos, contra o autoritarismo, pela soberania nacional e a unidade do país. Um Brasil de todos e sem discriminação.

“É necessário contar a história sobre a nossa perspectiva. Somos nós os agentes da nossa libertação” , disse o historiador e escritor Carlos Machado, autor do livro “Gênios da Humanidade: Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente”, pela DBA Editora.

A luta contra o racismo é prioritária para a vitória contra a desigualdade social e a repressão. A resistência se dá diariamente e em diversas frentes de batalha, como nos ensina a escritora Conceição Evaristo, ganhadora do prêmio de literatura Jabuti e militante histórica do movimento negro no Brasil. Sua obra, reconhecida internacionalmente, é fundamentada nas questões raciais e no protagonismo negro.

O exemplo também vem das rebeliões, levantes e insurgências protagonizados pelos negros e negras no Brasil. Embora seja uma memória constantemente alvo de tentativas de invisibilização. “Aqui em São Paulo, por exemplo, tem placas indicando onde é a primeira igreja, que monumento representa o quê, porém, não tem nenhuma placa dizendo onde nossos antepassados eram vendidos, onde eram torturada, onde era o cemitério. É uma memória pouca divulgada. Nós fizemos a História. Não há História do Brasil sem a população de origem africana. Fizemos a História, mas ficamos sem memória”, afirmou o professor Machado.

O Brasil de Fato produziu uma série de três vídeos tratando sobre a luta de resistência da população negra no Brasil: intolerância religiosa, genocídio dos jovens e cultura.

A preservação da ancestralidade e da religiosidade presente nos terreiros de candomblé, da umbanda e do catimbó-jurema também faz parte desta luta cotidiana pela preservação da história. As religiões de matriz africana seguem na resistência contra todo tipo de ataques e difamações. “É um racismo religioso que vem ao longo dos anos, desde o rapto dos negros africanos. A partir do momento que o negro começa a fazer o exercício da sua religiosidade, aquilo é demonizado”, afirma a sacerdotisa Ìya Omin Efun Lade.

A perseguição às religiões de matriz africana também acontece nos meios de comunicação, contrariando a Constituição. “No Estado laico, como o nosso, uma TV que só mostra e só fala da religião dela. Que não mostra a diversidade com respeito, também está promovendo uma forma de fascismo”, disse a deputada estadual Leci Brandão.

Os escritores Dona Jacira, autora da obra «Café», com poesias e textos biográficos, e Allan da Rosa, que é historiador e autor do livro «Zumbi Assombra Quem?», relatam a importância e a riqueza da cultura africana, principalmente na formação da autoestima dos jovens. Das diversas manifestações culturais e de resistência por espaço e contra o apagamento da voz negra.

A consciência e a resistência negras se formam no grito de denúncia do Movimento Mães de Maio contra o genocídio da população negra. Contra o assassinato e o encarceramento de jovens excluídos desde o nascimento de qualquer tipo de assistência do Estado. Sem perspectivas à vista e sempre na mira do braço armado repressor.

Em maio de 2006, por conta da represália aos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foram registradas mais 500 mortes violentas no Estado de São Paulo, em dez dias, grande parte das vítimas eram negras.

A violência do racismo espreita a pele negra a todo momento e todos os lugares. Como revela o advogado Sinvaldo José Firmo. Ele e o filho de 13 anos estavam perto do estádio do Pacaembu, em São Paulo, em maio de 2010, quando um policial apontou a arma para a cabeça do garoto, durante uma abordagem violenta, em seguida, o policial e a equipe que estava com ele também intimidaram o advogado. Em 2018, a Justiça condenou o Estado pela abordagem violenta e o caso se tornou uma importante jurisprudência contra os abusos da PM.

Como afirma a escritora Conceição Evaristo, a celebração da Consciência Negra é também um momento importante para, brancos e negros, refletirem sobre o racismo, suas raízes e suas consequências.

Brasil de Fato


Em São Paulo, negros e negras celebram resistência e luta por direitos no Brasil

Batuques, faixas, gritos contra o racismo e a exploração. Centenas de negros e negras não se intimidaram com a chuva fina e tomaram a Avenida Paulista, em São Paulo (SP), na tarde desta terça-feira (20), durante a 15ª Marcha da Consciência Negra.

Foi uma marcha diferente. Para além da questão racial, reuniu vários elementos caros ao movimento negro e ao movimento democrático, em diálogo com a atual conjuntura. A luta contra o fascismo e o autoritarismo, que vieram à tona nas últimas eleições, deram o tom desde o início da manifestação, que teve como eixo principal a defesa da democracia, contra qualquer tipo de retrocesso.

A concentração aconteceu no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a partir do meio-dia, ao som da percussão do Levante Popular da Juventude. Trabalhadores de diferentes categorias se juntaram ao protesto, que celebrou a resistência e pediu o fim do genocídio do povo negro.

Luiz Gonzaga da Silva, da Central de Movimento Populares e do Movimento de Moradia da Cidade de São Paulo, explicou que o combate à violência nas periferias é um dos elementos centrais da marcha. «[A Marcha] tem como objetivo central combater o racismo, combater todas as formas de exploração contra o nosso povo negro. A nossa juventude está sendo fuzilada pelas costas. A serviço de quem? Do capital. E o trabalho que a polícia tem feito, o extermínio da população negra, nos preocupa muito. Nós não sabemos onde eles querem chegar. Será que eles querem fazer o que fizeram com a população indígena? Tínhamos 775 etnias indígenas, hoje não temos 200», lamenta.

O militante lembra também que os negros e negras são hoje quase 55% da população brasileira, mas não se veem representados nos chamados «espaços de poder»: «Quando se elege uma bancada de 375 deputados federais, dificilmente tem 10% de negros e negras»

A cantora e compositora Larissa Nunes, conhecida como Larinu, valoriza a importância da união dos trabalhadores e trabalhadoras, em pleno feriado, para celebrar a resistência e chamar a atenção para as lutas do povo negro: «Eu acho muito importante que artistas, professores e educadores estejam aqui. Eles são a base da nossa luta, junto aos trabalhadores, sendo trabalhadores da educação, da arte. Então, um salve. Resistência e vida longa a essas vidas negras!», disse, entusiasmada, durante a concentração.

A diversidade de crenças também caracterizou a 15ª Marcha – uma fé que não exclui, não discrimina, mas sim, une sujeitos criados em tradições diferentes.

Gerações em luta

Flávio Jorge Rodrigues da Silva, integrante da Soweto Organização Negra e da executiva nacional da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), participou das 15 marchas realizadas até hoje em São Paulo. Ele afirma que a resistência existe desde a época da escravidão, e que se fortalece em qualquer conjuntura política. «Faço parte de uma geração da militância que está há quase 40 anos em lutas. Uma geração que começa lutando contra a ditadura militar, que desmascara a democracia racial e que hoje está em luta, também, contra os desmandos, a perda dos nossos direitos, principalmente com a eleição de Jair Bolsonaro», analisa.

Ao mesmo tempo em que condena o racismo, Silva considera que a marcha deve aproveitar a oportunidade para valorizar as conquistas de períodos anteriores. «Embora o Brasil seja um país racista e muito desigual, tivemos em anos recentes, nos governos Lula [PT] e Dilma [PT], principalmente, várias conquistas. A política de cotas, que fez com que quase um milhão de estudantes negros tivessem acesso à educação [superior] em nosso país, o Estatuto da Igualdade Racial, e as políticas de quilombos em nosso país», enumera.

Ao ressaltar a importância da memória, o militante lembra que a Soweto Organização Negra e a Fundação Perseu Abramo estão organizando um livro em parceria com o Sesc sobre os 40 anos do Movimento Negro Unificado (MNU), um das referências da luta contra o racismo no Brasil.

Hamilton Cardoso é um dos militantes históricos desse movimento, que começou quando jovens negros foram proibidos de entrar na piscina de um clube, em 1978. De lá para cá, ele avalia que injustiças continuam ocorrendo em diversos âmbitos, em função dos conflitos de interesse que tomaram conta do Poder Judiciário: «É uma vergonha, por exemplo, uma figura como Luiz Inácio Lula da Silva estar preso porque queriam barrar a candidatura dele à Presidência. Tudo isso vai ter um peso muito grande. Estamos esperando esse Bolsonaro para ver o que vem no início de 2019. E nós, as forças progressistas, vamos para cima, exigindo nossos direitos, nossos espaços, e cumprindo nosso papel».

Cardoso interpreta que a redução da maioridade penal, que está na pauta do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), seria mais uma injustiça contra o povo negro. «Eles querem reduzir para matar a juventude negra mais cedo. Vão matar os negros ainda crianças. Se bobear, vão querer matar ainda no ventre materno. Então, nós vamos estar atentos, vamos enfrentar isso».

A marcha, que começou no MASP, terminou no fim da tarde no Teatro Municipal.

Brasil de Fato


Multidão participa de caminhada em homenagem ao Dia da Consciência Negra em Salvador

Começou por volta das 16h30, no Centro de Salvador, a 39ª Caminhada da Consciência Negra Zumbi dos Palmares. O ato saiu do Largo do Campo Grande e tem a Praça Castro Alves como destino.

De acordo com a Transalvador, a Avenida Sete de Setembro está completamente tomada pela caminhada, e o tr’nsito está parado na região.

Por volta das 17h40, o grupo estava na altura da Praça da Piedade, onde uma homenagem aos heróis da Revolta dos Búzios será realizada. Depois da homenagem, a passeata segue até a Praça Castro Alves.

De acordo com a Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), que organizaça a caminhada, cerca de 5 mil pessoas participam do ato. A PM não fivulgou estimativa de público.

Entre os homenageados da caminhada estão Osvaldo Orlando da Costa (líder revolucionário da guerrilha do Araguaia), Mestre Moa do Katendê (mestre capoeirista assasisnado este ano em Salvador), Marielle Franco (vereadora do RJ assassinada em março deste ano) e Charlione Lessa Albuquerque (jovem assassinado em outubro deste ano, no Ceará).

G1


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