Brasil: más de 300 personalidades firman manifiesto «Democracia Sim» contra Bolsonaro
Grupo de personalidades lança manifesto contra Bolsonaro
Um grupo com centenas de personalidades, incluindo muitos notáveis de áreas como artes e negócios, lançou neste domingo um manifesto contra a candidatura de Jair Bolsonaro, do PSL, à Presidência da República.
Até o início da madrugada, mais de 300 nomes subscreviam o texto. Entre eles estão o oncologista Drauzio Varella; o músico Caetano Veloso; a historiadora Lilia Schwarcz; o empresário Guilherme Leal; os atores Wagner Moura, Camila Pitanga, Alice Braga e Fernanda Torres; a socióloga Maria Alice Setubal; a editora Marisa Moreira Salles; a ex-jogadora de vôlei Ana Moser; o publicitário Washington Olivetto; o cineasta Walter Salles; entre outros. Nem todos eles confirmaram o apoio em suas redes sociais ou declarações públicas.
No artigo do movimento, denominado “Democracia sim”, o grupo não recomenda voto em nenhum outro candidato, mas é enfático ao citar que “a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial”.
Diz o artigo: “Tivemos em Jânio e Collor outros pretensos heróis da pátria, aventureiros eleitos como supostos redentores da ética e da limpeza política, para nos levar ao desastre. Conhecemos 20 anos de sombras sob a ditadura, iniciados com o respaldo de não poucos atores na sociedade (…). Nunca é demais lembrar, líderes fascistas, nazistas e diversos outros regimes autocráticos na história e no presente foram originalmente eleitos, com a promessa de resgatar a autoestima e a credibilidade de suas nações, antes de subordiná-las aos mais variados desmandos autoritários”.
Pela Democracia, pelo Brasil
Somos diferentes. Temos trajetórias pessoais e públicas variadas. Votamos em pessoas e partidos diversos. Defendemos causas, ideias e projetos distintos para nosso país, muitas vezes antagônicos.
Mas temos em comum o compromisso com a democracia. Com a liberdade, a convivência plural e o respeito mútuo. E acreditamos no Brasil. Um Brasil formado por todos os seus cidadãos, ético, pacífico, dinâmico, livre de intolerância, preconceito e discriminação.
Como todos os brasileiros e brasileiras sabemos da profundidade dos desafios que nos convocam nesse momento. Mais além deles, do imperativo de superar o colapso do nosso sistema político, que está na raiz das crises múltiplas que vivemos nos últimos anos e que nos trazem ao presente de frustração e descrença.
Mas sabemos também dos perigos de pretender responder a isso com concessões ao autoritarismo, à erosão das instituições democráticas ou à desconstrução da nossa herança humanista primordial.
Podemos divergir intensamente sobre os rumos das políticas econômicas, sociais ou ambientais, a qualidade deste ou daquele ator político, o acerto do nosso sistema legal nos mais variados temas e dos processos e decisões judiciais para sua aplicação. Nisso, estamos no terreno da democracia, da disputa legítima de ideias e projetos no debate público.
Quando, no entanto, nos deparamos com projetos que negam a existência de um passado autoritário no Brasil, flertam explicitamente com conceitos como a produção de nova Constituição sem delegação popular, a manipulação do número de juízes nas cortes superiores ou recurso a autogolpes presidenciais, acumulam declarações francamente xenofóbicas e discriminatórias contra setores diversos da sociedade, refutam textualmente o princípio da proteção de minorias contra o arbítrio e lamentam o fato das forças do Estado terem historicamente matado menos dissidentes do que deveriam, temos a consciência inequívoca de estarmos lidando com algo maior, e anterior a todo dissenso democrático.
Conhecemos amplamente os resultados de processos históricos assim. Tivemos em Jânio e Collor outros pretensos heróis da pátria, aventureiros eleitos como supostos redentores da ética e da limpeza política, para nos levar ao desastre. Conhecemos 20 anos de sombras sob a ditadura, iniciados com o respaldo de não poucos atores na sociedade. Testemunhamos os ecos de experiências autoritárias pelo mundo, deflagradas pela expectativa de responder a crises ou superar impasses políticos, afundando seus países no isolamento, na violência e na ruína econômica. Nunca é demais lembrar, líderes fascistas, nazistas e diversos outros regimes autocráticos na história e no presente foram originalmente eleitos, com a promessa de resgatar a autoestima e a credibilidade de suas nações, antes de subordiná-las aos mais variados desmandos autoritários.
Em momento de crise, é preciso ter a clareza máxima da responsabilidade histórica das escolhas que fazemos.
Esta clareza nos move a esta manifestação conjunta, nesse momento do país. Para além de todas as diferenças, estivemos juntos na construção democrática no Brasil. E é preciso saber defendê-la assim agora.
É preciso dizer, mais que uma escolha política, a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial. É preciso recusar sua normalização, e somar forças na defesa da liberdade, da tolerância e do destino coletivo entre nós.
Prezamos a democracia. A democracia que provê abertura, inclusão e prosperidade aos povos que a cultivam com solidez no mundo. Que nos trouxe nos últimos 30 anos a estabilidade econômica, o início da superação de desigualdades históricas e a expansão sem precedentes da cidadania entre nós. Não são, certamente, poucos os desafios para avançar por dentro dela, mas sabemos ser sempre o único e mais promissor caminho, sem ovos de serpente ou ilusões armadas.
Por isso, estamos preparados para estar juntos na sua defesa em qualquer situação, e nos reunimos aqui no chamado para que novas vozes possam convergir nisso. E para que possamos, na soma da nossa pluralidade e diversidade, refazer as bases da política e cidadania compartilhadas e retomar o curso da sociedade vibrante, plena e exitosa que precisamos e podemos ser.
Bolsonaro prepara “manifesto à Nação”
O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, está dando os retoques finais no que vem sendo chamado de “Manifesto à Nação”, no qual pretende fazer um compromisso em defesa da democracia, responder às críticas de racismo e misoginia, e reiterar ao mercado de que trabalhará pelo ajuste fiscal. O formato ainda está sendo definido – se será um texto ou um vídeo – e a ideia é divulgar a mensagem nas redes sociais.
A intenção é que o conteúdo tenha forte tom emocional e possa ser gravado ainda no quarto do hospital, onde o candidato se recupera da facada que recebeu no dia 6 deste mês, em Juiz de Fora (MG), durante agenda de campanha. A equipe de apoiadores gostaria de divulgar o manifesto “o quanto antes”, mas Bolsonaro, que é quem dá a palavra final sobre tudo em sua campanha, ainda quer discuti-lo um pouco mais.
O documento está sendo elaborado a várias mãos e um dos temas centrais, de acordo com um dos auxiliares que participaram da discussão, é rebater acusações de que o capitão da reserva não tem compromisso com a democracia e que a sua chegada ao Palácio do Planalto represente um resquício de ditadura.
Neste domingo, 23, um grupo que inclui intelectuais, juristas, artistas, esportistas, ativistas e empresários subscreveu um manifesto contra o candidato do PSL, intitulado “Pela democracia, pelo Brasil”.
Seguidores de Bolsonaro entendem que existem vários pontos que precisam ser respondidos. O candidato quer mostrar que deseja a união do País e responder que a acusação de racista não se sustenta porque ele vem de uma instituição (o Exército) que é um extrato de toda a população brasileira.
Embora inicialmente a ideia tenha sido inspirada na Carta aos Brasileiros, feita pelo então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, com o objetivo de acalmar o mercado, a campanha rechaça a comparação. Diz que Bolsonaro quer somente responder aos ataques que vem recebendo.
O momento da divulgação, porém, ainda não foi definido porque o candidato teme eventuais efeitos negativos do manifesto a menos de 15 dias do primeiro turno. Apesar de não citar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), aliados de Bolsonaro usam como exemplo as críticas que o tucano recebeu ao divulgar no fim da semana passada uma carta em que defendeu a necessidade de deter a “marcha da insensatez”.
Pelo que ficou acertado até o momento, o candidato do PSL dirá que está em franca recuperação no hospital e vai agradecer ao povo brasileiro pelas orações. Ele também deverá tratar de economia, destacando a importância do ajuste fiscal e rechaçando a tese de que é estatizante. Pretende ainda reforçar que não tem divergência com seu guru econômico, Paulo Guedes, mesmo após as polêmicas da semana passada envolvendo a proposta de criação de tributos aos moldes da CPMF.
INTELECTUAIS LANÇAM MANIFESTO SUPRAPARTIDÁRIO EM APOIO A HADDAD
Intelectuais e artistas do Rio Grande do Sul lançaram um Manifesto Suprapartidário em Apoio às Candidaturas de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila. De acordo com o texto, «a crise que atravessamos exige a coragem de decidir se manteremos o Brasil como um país dependente e desigual, com um regime político de intolerância e repressão, ou se apostaremos na capacidade de darmos um salto civilizatório e nos tornarmos uma nação soberana, com inclusão social e democracia política».
«Essa liderança é Fernando Haddad, que, tanto em sua gestão no Ministério da Educação do governo Lula e na prefeitura de São Paulo quanto em todos os debates de que tem participado, demonstrou serenidade, respeito aos seus interlocutores, mesmo aos mais intolerantes e agressivos, e capacidade de diálogo, mantendo-se, ao mesmo tempo, firme na defesa de suas posições», acrescenta. «Para a construção de um entendimento nacional, num país continental como o Brasil, é preciso contar com a participação de organizações sociais e partidos de regiões muito diferentes. Para fazê-lo, é fundamental ter o apoio de uma estrutura partidária e de uma organização social enraizadas nacionalmente. Haddad e Manuela têm esse apoio».
Leia a íntegra da nota:
A crise que o Brasil vive hoje na economia, na política, nas instituições e na ética, com o avanço de forças com comportamentos fascistas, colocou diante de nós uma encruzilhada: seguir como uma sociedade dividida, cada vez mais intolerante e violenta, ou pacificar e unir o país, com o entendimento entre as diferentes forças sociais e políticas em torno de um projeto comum de nação.
Depois de uma década de afirmação de nossa soberania e de importantes conquistas econômicas e sociais, hoje somos um país em estagnação econômica, sob o controle da especulação financeira, submetido aos interesses das grandes corporações internacionais, e estamos vendendo, a preços vis, importantes segmentos do patrimônio nacional, dentre os quais o petróleo, a energia e os minerais são as expressões maiores.
Somos a quinta sociedade com maior concentração de renda do mundo, com crescentes níveis de desemprego, pobreza, criminalidade e perda de direitos resultantes das reformas e do congelamento de gastos sociais implementados pelo governo Temer.
A crise que atravessamos exige a coragem de decidir se manteremos o Brasil como um país dependente e desigual, com um regime político de intolerância e repressão, ou se apostaremos na capacidade de darmos um salto civilizatório e nos tornarmos uma nação soberana, com inclusão social e democracia política.
Para isso, é preciso um entendimento social e político, com a participação de entidades de empresários, de trabalhadores e de diferentes segmentos que compõem a complexa e diversificada sociedade civil brasileira. Esse acordo só será possível sob a liderança de um presidente para quem a democracia seja um valor universal, que respeite todas as diferentes forças sociais e políticas e com elas dialogue.
Essa liderança é Fernando Haddad, que, tanto em sua gestão no Ministério da Educação do governo Lula e na prefeitura de São Paulo quanto em todos os debates de que tem participado, demonstrou serenidade, respeito aos seus interlocutores, mesmo aos mais intolerantes e agressivos, e capacidade de diálogo, mantendo-se, ao mesmo tempo, firme na defesa de suas posições.
Somente com o diálogo, marca registrada de Haddad e Manuela, o governo federal poderá construir uma base de apoio no Congresso Nacional. Para isso, Haddad conta com a importante experiência parlamentar de Manuela, sua vice-presidente, que foi vereadora, deputada estadual e deputada federal, sempre eleita com uma das maiores votações no Rio Grande do Sul.
Formado em Direito, com Mestrado em Economia e Doutorado em Filosofia, Haddad já demonstrou ter a competência necessária para a formulação de políticas públicas exitosas. À frente da Prefeitura de São Paulo, foi um dos quatro ganhadores das Melhores Práticas Inovadoras da Nova Agenda Urbana da ONU Habitat. Como ministro da Educação, criou o FUNDEB, ampliando o financiamento da educação pública fundamental para toda a educação básica, e estabeleceu o piso nacional para os professores.
Haddad implantou também o ProUni e ampliou o acesso ao FIES, instalou 14 novas universidades federais e criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Ao final de sua gestão, o investimento público em educação passou de 3,9% para 5,1% do PIB.
Para a construção de um entendimento nacional, num país continental como o Brasil, é preciso contar com a participação de organizações sociais e partidos de regiões muito diferentes. Para fazê-lo, é fundamental ter o apoio de uma estrutura partidária e de uma organização social enraizadas nacionalmente. Haddad e Manuela têm esse apoio.
São lideranças jovens, com perspectiva de futuro, rica experiência política e administrativa e forte convicção democrática. Por isso, apoiamos suas candidaturas para liderarem o projeto de desenvolvimento com inclusão social, soberania nacional e democracia de que o Brasil urgentemente necessita.
Porto Alegre, setembro de 2018
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