Sucesso da luta antidrogas, sem a DEA a sem qualquer ajuda dos Estados Unidos – Por Sullkata M. Quilla

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Por Sullkata M. Quilla*

O presidente boliviano Evo Morales felicitou a Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico (FELCN) por seus 31 anos de criação, em cerimônia realizada nesta semana. Durante o evento, ele assegurou que esta é a instituição que garante a soberania do país na luta antidroga, e ressaltou a importância de que esse esforço do país seja realizado sem bases militares norte-americanas, sem a participação da DEA (sigla em inglês do Departamento de Combate Antidrogas dos Estados Unidos) e sem financiamento algum por parte do governo estadunidense. E que, dessa forma, a Bolívia mostra melhores resultados em sua luta contra o narcotráfico que outros países que contam com esse aparato.

O ministro de Economia, Mario Guillén, afirmou que o modelo boliviano não só privilegia o aspecto econômico, como também o lado social, já que seria um fracasso ter um crescimento econômico sem desenvolvimento social, e sem um modelo autônomo, soberano e ajustado às necessidades da realidade boliviana. O governo projetou um crescimento econômico de 4,7% para este ano, e ressaltou a diminuição da atividade extrativista.

“Colômbia e Peru, países que também são produtores da folha de coca, continuam com a política que busca a erradicação da planta, e oferecem projetos nesse sentido, enquanto a Bolívia adotou a política de desenvolvimento integral sustentável para a industrialização”, conta o vice-ministro de Desenvolvimento Integral, Froilán Luna.

A FELCN é um organismo especializado da Polícia Boliviana, cujo propósito é defender e proteger a sociedade da problemática das drogas ilícitas e zelar pelo cumprimento do marco normativo, com participação social, respeito aos direitos humanos e proteção ao meio ambiente.
Desde janeiro até agora, o Comando Estratégico Operacional (CEO) erradicou 3,7 mil hectares de plantações ilegais de coca, dos quais 2,6 mil somente na região próxima à cidade de Cochabamba, outros 883 na zona ao norte da cidade de La Paz e 216 em Yapacaní, no departamento de Santa Cruz, segundo dados informados pelo vice-ministro de Defesa Social, Felipe Cáceres.

Para Cáceres, o nível de erradicação que se alcançará no final deste ano transcenderá o projetado pelo informe de Monitoramento de Cultivos de Coca do Departamento das Nações Unidas Contra a Droga e o Delito (UNODC, por sua sigla em inglês), mas também antecipou que se situará abaixo dos 20 mil hectares em todo o país. “Não vamos brincar com a lei para erradicar os cultivos de folha de coca ilegais, nas áreas protegidas e nas reservas florestais a política será de `coca zero´, e simplesmente cumprir a norma, que proíbe a plantação da planta”, assegurou o vice-ministro.

O funcionário denunciou o fato de que pessoas que não são produtoras de coca entram nos parques nacionais e nas reservas para semear o arbusto, com o pretexto de que não têm terra ou fontes de renda.

Cerca de 1,8 mil hectares foram eliminados pela Força Tarefa Conjunta – integrada por militares e policiais – nas zonas de Chapare, Apolo e Yungas, o que corresponde a 5,5 toneladas de pasta base, 2,5 toneladas de cloridrato de cocaína e 129 toneladas de maconha confiscadas pela Força Especial.

Ademais, 12 laboratórios de cristalização de cocaína, 11 laboratórios de reciclagem e 579 fábricas de pasta base de cocaína foram destruídos, além das 547 pessoas que foram detidas, entre estrangeiros e bolivianos, nos 5,3 mil operativos de interdição ao narcotráfico.

(*) Sullkata M. Quilla é antropóloga e economista boliviana, e analista associada ao Centro Latino-Americano de Análise Estratégico (CLAE)

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