Intervención en Río de Janeiro: un comandante del Ejército critica al Gobierno por falta de apoyo

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General brasileño dice que intervención en Río carece de apoyo de autoridades

El comandante del Ejército brasileño, general Eduardo Villas Boas, sugirió que el Gobierno regional de Río de Janeiro dejó solos a los militares durante los seis meses que lleva implementada la intervención militar en la seguridad pública en este estado de Brasil.

El alto mando castrense señaló que, aparte de lo que ha hecho el Ejército en la intervención, sectores del Gobierno local no se han esforzado para tomar medidas que ayuden en la disminución de la violencia.

«Pasados seis meses, a pesar del trabajo intenso de sus responsables, de la aprobación del pueblo y de estadísticas que demuestran la disminución de los niveles de criminalidad, el componente militar es, aparentemente, el único en involucrarse en la misión», dijo el general durante la ceremonia de conmemoración del Día del Soldado, que tuvo lugar en Brasilia.

Desde hace seis meses fue implementada en Río de Janeiro la intervención militar, medida que cede al Ejército el control de la seguridad pública de Río de Janeiro y que fue decretada por presidente Michel Temer en febrero pasado para intentar frenar la ola de violencia que azota al estado.

Si bien durante su período de operaciones en Río se han reducido los robos de carga, el número de tiroteos subió un 40 % y las muertes por enfrentamientos con las fuerzas de seguridad fueron las más altas en 30 años, según el Observatorio de la Intervención.

En su mensaje el general dijo que «se exigen soluciones a corto plazo» pero señaló que «ningún otro sector de los gobiernos locales» actuó con medidas socioeconómicas que hayan ayudado a «modificar los bajos índices de desarrollo humano» que «mantienen el ambiente propicio para la proliferación de la violencia».

El presidente brasileño, que también participó de los actos conmemorativos, destacó la actuación de los militares en Río de Janeiro y dijo que se cumplirá la «tarea imperiosa» de devolver el orden público al estado.

Durante la ceremonia, Temer y Villas Bôas homenajearon a los tres militares muertos esta semana durante el megaoperativo que se adelanta en los tres mayores complejos de favelas de la ciudad y que han sido las únicas bajas del Ejército desde que se puso en marcha la medida de intervención en Río.

A pesar de la intervención, los índices de violencia han aumentado en los últimos meses en Río, en donde solo el año pasado 6.731 personas murieron asesinadas.

El Espectador


Para comandante do Exército, ‘aparentemente’ só militares se dedicam ao Rio

O comandante do Exército, general Eduardo Villa Bôas, aproveitou seu discurso sobre o Dia do Soldado nesta sexta-feira (24) para fazer críticas à atuação da classe política em segurança pública. Em mensagem assinada por ele e lida durante a cerimônia, em Brasília, ele afirmou que «aparentemente» apenas os militares têm se dedicado a resolver os problemas do Rio de Janeiro.

«Passados seis meses, apesar do trabalho intenso de seus responsáveis, da aprovação do povo e de estatísticas que demonstram a diminuição dos níveis de criminalidade, o componente militar é, aparentemente o único a engajar-se na missão.»

O general se refere ao período da intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. A medida, inédita, foi decretada em fevereiro passado pelo presidente Michel Temer (MDB) e passou para as mãos do governo federal os comandos das polícias e da administração penitenciária fluminense. Temer nomeou interventor o general Walter Souza Braga Netto, do Exército.

A intervenção, que vale até dezembro, foi decretada às pressas e sem um plano pronto logo depois do Carnaval, quando cenas de roubos em áreas nobres da capital foram amplamente divulgadas pela imprensa e aumentaram a percepção de insegurança e vácuo no governo do estado. A intervenção ainda não conseguiu reduzir os homicídios, acumula o maior índice de mortes por policiais desde 2008 e tem retirado menos armas das ruas.

O Exército, porém, está nas ruas da cidade desde julho de 2017, quando Temer, diante da grave crise financeira e de segurança pública, decretou a chamada operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A medida dá poder de polícia às Forças Armadas no estado até o fim deste ano, mas pode ser renovada.

Em seu discurso nesta sexta-feira, o comandante do Exército disse que o país vive dias de dificuldade e que as Forças Armadas têm sido chamadas frequentemente para resolver os problemas na segurança.

Como exemplos, citou as crises vividas por estados como Rio Grande do Norte e Espírito Santo, além do Rio, «onde a população alarmada deposita esperanças em uma intervenção que muitos, erroneamente, pensam ser militar».

«Exigem-se soluções de curto prazo, contudo nenhum outro setor dos governos locais empenhou-se com base em medidas socioeconômicas, para modificar os baixos índices de desenvolvimento humano, o que mantém o ambiente propício à proliferação da violência», disse.

O general participou da cerimônia, realizada no QG do Exército, ao lado do presidente Michel Temer. Participaram ainda do evento os ministros Rossielli Soares (Educação), Joaquim Silva e Luna (Defesa), Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Caio Vieira de Mello (Trabalho), além do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O ministro da Defesa minimizou o tom e disse que a mensagem do comandante tinha como objetivo pedir a pacificação do país após o período eleitoral. «O Brasil vive momento de disputa eleitoral. É natural que cada um apresente a sua forma do que é que vai fazer. Em algum momento, em dois meses, essa tarefa de enfrentamento estará terminada. Então a nação tem de unir para construir um Brasil . E a mensagem tem essa finalidade, e a minha também é essa, terminadas as eleições, precisamos pacificar os ânimos construir um outro Brasil.»

Tanto Temer quanto Villas Bôas lamentaram as mortes dos três militares no Rio de Janeiro esta semana, as primeiras durante a intervenção federal. «Voltamos nosso pensamento muito especialmente ao cabo Fabiano de Oliveira Santos, ao soldado João Viktor da Silva e ao soldado Marcus Vinícius Viana Ribeiro, morto há apenas poucos dias. Seus sacrifícios não serão em vão. Cumpriremos a tarefa imperiosa de recompor a ordem no Rio de Janeiro», afirmou Temer em mensagem lida na cerimônia.

Já o comandante do Exército se queixou sobre a pouca repercussão da morte dos militares. «Vivemos tempos atípicos. Valorizamos a perda das vidas de uns em detrimento das de outros», disse o general. «Suas mortes tiveram repercussão restrita que nem de longe atingiram a indignação ou a consternação condizente com os heróis que honraram seus compromissos de defender a Pátria e proteger a sociedade.»

Embora o general não tenha feito nenhuma menção direta ao assassinato da vereadora Marielle Franco, morta em março já durante o período da intervenção, os militares têm se queixado nos bastidores sobre a diferença de repercussão dos dois casos.

Os elogios de Villas Bôas ao trabalho das Forças Armadas ocorre num momento em que o apoio dos moradores da cidade do Rio de Janeiro à presença do Exército vem caindo.

O índice dos que são a favor da convocação dos militares diminuiu de 76%, em março, para os atuais 66%, enquanto aqueles que são contrários passaram de 20% para 27%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada esta semana.

Desde outubro, quando o instituto fez essa pergunta pela primeira vez, a aprovação às Forças Armadas na capital fluminense já perdeu 17 pontos —naquele mês, eram 83% favoráveis ao emprego de militares para combater a violência no Rio.

Tanto a GLO (poder de polícia ao Exército) como a intervenção valem até 31 de dezembro. Em entrevista à Folha na semana passada, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que a intervenção deve mesmo acabar no prazo inicialmente previsto, pois os responsáveis pela medida já demonstraram não querer a sua renovação.

Em junho passado, Jungmann chegou a defender que a intervenção fosse renovada para, pelo menos, dezembro de 2019. Mas, vencido na discussão interna, o ministro optou pelo “meio-termo”, que seria a continuidade “da reestruturação das forças de segurança” no Rio e a manutenção da operação militar de GLO (garantia da lei e da ordem) para 2019.

O comandante do Exército disse ainda que o Brasil vive momentos de conflitos e incerteza. «Perdemos a disciplina social, a noção de autoridade e o respeito às tradições e aos valores, o que nos tornou uma sociedade ideologizada, intolerante e fragmentada. Estamos nos infelicitando, diminuindo nossa autoestima e alterando nossa identidade.»

Folha


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