Lula promete “arreglar» Brasil en una caravana que reunió a cuatro expresidentes suramericanos

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La izquierda sudamericana arropa a Lula

Comenzó la jornada protagonizando una confrontación entre manifestantes y la terminó arropado por tres expresidentes latinoamericanos: Luiz Inácio Lula da Silva lanzó ayer su caravana por el sur del Brasil arrastrando la tensión que rodea a los que podrían ser sus últimos días antes de entrar en prisión.

Lo que en principio iba a ser un encuentro con el exmandatario uruguayo José Mujica (2010-2015) en la fronteriza Santana do Livramento acabó siendo una reunión de exlíderes de la izquierda regional, a la que se sumaron su sucesora Dilma Rousseff (2011-2016) y el exdirigente de Ecuador Rafael Correa (2007-2017).

Ante ellos y los centenares de partidarios que se agolpaban en la plaza que ejerce de pacífica frontera en esta ciudad que vive en ‘portuñol’, y se llama Rivera del lado uruguayo y Santana del brasileño, Lula reiteró que no piensa parar ahora.

«Querido Mujica, usted sabe que estoy siendo amenazado con la prisión. Estoy aquí en la frontera y podría dar un saltito a Uruguay, pero no voy a hacerlo. ¿Sabe por qué? Porque estoy tranquilo con mi inocencia y quienes tendrán que salir del país un día son ellos», aseguró en referencia a sus enemigos.

Y, entre los vítores bajo el sol de sus partidarios, el mismo Lula que el viernes afirmó que si se atreven a detenerle se convertirá en un preso político, aún fue más lejos.

«Están las huellas del gobierno estadounidense en todo este proceso mentiroso que está ocurriendo en Brasil», lanzó enérgico el exlíder sindical de 72 años, vestido con americana azul y camisa roja.

Alternativas

Sentado a su lado, pero ya en territorio uruguayo, le escuchaba tranquilo Mujica, intercalando los largos sorbos al mate con sus intervenciones a preguntas de Lula, que se refirió a él como una de sus fuentes de inspiración.

Los elogios no evitaron, sin embargo, que el carismático exguerrillero de 82 años usara su habitual hablar franco para pedirle un ejercicio de autocrítica a la izquierda regional e incluso al propio Partido dos Trabalhadores (PT).

«Los cambios no se pueden respaldar en una figura sola, porque mañana no está la figura y la lucha continua. ¡Hay que hacer partido! Suerte que tienen a Lula, pero no lo tendrán eternamente y la lucha dura», advirtió Mujica.

Presidente de Brasil entre 2003 y 2010, el exlíder sindical vuelve a ser el favorito para las elecciones de octubre, pero la admisión de su candidatura parece improbable, después de haber sido condenado en enero en segunda instancia a doce años y un mes de cárcel por corrupción pasiva y lavado de dinero.

La corte lo halló culpable de haber recibido un apartamento de lujo en un balneario paulista a cambio de favorecer contratos de la constructora OAS en Petrobras.

Durante su gira por el sur, que se prolongará hasta el 28 de marzo, un tribunal de apelación podría pronunciarse sobre los últimos recursos que, de ser rechazados, podrían conducir a su encarcelamiento inmediato.

Lula, que enfrenta otras seis causas judiciales, se declara inocente en todas y denuncia un acoso judicial para impedir que vuelva al poder.

Pero, aunque implícito durante todo el debate, la compleja situación jurídica de Lula solo se tocó en la parte final de la charla entre los exmandatarios.

«Mi problema personal es pequeño ante el que aflige a millones de trabajadores brasileños que ya perdieron el empleo», afirmó.

Choque

Inspirada en las caravanas con las que recorrió el país en el pasado, esta es la cuarta gira proselitista que lanza Lula en los últimos meses, tras sus recorridos por el empobrecido noreste, bastión tradicional del PT, y su paso por Minas Gerais y Rio de Janeiro.

Pero ninguna había tenido un inicio tan convulso como el vivido este lunes en Bagé, donde unos 200 productores rurales, con banderas de Brasil y sus tradicionales atuendos ‘gaúchos’, hicieron rugir sus tractores frente a la universidad Unipampa de esta localidad del estado de Rio Grande do Sul.

Un grupo de policías armó un cordón para separarlos de otro centenar de simpatizantes del PT y de movimientos de izquierda que aguardaban la llegada del Lula al son de acordeones.

Ambos lados se increparon. Unos gritaban «Lula, ladrón, tu lugar es la prisión» y los otros respondían: «Lula, guerrero, del pueblo brasilero».

El cortejo de la caravana, formado por varios autobuses blancos, entró en la universidad bajo escolta policial y de simpatizantes del PT.

El recorrido por los tres estados de la próspera región Sur llevará al expresidente por 19 ciudades hasta el acto final del día 28 en Curitiba, centro de operaciones del juez anticorrupción Sergio Moro y de los fiscales de la Operación Lava Jato con los que Lula mantiene una lucha frontal.

Informador


Aclamado na Unipampa, Lula enaltece interiorização e democratização do ensino

Nem pompa, nem circunstância. A visita de dois ex-presidentes da República respeitados no mundo inteiro à Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em Bagé, teve temperatura de festa. Estudantes, professores e trabalhadores da região. Uma multidão comemorava a visita, primeira parada da Caravana Lula pelo Brasil, na região Sul do país, nesta segunda-feira (19).

“Que dia, que dia!”, exultava a bageense Maíra Araújo Zago. A jovem de 27 anos, que conta já ter morado também no Rio de Janeiro e na Bahia, retornou há pouco tempo ao Sul. Dizia-se feliz “por essa força que traz os jovens unidos hoje aqui, no meio disso tudo que a gente está vendo acontecer no Brasil. O fascismo crescendo cada vez mais, os direitos humanos sendo assassinados”.

A emoção era a mesma para a dona de casa Iara Farias Colares, de 45 anos, também de Bagé, que foi até a Unipampa para ver o ex-presidente. Como nas tantas histórias colhidas pelos milhares de quilômetros percorridos pela caravana, no Nordeste, Norte de Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo, estava ali, com simplicidade e lágrimas nos olhos, para «olhar e agradecer».

Ela também fala de Lula sem a reverência habitual dispensada a autoridades. Para essas mulheres, esses homens, velhos, jovens, trabalhadores, estudantes que tiveram suas vidas modificadas por políticas públicas que desconheciam serem possíveis, o ex-presidente é como um amigo, quase um parente. “Adorei, adorei, adorei, meu sonho era ver ele aqui”, comemorava. “Fui contemplada pelo programa Minha Casa Minha Vida e agradeço, sempre. Não posso deixar de lutar aqui no Rio Grande do Sul por ele.”

Feminismo que salva

Maíra ressaltava a presença feminina na caravana. “É importante nós, como mulheres, como jovens, como feministas, que acreditamos na educação pública, em saúde de qualidade, nos unirmos. E estar na presença de grandes mulheres como a deputada Maria (Maria do Rosário – PT-RS), a presidenta do PT Gleisi Hoffman. É um grande dia!”

A irmã de Maíra, Vitória Carneiro, dona de casa de 23 anos, diz sofrer muito preconceito na cidade. “Por isso temos de lutar por um Brasil melhor, pelo nome das mulheres, da Marielle Franco (em referência à vereadora assassinada no último dia 14 no Rio de Janeiro) e de muita gente que fica escondida. Temos de lutar por nossos direitos e não deixar eles tomarem conta.”

A caravana, que trazia ainda os gaúchos Miguel Rossetto, Tarso Genro e Olívio Dutra, foi classificada por Vitória como “a coisa mais incrível do mundo”. “É a melhor coisa da vida poder fazer isso, ainda mais pra nossa sociedade, que tem muita agricultura, e precisa de apoio. Todos os créditos que chegaram para esse povo vieram do presidente Lula e não com Temer.”

Das latinhas às letras

A professora Emili Leite Peruzzo, 23 anos, estudou Letras na Unipampa, entre 2012 e 2015. Hoje dá aulas de Inglês, e credita, ao visitante, a origem da oportunidade conquistada de entrar numa universidade pública. Ela estava com 6 anos quando o pai se mudou para outra cidade e a mãe, “para se virar”, fazia salgados e doces para vender. A ela e ao irmão de 8 anos cabia a tarefa de “catar latinhas e garrafas PET” para reciclagem. Emili estudou toda a vida em escolas públicas e aos 17 anos, via Sisu, ingressou na Unipampa.

Ao longo dos governos Lula e Dilma, somente no estado do Rio Grande do Sul foram criados 20 novos campi universitários e 30 institutos federais. “Isso mudou minha vida. Estar aqui dentro foi formador do meu caráter”, revela.

“A Unipampa trouxe muita coisa para Bagé. Não só os cursos, as pessoas, mas acesso a eventos e a oportunidade de mudar de vida. Não tem o que pague a visita de uma pessoa como ele e como a Dilma aqui. É muita emoção, é uma coisa que muda a vida da gente”, ressaltou Emili, que a exemplo de tantos outros jovens nas demais etapas da caravana pelo Brasil, identifica e valoriza a chegada de uma universidade a uma cidade como Bagé: a chamada interiorização do ensino, promovida pelos governos petistas.

Democracia para atacar protestos

Sobre o pequeno grupo de ruralistas que protestava na entrada da faculdade, Emili ironizou. “A primeira vez que eles vêm aqui na Unipampa é para fazer um protesto contra o Lula. Nunca botaram o pé no bairro, aqui é periferia. Tantas pessoas que queriam estar aqui, mas não podem, estão trabalhando. Eles, que não precisam trabalhar, vêm aqui fazer protesto. Mas os estudantes estão aqui mostrando sua força.”

Em seu discurso, ainda dentro dos portões da universidade, mas vendo do outro lado o pequeno grupo que hostilizava sua visita, o ex-presidente deu um exemplo de comportamento democrático.

Os 10 campi da Unipampa instalados no Rio Grande do Sul levaram educação pública e de qualidade às populações dos municípios – onde os jovens tinham de deixar seu lugar para fazer faculdade. Filhos de assentados rurais e agricultores familiares estão entre os grandes beneficiados.

“Chile, Argentina, Equador, Uruguai, Peru, Paraguai, Bolívia, todos tiveram universidades já no século 19, e nós só fomos ter a primeira universidade pública no século 20. Isso porque neste país a elite mandava seus filhos estudar nos Estados Unidos e na Europa, enquanto o povo pobre mal conseguia terminar o segundo grau”, disse o ex-presidente, atribuindo as manifestações a um preconceito dos ricos, que não se importam com o acesso dos pobres à educação. “Não tenho nenhuma preocupação com essas pessoas que estão se manifestando contra, porque amanhã baterão palmas. Porque nós vamos consertar este país.”

O gringo da serra

No caminho entre o aeroporto e a Unipampa – Lula chegou na manhã dessa segunda-feira a Bagé – um grupo esperava para saudar o ex-presidente. “Voto nele desde 1989. Esperei anos para vê-lo presidente eleito. E hoje ele estar chegando no Rio Grande do Sul, nessa caravana, pela situação atual, gravíssima, que a gente está passando, estou muito emocionada”, disse a microempresária Nuxa Fagundes, 48 anos. Nuxa atua no setor de alimentação em Santa Maria, a três horas de Bagé, e afirma ter sido obrigada a demitir cinco dos seus 15 funcionários.

“Crescemos durante os tempos dos governo Lula e Dilma e agora a gente sofre com a crise. E aqui, ainda, com o governo Sartori, que não paga professores, funcionários, o que está destruindo nossa economia local.”

A microempresária também criticou os atos dos ruralistas. “Fizeram moção de repúdio à vinda do presidente (na Câmara dos Vereadores) o que mostra mais uma vez a violação de direitos, o retrocesso que estamos vivendo. O governo Lula levou Luz para Todos para as terras deles, aproveitaram o Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar), tratores que vão estar no protesto foram financiados no governo Lula. Assim como o Dallagnol (procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol) especulou com o Minha Casa Minha Vida, eles especularam com tratores.”

O procurador que pretende levar o ex-presidente à prisão e proibir sua candidatura à Presidência da República adquiriu imóveis pelo programa habitacional destinado a pessoas de baixa renda. Dois apartamentos em Ponta Grossa (PR). «Uma farsa, né?»

O casal Paulo Tavares, 62 anos, e Luizabete Pereira, 61, professores de Santa Maria, vive a realidade da gestão do governador Ivo Sartori (MDB) na pele, às voltas com escalonamentos e frequentes atrasos nos salários. Sartori foi eleito em 2014, «beneficiado» pela onda antipetista desencadeada pela Lava Jato e os meios de comunicação. «Apesar de todos os alertas, o povo gaúcho, que se diz politizado, elegeu o conhecido ‘Gringo da Serra’. O estado está estagnado e o funcionalismo não recebe em dia. Foi um erro muito grande eleger esse governador.”

Dizendo ser “uma honra” estar ali, à beira da estrada, para ver a passagem de Lula, Paulo e Luizabete trataram como «complô» o processo que pode retirá-lo das eleições. “Não existe prova, nem crime, nada. Então temos de dar força e estamos aqui para fazer parte dessa caravana.”

Rede Brasil Atual


Quatro ex-presidentes sul-americanos se reúnem em caravana de Lula pelo Sul do Brasil

A segunda parada da Caravana Lula pelo Sul, que começou na manhã desta segunda-feira (19), reuniu quatro ex-presidentes sul-americanos na cidade de Santana do Livramento (RS): José Pepe Mujica, do Uruguai, Rafael Correa, do Equador, além dos brasileiros Dilma Rousseff e o próprio Lula.

O lugar escolhido para o ato não podia ser mais representativo: o Parque Internacional, uma praça que divide o Brasil e o Uruguai, símbolo da convivência amistosa e fraterna entre os povos dos dois países.

Em sua intervenção, Lula destacou os retrocessos que muitas nações vem experimentado a partir da ascensão da direita ao poder, seja pela via democrática, ou através de golpes de estado, como no caso do Brasil. «O momento é muito difícil, político, econômico e social. Estamos perdendo muitas das conquistas dos últimos 15 anos, e se depender do governo golpista, vamos perder muito mais. Parece que a ideia é que o mercado financeiro determine o que vai acontecer no mundo», alertou o ex-presidente.

O uruguaio José Pepe Mujica defendeu a unidade dos setores progressistas para vencer a ofensiva da direita sobre os países sul-americanos.

«Precisamos entender nossas diferenças e, para além delas, ter políticas comuns e aprender a nos juntarmos. Vocês têm sorte de ter Lula, mas precisam de uma geração de lutadores e militantes sociais para levar as mudanças adiante, e saber perdoar uns aos outros quando cometem erros», destacou Pepe Mujica.

Já a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a vitória de Lula nas próximas eleições vai “lavar a alma” dos brasileiros que não se conformaram com o golpe de estado do qual ela foi vítima. «A missão do presidente Lula é fazer o Brasil se reencontrar consigo mesmo. Aí sim, nós vamos lavar e enxugar esse processo de golpe. Mas, para isso, nós precisamos de eleições diretas, livres e soberanas.»

Diante da multidão que acompanhava o ato, Lula fez referência a condenação dele, ao afirmar que seu problema pessoal é pequeno, frente aos problemas enfrentados pelos brasileiros e brasileiras com a retirada de direitos levada adiante pelo governo golpista. Em apoio a Lula, o ex-presidente equatoriano, Rafael Correa, fez uma fala emocionada e criticou a condenação sem provas.

«A injustiça que se comete contra um homem, se comete contra toda a humanidade. O que está acontecendo é a judicialização da política. Não conseguem nos derrotar nas urnas e, com a ajuda de uma imprensa corrupta, nos condenam sem nenhuma prova», expressa Correa.

Unidos, brasileiros e uruguaios saudaram Lula

Cerca de cinco mil pessoas, entre brasileiros e uruguaios, lotaram o Parque Internacional em Santana do Livramento. A trabalhadora doméstica uruguaia Celma Benítez fez questão de estar presente. “Para mim, esse foi um ato de confraternização e solidariedade com o povo brasileiro que está sofrendo com esta ditadura que nunca desejamos. Sem dúvida que não é o mesmo que ter um presidente de direita ou um companheiro de esquerda, que lute do mesmo lado que o povo uruguaio”, diz.

Já Ana Paulo Buglet, professora e moradora de Santana do Livramento, destacou os avanços que houveram na região a partir dos governos petistas: “O presidente Lula representa muito pra nós de Santana do Livramento. Representa a Unipampa, as IFEs [Institutos Federais de Educação], o acesso à educação. Ele é tudo para nós, para os professores que nos importamos com políticas públicas que venham de encontro das camadas mais necessitadas.”

Esta é quarta etapa da Caravana Lula pelo Brasil e acontece até o dia 28 de março. Serão 19 cidades visitadas e mais de três mil quilômetros percorridos nos três estados da região.

Brasil de Fato


En un acto conjunto con Lula en la frontera, Mujica le pidió al PT que busque nuevos líderes

La Plaza Internacional que comparten Rivera y Santana do Livramento se tiñó con los colores del Partido de los Trabajadores (PT), del Frente Amplio (FA) y del Movimiento de Participación Popular (MPP) con motivo del encuentro entre los ex presidentes de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva y Dilma Rousseff, y de Uruguay, José Mujica, al que llegó a último momento el de Ecuador, Rafael Correa. Rodeados por seguidores y bañados de aplausos, los ex mandatarios expusieron sobre la situación de América Latina y de Brasil.

En su primera disertación, Mujica planteó dos puntos que consideró claves para el futuro de la región. Por una parte, consideró que “en América del Sur ha habido cambios muy fuertes en cuanto a la preocupación social de los gobiernos” y que “la economía se impone a la sensibilidad social”, por lo que “tenemos una América Latina que está apostando al crecimiento económico, pero no se pregunta cómo le va a su pueblo”. Por otra parte, señaló que ve a las sociedades latinoamericanas “muy crispadas, razonando en blanco y negro, perdiendo el respeto y dejando de quererse a pesar de las diferencias”, y en este sentido planteó que no cree que “la confrontación le convenga a ninguna sociedad”, por lo cual dijo que es necesario “aprender a tolerarse y negociar todo lo necesario”. “No se puede progresar con odio; con odio se retrocede”, concluyó en su intervención inicial.

Lula compartió las apreciaciones de Mujica, pero destacó principalmente la integración regional alcanzada entre los años 2000 y 2014, que permitió “una nueva manera de hacer política”, y a las dificultades que enfrenta actualmente Brasil. “Hoy tenemos un gobierno golpista que atiende todo aquello que le pide el mercado financiero y que hace empeorar mucho la vida de las personas, especialmente de los más pobres”, opinó el ex presidente, después de considerar que Brasil sufrió “un golpe moderno”, que no fue a través del asesinato de un presidente o del uso de los militares, sino de la Justicia y los medios de comunicación. Además, Lula reconoció que lo “asusta” el odio de clases que ve en su país. “Antiguamente se acusaba que era de los trabajadores hacia la élite, pero ahora el odio de clases viene de arriba hacia abajo y empezó durante la campaña de Dilma. Nunca vi tanto odio como en la campaña de Dilma”, lamentó. También advirtió que “el crecimiento en la escala social que consiguieron las personas más humildes [durante su gobierno] incomoda a las élites, que quiere que los pobres sigan siendo pobres”. Dirigiéndose directamente a Mujica, Lula aseguró: “Si las elecciones son normales, vas a tener el placer de ver al PT volver al gobierno para que, a partir de Brasil, empecemos a reconstruir la unidad que construimos con tanta fuerza entre 2000 y 2014”.

La presencia de Rousseff no había sido anunciada, pero su llegada junto con Lula generó un rápido reacomodo de los asientos en el pequeño escenario, donde también estaban presentes los ex gobernadores de Rio Grande do Sul, Olivio Dutra y Tarso Genro, quien también es uno de los principales dirigentes y pensadores del PT. Rousseff dijo que el “golpe parlamentario” que sufrió fue sólo una fase inicial que permitió que se instalara en Brasil “una agenda neoliberal que venía de ser derrotada en cuatro elecciones presidenciales consecutivas” y que implica la “deconstrucción” del Estado, la “liquidación” de las empresas estatales y la “desregulación” del mercado laboral. La solución para esta situación es la candidatura de Lula, planteó: “Tenemos un candidato que es único, que representa la oposición del pueblo ante el retroceso y tiene una visión: hacer que Brasil se reencuentre consigo mismo”. “Tenemos en la candidatura de Lula la posibilidad de una solución no violenta de los problemas que sufre Brasil”, concluyó.

Mujica volvió a mover el foco, sacándolo de Brasil y dirigiéndose hacia la izquierda regional, llamando a su unidad y a la de toda América Latina. “La izquierda se dedicó más a luchar entre sí que contra la derecha. Tenemos que aprender en toda América Latina que, sin unidad, a la larga, no hay poder”, consideró, antes de advertir que la izquierda “se pelea por ideas”, debilitándose, cuando la derecha “se junta por intereses”. En esta línea, agregó que es necesario “no dividir a la izquierda por cualquier cosa” y también opinó que los dirigentes de izquierda tienen “el deber de vivir como lo hace la mayoría del pueblo y no como vive la minoría privilegiada”. En cuanto a lo regional, advirtió: “No somos nada en el mundo de hoy si no nos juntamos”, y lamentó que en el período de los gobiernos de izquierda se hiciera “muy poco” por la integración porque “era más importante quién ganaba en las próximas elecciones y no juntarnos en América Latina”. Consideró que es necesario aprender de esa experiencia para, “por encima de las diferencias, tener políticas comunes” y buscar la unidad, “porque es la única manera de ser alguien en el mundo que viene”.

Además, en un mensaje dirigido al PT, Mujica advirtió “a las fuerzas de izquierda que los cambios no se pueden respaldar en una figura sola, porque mañana no está la figura y la lucha continúa, hay que hacer partido”, en una frase que fue aplaudida por todos los presentes, incluido el propio Lula. “Suerte que tienen a Lula, pero no lo tendrán eternamente y la lucha dura. Tienen que generar generaciones de militantes y luchadores sociales y construir colectivamente”, concluyó.

Retomando el aspecto regional, Lula reconoció que los presidentes de izquierda podrían “haber avanzado más en la integración”, pero no pudieron hacerlo porque “cosas que parecían fáciles eran muy difíciles” y “muchas veces” no tenían “total comprensión de las dificultades de la integración”. Refiriéndose nuevamente a Brasil, advirtió que están viviendo “un momento muy difícil política, económica y socialmente” y se están “perdiendo muchas de las conquistas” de “los últimos 15 años”. Lula agregó que su “problema personal”, en referencia a la condena que pesa en su contra por corrupción, que fue ratificada por un tribunal de segunda instancia y puede llevar a su detención, “es pequeño delante de los problemas que sufren millones de trabajadores que están perdiendo sus empleos” y de los “jóvenes que están perdiendo el acceso a la universidad”. Ya refiriéndose a su candidatura presidencial, que podría verse truncada si es arrestado, aseguró que tiene “apenas 72 años”, “la energía de los 30 y el tesón de los 20”. “Lo único que tengo a mi favor es la conciencia de ser inocente”, aseguró, antes de sostener: “No quiero gobernar Brasil, quiero cuidar al pueblo trabajador”.

La de Correa fue una llegada a último momento, cuando el acto ya estaba entrando en la recta final. En los breves minutos que tuvo el micrófono dijo que no estaba de acuerdo con Lula en que su “problema personal” era “pequeño”, porque “la injusticia que se comete contra un hombre se comete con toda la humanidad, igual que el caso de Jorge Glas”, en referencia a quien fue su vicepresidente y también el de su sucesor, el actual presidente Lenín Moreno. Acerca de este último, aseguró que “es el Temer de Ecuador” porque “traicionó a la Revolución Ciudadana” llevada adelante por su gobierno, y “a sus compañeros”. “Está totalmente entregado a la derecha, entrega a Ecuador a los poderes de siempre”, agregó. En términos regionales, Correa dijo que “es claro que hay un retroceso” y que se está viviendo “la contraofensiva de la derecha, la restauración conservadora” que se produce mediante una “articulación nacional e internacional”. “Nuestros pobres no permitirán que nos lleven al pasado”, concluyó.

Ellos y todos los demás

En los alrededores, desde una hora antes de que comenzara el acto, la Plaza Internacional de Rivera estaba teñida del rojo del PT y del blanco, azul y rojo del FA. Banderas del MPP y del Partido Comunista de Brasil y del Movimiento de los Sin Tierra también sobrevolaban a los casi 1.000 asistentes al acto, que entonaban cánticos como “Lula, guerrero, del pueblo brasileño” y “Olé olé olá, olá, Lula, Lula la”. También se gritó el clásico “¡Fora, Temer!” y en algún momento varias mujeres entonaron un “Mujeres, unidas, jamás serán vencidas”.

Además de las banderas, se podían ver carteles con las frases “¿Cuál es la prueba?”, en referencia al proceso judicial contra Lula, y “Todos con Lula”, que son las utilizadas en las caravanas que Lula viene haciendo por distintas regiones de Brasil. También se vendían por 250 pesos unas remeras alusivas al evento y algunas personas se sacaban fotos con una imagen en blanco y negro de Mujica levantando el puño adentro de su Fusca.

Hubo momentos de tensión cuando aparecieron en los alrededores de la plaza otras dos banderas, pero en este caso contrarias a Lula y al PT. “Livramento no. Lula, queremos tu prisión” y “Líbranos del PT”, decían una pancarta en blanco y negro y una bandera celeste con letras blancas. Eran portadas por poco más de una veintena de personas que enseguida fueron rodeadas por la Policía Militar a pie y a caballo. Enseguida una veintena de hombres identificados con el gorro del Movimiento de los Sin Tierra se acercaron para increparlos y hubo algún amague de que la cosa pasaría a mayores, pero finalmente eso no sucedió.

“Vinimos a ver un evento histórico, a dos grandes”, dijo a la diaria Elisa, que llevaba a los hombros una bandera del MPP. “El próximo presidente va a ser Mujica, y él va a cambiar la historia de Uruguay”, agregó. Su compañero, Raúl, se refirió a la situación de Lula: “Saben que, si lo dejan, va a ganar las elecciones”, aseguró. Érica y Dienifer contaron que van a la universidad gracias a los programas impulsados durante el gobierno de Lula para ampliar el acceso a la educación terciaria. Dijeron que están “muy agradecidas” con Lula y que por eso iban a apoyarlo en este acto. Varios de los que llegaron temprano con sus banderas y sus remeras del PT repitieron ideas parecidas. Lidiane, una joven que llevaba al hombro una bandera del Movimiento de los Sin Tierra y que participa actualmente de la toma de un predio a unos 50 kilómetros de Santana do Livramento, aseguró: “Todas las mejoras sociales las hizo Lula. Él ayudó a la gente en muchas cosas”, dijo. Y concluyó: “Aunque sea desde la prisión, va a volver a ser nuestro presidente”.

El contacto entre la gente y los ex mandatarios se produjo gracias a un corte de luz que interrumpió el acto cuando este iba por la mitad. Mientras esperaban que volviera la luz que permitía el funcionamiento de las cámaras de los medios de comunicación y, fundamentalmente, el micrófono que estaban utilizando los oradores, decenas de personas pudieron subirse al pequeño escenario para sacarse fotos, pedir autógrafos o simplemente pedir un beso. Lula, Rousseff y Mujica se mostraron más que dispuestos, e incluso se pudo ver a la ex mandataria convidando con un vaso de agua a un niño que estaba visiblemente emocionado.

Andrea Martínez, desde Santana do Livramento.

La Diaria


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