El cristal de Macri – Folha de São Paulo, Brasil
Los conceptos vertidos en esta sección no reflejan necesariamente la línea editorial de Nodal. Consideramos importante que se conozcan porque contribuyen a tener una visión integral de la región.
A vidraça de Macri
Enquanto Michel Temer (MDB) se desgasta com a nomeaçãodesastrada da petebista Cristiane Brasil para a pasta do Trabalho, na Argentina o mesmo ministério abala o prestígio do governo reformista de Mauricio Macri.
Eleito com a promessa de dar um rumo diferente a seu país, arruinado após 12 anos de kirchnerismo, Macri vaticinou, no fórum de Davos, que o país deixou para trás seu experimento populista.
Se no receituário econômico já se percebe uma mudança virtuosa, o mesmo não se pode dizer a respeito da conduta de alguns importantes membros de seu governo no trato da coisa pública. Nessa seara, ainda se veem desvios que remontam aos piores hábitos do patrimonialismo argentino.
A figura que mais bem sintetiza esse descompasso no gabinete de Macri é Jorge Triaca. Ministro do Trabalho, foi incumbido de coordenar a intervenção com aval da Justiça em um sindicato de portuários, cujo líder fora preso sob acusação de fraude e extorsão.
Entre os interventores escolhidos por Triaca estava sua ex-empregada doméstica, que pouco aparecia na entidade por manter seus afazeres na casa do ministro.
A mesma funcionária provocou escândalo ao tornar pública uma gravação em que é destratada, em termos chulos, pelo ministro. A divulgação, segundo ela, deveu-se ao fato de ter sido demitida sem a indenização obrigatória mais uma similaridade com o caso de Cristiane Brasil, acusada de descumprir normas trabalhistas.
Triaca, por fim, está entre os afetados pela ofensiva do governo contra o nepotismo. Sua mulher e duas irmãs, instaladas na administração pública, terão de deixar seus postos a partir de março.
Lá como aqui, as tentativas de modernização institucional se dão aos espasmos forçadas pelas agruras econômicas, mas limitadas pelos vícios do mundo político.