O desespero em buscar alianças para as primárias presidenciais – Por Camilo Rengifo Marín

658

Estamos às vésperas de terminar o prazo estabelecido pelo Conselho Nacional Eleitoral para decidir se fazer ou não as consultas abertas ao interior das coalizões, para definir os candidatos através de eleições primárias – que a princípio estão marcadas para o dia 11 de março, e que definirão os presidenciáveis que concorrerão no primeiro turno, que será no dia 27 de maio, ficando um segundo turno, se necessário, agendado para 17 de junho.

Contudo, não há claridade nos panoramas, nem para a centro-esquerda nem para a direita, especialmente porque ninguém quer cair de véspera. Ou seja, todos querem levar suas candidaturas ao primeiro turno. Nesse contexto, a opção que mais vem ganhando aderentes nos últimos dias é a do voto em branco, que cresceu de 23% a 29%.

Um exemplo de quem não quer disputar as primárias é Germán Vargas, que reuniu assinaturas para oficializar sua chapa como representante do movimento Mudança Radical. De ideário direitista, ele é um crítico ferrenho do processo de paz promovido pelo presidente Juan Manuel Santos, embora tenha sido seu vice-presidente até o ano passado. Sua estratégia híbrida não parece dar resultado, embora muitos pensem que ele tem possibilidades.

Pelo lado da ultradireita, a situação é bastante complexa. De um lado estão Iván Duque e Álvaro Uribe, do outro Marta Lucía Ramírez e Andrés Pastrana. Alejandro Ordóñez é poderá ser o fator decisivo entre os grupos que se opõem mais ferozmente aos acordos de paz – bandeira que é liderada por Uribe, o ex-presidente ligado a grupos paramilitares.

Para Pastrana, também ex-presidente, o candidato deve ser escolhido entre Duque e Ramírez. Já Uribe rechaçou a ideia de escolher um candidato em janeiro, e fez um gesto ao ex-procurador Ordóñez, dizendo que ele também deve ser uma das opções.

Por sua parte, Clara López, candidata da Aliança Social Independiente, fez recentemente seu último esforço para buscar o apoio dos setores de centro e de centro-esquerda, para que cheguem unidos ao primeiro turno: “Nenhum de nós poderá chegar sozinho, mas unidos poderíamos responder às esperanças de paz e justiça social do povo”, disse a ex-ministra do Trabalho de Juan Manuel Santos, na carta dirigida a Cesar Gavíria, Juan Fernando Cristo e Humberto de la Calle, na qual exige “fazer sacrifícios pela unidade, ou terminaremos queimando a paz nas portas do ódio”.

No momento, a única primária aberta assegurada é a que reunirá Clara López, Carlos Caicedo e Gustavo Petro. Entretanto, isso os mesmos insistem em que é preciso ampliar a lista de candidatos, e por isso convidaram Sergio Fajardo e Humberto de la Calle, que não aceitaram a proposta até agora, pois consideram que isso levaria a mais polarização. Na verdade, seu temor é o de enfrentar a Petro, o ex-prefeito de Bogotá que lidera as pesquisas até o momento.

Antanas Mockus, líder da Aliança Verde, insiste em que a dupla De la Calle/Fajardo será a vencedora no primeiro turno, porque seria capaz de gerar confiança, permitiria articular temas complementários e refrescar a política evitando uma polarização entre setores mais extremos da esquerda e da direita.

Para se ter uma ideia realidade virtual contada pela imprensa hegemônica, a chamada Grande Pesquisa Eleitoral de 2018, realizada pelo instituto Yanhaas e financiada pelos grandes meios de comunicação, mostrou que 81% dos colombianos acredita que a situação econômica do país é rum, enquanto 76% tem poucas perspectivas de que ela vai melhorar após as eleições. Os assuntos que mais preocupam são a violência (48%), e a saúde (45%). A pesquisa ignorou completamente qualquer tema relacionado aos acordos de paz e suas consequências.

A mesma sondagem aponta como maiores índices de rejeição os dos partidos políticos (73%), o do presidente Santos (72%), o do Congresso (66%), da Corte Suprema (56%) e da Corte Constitucional (52%), tentando com isso demonstrar que não há espaço para candidatos que continuem a gestão do atual governo.

No âmbito da realidade autêntica, as organizações indígenas denunciaram que grupos armados assassinaram Diana Luz Solano, filha de Rufino Solano, governador local da comunidade de La Esperanza. Enquanto isso, Wilmar Asprilla e Angel de Jesús Montoya, integrantes do agora partido político FARC (Força Alternativa Revolucionária do Comum) se encontravam na cidade de Peque, reunidos com líderes comunitários para explicar suas propostas de campanha e as apostas programáticas, no cumprimento do acordo alcançado com o governo, quando… foram assassinados por paramilitares.

(*) Camilo Rengifo Marín é um economista e acadêmico colombiano, investigador do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica

Más notas sobre el tema