La desigualdad extrema se perpetúa en Brasil, el 5% más rico retiene la misma proporción de ingresos que el 95% de la población
Desigualdad se perpetúa en Brasil por salarios bajos e impuestos distorsivos: estudio Oxfam
Las seis personas más ricas de Brasil poseen una riqueza equivalente al patrimonio de los 100 millones de brasileños con menos recursos, la mitad de la población del país, según un informe divulgado este lunes (25) por la organización Oxfam.“Brasil permanece como uno de los peores países del mundo en materia de desigualdad de renta y alberga a más de 16 millones de personas que viven bajo el umbral de la pobreza”, concluye estudio “La distancia que nos une”, elaborado por Oxfam Brasil.
La ONG alertó de que la tendencia es “todavía más preocupante” porque, según proyecciones del Banco Mundial, Brasil podría tener a final de año hasta 3,6 millones más de pobres.
Según el estudio, un brasileño que gana un salario mínimo tendría que trabajar 19 años seguidos para recibir lo mismo que el 0,1 por ciento más rico de la población brasileña gana en un mes.
Por indicadores similares es que Brasil es considerado el tercer país más desigual de América Latina, sólo detrás de Colombia y Honduras, y el 10º más desigual del mundo, según el último informe del Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD).
Oxfam recalca que los números retratan una realidad que separa una parte de la población de servicios básicos, como oferta de agua o de médicos, aumenta las tasas de mortalidad infantil y disminuye la expectativa de vida al nacer de muchos brasileños, a pesar de que en los últimos 15 años, 28 millones de brasileños salieron bajo la línea de la pobreza.
Para revertir el cuadro de desigualdad, Oxfam Brasil propone cambios en lo que llama “sistema tributario amigo de los súper ricos”, que onera principalmente a los más pobres y a la clase media, mayores gastos sociales y mayor formalización en el mercado de trabajo.
Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre
Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou um estudo sobre desigualdade social realizado pela Oxfam.
O levantamento também revelou que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. Além disso, mostra que os super ricos (0,1% da população brasileira hoje) ganham em um mês o mesmo que uma pessoa que recebe um salário mínimo (937 reais) – cerca de 23% da população brasileira – ganharia trabalhando por 19 anos seguidos. Os dados também apontaram para a desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos 20 anos, mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros terão equiparação de renda com brancos somente em 2089.
Segundo Katia Maia, diretora executiva da Oxfam e coordenadora da pesquisa, o Brasil chegou a avançar rumo à correção da desigualdade nos últimos anos, por meio de programas sociais como o Bolsa Família, mas ainda está muito distante de ser um país que enfrenta a desigualdade como prioridade. Além disso, de acordo com ela, somente aumentar a inclusão dos mais pobres não resolve o problema. «Na base da pirâmide houve inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo», diz. «Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base», explica.
América Latina
Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile.
Mas para isso, Katia Maia propõe mudanças como uma reforma tributária. «França e Espanha, por exemplo, têm mais impostos do que o Brasil. Mas a nossa tributação está focada nos mais pobres e na classe média», explica ela. «Precisamos de uma tributação justa. Rever nosso imposto de renda, acabar com os paraísos fiscais e cobrar tributo sobre dividendos». Outra coisa importante, segundo Katia Maia, é aproximar a população destes temas. «Reforma tributária é um tema tão distante e tecnocrata, que as pessoas se espantam com o assunto», diz. «A população sabe que paga muitos impostos, mas é importante que a sociedade esteja encaixada neste debate para começar a pressionar o Governo pela reforma».
A aprovação da PEC do teto de gastos, de acordo com Katia Maia, é outro ponto importante. Para ela, é uma medida que deveria ser revertida, caso o país realmente deseje avançar na redução da desigualdade. «É uma medida equivocada», diz. «Se você congela o gasto social, você limita o avanço que o Brasil poderia fazer nesta área». Para ela, mais do que controlar a quantidade do gasto, é preciso controlar o equilíbrio orçamentário e saber executar o gasto.
Além das questões econômicas, o cenário político também é importante neste contexto. «Estamos atravessando um momento de riscos e retrocessos», diz Katia Maia. «Os níveis de desigualdade no Brasil são inaceitáveis, mas, mais do que isso, é possível de ser mudado».