Brasil: a un año de su destitución, Dilma prevé un “agravamiento” de la crisis “económica, política y social”

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Dilma denuncia al gobierno de facto a un año del golpe

La presidenta constitucional de Brasil, Dilma Rousseff, denunció este jueves las acciones realizadas por el gobierno de facto liderado por Michel Temer, que asumió la presidencia del país tras el golpe parlamentario ejecutado el 31 de agosto de 2016.

En un acto realizado en Río de Janeiro (sureste) contra el Gobierno de facto de Michel Temer con motivo de cumplirse un año del impeachment, Rousseff aseguró que actualmente no se da ninguna importancia al pueblo brasileño. Aunque la población es quien elige a los senadores, «pensar que no tienes que ayudar a la población es una ceguera», indicó.

Como consecuencia del golpe, Rousseff comentó que no se podía evitar una crisis en el país. Además, indicó que tuvieron dificultades en hacer los procesos de inclusión más simples debido a que, cuando el exmandatario Luis Inácio Lula da Silva llegó al poder, se encontraron con diversos problemas sociales, como pocas escuelas, una infraestructura social pésimamente distribuida y la concentración de la riqueza en los sectores más ricos de la sociedad.

Sin embargo, expresó que se enfrentaron a la desigualdad social, «con los ingresos hicimos el llamado programa de bolsa de familia, el cual cambiaron». Agregó que no era bien visto defender los programas pues era «como si la desigualdad fuese un parámetro para sustentar la comparación entre méritos y personas».

Rousseff recordó que la posibilidad de adquirir una vivienda en Brasil es para personas que ganan 1.200 reales, pero «muchos no tienen esos ingresos, pero ellos vieron los subsidios abiertos para obtener las casas como una acción completamente improductiva, innecesaria, poco eficiente porque se gastaban los recursos del Estado», fustigó.

La exmandataria explicó que los proyectos sociales en Brasil deben ser masivos o serán ineficaces socialmente. «Es grave quitarles la ayuda a los pobres, y hoy el presupuesto para la educación y la salud se disminuye», afirmó.

«No queremos pagar el pacto que dice que en cualquier crisis hay costos, incluso, cuando no hay crisis hay un conflicto de distribución entre los sectores sociales. Es imposible salir de la crisis sin recursos y hay una discusión sobre la elevada carga tributaria para trabajadores de la clase media», puntualizó Rousseff.

Por otro lado, habló sobre la amenaza de colocar tropas en Venezuela y aseguró que «ese movimiento acabará en la masacre de los venezolanos y eso es muy grave para la región». Añadió que la oposición venezolana entrará en un modo no violento, pero si cuentan con el apoyo de Estados Unidos se tornará una responsabilidad y «discutir si la oposición es buena o si (Nicolás) Maduro es un dictador es una tentativa de considerarnos imbéciles», expresó.

A un año del golpe parlamentario en Brasil, los movimientos sociales exigen elecciones directas para elegir un nuevo presidente, debido a que han denunciado y rechazado el Gobierno de facto ante las acusaciones de corrupción a gran parte del Gobierno y a la mayoría de los parlamentarios que votaron contra la presidenta constitucional de Brasil.

Telesur


Brasil vive ‘calmaria antes do tsunami’, diz Dilma um ano após o impeachment

Ao comentar seu impeachment, julgado pelo Senado há exatamente um ano, a ex-presidente Dilma Rousseff previu um agravamento da crise «econômica, política e social» no Brasil num futuro próximo. Em evento organizado pelo jornal «Brasil de Fato» na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) na noite desta quinta-feira, Dilma discursou lembrando passagens de sua administração, da crise que culminou em sua saída do governo e a gestão de Michel Temer.

– O Brasil está caminhando para um agravamento da crise econômica, social, institucional e política. A impressão é que há uma calmaria antes do tsunami. É impossível supor que, nesse quadro econômico, processos como o da (privatização da) Eletrobrás, se esteja caminhando (para uma solução) – avaliou Dilma.

A ex-presidente afirmou ter sido vítima de um golpe, cujo principal promotor foi a elite brasileira.

– Nós temos a mais egoísta, atrasada e irresponsável elite econômica. Várias elites pensaram em sua nação, perceberam que seu destino seria maior se elas incorporassem o destino de seu povo. Algumas construíram sociedades verdadeiramente democráticas. No nosso caso, tivemos enorme dificuldade de fazer os mais simples processos de inclusão – afirmou Dilma.

– Por isso tudo, como é grave tirar os mais pobres do Orçamento. Como é grave a mudança constitucional aprovada (PEC do Teto). Colocaram isso por 20 anos. Por cinco eleições presidenciais, tiraram os pobres do Orçamento. O pato amarelo no meio da Paulista expressava isso: não queremos pagar o pato. Em qualquer crise, há um custo. Mesmo fora de épocas de crise, a divisão do Orçamento traz um conflito distributivo entre os diferentes setores sociais.

Sobre a reforma política e as eleições de 2018, Dilma classificou a hipótese de adoção do sistema parlamentarista como «um sonho de verão do golpista-mór», em referência ao presidente Michel Temer. E disse depositar esperanças na influência do ex-presidente Lula nas eleições do ano que vem.

– A frase mais bonita que vi nos últimos tempos foi do Lula, numa entrevista recente. Ele disse «Solto ou preso, condenado ou absolvido, vivo ou morto, eu participo de 2018». A frase é boa, porque mostra uma imensa indignação com a injustiça que se cometeu sobre ele. Tem a ver com a morte da Marisa, com a condução coercitiva, a condenação por razões frágeis. Ou seja, colocar a pessoa no seu limite. Quando a gente é colocado numa situação extrema, a gente pensa no limite. Quando Lula diz isso tudo, ele mostra ter noção do que representa 2018: em 2018, está em disputa se o golpe se reproduz ou se contém. Se se reproduz muito, ou se tem mecanismos de intervenção que o barram.

Sobre os momentos que resultaram no seu impeachment, a presidente voltou a lembrar da gravação de sua ligação com o ex-presidente Lula, em março de 2016, quando ela decidira nomeá-lo ministro da Casa Civil, o que foi vetado pela Justiça, porque representaria obstrução de Justiça.

– Quanto mais perto do golpe, o uso político do Judiciário ficou claro. Judiciário que é seletivo com quem é objeto… por exemplo: nomeei Lula para a Casa Civil. Em alguns países, se alguém grava o presidente da República, a lei de segurança nacional o bota na cadeia. Aqui gravaram a presidente da República no exercício, sem autorização do STF. Tinham autorização para gravar o ex-presidente até 11h, gravaram às 13h45. Não tinham autorização para divulgar a conversa. E divulgaram. Criaram a maior confusão do mundo e impediram que Lula fosse ser ministro da Casa Civil. Ato contínuo, pós golpe, a mesma coisa, alegada a outra pessoa (Moreira Franco), permitiram que fosse nomeado. E está nomeado até agora.

O Globo


No 15º dia, caravana de Lula visita e une mitos do Nordeste

Padre Cícero, Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Luiz Inácio da Silva. O roteiro da caravana Lula pelo Brasil, que nesta quinta-feira (31) percorreu cerca de 140 quilômetros, reuniu em um só dia três das maiores referências do povo nordestino.

Logo pela manhã, o ex-presidente, acompanhado de uma comitiva reduzida, deixou o hotel em que passou a noite, em Juazeiro do Norte, e seguiu até a capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde estão os restos mortais do «padim Ciço», ainda hoje uma das maiores referências religiosas do povo nordestino. De lá, seguiu para Exu, num breve retorno ao estado de Pernambuco, para visitar o Museu Gonzagão, que dedicado à vida e obra de outro ícone saído do Nordeste, o sanfoneiro e compositor Luiz Gonzaga. No fim da tarde, Lula participaria de mais um ato público, desta vez em Ouricuri (PE), na Praça Voluntários da Pátria, município que também pertence a Pernambuco – o trajeto do sul do Ceará ao Piauí recorta uma área do oeste de Pernambuco.

O dia foi mais reservado, já que na quarta-feira anterior a viagem entre as cidades cearenses de Quixadá e Juazeiro do Norte teve início por volta de 10h e acabou quando já era mais de 20h – um percurso, de 325 quilômetros, que poderia ser feito em cerca de cinco horas. Com a caravana parando oito vezes durante o trajeto – para que Lula pudesse abraçar e falar ao povo, que desde o início da caravana se organiza espontaneamente para vê-lo e ouvi-lo – o deslocamento durou o dia todo. Já em Crato, à noite, Lula recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Regional do Cariri, em cerimônia seguida de ato político que terminou à meia noite e meia.

«Muita coisa até para um homem com a força de Lula», comentavam integrantes da caravana, que chegou nesta quinta-feira ao 14º dia. «Ele não sabe dizer não ao povo que o colocou no mesmo patamar desses outros dois grandes ícones nordestinos: Padre Cícero e Luiz Gonzaga.»

O homem e o mito

Realmente beira à idolatria o que se vê, principalmente nas cidades menores e no sertão nordestino, durante as passagens da caravana. As pessoas se contentam até em abraçar outros integrantes, na falta de conseguir chegar mais perto de Lula. Quem alcança o feito, sai pulando e comemorando aos gritos, seja um abraço, um aceno, ter encostado a mão nele ou as disputadas selfies.

Tudo isso, que pode até parecer exagero, fica fácil de compreender em poucos minutos de conversa com esse povo que vê em Lula a lembrança de dias melhores e esperança de poder permanecer na sua terra, com dignidade.

«Pra mim é Deus no céu e Lula na terra» é uma frase que já se tornou corriqueira, assim como «o pai dos pobres», «nosso painho», «só ele para olhar por nós». Mas toda essa devoção é sempre devidamente explicadas, ainda que não com dados e estatísticas.

Famílias que se desintegravam a cada seca, forçadas a buscar trabalho onde fosse possível, ganharam tempo até a próxima chuva, com a água que está armazenada nas milhares de cisternas que passaram a integrar a paisagem do sertão – entre 2003, primeiro ano de governo de Lula, e 2015 foram construídas cerca de 1,2 milhão de cisternas no País, das quais 1,09 milhão no Nordeste.

Mulheres e homens que passaram fome, passaram a ver seus filhos se alimentando regularmente, por conta de programas sociais como o Bolsa Família, que chegou a beneficiar 22 milhões de pessoas somente no Nordeste, quase metade dos 45 milhões de pessoas alcançadas no país, antes dos cortes promovidos pelo governo de Michel Temer.

Jovens que chegaram a uma das 18 universidades ou 282 escolas técnicas criadas durante os governos Lula e Dilma, espalhadas inclusive pelo interior do país. Crianças antes marginalizadas que se encontraram com a educação nesses institutos federais e viraram profissionais. Pessoas, que não conhecem esses números, mas tiveram suas vidas transformadas por eles.

É por feitos assim que, na região percorrida pela caravana nos últimos dias, que vai de Salvador ao sertão do Cariri, é comum ver nas casas das pessoas mais humildes uma foto do «padim» (Padre Cícero) ao lado da do «painho» Lula.

Caso de Elício Leite de Carvalho, pernambucano de Terra Nova, que trabalha com transporte autônomo. «Sou natural de Pernambuco e devoto de Padre Cícero, que foi um padre que juntou a maior população do Brasil. Ele tem muitos devotos. Ele é que nem o Lula. Se não fosse o Lula, muita gente já tinha morrido de fome. A gente não tinha condições de comprar uma bicicleta e hoje todo mundo tem um carro, uma moto, tem o Bolsa Família, tudo, e antes a gente não tinha isso.»

Juvenil de Macedo Borges Siqueira, comerciante na cidade de Ouricuri há 30 anos, diz que, diferentemente de alguns anos atrás, a vida do povo pobre do nordeste dá sinais de um novo ciclo de durezas.

«Aqui tá muito difícil, principalmente depois dos cortes do Bolsa Família. Ouvi falar que de janeiro pra cá, cortaram mais de 1 milhão de bolsas. E a gente está sentindo isso no comércio, que vem fracassando cada dia mais. Isso sem falar na seca.São sete anos de seca e a gente enfrentando aí só com a ajuda de Deus. Eu gosto do Padre Cícero, faço visita lá a ele, sou devota dele, e a gente alcança a fé e Deus atende os pedidos, através da nossa obediência e da fé, e vamos levando a vida.»

Voz

O ato público em Ouricuri, no sertão pernambucano, voltou a reunir, como já de costume, milhares de pessoas. Na praça na Praça Voluntários da Pátria, Lula ouviu poemas de cordel, entoadas e demonstrações de carinho de todos os tipos.

Acompanhado, entre outros, do senador Humberto Costa (PT) e do deputado Silvio Costa (PTdoB), ele afirmou que, apesar do golpe que completou um ano, «esse país vai voltar a sorrir, as pessoas vão voltar a sonhar e a ter esperança».

Lula voltou a denunciar, com a voz bastante rouca, o retrocesso, a privatização de empresas públicas estratégicas e o ataque a direitos que marcam o governo de Michel Temer, além de ressaltar as políticas sociais de seu mandato. «Educação não é gasto, é investimento, é investir nas crianças, que são o futuro desse país. O Nordeste atingiu 1,6 milhões de jovens nas universidades», afirmou.

O prefeito de Ouricuri, Ricardo Ramos, que é do PSDB, homenageou o ex-presidente. Ramos agradeceu «a tudo o que Lula fez» e o presenteou com a bandeira da cidade e um gibão, vestimenta típica do vaqueiro nordestino.

O dia foi encerrado em Araripina, ainda em território pernambucano, onde a caravana passaria a noite. Novamente, uma multidão aguardava o ex-presidente. A engenheira agrônoma Brenda Granger, de 29 anos, levou a filha Maria Cecília, de 1 ano e 9 meses. «Acho muito importante ela conhecer desde pequena o cenário da política do Brasil, pra que ela aprenda a tomar as decisões certas futuramente.»

A caravana prossegue nesta sexta sua jornada ao penúltimo estado do roteiro, chegando a Marcolândia, para o ato “Mais Energia Para o Brasil e para o Piauí Crescer”, no Complexo Eólico Chapada do Piauí. Depois toma a estrada para Picos – com suas prováveis inúmeras paradas pelo caminho –, importante polo de desenvolvimento do estado que já foi o maior exportador do país no século 19. No sábado, na cidade campeã nacional de produção de mel, o ex-presidente participa do evento “Empreendedorismo para Mais Emprego”, na Casa Apis.

Rede Brasil Atual

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