Brasil: Lula inició su caravana por el Nordeste con la mira puesta en las presidenciales de 2018
En busca de mejorar su imagen, Lula inició una caravana política
De regreso a sus raíces. Acorralado por la justicia, pero con el ojo puesto en la campaña electoral de 2018, el ex presidente Luiz Inacio Lula da Silva comenzó ayer una peregrinación por el empobrecido nordeste de Brasil, su tierra de origen y gran bastión de popularidad, con el objetivo de fortalecer su imagen ante los obstáculos que tiene en el horizonte.
Durante los próximos 18 días, Lula, de 71 años, recorrerá en auto, colectivo, barco y avión 28 ciudades de los nueve estados de la región: Bahía, Alagoas, Ceará, Maranhão, Sergipe, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte y Pernambuco, donde nació. Se trata de una reedición de la estrategia de las «caravanas de la ciudadanía», que el máximo líder del Partido de los Trabajadores (PT) realizó por primera vez en 1993 y luego repitió en 2001, antes de finalmente acceder al Palacio del Planalto para gobernar durante dos mandatos (2003-2006 y 2007-2010).
«La mayor clase que tuve sobre Brasil fue viajando por el país. Por eso voy a hacer nuevamente las caravanas. Ahora, con más experiencia y más organización, para entender las necesidades del pueblo», dijo el ex jefe de Estado y antiguo sindicalista metalúrgico al comenzar su temprana campaña.
En la agenda también está ya empezar a consolidar alianzas locales para las elecciones de octubre de 2018 y darse un baño de masas que le permita defenderse mejor de las acusaciones de corrupción que lo persiguen. En julio, el juez federal Sergio Moro lo condenó a nueve años y seis meses de prisión en suspenso por haber recibido de la constructora OAS un departamento tríplex en el balneario de Guarujá a cambio de su influencia para que la empresa obtuviera negocios con Petrobras. Lula está procesado en otras cinco causas relacionadas con la operación Lava Jato, y si la condena que ya tiene fuera ratificada en segunda instancia quedaría inhabilitado para competir en los comicios del próximo año.
Su primer evento ayer a la tarde, en Salvador, fue un acto para lanzar con juristas y abogados el libro Comentarios de una sentencia anunciada: el juicio a Lula, que sostiene la tesis petista de que el ex presidente es víctima de una persecución política que busca evitar que vuelva a ser candidato. Hoy, las encuestas lo muestran como el gran favorito, con un 30% de apoyo; sin embargo, también es el potencial candidato que mayor rechazo genera: un 55%.
Para robustecer su figura y representar una dificultad mayor a la justicia que lo tiene en la mira, Lula vuelve a la zona del país que más se benefició de las políticas sociales durante su administración y con el boom de la economía de entonces. Pero tendrá que convencer a muchos brasileños desencantados de lo que fue el gobierno de su sucesora, Dilma Rousseff, que no sólo se alejó de los movimientos sociales tradicionalmente aliados al PT, sino que también su gestión hundió a Brasil en la más grave crisis económica de su historia. Como consecuencia, en los últimos tres años, el desempleo aumentó significativamente en todo el Nordeste.
Lula no es el único aspirante presidencial que se lanza a conquistar el respaldo clave de la extensa región del Nordeste. Ya desde la semana pasada quien ha visitado varias localidades de la zona ha sido el popular alcalde de la ciudad de San Pablo, João Doria, ex empresario con una fuerte maquinaria de marketing detrás, que espera alzarse con la candidatura presidencial del Partido de la Social Democracia Brasileña (PSDB).
‘Não sou nenhum revolucionário, sou um despertador de consciência’, afirma Lula
Em noite em que reviveu seus melhores discursos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a estrela do lançamento de nova fase do Memorial da Democracia, lançado no final de 2015. A nova etapa do Memorial – construído em parceria com o Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais – foi lançada na Arena Fonte Nova, em Salvador, com a participação de todas as mais importantes lideranças do partido e representantes de diversas entidades e legendas, como PCdoB, UNE, MST e CUT.
O ex-presidente chegou a Salvador no início da tarde e participou de uma maratona em que uma multidão o cercou por onde passou, desde sua chegada, passando pelo metrô, até chegar à Fonte Nova. Sobre a caravana por nove estados do Nordeste, que iniciou hoje na capital baiana, no projeto «Lula pelo Brasil», afirmou: “Quero andar pelo país para contar ao povo o que está acontecendo neste país”.
No discurso, Lula usou como mote a memória e a história para falar, entre outros temas, do golpe que levou Michel Temer ao poder, de cidadania, liberdade e, sem citar nomes, do juiz que proibiu o ato de entrega do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).
Ele se mostrou consciente de ser a liderança capaz de neutralizar as informações mal-intencionadas da mídia tradicional, capitaneada pela família Marinho desde o início do processo do «mensalão» em 2005. “Não é possível que esse povo se informe pela Rede Globo de Televisão”, disse. “Não sou nenhum revolucionário, sou um despertador de consciência.”
Mencionou 2018 mas não foi conclusivo sobre sua própria candidatura. “Este país tem que se preparar porque em 2018 tem que colocar uma pessoa democrata para governar, e a gente tem que começar a se organizar já. Vocês sabem que ainda falta muito tempo. Não existe candidato, mas nós saberemos quem é o candidato na hora certa”, afirmou. E mostrou disposição incomum para quem é diuturnamente perseguido pelo Judiciário e pela mídia. “Tô com 71 anos, mas com vontade de lutar como se tivesse 30.”
Usou de ironia para comentar a suspensão da cerimônia de entrega do título honoris causa, cancelada por pedido do vereador Alexandre Aleluia (DEM). “Queria falar ao vereador que ele tem o direito de não gostar de mim, porque ele é do DEM e não precisa gostar de mim, porque eu também não gosto dele”, afirmou, enfatizando não ser por motivos pessoais, mas ideológicos. “Todo mundo sabe o que eu fiz na Bahia. Eles têm medo pelo que nós vamos fazer daqui pra frente.”
Segundo Lula, os governos do PT e a democracia têm raízes no país. “A ideia da liberdade, da democracia, da participação social é muito forte. Não adianta achar que acabando com Lula acaba com isso.”
Acusou os golpistas de “truncarem a democracia” ao derrubar Dilma e prometeu: “Vocês vão pagar com a mesma moeda o que fizeram com a democracia brasileira. E em 2018 a gente vai eleger uma pessoa democraticamente.”
Em noite em que o tema era a memória, assinalou: “É importante reconstituir a história, porque a história é contada pelos dominadores, a gente aprende a história que os dominadores quiseram”, disse. “Os que deram o golpe de 64 nunca aceitaram a palavra golpe, diziam que vieram pra consertar o Brasil que estava sendo entregue aos comunistas.” Lembrou que a dominação no Brasil começou na Bahia, em cujo litoral, segundo os livros de história, a frota de Pedro Álvares Cabral chegou em 22 de abril de 1500.
Doria e Temer
Lula convidou o presidente Temer a se retirar da presidência da República. “Tem mais gente na rua hoje do que quando eu cheguei na presidência’, disse. “Se um governante não tem competência pra resolver a crise e começa a vender o patrimônio deste país, esse governo tem que pedir desculpas e ir embora, porque não serve para governar.”
E ironizou o prefeito João Doria: “Se o prefeito de São Paulo já invadiu a Cracolândia, imagina se fizermos um Museu da Democracia na Cracolância”. Foi uma referência à interdição, por ação do Ministério Público, que moveu ação contra a cessão de um terreno municipal no centro de São Paulo para a construção de um museu que o MP afirmou que serviria para “divulgação da imagem” de Lula.
As dificuldades práticas para criação de um museu físico, com documentos, imagens e objetos que comporiam um espaço de reflexão sobre a construção do país a partir da República levaram à criação do museu virtual. O Memorial da Democracia, que teve hoje a apresentação de mais um fragmento dessa história.
Juiz que barra título a Lula causa espanto na comunidade acadêmica
O juiz federal Evandro Reimão dos Reis, da 10ª Vara Federal Cível de Salvador, concedeu liminar que proíbe a entrega de um título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Reis atendeu a um recurso apresentado pelo vereador soteropolitano Alexandre Aleluia (DEM). A cerimônia está prevista para amanhã (18), quando o ex-presidente passa pela cidade como parte da primeira fase da caravana Lula pelo Brasil.
Além de determinar a suspensão da entrega, o juiz pede a presença da Polícia Federal no local do evento. «Em caso de descumprimento da decisão, que tome as medidas cabíveis», afirma o magistrado.
A atitude foi recebida com estranheza por políticos, membros da comunidade acadêmica e juristas. «É uma arbitrariedade, uma perseguição mais do que escancarada, evidente», afirmou o deputado federal Jorge Solla (PT-BA), para quem a sentença provisória fere o princípio da autonomia universitária.
«Como um juiz pode fazer isso? A universidade tem autonomia e quem define sobre o título é o Conselho Universitário da instituição. Nem o presidente, nem nenhum juiz do Supremo podem interferir nisso (…) É algum juiz querendo aparecer, fazendo papel de capacho da direita», completou.
Para o jurista e pesquisador da Universidade Federal de Feira de Santana (BA) Felipe Freitas, a medida viola o princípio da autonomia universitária, desrespeita a noção de causa interna corporis e interfere na liberdade de cátedra dos conselheiros. «O precedente é perigoso e nos remete a lamentáveis momentos históricos nos quais pesquisadores, professores e cientistas não gozam de qualquer espaço de auto organização e livre pensamento», disse ao Justificando.
Em entrevista à Rádio Metrópole, o vereador que entrou com o pedido acatado pela Justiça afirmou que Lula «merecia uma sentença e não uma homenagem». No mesmo programa, um antigo professor de Aleluia, o procurador de Justiça da Bahia Rômulo Andrade Moreira, entrou no ar para rebater seu ex-aluno. «Pergunte a ele se na faculdade ele não aprendeu o que é princípio da inocência? Ele foi meu aluno. Eu ensinei isso a ele. Lula não foi definitivamente condenado, Lula já foi homenageado por várias universidades no mundo», disse.
A oposição na Câmara Municipal de Salvador também se manifestou sobre o caso. Para o líder da bancada, José Trindade (PSL), o ato do juiz foi «lamentável. Talvez ele nem tenha preparo suficiente para dar uma liminar dessa natureza». Como resposta, o parlamentar sugeriu que o título não seja entregue na universidade, e sim em praça pública, na capital baiana.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que acompanha Lula em sua caravana, classificou a decisão como «irresponsável, violenta, politiqueira». «É um escândalo, uma perseguição infame. O juiz decidiu criar um fato político em cima de uma ação inconstitucional que vamos derrubar. Estou escandalizado. A perseguição ao Lula passou de todos os limites.»