Crisis en Brasil: acusan al presidente Temer de avalar soborno
Temer habría comprado el silencio de ex-diputado en la cárcel, dice O Globo
El miércoles pasado (10), los dueños de la empresa de carnes JBS, Joesley Batista y su hermano Wesley realizaron una delación premiada en el ámbito de la Operación Greenfield. En ella habrían contado que grabaron una conversación telefónica en la cual el presidente golpista de Brasil Michel Temer habría indicado al diputado de su partido (PMDB) Rodrigo Rocha Loures para “resolver un problema de la J&F”, holding que controla la JBS. Momentos después, el mismo diputado fue filmado recibiendo una maleta con 500 mil reales, (unos 160 mil dólares) enviados por Joesley. Temer también oyó del empresario que estaba dando a Eduardo Cunha – pieza clave en el impeachment contra Dilma Rousseff (PT) – y al operador Lúcio Funaro una mesada en la cárcel para que se quedasen callados.
Ante este dato, Temer lo incentivó: “¿Hay que mantener eso, entendiste?”.
Aécio
El senador Aécio Neves -candidato del PSDB que compitió con Dilma Rousseff en la elección de 2014- también fue grabado pidiendo 2 millones de reales (unos 630 mil dólares) a Joesley. El dinero habría sido entregado a un primo del presidente del PSDB, en una cena debidamente filmada por la Policía Federal.
La PF rastreó la ruta que siguieron esos reales, y descubrió que fueron depositados en una empresa del senador Zeze Perrella, del PSDB del estado de Minas Gerais.
Repercusiones
Para el diputado Zé Carlos, del Partido de los trabajadores (PT), este es un hecho sin precedentes en la historia de la política brasileña: “nunca antes ocurrió un hecho tan grave involucrando a un presidente. Si Temer tuviera un mínimo de honra, de escrúpulos o de consciencia, como mucho hasta el día de mañana tiene que decirle al pueblo brasilero que lamenta lo que hizo, y entregar la presidencia para que se hagan elecciones directas”.
El diputado federal del partido Socialismo y Libertad (PSOL) Jean Willys, grabó un video en vivo desde la Cámara afirmando que “el presidente de la Cámara Rodrigo Maia tuvo que cerrar la sesión, y la base aliada del gobierno salió corriendo desesperada. O sea, todo lo que decíamos está aconteciendo. Dilma no fue depuesta para combatir la corrupción, fue depuesta para que este bando de corruptos se salve el pellejo, para que no sean condenados”.
Para Willys, «los intentos de criminalizar a la izquierda no dieron resultado, y ahora los desvíos éticos y morales de la base aliada del gobierno están expuestos”.
En un video publicado en su página de Facebook, la diputada federal Jandira Feghali, del Partido Comunista de Brasil (PcdoB), también se pronunció sobre el escándalo: “Nostros tenemos que parar de votar textos absurdos en Congreso Nacional, parar esta agenda absurda del gobierno y hacer elecciones directas inmediatamente. Es muy grave lo que pasó, la crisis se va a profundizar mucho, y no se puede votar más nada en este congreso. Todo ahora está bajo sospecha”. Este gobierno “está tapado de barro hasta el cuello, y no es por una ilusión, es una prueba, ¡fue grabado!”, concluyó Feghali.
Planalto niega las denuncias
En un comunicado, el Palacio de Planato negó la denuncia: “el presidente jamás solicitó pago alguno por el silencio (de Cunha) ni autorizó ningún movimiento con el objetivo de evitar la delación del parlamentario (…) El presidente defiende una amplia y profunda investigación para chequear las denuncias transmitidas por la prensa”.
Dono da JBS grava Temer dando aval para compra de silêncio de Cunha
É uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente Michel Temer foi gravado em um diálogo embaraçoso. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: «Tem que manter isso, viu?».
Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
Pela primeira vez na Lava-Jato foram feitas «ações controladas», num total de sete. Ou seja, um meio de obtenção de prova em flagrante, mas em que a ação da polícia é adiada para o momento mais oportuno para a investigação. Significa que os diálogos e as entregas de malas (ou mochilas) com dinheiro foram filmadas pela PF. As cédulas tinham seus números de série informados aos procuradores. Como se fosse pouco, as malas ou mochilas estavam com chips para que se pudesse rastrear o caminho dos reais. Nessas ações controladas foram distribuídos cerca de R$ 3 milhões em propinas carimbadas durante todo o mês de abril.
Se a delação da Odebrecht foi negociada durante dez meses e a da OAS se arrasta por mais de um ano, a da JBS foi feita em tempo recorde. No final de março, se iniciaram as conversas. Os depoimentos começaram em abril e na primeira semana de maio já haviam terminado. As tratativas foram feitas pelo diretor jurídico da JBS, Francisco Assis e Silva. Num caso único, aliás, Assis e Silva acabou virando também delator. Nunca antes na história das colaborações um negociador virara delator.
A velocidade supersônica para que a PGR tenha topado a delação tem uma explicação cristalina. O que a turma da JBS (Joesley sobretudo) tinha nas mãos era algo nunca visto pelos procuradores: conversas comprometedoras gravadas pelo próprio Joesley com Temer e Aécio — além de todo um histórico de propinas distribuídas a políticos nos últimos dez anos. Em duas oportunidades em março, o dono da JBS conversou com o presidente e com o senador tucano levando um gravador escondido — arma que já se revelara certeira sob o bolso do paletó de Sérgio Machado, delator que inaugurou a leva de áudios comprometedores. Ressalte-se que essas conversas, delicadas em qualquer época, ocorreram no período mais agudo da Lava-Jato. Nem que fosse por medo, é de se perguntar: como alguém ainda tinha coragem de tratar desses assuntos de forma tão descarada?
Para que as conversas não vazassem, a PGR adotou um procedimento incomum. Joesley, por exemplo, entrava na garagem da sede da procuradoria dirigindo o próprio carro e subia para a sala de depoimentos sem ser identificado. Assim como os outros delatores.
Ao mesmo tempo em que delatava no Brasil, a JBS contratou o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe para tentar um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). Fechá-lo é fundamental para o futuro do grupo dos irmãos Batista. A JBS tem 56 fábricas nos EUA, onde lidera o mercado de suínos, frangos e o de bovinos. Precisa também fazer um IPO (abertura de capital) da JBS Foods na Bolsa de Nova York.
Pelo que foi homologado por Fachin, os sete delatores não serão presos e nem usarão tornozeleiras eletrônicas. Será paga uma multa de R$ 225 milhões para livrá-los das operações Greenfield e Lava-Jato que investigam a JBS há dois anos. Essa conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ for assinada. (Colaborou Guilherme Amado)
Rodrigo Maia encerra sessão da Câmara minutos após notícia sobre áudio de Temer
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a sessão desta quarta-feira (17) minutos após o site do jornal «O Globo» publicar reportagem segundo a qual o dono da JBS, Joesley Batista, gravou conversa com o presidente Michel Temer na qual foi discutido o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A gravação foi entregue ao Ministério Público Federal.
Até a última atualização desta reportagem, Temer não havia se pronunciado sobre o assunto.
Maia encerrou a sessão no momento em que o plenário discutia uma medida provisória que trata do repasse de recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) a estados e municípios.
No caso do Senado, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), também encerrou a sessão alguns minutos após a notícia ter sido veiculada por «O Globo», mas, diferentemente do que ocorreu na Câmara, a sessão terminou logo após a conclusão da análise de um projeto.
Câmara
Ao deixar o plenário da Câmara, Rodrigo Maia foi questionado sobre os motivos de ter encerrado a sessão e disse que não havia mais «clima». «Não tem mais clima para trabalhar», afirmou.
Maia disse ainda: «Tem que ver primeiro o que é». Na sequência, emendou: «Estamos tratando disso». Sobre se o caso é grave, concluiu: «Pode ser».
Antes de Rodrigo Maia encerrar a sessão, houve tumulto no plenário, a oposição pediu o fim da votação da medida provisória e houve gritos de «Fora, Temer!».
A denúncia causou reação imediata entre os deputados da oposição, que pediram a renúncia do presidente da República.
“Nesse momento em que surgem essas gravações, esse governo não tem legitimidade para continuar governando. Chegou ao ponto final. O ponto final, se não for dado pela sua própria renúncia, será feito por esta Câmara e por este Senado através de um impeachment”, afirmou o líder do PT, Carlos Zarattini (SP).
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) informou que protocolou na Câmara um pedido de abertura de processo de impeachment do presidente Temer. “Os atos descritos na denúncia ferem claramente a lei dos crimes de responsabilidade”, afirmou.
Logo após o encerramento da sessão, deputados dos partidos de oposição se reuniram para definir a estratégia diante da revelação que atinge Temer.
Senado
No Senado, assim que a notícia sobre o áudio de Temer foi publicada, Eunício Oliveira continuou com a sessão, mas, enquanto um projeto era analisado de forma simbólica (sem contagem de votos), vários senadores liam, por meio dos celulares, a reportagem do jornal «O Globo» e se revezavam na tribuna para repercutir o assunto.
Logo após o encerramento da sessão do Senado, o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), um dos principais aliados do presidente Michel Temer, falou com a imprensa e disse ser «prematuro» fazer qualquer tipo de comentário sobre as denúncias.
Jucá também afirmou acreditar que as acusações não vão atrapalhar o cronograma das reformas trabalhista, no Senado, e da Previdência, na Câmara.
«Não sei do que se trata, não se sabe sobre a fita, sobre a perícia, não dá para comentar algo que não conhecemos. Eu considero que é uma denúncia entre tantas que estão sendo publicadas. A maioria das delações, o PT está descredenciando. Se há uma delação que envolve o governo, é válida, se há envolvendo o PT, não é válida. É um processo seletivo?», questionou.
Jucá disse, ainda, que o «remédio para a calúnia é a transparência e a investigação». «Vamos aguardar para ver o que é verdade e o que não é», emendou.
Entenda o caso
Segundo o jornal «O Globo», os donos da JBS disseram em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) que gravaram Temer dando aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, após o ex-deputado ser preso na Operação Lava Jato.
Ainda de acordo com o jornal, o empresário Joesley Batista entregou uma gravação feita em março deste ano em que Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Lourdes (PMDB-PR) para resolver assuntos da J&F, uma holding que controla a JBS. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.
Até a última atualização desta reportagem, Rocha Loures não havia se pronunciado.
Em outra gravação, também de março, diz «O Globo», o empresário disse a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer diz, na gravação: «tem que manter isso, viu?»
Na delação de Joesley, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, é gravado pedindo ao empresário R$ 2 milhões. A entrega do dinheiro a um primo de Aécio foi filmada pela Polícia Federal (PF). A PF rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que foi depositado numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
Aécio e Zeze Perrella, assim como Temer e Rocha Loures, ainda não haviam se manifestado sobre o assunto até a última atualização desta reportagem.
A gravação
Segundo o jornal, em duas ocasiões em março deste ano, Joesley conversou com Temer e com Aécio levando um gravador escondido.
O colunista Lauro Jardim, de «O Globo», conta, ainda, que os irmãos Joesley e Wesley Batista estiveram na quarta-feira passada no Supremo Tribunal Federal (STF) no gabinete do ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin – responsável por homologar a delação dos empresários. Diante dele, os empresários teriam confirmado que tudo o que contaram à PGR em abril foi de livre e espontânea vontade.
Joesley contou ainda que seu contato no PT era Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff. Segundo «O Globo», o empresário contou que era com Mantega que o dinheiro da propina era negociado para ser distribuído aos petistas e aliados, e também era o ex-ministro que operava os interesses da JBS no BNDES.
Cunha
Joesley disse na delação que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão na Lava Jato. O valor, segundo o jornal, seria referente a um saldo de propina que o deputado tinha com o empresário.
Joesley Batista disse ainda que devia R$ 20 milhões por uma tramitação de lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.
Investigação
Segundo o jornal, pela primeira vez a PF fez «ações controladas» para obter provas. Os diálogos e as entregas de dinheiro foram filmadas e as cédulas tinham os númjeros de série controlados. As bolsas onde foram entregues as quantias tinham chips de rastreamento.
Durante todo o mês de abril, foram entregues quase R$ 3 milhões em propina rastreada.
O jornal informou que as conversas para a delação dos irmãos donos da JBS começaram no final de março. Os depoimentos foram coletados do início de abril até a primeira semana de maio. O negociador da delação foi o diretor jurídico da JBS, Francisco Assis da Silva, que depois também virou delator.