Brasil: Temer sale a defender la reforma laboral en medio de multitudinarias protestas
Em discurso pelo 1º de Maio, Temer ignora greve geral e elogia reforma que retira direitos
Em pronunciamento pelo 1º de maio, Dia do Trabalhador, o presidente Michel Temer divulgou um breve discurso pela rede social Twitter em que repetiu várias das afirmações já repudiadas pelos trabalhadores acerca de sua reforma trabalhista que atualmente tramita no Congresso Nacional. No pronunciamento, o presidente ilegítimo disse que a criação de empregos «ocorrerá de forma muito mais rápida», destacou como positivo que «empresários e trabalhadores poderão negociar acordos coletivos de maneira livre e soberana» e que «a nova lei garante os direitos não só para os empregos diretos, mas também para os temporários e terceirizados. Todos com carteira assinada», entre outras – as centrais sindicais ressaltam que não há qualquer garantia legal para que isso ocorra, depois que o próprio Temer sancionou a terceirização irrestrita da mão de obra pelas empresas.
O presidente disse ainda que, após aprovadas, a reforma deve promover «mais harmonia» nas relações de trabalho, o que deverá resultar em menos ações trabalhistas na Justiça. Ao lado das centrais sindicais, representantes da Justiça do Trabalho alertam que as alterações na CLT visam justamente anular os fundamentos legais que atualmente protegem os trabalhadores contra maus empregadores.
Ao fim de seu pronunciamento, Temer faz outra afirmação que ignora sinais de recessão da economia e a greve geral de sexta-feira (28), que mobilizou mais de 35 milhões de brasileiros em todo o país: «Os resultados já começam a aparecer”.
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Atos do 1º de maio dão continuidade à Jornada de Lutas contra desmontes sociais
Dois dias após a greve geral que mobilizou quase 40 milhões de pessoas em todo o país, movimentos populares e centrais sindicais voltaram a ocupar as ruas nesta segunda-feira (1). A data marca o Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores.
Em São Paulo (SP), o Ato Político de Resistência do 1º de Maio reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista. O evento foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Intersindical, além de contar com o apoio das entidades que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Para Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular, a programação deste 1º de Maio é uma continuação de uma jornada de luta, que também engloba a greve geral da última sexta-feira (28).
«O ato dese primeiro de maio está dentro do contexto dessa jornada. Estamos começando a reconectar dos movimentos sociais e das centrais sindicais com a classe trabalhadora, então foi um dia histórico. No dia 28 tivemos a maior greve da história do país, onde quase 40 milhões de pessoas se envolveram e participaram das atividades da greve», afirmou.
Assim como nas mobilizações da semana passada, os movimentos populares pautam nesta segunda-feira o desmonte dos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais por meio das reformas enviadas ao Congresso Nacional pelo governo golpista de Michel Temer (PMDB).
«Esse 1º de maio é pra coroar esse mês de março e abril, dois meses importantes, o que demonstra que classe trabalhadora está de pé, lutando e combatendo o ataque aos seus direitos», disse Bonfim.
Já o Deputado Federal Ivan Valente (PSOL-SP) afirma que as fortes mobilizações desmonta a retórica do governo federal. Temer reduziu as ações da Greve Geral a «pequenos grupos que bloquearam rodovias e avenidas» e disse que os protestos não terão impacto na discussão da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que altera, entre outras coisas, as regras da aposentadoria no Brasil.
«Hoje a própria Datafolha falou que 87% é contra a idade mínima e o tempo de contribuição, e que a esmagadora maioria é contra a reforma trabalhista. Os trabalhadores estão sabendo que é uma proposta para retirar direitos, estão se mobilizando e na medida que conhecem mais a proposta haverá uma paralisação maior. Os deputados não querem morrer politicamente. Por mais que haja compra de votos eles vão medir o grau de impopularidade da medida», acredita.
A pesquisa citada por Valente, realizada pelo Instituto de Pesquisa Datafolha antes da Greve Geral e divulgada nesta segunda-feira, mostra que sete em cada dez brasileiros se dizem contrários à reforma da Previdência.
Segundo o Deputado Federal Orlando Silva (PCdoB-SP), o resultado da votação da PEC 287 ainda pode ser mudado. «O Congresso estava tão preocupado com a Greve que manobraram para poder antecipar a votação. Mas a batalha ainda não acabou porque o Senado Federal ainda vai analisar a matéria e nós temos dialogado com vários senadores. Então nós não fizemos apenas a greve, estamos preparando mobilizações e penetrando na consciência das pessoas»
Shows
Por volta das 16h, o ato político em São Paulo seguiu em caminhada até a Praça da República, onde apresentações culturais encerraram a mobilização do 1º de maio. O cortejo foi conduzido pelo grupo Ilú Obá de Min.
A programação cultural também contou com a participação do rapper Emicida, Mc Guimê, Leci Brandão, As Bahias e a Cozinha Mineira, Bixiga 70, Mistura Popular, Marquinhos Jaca e Sinhá Flor. Para as entidades organizativas, as atrações são «um instrumento de formação política, em especial com a juventude».
Proibição
Após um impasse com a Prefeitura de São Paulo, As entidades conseguiram permanecer com as atividades convocadas, com poucas alterações. No domingo (30), em uma audiência com o Tribunal de Justiça de São Paulo, a CUT conseguiu reverter a decisão da Prefeitura de São Paulo que proibia as atividades do 1º de Maio na Avenida Paulista.
Antes de a CUT entrar com um recurso, o TJSP havia determinado o pagamento de R$ 10 milhões em multa caso a central decidisse realizar os shows na avenida Paulista. As atividades foram transferidas para a Praça da República.
Estados
As centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo também organizaram mobilizações em outras capitais neste 1º de maio. No Rio de Janeiro, um ato ecumênico teve início às 11h na Praça da Cinelândia. O local foi marcado por forte repressão policial aos manifestantes que vinham da Assembleia Legislativa durante os atos da Greve Geral da última sexta-feira.
No Distrito Federal, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) deu início às celebrações e luta do dia dos trabalhadores a partir das 9h, na Torre de TV. Além dos debates políticos, as bandas Bossa Greve e Samba de Tapera realizaram apresentações musicais durante o evento.
Já no Rio Grande do Sul, centrais sindicais e partidos progressistas se reuniram a partir das 10h em um ato de resistência junto ao Monumento do Expedicionário, no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Em Belém do Pará, um ato político e cultural teve início às 9h na Praça da República. Em Goiânia um ato festivo-político e cultural reuniu lideranças religiosas, políticos e artistas com shows ao vivo na Praça do Trabalhador.