Lava Jato: Lula declara ante la Justicia acusado de obstruir la investigación
Acusado de tentar obstruir Lava Jato, Lula depõe hoje na Justiça Federal
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta depoimento hoje (14) perante o juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, na ação em que é acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
A defesa do ex-presidente confirmou sua presença na Justiça Federal, em Brasília, às 10h desta terça-feira. Lula solicitou que o depoimento fosse prestado por meio de videoconferência, a partir de São Bernardo do Campo, onde mora, mas teve o pedido negado pelo juiz.
Como essa ação penal é pública, o depoimento não é fechado, mas a Justiça Federal do Distrito Federal (DF) resolveu montar um esquema especial para o depoimento de Lula, com maior rigor no controle de entrada ao prédio.
A Polícia Militar do DF decidiu interditar a rua adjacente ao tribunal. A Justiça Federal informou que a medida é para garantir a segurança e evitar manifestações a favor ou contrárias a Lula, muito próximas ao prédio.
Na ação em que irá depor, Lula é réu juntamente com o pecuarista José Carlos Bumlai, o banqueiro André Esteves, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais três pessoas, todos acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, para que ele não firmasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.
A denúncia, a primeira em que Lula se tornou réu na Lava Jato, foi aceita em julho do ano passado. Todos os réus negam as acusações.
Em novembro de 2015, Delcídio do Amaral foi preso quando era líder do governo de Dilma Rousseff no Congresso, após ser gravado em seu gabinete por Bernardo Cerveró, filho de Nestor. No áudio, o então senador sugere um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras, que iria para o exterior passando pelo Paraguai.
Na gravação, Delcídio oferece ajuda de R$ 50 mil à família de Cerveró. Para o MPF, o objetivo era impedir que o ex-diretor descrevesse a atuação do então senador, bem como de Lula, André Esteves e Bumlai, no esquema de corrupção na Petrobras.
‘Vou andar pelo país alertando o que está em jogo’, diz Lula
Em tom de campanha e referindo-se ao governo Temer como «essa gente», o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou uma plateia de agricultores rurais a lutar pela manutenção de direitos que, segundo ele, uma «parte da elite brasileira» quer acabar. Ele afirmou que também está disposto a rodar o país fazendo o mesmo alerta, para em seguida desconversar sobre uma eventual candidatura em 2018.
— Estou disposto a voltar a ter meus 35 anos de idade, a andar por esse país alertando o povo brasileiro sobre o que está em jogo. Agora resolveram vender nossas terras. Já venderam o espaço aéreo, daqui a pouco vendem o mar e a gente terá que pedir licença para para entrar no Brasil.
— Não se trata de ser candidato em 2018 porque a natureza é implacável, se trata de a gente preparar o nosso povo para lutar — afirmou Lula.
O ex-presidente falou na noite desta segunda-feira na abertura do 12º congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Ele atacou as reformas da Previdência, trabalhista, os cortes em benefícios sociais e chamou atenção para o apoio do Congresso ao governo Temer.
— Nem o Sarney tinha força no Congresso para fazer maldade como faz esse governo agora — afirmou.
Pontuando o discurso numa comparação constante entre o próprio governo e o de Temer, disse que as conquistas obtidas pelos mais pobres incomodam os que agora estão no poder. E voltou a citar uma metáfora conhecida, afirmando que «quem aprendeu a comer carne de primeira não quer voltar a comer de segunda»:
— Para a gente, incluir o povo pobre na economia, seja através da aposentadoria, geração de emprego, Bolsa Família, não era gasto, era investimento. Para eles, é gasto. O povo mais humilde desse país tem direito de ter as coisas.
CRÍTICAS E IRONIAS A TEMER
Apesar de pronunciar pouquíssimas vezes o nome de Temer, Lula não poupou críticas e ironias ao rival. Disse que o atual presidente quase não consegue se eleger para deputado e que não tem coragem de sair do país com medo de passar por constrangimento. Falou ainda que o brasileiro, hoje, tem vergonha quando viaja para fora do país porque é mal visto pelo estrangeiros:
— É o país de um golpista, da corrupção, os pobres estão desgraçados para o resto da vida.
Lula evocou em grande parte do discurso a própria origem humilde para se diferenciar do atual governo. Afirmou que só alguém com ele poderia iniciar a transposição do São Francisco, cujos trechos começaram a ser inaugurados por Temer.
— Só eu comecei a fazer aquilo porque de todos que passaram pela presidência da República, só eu carreguei um pote na cabeça. Só eu, com sete anos de idade, sei o que é pegar água e separar caramujo — afirmou.
Lula fez o discurso às vésperas de um depoimento marcado na Justiça Federal de Brasília para esta terça-feira. O ex-presidente é réu em ação penal que apura se ele tentou atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato.
Além de Lula, mais seis pessoas, incluindo o ex-senador Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves, são acusados de ter tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que estava negociando uma delação com o Ministério Público Federal (MPF).
Delcídio chegou a ser preso por esse fato. Depois, Cerveró e o próprio Delcídio fizeram delações para colaborar com as investigações. Também são réus o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula; o filho dele, Maurício Bulai; Diogo Ferreira, ex-assessor de Delcídio; e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró.
Parlamentares do PT estiveram no evento em Brasília nesta segunda-feira, entre eles a senadora Fátima Bezerra (RN), a sendora Regina Sousa (PI), o senador Lindbergh Farias (RJ), o deputado José Guimarães (CE), o deputado Carlos Zarattini (SP) e a deputada Erika Kokay (DF). O presidente do partido, Rui Falcão, e outros dirigentes da sigla também participaram do evento.