Caso Petrobras: ejecutivo de Odebrecht delata al excandidato presidencial Aécio Neves
Delator da Odebrecht diz que Aécio fraudou licitação em MG
O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, contou em sua delação premiada à Lava-Jato que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), quando ainda era governador de Minas Gerais, articulou junto às principais empreiteiras do país um esquema para fraudar a licitação da construção da Cidade Administrativa, a maior obra de seu governo. O senador nega qualquer irregularidade na construção.
Além de acertar o conluio com as construtoras, Aécio teria orientado os executivos das empreiteiras a procurar uma assessor seu, que cobrou propina que variavam de 2,5% a 3% do valor dos contratos. A Cidade Administrativa custou R$ 2,1 bilhões. Todas as informações são da «Folha de S.Paulo», publicadas na edição desta quinta-feira.
Oswaldo Borges da Costa Filho, conhecido como Oswaldinho, foi a pessoa indicada por Aécio para se reunir com os diretores das empresas. Ele é colaborador das campanhas do senador mineiro.
Benedicto Júnior é um dos 77 executivos da Odebrecht que fizeram delação premiada, homologadas nesta semana pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lucia. O executivo contou que o próprio Aécio decidiu quais empresas participariam da obra. Responsável por 60% da obra, a Odebrecht liderava o consórcio que venceu a licitação, com participação ainda de Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão.
AÉCIO NEGA E PEDE FIM DO SIGILO DAS DELAÇÕES
Em resposta à reportagem da «Folha de S.Paulo», Aécio Neves negou ter participado de qualquer fraude na licitação da Cidade Administrativa, e defendeu que a obra seguiu todos os parâmetros legais.
«O senador desconhece o conteúdo dessa suposta delação e afirma, com veemência, que as afirmações relatadas são falsas e absurdas. O edital de construção da Cidade Administrativa foi previamente apresentado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado e as obras auditadas durante sua execução por empresa independente», declarou, em nota, o senador.
Aécio defendeu ainda «o fim do sigilo sobre as delações homologadas para que todo conteúdo seja de conhecimento público e as pessoas mencionadas possam se defender, uma vez que é impossível responder a especulações, interpretações ou informações intencionalmente vazadas por fontes não identificadas».
‘Jornal Nacional’ e ‘Hoje’ não noticiam delação que acusa Aécio Neves de fraudar licitação
O noticioso de maior audiência no país, o “Jornal Nacional”, apresentado por Renata Vasconcellos e William Bonner, e o vespertino “Hoje”, do Grupo Globo, suprimiram de suas edições uma das notícias políticas mais importantes do dia: a delação do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior. Para surpresa dos telespectadores mais atentos, a informação simplesmente desapareceu do noticiário televisivo. E, mesmo no digital, nos sites da empresa, ela somente foi publicada muito tempo depois de já ter sido amplamente divulgada.
O empresário Benedicto Júnior contou em sua delação premiada à Lava-Jato que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), quando ainda era governador de Minas Gerais, articulou junto às principais empreiteiras do país um esquema para fraudar a licitação da construção da Cidade Administrativa, a maior obra de seu governo. Em troca, as construtoras pagaram propinas tanto ao então governador, como ao seu grupo político.
A notícia publicada inicialmente pelo jornal Folha de São Paulo foi replicada em praticamente todos os principais veículos de comunicação. Inclusive, o SRzd. Leia aqui.
O senador Aécio Neves, em nota enviada ao jornal paulista, negou a denúncia: “O senador desconhece o conteúdo dessa suposta delação e afirma, com veemência, que as afirmações relatadas são falsas e absurdas. O edital de construção da Cidade Administrativa foi previamente apresentado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado e as obras auditadas durante sua execução por empresa independente”.
A notícia caiu como uma bomba, principalmente em Minas Gerais. O deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) gravou um vídeo no qual comenta a denúncia feita nesta quinta-feira(2).
Correia diz que a denúncia é antiga, mas que Aécio foi protegido até hoje por uma “blindagem” que criou junto à mídia, a setores do Ministério Público, do Tribunal de Contas e da Justiça, construindo um “glamour em torno dele”. Ele cita que Aécio também perseguia quem fizesse denúncias contra ele, e que ele próprio já quase foi cassado por conta disso.
Novo relator da Lava Jato, Fachin já deu início aos trabalhos no STF
O gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, divulgou nota nesta quinta-feira (2), após a sua escolha por sorteio como relator da Lava Jato na Corte. De acordo com a nota, os trabalhos já foram iniciados «para o fim de levar a efeito a transição entre Gabinetes, e contará, nesses afazeres, com a contribuição indispensável da atual equipe». Ainda segundo a nota, o ministro «reconhece a importância dos novos encargos e reitera seu compromisso de cumprir seu dever com prudência, celeridade, responsabilidade e transparência.»
A definição da relatoria é feita através de sorteio eletrônico, que obedece a critérios com o objetivo de equilibrar a quantidade de cada tipo de processo entre os magistrados. Com a ida de Fachin para a Segunda Turma, ele participou do sorteio juntamente com Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Mesmo com o sorteio aleatório, os critérios para manter o equilíbrio na distribuição dos processos apontavam para que Fachin herdasse a relatoria da Lava Jato. O Jornal do Brasil já havia antecipado na quarta-feira que a relatoria acabaria nas mãos dele.
Os processos da Operação Lava Jato no Supremo ficaram sem relator após a morte do ministro Teori Zavascki no último dia 19. A transferência de Fachin era a solução defendida internamente pela maioria dos ministros do STF para que o sorteio da relatoria da Lava Jato pudesse ocorrer somente entre os ministros da Segunda Turma, devido à decisão anterior que determinou o colegiado como responsável por julgar, por exemplo, pedidos de liminar relacionado à operação.
Veja a nota:
NOTA DO GABINETE DO MINISTRO EDSON FACHIN
O Ministro Edson Fachin, a quem, na forma regimental, foram redistribuídos nesta data os processos vinculados à denominada operação «Lava Jato», reconhece a importância dos novos encargos e reitera seu compromisso de cumprir seu dever com prudência, celeridade. responsabilidade e transparência, com o que pretende, também, homenagear o saudoso amigo e magistrado, o eminente Ministro Teori Zavascki, que muito honrou e sempre honrará esta Suprema Corte e a sociedade brasileira, exemplo de magistrado sereno, técnico, independente e imparcial.
O Ministro Relator, especialmente para fins de recursos humanos, técnicos e de infraestrutura necessários, conta com o esteio da digníssima Presidente, Ministra Cármen Lúcia, que vem conduzindo a Corte de maneira exemplar e altiva, e com o sustentáculo dos colegas da Segunda Turma e dos demais integrantes desta Suprema Corte.
Informa, outrossim, que já iniciou os trabalhos para o fim de levar a efeito a transição entre Gabinetes, e contará, nesses afazeres, com a contribuição indispensável da atual equipe.
O Ministro Relator expressa sua confiança inabalável de que a Suprema Corte cumprirá sua missão institucional de, respeitando a Constituição da República e as leis penais e processuais penais, realizar nos prazos devidos a Justiça com independência e imparcialidade.
Brasília, 02 de fevereiro de 2017.